Novidades

24 SET

Mercedes-Benz do Brasil cria pela 1ª vez cabine para caminhão europeu e descarta veículos a gás no país

Prestes a completar 65 anos, a filial brasileira da Mercedes-Benz comemora que, pela primeira vez, participou ativamente do desenvolvimento de um produto que será produzido e vendido na Europa.

É o Actros F, apresentado nesta quarta-feira (23) em evento virtual realizado pela Daimler, dona da Mercedes. A partir do início de 2021, ele será vendido em 24 países europeus, além de alguns outros mercados fora do continente.

O caminhão é uma versão de entrada do extrapesado Actros, o topo de linha da Mercedes. A diferença é que a nova configuração utiliza uma cabine desenvolvida pela engenharia brasileira – mais baixa do que a original, criada para a Europa.

Visualmente, é possível notar a diferença na grade - a versão europeia tem uma fileira extra.

“Esse é um projeto muito especial, e toda equipe de engenharia fez um ótimo trabalho”, disse Karl Deppen, presidente da Mercedes-Benz do Brasil.

A ideia de criar uma cabine diferente surgiu cerca de cinco anos atrás, quando a equipe brasileira viajou para a Alemanha para conhecer a nova geração do Actros.

“Quando vi a cabine que teríamos disponível no Brasil e andamos no caminhão, ficou evidente que teríamos restrições de altura em alguns locais de carregamentos com bases antigas”, disse Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz.

Após reuniões com a matriz, o desenvolvimento de uma cabine 16,5 cm mais baixa foi aprovado – e consumiu parte dos R$ 1,4 bilhão usados na criação do novo Actros.

“Se não tivéssemos que desenvolver a cabine, teríamos gastado menos”, disse Leoncini. O investimento extra, porém, se transformou em interesse da matriz pouco tempo depois. “Eles começaram a fazer pesquisas de mercado e descobriram que haveria oportunidade de oferecer em alguns países”, completou.

Com isso, a criação brasileira será produzida também na Alemanha.

Além de oferecer maior conforto e estabilidade para os caminhoneiros do Brasil, o Actros mais baixo ainda proporciona uma redução de 1% no consumo de combustível.

Parece pouco, mas em uma frota de 200 caminhões, a economia em um ano pode chegar a R$ 500 mil – valor próximo ao preço inicial de um Actros zero.

Elétricos para europeus

O Actros F é apenas um dos recentes lançamentos da divisão de caminhões da Mercedes-Benz. Se o mundo não estivesse atravessando uma pandemia, ele seria apresentado no maior salão de veículos comerciais do mundo, o IAA, realizado a cada dois anos em Hannover.

Porém, com o cancelamento do evento, a Mercedes resolveu realizar seus lançamentos de forma virtual. Na última semana, por exemplo, a empresa mostrou dois conceitos que não emitem poluentes.

Um deles é a versão elétrica de longa autonomia do Actros – que pode percorrer até 500 km com uma carga da bateria. Seu lançamento está previsto para 2024.

A outra aposta, ainda mais ousada, é uma versão a hidrogênio, chamada de GenH2, que pode rodar até 1.000 km usando o combustível em estado líquido.

Ele armazena o hidrogênio em tanques semelhantes aos de diesel, mas que preservam a temperatura do combustível em 253°C negativos, próximo ao zero absoluto.

Antes da injeção, o hidrogênio é aquecido, e, em forma de gás, entra no sistema de célula de combustível. O residual expelido pelo escape é vapor de água.

O objetivo da Mercedes-Benz é iniciar os testes do GenH2 em 2023, e colocar o caminhão no mercado na segunda metade da década.

Só que esses planos não incluem o Brasil. Ao menos por enquanto. “Gostaria de vender no Brasil. Mas a pergunta é: quando?”, afirmou Stefan Buchner, chefe mundial da Mercedes-Benz Trucks.

O próprio executivo, que vai se aposentar no início de outubro, depois de 35 anos na empresa, respondeu que ainda não há uma estimativa de prazo para isso aconteça. E justificou:

“Estamos realmente focados nisso. Mas a infraestrutura ainda não existe no Brasil. Nós vamos continuar observando atentamente. E, quando a infraestrutura estiver pronta, nós estaremos prontos para, em um tempo muito curto, disponibilizar a tecnologia”, disse Buchner.

Sem a presença da Mercedes, o mercado de caminhões elétricos no Brasil ainda “engatinha”. Atualmente, há um modelo do tipo à venda. O segundo está na reta final de desenvolvimento.

O primeiro a chegar às lojas foi o Jac iEV 1200T, um modelo de 8 toneladas que custa R$ 350 mil. O G1 já testou.

O segundo, porém, apesar de ainda não estar disponível, foi totalmente desenvolvido no Brasil – e também será fabricado por aqui. É o Volkswagen e-Delivery, que chega no ano que vem em versões de 11 e 13 toneladas, e que também já foi avaliado pelo G1.

Gás não é solução

Outra aposta das fabricantes para reduzir a emissão de CO2 é o uso do gás como combustível.

A Scania lançou no ano passado uma linha de caminhões com essa tecnologia. Na ocasião, o diretor comercial da empresa, Silvio Munhoz afirmou que esta seria uma opção para reduzir as emissões enquanto os elétricos não são viáveis no Brasil.

De acordo com a empresa sueca, os motores podem receber gás natural veicular, já encontrado em cerca de 1,3 mil postos no Brasil, e gás natural liquefeito, que ainda não é distribuído regularmente.

Questionado se a Mercedes poderia seguir pelo mesmo caminho no Brasil, a resposta do chefe global da divisão de caminhões foi enfática.

“Nós estamos completamente cientes de que temos competidores [que usam essa tecnologia] no Brasil, mas não só aí. Mas decidimos não desenvolver a tecnologia a gás porque ela não é livre de emissões CO2. É uma tecnologia que não é o futuro. Por isso, decidimos ir para o caminho dos veículos elétricos com bateria e com célula de combustível”.

O presidente da filial brasileira ainda ressaltou que, ao menos por enquanto, a Mercedes irá continuar investindo em motores a diesel.

“Diesel ainda é importante no futuro para pelo menos em alguns países fora da Europa e da Ásia. E por isso, é nosso dever desenvolver esse tipo de motor.”

VÍDEOS: veja mais conteúdos sobre caminhões

Fonte: G1

Mais Novidades

04 MAI
Com 1,3 bilhão de habitantes, Índia está há um mês sem vender nenhum carro

Com 1,3 bilhão de habitantes, Índia está há um mês sem vender nenhum carro

A pandemia do novo coronavírus tem sido muito dura com a indústria automotiva no mundo todo, acarretando o fechamento de fábricas e na queda drástica nas vendas.No Brasil, por exemplo, houve uma queda de 90% nas vendas de veículos novos no início da quarentena. O número baixou para pouco mais de 80% ao longo do mês de abril.A situação na Índia, porém, chama ainda mais atenção. O segundo país mais populoso do mundo (1,34 bilhões de habitantes) passou o mês de abril sem vender um... Leia mais
04 MAI
Teste do especialista: qual lava a seco deixa o seu carro brilhando mais?

Teste do especialista: qual lava a seco deixa o seu carro brilhando mais?

– (Paulo Bau/Quatro Rodas)Quem não tem tempo ou espaço adequado sabe como é difícil manter o carro limpo. Se esse é seu caso, seus problemas acabaram. Para você existem os produtos lava a seco para limpeza automotiva. Com um custo médio de R$ 25, tem como vantagens o tempo gasto de até meia hora e acabamento igual ao de cera líquida. Avaliamos as marcas Pérola, Jet Street e Rodabrill com o auxílio da especialista Débora dos Santos. “Dependendo do grau de sujidade, às vezes, é... Leia mais
04 MAI
Em um ano, Ford perde fábrica, seis modelos, todos os caminhões e 43 lojas

Em um ano, Ford perde fábrica, seis modelos, todos os caminhões e 43 lojas

A Ford não vive um momento fácil no mundo: é uma das marcas generalistas com mais dificuldade em gerar lucro por unidade vendida e, por isso, vem abandonando os segmentos de carros de passeio para apostar pesado em SUVs, picapes e utilitários.Mas sua situação parece ainda mais complicada no Brasil. Por aqui, nos últimos 15 meses, a fabricante de origem americana vem acumulando uma série de notícias negativas em nosso mercado.A mais recente delas foi a morte do Fusion, modelo que já... Leia mais
04 MAI
Impressões: Polestar 1, o incrível híbrido de R$ 900.000 que faz 142 km/l

Impressões: Polestar 1, o incrível híbrido de R$ 900.000 que faz 142 km/l

Polestar herda os faróis do Volvo S90 (Polestar/Divulgação)O novo Polestar 1 faz 142,8 km/l de gasolina, segundo os números de fábrica. Isso mesmo, você não leu errado. A vírgula está no lugar certo: 142,8 km/l, ou 0,7 l/100 km, na forma que os europeus costumam usar. O primeiro carro da marca de eletrificados da Volvo é um modelo híbrido plug-in, que consegue essa façanha sendo um carro comum. Quer dizer, sem exigir os sacrifícios típicos dos veículos experimentais no que diz... Leia mais
03 MAI
Este pneu tem altura de girafa, peso de elefante e aguenta 100 toneladas

Este pneu tem altura de girafa, peso de elefante e aguenta 100 toneladas

Maior pneu da Goodyear é fabricado no Kansas (EUA) (Goodyear/Divulgação)A girafa é considerado o animal mais alto do mundo. Uma fêmea da espécie mede entre 3,5 e 4,5 metros de altura. Já o elefante asiático é um dos mamíferos terrestres mais pesados do planeta, com até 4 toneladas.A partir destas duas afirmações podemos concluir que, caso pertencesse ao reino animal, o pneu Goodyear RM-4A+ bateria de frente com os dois gigantes. Isso porque o modelo, o maior já criado pela... Leia mais
02 MAI
Ford Fusion sai de linha e marca passa a vender só seis modelos no Brasil

Ford Fusion sai de linha e marca passa a vender só seis modelos no Brasil

Último facelift do Fusion trazia grade estilo colmeia e novos recortes no para-choque. Mas ela mal é vista nas ruas (Divulgação/Ford)O Ford Fusion não é mais comercializado no mercado brasileiro. Ao entrar no site oficial da marca no país, o sedã grande já não aparece no configurador, que passou a contar com apenas seis modelos: Ka, Ka Sedan, EcoSport, Ranger, Mustang e Edge ST.Segundo o parceiro Autos Segredos, as importações do Fusion já haviam sido encerradas no fim do ano... Leia mais