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As vendas de carros amargam um 2015 ainda pior do que o ano passado. Mas 3 marcas japonesas e as duas líderes no segmento de luxo vão na contramão: Honda, Toyota, Nissan, Audi e Mercedes-Benz registraram alta nas vendas de automóveis de janeiro a maio, de acordo com a associação das montadoras, a Anfavea, que só vai divulgar o balanço do 1º semestre na próxima segunda (6).

Puxada pelo novo SUV HR-V, que já disputa com o Ford EcoSport a liderança no segmento, a Honda acumulou 16,4% de aumento nos emplacamentos nos primeiros 5 meses do ano, na comparação com o mesmo período de 2014.

Com a nova geração do Corolla perto de entrar na lista dos 10 automóveis mais vendidos no país, elaborada pela  a Toyota cresceu 7,3% no período.

Sem um modelo "bombando" -seu modelo mais vendido no ano, segundo o ranking mais recente da Fenabrave, a federação dos concessionários, é o March em 30º -- a Nissan teve alta de 10,8% nas vendas de janeiro a maio.

No segmento premium, Audi e Mercedes-Benz vêm batendo recordes de emplacamentos --em volume bem menor que o das japonesas, é claro. A primeira teve aumento de 26,9% nas vendas entre janeiro e maio, segundo a Anfavea. A Mercedes, de 36,6%.

O que explica elas se descolarem da crise? Na opinião do presidente da consultoria Jato Dynamics do Brasil, Vitor Klizas, é o reflexo da preferência dos consumidores que ainda se dispõem a comprar carro zero por novas plataformas, conteúdo mais atualizado e um produto que "valorize bem o dinheiro que ele gasta".

Modelos renovados
Essa tendência explica também, segundo ele, por que a Ford foi a que menos caiu entre as maiores marcas de carros do Brasil. A General Motors, dona da Chevrolet, emplacou 25,8% menos automóveis entre janeiro e maio deste ano do que em 2014. A  Fiat registrou 32% de queda e a Volkswagen, 30,8%.

"O Ka cresceu 1.567% nas vendas de 2014 para 2015", diz Klizas, sobre o modelo completamente renovado pela Ford, que só herdou o nome do carro anterior. Lançado em setembro do ano passado, o Ka é o quarto automóvel mais vendido no ano de acordo com o ranking da Fenabrave, atualizado até junho; vai bem tanto em venda direta (frota) como no varejo (lojas).

Partindo atualmente de R$ 39.390, o Ka é o modelo mais barato da Ford, já equipado com com direção elétrica, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos de série, motor de 85 cavalos flex sem "tanquinho" de gasolina, porta celular/GPS que permite ver a tela, rádio com conexão Bluetooth (para atender chamadas sem manusear o celular), entrada USB, entre outros "mimos" que até pouco tempo eram raridade nas versões de entrada.

Lançado também em 2014, sem ar-condicionado e com direção mecânica na versão mais barata, o Volkswagen Up!, por outro lado, ainda não escalou o ranking dos top 10 da Fenabrave: é o 12º até junho.

"Aquela época em que os carros eram mal equipados e pelados já foi. Mesmo os carros de um nível menor de equipamento estão bem construídos", diz Klizas, da Jato.

Paixão por hatch e SUV
O consultor destaca ainda o desempenho do Honda HR-V, com 12 mil emplacamentos de março, quando foi lançado, até maio. E explica que a ascenção do segmento dos SUVs, que continua em 2015, pela lógica da migração conforme a necessidade do consumidor.

"Se o SUV ganha, quem perde é o sedã, sempre", resume. "Quando se lança um SUV do segmento B (médio), ele canibaliza o segmento de sedãs médios e compactos. Ou seja, o
HR-V dá uma 'mordida' no City, Cobalt, Cruze."

De acordo com a Fenabrave, as vendas SUVs subiram 10,72% de janeiro a junho, e as de sedãs compactos, onde ela encaixa City e Cobalt, caíram 3,37%. Quem também tem sofrido queda é o segmento dos hatches médios (liderado por Fiat Punto, Ford Focus e Volkswagen Golf). "Mas o brasileiro tem preferência por hatches, eles sempre venderam mais do que os sedãs", destaca Klizas. "Historicamente, o Brasil vende 20% menos sedãs pequenos e médios do que outros países da América Latina."

Luxo alinhado com a crise
Já os bons números do segmento premium são explicados, segundo o executivo da Jato, por metas mais agressivas de marcas que instalaram ou estão para abrir fábricas no Brasil, casos de Audi, Mercedes, BMW e Land Rover.

"Elas já definiram o portfólio de produção local e começaram a importação desse carro (que será feito no país) para a formação da rede e para que os consumidores não fosse surpreendido com produtos 'made in Brazil' que não conhecessem", afirma Klizas.

Diante da crise do mercado brasileiro como um todo, completa ele, essas marcas também buscam acompanhar e se alinhar com as grandes. "Ninguém fala 'não mexe no meu preço'. As marcas que oferecem produto premium também têm interesse de vender, acompanham o que o mercado faz, e fazem também: taxa zero, feirão, financiamento agressivo", explica. "Além disso, têm que ganhar escala, para justificar o investimento que estão fazendo aqui."