– (Divulgação/Mitsubishi)
Poderia ser sorte. O Mitsubishi Pajero Sport V6 Flex do engenheiro mecânico Renato Passos estava anunciado há apenas dois dias em um site de classificados quando um pretenso comprador demonstrou interesse quase imediato no carro.
Mas não era sorte: o interessado era, na verdade, um golpista. E a negociação ajuda a revelar pontos para se atentar na hora de vender seu usado.
O suposto interessado se apresentava como morador de uma cidade do interior e adiantava que quem olharia o carro seria seu sócio.
Pediu informações sobre o estado do câmbio automático, perguntou se a tração era 4×4 (todo Pajero V6 é 4×4) e pediu mais fotos. Também solicitou um vídeo mostrando o carro.
Era noite e o vídeo só seria feito apenas no dia seguinte. Mesmo assim o tal interessado, após cerca de 40 minutos trocando mensagens, disse que o carro já era dele e o negócio estava praticamente fechado.
“Se quiser, Renato, pode até retirar o anuncio”, emendou.
Esse golpe não é novo nem incomum. O estelionatário pega as fotos verdadeiras e cria um novo anúncio com valor menor, que acaba fisgando reais interessados. Ele então se passa pelo proprietário e negocia a venda normalmente.
Com o negócio acertado, o estelionatário entra em contato com o verdadeiro anunciante (neste caso, o Renato), com quem faz uma nova negociação e pede informações, fotos e vídeo, de forma que dê credibilidade à outra negociação com um interessado idôneo.
Geralmente é no dia de concluir o negócio que o golpista diz que enviará outra pessoa em seu lugar, a quem o carro deverá ser transferido no cartório.
Foi comentando sobre a negociação em um grupo de amigos que o sinal amarelo acendeu. Afinal, quem compra um carro 4×4 tão específico dificilmente o faz por impulso ou deixa de pedir informações específicas sobre o veículo.
– (Divulgação/Mitsubishi)
Era sábado e, logo após receber o vídeo, Renato marcou o encontro para mostrar o Pajero ao pretenso comprador na segunda-feira.
Mas, naquela mesma noite, o suposto interessado passou a exibir a usar a foto do SUV como imagem de perfil do WhatsApp, supostamente para tentar convencer o verdadeiro interessado no carro.
Para piorar, o status daquela conta de WhatsApp era tão recente quanto o início das negociações. A mensagem de Renato questionando sobre a foto foi a última lida.
O número nunca mais chamou e o estelionatário nunca mais esteve online. E o Pajero continua à venda.
Em um golpe como esse, a pessoa que realmente está interessada no veículo também é vítima. A ela, o estelionatário diz que quem mostrará o carro é um amigo e recomenda que não fale sobre o pagamento.
Na hora do pagamento, o interessado transfere o dinheiro ao golpista, que por sua vez envia o comprovante de depósito com valor adulterado ao real vendedor do carro.
E o vendedor, que já estava avisado que o carro ficaria em nome do “sócio”, assina o documento de compra e venda no nome de quem transferiu o dinheiro ao golpista.
No fim, o golpista desaparece e vendedor fica sem carro e sem dinheiro. Após ação na justiça, o prejuízo quase sempre acaba sendo dividido entre vendedor e comprador.
Ficam as dicas: não negocie com intermediários, fique atento a atitudes estranhas e verifique sua conta bancária antes de entregar documento e chaves.
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