Novidades

15 ABR
Impressões: McLaren Senna GTR é tão brutal que não pode andar na rua

Impressões: McLaren Senna GTR é tão brutal que não pode andar na rua

Senna GTR: tem as formas a serviço do desempenho (Divulgação/McLaren)

A primeira coisa que vem à mente ao contemplar as formas quase promíscuas do McLaren Senna GTR é que ele é muito mais “cru” e aerodinâmico do que um 720S ou P1.

Não existe uma única linha que não seja interrompida por qualquer entrada de ar, em uma busca absoluta pelo desempenho em detrimento da beleza.

A fabricante inglesa foi a primeira a ter um monoposto de F1 feito de fibra de carbono (o MP4/1, de 1981), e também o primeiro carro de estrada feito inteiramente nesse mesmo material leve (o F1, de 1990). ]

Pois o Senna GTR é o mais leve de todos, pesando 1.188 kg a seco. São 210 kg a menos do que o hiperesportivo P1, 95 kg a menos que o 720S e 10 kg a menos que o Senna sem sufixo.

Carroceria toda recortada e com pontos vazados tem um único objetivo: otimizar a passagem do ar (Divulgação/McLaren)

Não há muito que enganar: o Senna GTR é um carro de corridas e tudo intimida quando dele nos aproximamos.

As rodas maiores significam freios ainda maiores do que aqueles instalados no McLaren 720S GT3: baseado no sistema do Senna “comum”, o GTR vem equipado com pinças monobloco de alumínio forjado de seis pistões na frente e quatro na traseira, trabalhando em discos de cerâmica de carbono de 390 mm e pastilhas mais potentes.

Também possui a função de freio a ar na asa traseira, aqui projetado para proporcionar uma desaceleração 20% mais eficiente.

O visual é agressivo e imponente, como num carro de corrida (Divulgação/McLaren)

Os níveis de pressão aerodinâmica são inacreditáveis, chegando a mais de uma tonelada a uma velocidade de 250 km/h, contra 800 kg no Senna convencional. A velocidades inferiores, sua força descendente equivale à do irmão, só que com arrasto reduzido.

O divisor dianteiro tem um novo perfil e o difusor traseiro foi reduzido para otimizar o desempenho em circuito fechado. O aerofólio traseiro, posicionado mais para trás e dotado de placas terminais ao estilo LMP1, promove uma passagem de ar altamente eficaz.

 (Divulgação/McLaren)

Também há aerodinâmica ativa na forma de lâminas que flanqueiam o radiador e uma asa traseira articulada. Ela pode ser deixada totalmente na horizontal em aceleração máxima, graças a um sistema automático de redução de arrasto (DRS) similar ao que facilita ultrapassagens na F1.

Nas suspensões, as diferenças para o Senna “não GTR” vão além das bitolas 8 e 7 cm mais largas nos eixos dianteiro e traseiro, respectivamente. Aqui não há variação de vão livre do solo, já que o GTR não roda em vias públicas.

Asa traseira móvel aguenta 100 vezes seu peso em pressão aerodinâmica (Divulgação/McLaren)

Isso ajudou a economizar peso e reduzir a complexidade dos jogos com braços duplo-A de alumínio, amortecedores reguláveis em quatro posições, molas e barras estabilizadoras.

As rodas são de liga leve aro 19, como no Senna, mas com um desenho diferente de trava central. Os pneus slicks vêm da Pirelli, com 285/650 na dianteira e 325/705 na traseira.

Na traseira, o tamanho do difusor impressiona (Divulgação/McLaren)

Não havia como não sentir palpitações ao vestir roupa de piloto (luvas, macacão, capacete…) e entrar no Senna GTR, 3,4 cm mais baixo do que o Senna convencional, através das portas estilo tesoura.

Seu interior é de nave espacial: dominado pela exposição de fibra de carbono orgânica e também por Alcantara, está despido de tudo que não é estritamente necessário para tornar o carro tão rápido e eficaz quanto possível.

A visibilidade dianteira é boa, mas a lateral já não tanto e a traseira, menos ainda, tanto por culpa dos reforços estruturais na parte posterior do habitáculo como pela gigante asa traseira de 5 kg de fibra de carbono controlada hidraulicamente, que suporta uma pressão mais de 100 vezes superior ao seu peso.

Cabine é “crua” e praticamente desprovida de elementos de conforto (Divulgação/McLaren)

Localizado o botão de partida do motor (no teto, para diminuir tanto quanto possível o número de comandos diante do condutor), chegou a hora de começar alguns dos 15 minutos mais rápidos da minha vida, que poderão bem ser algo próximo ao que o Pink Floyd se referia como um lapso momentâneo de sensatez.

Atrás da cabeça, um motor V8 4.0 de 825 cv e 81,6 mkgf. Em volta, toda a parafernália aerodinâmica necessária para manter o Senna GTR grudado no chão a 250 km/h em modo Race. Parece até que ele não é empurrado para o chão, mas sim sugado por ele.

Volante tem aros só nas laterais, como num F1, e vem posicionado sempre à esquerda da cabine (Divulgação/McLaren)

A direção (hidraulicamente assistida) responde de forma muito direta, o acelerador demonstra a precisão de um ourives e as suspensões têm, naturalmente, uma resposta muito dura, parecendo adivinhar sempre as intenções do motorista. Só que o carro “lê” o asfalto com precisão de braille, e praticamente não há material para filtrar o ruído da cabine.

Com os pneus mais aquecidos, aumento um pouco o ritmo e percebo como o desenho da carroceria obriga o fluxo de ar a passar exatamente por onde os engenheiros querem. Isto, junto da quase aparente ausência de momento de inércia, injeta um caráter de urgência a qualquer aceleração ou mudança de direção.

 (Divulgação/McLaren)

Suas frenagens também são brutais. Segundo a fábrica, vindo a 200 km/h, o Senna GTR só precisa de 100 metros para parar. São 20 metros a menos do que o McLaren P1.

O V8 biturbo longitudinal de origem Nissan, aqui calibrado com 25 cv a mais do que no Senna “comum”, graças à retirada do segundo catalisador, reduzindo a contrapressão do turbo, dispara com a ajuda do rapidíssimo câmbio automatizado de dupla embreagem com sete marchas: são cerca de 2,8 segundos de 0 a 100 km/h, 6,8 s até 200 km/h, 17,5 s até 300 km/h e velocidade máxima de 340 km/h.

 (Divulgação/McLaren)

Dizemos “cerca”, pois não há números oficiais da McLaren. Afinal, o veículo não precisa passar por algumas homologações, visto que só pode rodar em ambiente fechado.

Só que não são os números o que mais impressiona no Senna GTR, mas sim o esforço para suportar a força G nas acelerações e frenagens vertiginosas. Não foram raras as vezes em que errei o ponto de frenagem ou freei demais em uma curva: para um ser humano comum, as respostas do cérebro não são assim tão rápidas.

 (Divulgação/McLaren)

Segundo os engenheiros da McLaren, é assim mesmo: 95% dos condutores serão capazes de explorar não mais do que 95% dos predicados do Senna GTR. Os demais 5% parecem pouca coisa, mas estão e sempre ficarão restritos a algum Senna da vida

O Senna GTR é bem mais eficaz e destemido do que este escriba que o dirigiu, que tem muito mais de motorista do que de piloto. Em mãos mais qualificadas, o céu seria o seu limite. Ayrton ficaria orgulhoso de dar sobrenome a um carro à altura de suas aptidões de pilotagem.

 (Divulgação/McLaren)

McLaren Senna GTR

Preço: R$ 11 milhões
Motor: gas., longit., tras., V8, 3.994 cm3, 32V, DOHC, VVT, 93 x 73,5 mm; 8,7:1, 825 cv a 7.250 rpm, 81,6 mkgf a 5.000 rpm
Câmbio: automatizado, 7 marchas, dupla embreagem; tração traseira
Suspensão: independente com triângulos sobrepostos e barras estabilizadoras nos dois eixos
Freios: disco ventilado carbono-cerâmico
Direção: hidráulica; diâm. de giro, 12,9 m
Rodas e pneus:
285/65 R19 (frente) 325/705 R19 (atrás)
Dimensões: comp., 496,4 cm; largura, 200,9 cm; altura, 122,9 cm; entre-eixos, 269,5 cm; peso, 1.198 kg; tanque, 72 l; porta-malas, n/d
Desempenho*: 0 a 100 km/h em 2,8 s; 0 a 200 km/h em 6,8 s; vel. máx. de 340 km/h
*Dados de fábrica

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

29 OUT

VW T-Cross: veja o que muda nas versões para Brasil, China e Europa

– (Arte/Quatro Rodas)O Volkswagen T-Cross foi apresentado (quase) simultaneamente no Brasil, na China e na Europa. E não foi coincidência: os três mercados receberão o novo SUV compacto.Na verdade, cada um receberá uma versão diferente do mesmo modelo.Faróis da versão brasileira são full led (Divulgação/Volkswagen)Se mudanças no visual são relativamente comuns – principalmente em relação à Ásia –, o caso do nosso carro também tem modificações na plataforma e nas... Leia mais
29 OUT

Teste: Mercedes-Benz C 180, caro mas sem vigor

O sistema de estacionamento tem seis sensores por para-choque (Christian Castanho/Quatro Rodas)O primeiro contato com o Mercedes C 180 é promissor. Mesmo no modo de condução Comfort, o sedã anda com um vigor que não condiz com o esforçado (e limitado) 1.6 turbo de 156 cv e 25,5 mkgf. A sensação é de que a adição do câmbio automático de nove marchas (duas a mais que o anterior) deu ao mais barato dos Classe C o desempenho que faltava para acompanhar o Audi A4 (190 cv) e BMW 320i... Leia mais
29 OUT

Chevrolet Cruze ganha série Black Bow Tie com visual escurecido

O Chevrolet Cruze entrou na onda do visual "dark" já ofertado para S10 e Tracker - mas menos radical do que a versão Midnight dos "irmãos". Para o sedã, a série especial é chamada de Black Bow Tie. Os preços não foram divulgados. Disponível apenas para a versão de entrada LT, a edição especial ganha tapetes de carpete, rodas escurecidas com acabamento fosco, além do emblema "Cruze" e as gravatas da Chevrolet pintados de preto. Inicialmente, o Cruze Black Bow Tie será... Leia mais
29 OUT

Operários da Volkswagen voltam ao trabalho após férias coletivas em Taubaté

Trabalhadores da fábrica da Volkswagen em Taubaté (SP) voltam ao trabalho nesta segunda-feira (29) depois de vinte dias em férias coletivas. O número de operários que foram afetados pela medida não foi informado pela montadora e sindicato. As férias coletivas foram anunciadas pela Volkswagen no fim de setembro como forma de adequar a produção à demanda de mercado. À época, a montadora justificou que a adequação era feita em reflexo da queda na exportação de veículos para... Leia mais
27 OUT

Volkswagen T-Cross, Guia do Salão de São Paulo e mais destaques da semana

Confira os destaques da semana em carros e motos durante os dias 22 e 26 de outubro. Guia do Salão do Automóvel A 30ª edição do Salão do Automóvel de São Paulo abrirá as portas ao público no próximo dia 8 de novembro, com duração até 18 do mesmo mês. Para esclarecer todas as dúvidas, como os melhores dias para visita, preços de todos os tipos de ingressos, descontos e muito mais, o G1 preparou um guia detalhado sobre o evento. Volkswagen revela o T-Cross ... Leia mais
26 OUT

STJ libera placas do Mercosul temporariamente

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha, autorizou o emplacamento de veículos no Brasil com o novo modelo de placas do Mercosul. A decisão foi tomada a pedido da União, e permanece até que seja julgada em todas as instâncias a ação civil pública que questiona a adoção das placas. Suspensão temporária A decisão do presidente do STJ suspende a liminar de desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), no... Leia mais