– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Popularizado pelos fabricantes de Detroit, os motores V8 tornaram-se obrigatórios para satisfazer o mercado norte-americano, ávido por carros velozes.
O desempenho foi uma diretriz importantíssima no desenvolvimento da terceira geração do Mercedes-Benz SL, também conhecida pela nomenclatura R107.
Denominado W113, o pacato SL “Pagoda” de segunda geração atravessou os anos 60 encantando seu público com o elegante desenho de Paul Bracq, tão harmonioso que mascarou as limitações técnicas dos enormes cupês W111 que lhe serviram de base.
Seus motores de seis cilindros e a controversa suspensão traseira por eixo oscilante já estavam obsoletos.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Apresentado oficialmente no autódromo de Hockenheim em 14 de abril de 1971, o 350 SL foi um dos últimos trabalhos do Friedrich Geiger à frente do departamento de estilo da casa de Stuttgart.
Sua personalidade inconfundível foi definida pelo designer Joseph Gallitzendörfer: faróis retangulares e lanternas avançando sobre os para-lamas formaram um desenho clássico, sóbrio e atemporal.
Como no antecessor Pagoda, havia duas capotas: uma rígida removível mais adequada a condições climáticas ruins e uma de lona para enfrentar chuvas repentinas.
A moldura do para-brisa era um tratado de segurança automotiva assinado pelo engenheiro Karl Wilfert: suportava o peso do veículo em um capotamento.
A primeira impressão do 350 SL era a de um automóvel rígido e sólido, com qualidade de construção acima da média.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
O R107 foi desenvolvido em conjunto com o cupê C107 de quatro lugares, ambos baseados na plataforma do sedã médio W114.
O acerto da suspensão dianteira por braços sobrepostos e da traseira com braços semiarrastados ficou a cargo de Rudolf Uhlenhaut, engenheiro com grande experiência nas pistas.
Os freios a disco nas quatro rodas indicavam aptidão para conter o novo motor V8 M116 de 3,5 litros e 200 cv, alimentado pela injeção eletrônica Bosch D-Jetronic.
Pesando pouco mais de 1,5 tonelada, o conforto de rodagem do 350 SL era similar ao de um grã-turismo: um conversível feito para rodar por horas em alta velocidade.
Com câmbio automático, era ligeiramente mais rápido e veloz que o antigo Pagoda, indo de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e chegando aos 205 km/h.
O desempenho melhorava com o câmbio manual: 0 a 100 km/h em 8,5 segundos e máxima de 215 km/h.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Os americanos só conheceram o 350 SL em 1972, com estranhos faróis duplos do tipo sealed beam e o V8 M117 de 4,5 litros e potência reduzida para 190 cv em função das normas de emissões: ia de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos com máxima de 202 km/h.
O V8 M117 deu origem ao 450 SL alemão de 225 cv, sempre com câmbio automático de três marchas e desempenho similar ao do 350 SL com câmbio manual.
O sucesso dos 350 SL/450 SL só não foi maior devido à crise energética de 1973, que forçou a Mercedes a lançar o 280 SL em 1974.
A novidade ficava por conta do motor M110 de seis cilindros, com 2,8 litros, duplo comando de válvulas no cabeçote, injeção mecânica Bosch K-Jetronic e 185 cv.
Continuava rápido: 0 a 100 km/h em 9,5 segundos e 205 km/h de máxima.
Os motores V8 ficaram maiores em 1980: o 350 SL foi substituído pelo 380 SL (3,8 litros e 218 cv) e o 450 SL deu lugar ao 500 SL (5 litros e 240 cv). Nesse mesmo ano, o 280 SL recebeu um câmbio manual de cinco marchas.
Em 1985, o 280 SL tornou-se 300 SL (3 litros e 190 cv), o 380 SL abriu espaço para o 420 SL (4,2 litros, 218 cv e mais torque) e o 560 SL (5,5 litros e 227 cv) tornou-se o topo de linha nos EUA, Japão e Austrália.
Em agosto de 1989, o último R107 (um 500 SL vermelho) deixou a linha de montagem na fábrica de Sindelfingen, totalizando 237.287 unidades produzidas em 18 anos.
Até hoje se mantém como o carro de passeio mais longevo da Mercedes: a quarta-geração do SL (R129) vendeu muito bem, mas permaneceu por apenas 12 anos no mercado.