Novidades

02 ABR
Tempo Matador: o curioso rival da Kombi que deu origem à Mercedes Sprinter

Tempo Matador: o curioso rival da Kombi que deu origem à Mercedes Sprinter

Alguns Tempo Matador foram enviados para o Brasil (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

O nome não é alusivo à atual epidemia de Coronavírus, tampouco ao calor do verão no Rio de Janeiro. Mas a Tempo lidou bastante com o fogo antes de começar a fabricar um dos maiores rivais da VW Kombi.

Isso porque a empresa surgiu prestando serviço de combate a incêndios para empresas que importavam carvão pelo porto de Hamburgo (Alemanha). Mas a economia do país entrou em crise, motivada pela cobrança dos danos civis causados durante a Primeira Guerra Mundial.

Foi isso que fez Max Vidal e seu filho, Oskar, buscarem outro negócio. Decidiram se aventurar na indústria automobilística fabricando pequenos veículos comerciais. 

Os primeiros veículos, batizados de T1 e T2, eram triciclos com motores de 200 e 400 cm³. Eram tão mal feitos que a Tempo tinha mecânicos em tempo integral para manter os veículos funcionando.

Tempo T1, o primeiro triciclo da marca (Reprodução/Internet)

A Tempo até conseguiu dar a volta por cima, criando triciclos maiores e com cabine fechada – alguns para passageiros, diga-se. Mas veio o governo nazista e a obrigação de fornecer veículos para uso militar durante a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto os triciclos eram úteis a serviços de emergência, a Tempo chegou a propor um veículo para o exército alemão. Mas não aceitaram: o G1200 era muito complexo. Tinha dois motores de 600 cm³ e dois tempos, um em cada eixo e com seu próprio câmbio, suspensões independentes e esterçamento das quatro rodas.

Tempo G1200 durante demonstrações na Alemanha (Reprodução/Internet)

As 1.335 unidades foram exportadas para países como Suécia, Finlândia, Hungria e… Brasil. Mas a Alemanha acabou usando alguns apreendidos durante a guerra.

O caráter utilitário dos veículos da Tempo garantiu à empresa uma sorte que a BMW não teve: ela foi autorizada pela Força de Ocupação Britânica a operar após a guerra.

 (Reprodução/Internet)

A fábrica reabriu para prestar serviços e reparos a veículos danificados. E mesmo sem licença oficial para fabricar veículos a motor, em 1947 conseguiu recursos suficientes para enviar 100 triciclos para a Holanda em troca de comida.

A autorização para retomar a produção veio no ano seguinte e os veículos da Tempo, baratos e agora resistentes, se mostraram úteis durante a reconstrução da Alemanha.

Era o momento de a Tempo lançar uma nova linha de produtos, criada pelo novo designer chefe da marca, Dietrich Bergst. Em 1949 surgia sua primeira criação, o Tempo Matador.

O Matador se gabava pelo motor Volkswagen, mas explorava um mercado que logo seria dominado pela Kombi (Tempo/Reprodução)

Ainda era um veículo de carga, mas com quatro rodas, cabine na frente e motor instalado sob os bancos dianteiros e tracionando as rodas da frente.

O detalhe é que o motor boxer 1.1 de 25 cv e o câmbio eram fornecidos pela Volkswagen, que àquela altura via a produção do Fusca (que havia voltado a ser um veículo civil em 1947) crescer paulatinamente.

Chassi com motor e tração dianteiros facilitava o aumento do entreeixos e da área de carga. O tanque de combustível fcava no “nariz” do carro (Tempo/Reprodução)

O Tempo Matador não era bonito, mas se tornou um sucesso: entre 1950 e 1952, mais de 13.000 unidades foram comercializadas.

A Volkswagen, que havia lançado a Kombi em 1950, percebeu o sucesso e decidiu não mais fornecer o conjunto mecânico para um concorrente. A produção do Matador foi paralisada.

Uma das vantagens do Matador era o assoalho plano na traseira (Tempo/Reprodução)

A solução mais fácil para a Tempo naquele momento foi recorrer à JLO, que fornecia motores de dois tempos para seus triciclos desde 1929.

Surgiria o Matador 1000, com motor três-cilindros de 26 cv, faróis deslocados para baixo e nome que reforçava a capacidade de carga. Mas foi um desastre: o motor era fraco e pouco confiável.

Com os novos motores, os faróis foram deslocados para baixo (Tempo/Reprodução)

Tentaram acordo com a DKW, que se negou a fornecer motores para o concorrente do seu F89 Schnellaster.

Quem topou ajudar foi a Heinkel, que acabara de obter os direitos de fabricar motores SAAB de dois tempos.

O Heikel três-cilindros dois tempos de 672 cm³ passou não apenas a estar em todos os Matador 1000 vendidos a partir daquele momento, como também substituiu todos os JLO vendidos até aquele momento. 

Resolveu? Não. Os motores Heinkel eram pouco melhores que os da JLO e nem o 1.1 de quatro cilindros do Matador 1400 salvou sua pele. 

Anúncio do Tempo Matador nos Estados Unidos (Reprodução/Internet)

A Tempo, então, criou o Viking. Lançado em 1955, era menor e mais barato com um pequeno quatro cilindros dois tempos de 460 cm³. Até vendeu bem, mas não conseguiu salvar a Tempo de uma crise financeira.

Naquele mesmo ano, Oskar Vidal venderia 50% de sua empresa à Hanomag. E a Tempo entraria em um momento bem confuso de sua história. 

Com o dinheiro da Hanomag foi possível atualizar o Matador (que perderia as portas suicidas) e o Viking. Qualquer semelhança do novo Matador com a Kombi não foi por mera coincidência.

Mas a Tempo continuou produzindo as versões antigas dos dois modelos. Todos tinham motores Heinkel, e não da Hanomag.

Sob controle da Hanomag, a Tempo atualizou o Matador mais uma vez (Reprodução/Internet)

Em 1956, ainda passaram a fabricar carrocerias para os microcarros da Heinkel, retomaram a produção do G1200 – havia uma curiosa demanda por veículos anfíbios naqueles tempos – e pararam de fabricar os triciclos.

Mas vale dizer que os triciclos da Tempo não morreram. Todo o ferramental foi vendido para a indiana Bajaj, que seguiu produzindo os pequenos veículos sem mudanças até o ano 2000.

Até hoje “Tempo” é sinônimo para pequenos veículos de carga na Índia (Cartoq/Reprodução)

A sorte do Tempo Matador só mudou em 1957, quando ganhou motor 1.5 de 47 cv da inglesa Austin e a capacidade de carga subiu para 1.500 kg.

Ele não só voltou a vender bem na Alemanha como ganhou outros mercados. O mesmo valeu para o Viking, que também ganhou fôlego nas vendas com motores Austin.

O Matador 1500 foi a versão de maior sucesso do modelo (Tempo/Reprodução)

Uma nova atualização foi feita em 1963. Agora batizado de Matador E, o modelo tinha design mais agradável e capacidade para até 2.500 kg e motor Austin 1.6 de 54 cv, podendo também receber um Hanomag 1.8 diesel de 50 cv. Cerca de 70.000 unidades seriam produzidas nos três anos seguintes.

O Tempo Matador chegou ao fim em 1966, mas seu projeto seguiu vivo. Foi vendido como Hanomag-Henschel em diversas versões até 1978. Suas linhas foram modernizadas, mas mantiveram uma curiosa portinhola de abastecimento bem na frente do veículo. 

A Hanomag adotou modificou bastante o Matador para transformá-lo em seu veículo de entrada (Hanomag/Reprodução)

Quando a Mercedes-Benz assumiu o controle da Hanomag, em 1969, e aquele chassi com motor dianteiro e tração dianteira, que permitia ter um compartimento de carga plano e baixo (ao contrário da Kombi), encheu seus olhos.

Mercedes L 206 D (Divulgação/Mercedes-Benz)

O projeto serviu de ponto de partida para um novo comercial de entrada da Mercedes, o L 206 D, lançado já em 1970. Tinha motores diesel da própria Mercedes e os Austin a gasolina. Melhorias foram feitas ano após ano até sua produção ser encerrada, em 1977. 

Mercedes TN 207 D Kombi (Divulgação/Mercedes-Benz)

Mas aquele derivado do Tempo Matador fez a Mercedes explorar um segmento que nunca mais abandonou. Uma linhagem começava ali.

Naquele mesmo ano a Mercedes lançaria a série TN, que durou até 1995 na Europa. Eles acabaram sendo substituídos pela Sprinter, que até hoje faz sucesso na Europa e no Brasil.

Mercedes Sprinter 1995 (Divulgação/Mercedes-Benz)

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

27 JAN
Correio Técnico: Por que carros elétricos também têm baterias de 12V?

Correio Técnico: Por que carros elétricos também têm baterias de 12V?

A bateria de 12V (à direita) não é responsável por movimentar o Leaf (Divulgação/Nissan)Por que os carros elétricos têm baterias de 12 V? – Gustavo Casarini, Piracicaba (SP)Para controlar os sistemas periféricos e monitorar o trem de força do veículo. Ainda que seja uma bateria de alta-tensão — que pode ultrapassar os 400 V — que alimenta os motores elétricos e ar-condicionado, modelos como o Nissan Leaf ainda mantêm o acumulador tradicional para abastecer os controles... Leia mais
27 JAN
No varejo, Honda HR-V ainda é SUV compacto mais vendido do Brasil

No varejo, Honda HR-V ainda é SUV compacto mais vendido do Brasil

No varejo, o Honda HR-V é o SUV compacto mais vendido (Christian Castanho/Quatro Rodas)Dos 2.658.923 automóveis e comerciais leves emplacados em 2019, 44,5% foram vendidos a empresas, frotistas, locadoras e compradores PcD, com descontos ou isenção de impostos.Isso quer dizer que apenas 55,5% foram consumidores comuns, que fazem sua escolha de forma passional e, também, são mais suscetíveis a mudanças na economia do país.Não por acaso, o ranking de vendas para este público é bem... Leia mais
27 JAN

Recall: comunicado aos proprietários do A 250 Vision da Mercedes-Benz

 (Mercedes-Benz/Divulgação)Sistema envolvido: teto solar panorâmico.Razões técnicas: constatou-se uma possível inconformidade no processo de fixação do painel de vidro deslizante do teto solar panorâmico.Riscos e implicações: tal inconformidade poderia, ao longo do tempo, ocasionar o gradual descolamento do vidro deslizante. Caso o usuário não perceba o descolamento do vidro a partir da formação de bordas salientes no teto deslizante ou do ruído advindo de corrente de ar no... Leia mais
25 JAN
Novo VW Golf terá cinco versões esportivas: GTI de 245 cv é a mais “mansa”

Novo VW Golf terá cinco versões esportivas: GTI de 245 cv é a mais “mansa”

– (Diario Motor/Reprodução)Vazamento de dados mostram a potência que terá a nova linha de esportivos do Volkswagen Golf. A imagem revela que, ao todo, serão disponibilizadas cinco versões “apimentadas” do hatch médio, sendo uma a diesel e as demais a gasolina.O icônico Golf GTI deve ter motor 2.0 TSI que gera 245 cv, e que poderá ser auxiliado por um sistema híbrido leve de 12 volts.O GTI TCR chega como a evolução esportiva do lendário hot hatch. Manterá o mesmo motor do... Leia mais
24 JAN
QUATRO RODAS de fevereiro: VW Polo GTS à prova contra Renault Sandero RS

QUATRO RODAS de fevereiro: VW Polo GTS à prova contra Renault Sandero RS

– (Arte/Quatro Rodas)A edição de fevereiro da QUATRO RODAS já está pronta para chegar às bancas e também à sua casa. O VW Polo GTS finalmente foi lançado, e já foi testado em primeira mão por nossa reportagem.Mas não teve moleza: quem o esperava na pista era o Renault Sandero RS, hot hatch já consolidado no mercado nacional.Os últimos compactos esportivos do Brasil se enfrentaram em um comparativo de encher os olhos e o Volkswagen de quase R$ 100.000 caiu no asfalto junto como... Leia mais
24 JAN

Vídeo: o que há de tão especial no VW Polo GTS?

Primeiro ele apareceu como carro-conceito no Salão do Automóvel de São Paulo. Depois, pudemos dirigi-lo em versão pré-série. Agora, finalmente podemos ver todos os detalhes exclusivos do VW Polo GTS.A sigla, que não era usada desde 1994, com o fim do Gol GTS, retorna agora na nova versão topo de linha do Polo. Tem motor 1.4 TSI e câmbio automático de seis marchas como o antigo Golf Highline. Mas custa quase o mesmo: R$ 99.470.De série, tem faróis full led, rodas aro 17, quadro de... Leia mais