Novidades

17 MAR
Toyota Corona veio da Ásia como ameaça, mas foi exterminado pelo Corolla

Toyota Corona veio da Ásia como ameaça, mas foi exterminado pelo Corolla

Em tempos de pandemia do coronavírus, QUATRO RODAS resolveu relembrar a curiosa história do Toyota Corona. Posicionado entre Corolla e Camry, o sedã médio-grande foi lançado no Brasil em 1993, originário da Ásia (assim como o surto).

Seguiu vivo até 98, quando acabou exterminado pelo próprio Corolla, que cresceu em dimensões e o deixou sem espaço. Acabou descontinuado mundialmente dois anos mais tarde. Relembre o que falamos do Corona quase 24 anos atrás:

Reportagem e teste feitos para a edição nº 431, de junho de 1996.

Olhe a foto acima e diga: à primeira vista, esse carro impressiona? Convenhamos que ele não chega a se destacar na multidão.

Sem preconceito algum, o Toyota Corona GLi parece ser apenas mais um importado japonês na fatia dos sedãs médios que disputam a faixa dos US$ 40.000 (cerca de R$ 42.000 na época).

Mas esqueça as aparências: o melhor do carro é o que você não vê – espaço interno e desempenho.

Essas duas qualidades podem ser comprovadas quando se senta ao volante (ou no banco de trás) e ao acelerar – o que QUATRO RODAS fez em primeira mão, já que o Corona só começa a ser vendido no Brasil a partir de agosto.

Assim como os concorrentes – Ford Mondeo, Alfa Romeo 155, Citroën Xantia, Renault Laguna, Mazda 626 e, por que não, o nacional Vectra CD –, o Corona foi concebido para ser dirigido com toda a tranquilidade.

Deve agradar em cheio os executivos que desejam um automóvel discreto. E isso o Corona é – até demais. Mal se nota a sua presença.

A dianteira passou por um redesenho na linha 96. Ficou elegante e esguia, com ar bem mais atual (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)

Segue a receita da maioria dos sedãs japoneses que se vêem por aí: linhas arredondadas, faróis afilados, caída suave até a traseira, lanternas tomando quase toda a área sobre o pára-choque.

Só quem for curioso e procurar o emblema da montadora identifica o modelo. Porque, de resto, ele passa despercebido.

E fazemos tal informação por experiência própria: rodamos 947 km com o Corona, em São Paulo e no Interior, e ninguém nos perguntou que carro era esse. O contrário do que normalmente acontece quando saímos com um modelo inédito por aí.

O interior do Corona segue com o mesmo padrão. Não existem toques de individualidade. Há muito plástico, principalmente no painel, o que pode provocar ruídos e rangidos com o decorrer do tempo (ou ao rodar em pisos irregulares).

Aspecto negativo em um automóvel dessa faixa de preço.

Medidas feitas em metros (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)

Foi um dos poucos. Novo (o exemplar testado rodara apenas 500 km), não produz barulhos. Tanto que teve média de ruído interno de 63,1 dB(A) – o Vectra CD encostou com 63,2 dB(A) –, proporcionando uma viagem agradável para os ocupantes.

Que sejam apenas dois no banco de trás. Ele conta com descansa-braço rebatível que cria um calombo desconfortável no encosto do lugar do meio.

O banco bipartido, porém, não incomoda. E ainda facilita o acesso ao porta-malas (no qual cabem 440 litros) e o transporte de volumes maiores, já que se pode rebater apenas uma parte dele.

O conforto para quem se senta no banco de trás se deve, em grande parte, ao espaço para as pernas. É extremamente generoso, mesmo com os bancos dianteiros totalmente recuados.

A principal qualidade do banco traseiro é o espaço livre para as pernas dos ocupantes. Falta, porém, um pouco mais de área para a cabeça: ela roça no teto. E o passageiro do meio precisa aguentar o calombo formado pelo descansa-braço rebatido no encosto (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)

O que sobra para as pernas, porém, falta para a cabeça: ela roça no teto. Sentado no banco traseiro, nosso repórter, com 1,77 m de altura, sentiu o teto acariciando a moleira.

Já o motorista tem espaço de sobra e encontra sempre uma posição cômoda para dirigir. Seu banco conta com regulagens de distância, altura, reclinação e apoio lombar; o volante traz ajuste de altura.

Os botões de acionamento elétrico de vidros, retrovisores externos e trava central ficam no descansa-braço do motorista. Não é preciso olhar para achar os comandos. Controles e mostradores são fáceis de manejar e enxergar.

Medidas são em metros (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)

No painel, apenas o básico: velocímetro, conta-giros, indicador do nível de combustível e termômetro do líquido do radiador. Um detalhe útil é regulagem elétrica de altura do facho dos faróis.

Mesmo com o carro carregado (e, portanto, com a frente mais alta), os faróis não ofuscam quem vem no sentido contrário.

Manobrar o Corona é muito fácil. Apesar de seu comprimento – 4.53 m, 5 cm a mais que o Vectra – e da grossa coluna C (a que fica entre as janelas e o vidro traseiro), não falta visibilidade.

Enxergam-se as extremidades do carro sem ter de esticar o pescoço ou fazer contorcionismos.

E a direção hidráulica leve e precisa ajuda na hora de fazer balizas apertadas e manobras que exigem rapidez. A suspensão, independente nas quatro rodas, é macia. Em solo liso, transmitiu conforto.

Mas não se comportou bem em pisos ruins: repassou as trepidações causadas por irregularidades do asfalto aos ocupantes.

Seu banco tem ajuste de altura, distância dos pedais e reclinação, além de apoio lombar. O volante de direção traz regulagem de altura. Tudo isso serve para que ele encontre sempre a melhor posição para dirigir. Já em termos de visibilidade, não há ressalvas. Entre os amplos vidros e os retrovisores, ele consegue enxergar tudo à sua volta (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)

O Corona, basicamente, não difere muito dos concorrentes. Todos eles oferecem conforto, motores 2.0 de 16 válvulas (pelo menos nas versões básicas) e desempenho mais do que satisfatório.

No caso do novo sedã japonês, contudo, a perfomance acaba se tornando uma atração à parte. Comparando suas marcas com as de Mondeo GLX (testado em fevereiro de 1995), Alfa 155 (janeiro de 1996) e Vectra (abril de 1996), fica claro que o grande trunfo do Corona é a retomada.

Foi de 40 a 100 km/h em 21,84 segundos, enquanto seus concorrentes levaram, na ordem, 23,72 segundos, 23,70 segundos e 24,06 segundos.

O Corona retoma velocidade quase com um carro com motor de duas válvulas por cilindro. O que não é pouco, considerando-se que os multiválvulas são, tradicionalmente, lerdos em baixas rotações e ruins de arrancada.

Motor 2.0 de 16 V e 126 cv de potência: forte de fôlego e retomada (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)

O Corona perdeu para os rivais em aceleração e em velocidade máxima por pequenas diferenças (veja tabela comparativa abaixo). O câmbio mecânico interferiu nas arrancadas, pois se mostrou muito seco e justo.

Por isso, o piloto perdia tempo “procurando”os engates, sobretudo o terceira marcha. Mas o carro se saiu melhor do que os rivais em frenagem – vindo a 80 km/h, percorreu 28,8 m até parar, auxiliado pelo ABS – e consumo.

O que denota cuidado da montadora japonesa japonesa em oferecer um conjunto equilibrado: o carro anda bem, freia com segurança (e ainda traz, de série, airbags para o motorista e o passageiro da frente) e consome relativamente pouco: média de 11,86 km/l.

0 a 100 km/h – 180,6 metros em 10,75 segundos

0 a 120 km/h – 312,6 metros em 15,04 segundos

40 a 100 km/h – 421,8 metros em 21,84 segundos

40 a 120 km/h – 684,5 metros em 30,40 segundos

80 a 0 km/h – 28,8 metros

100 a 0 km/h – 45,1 metros

120 a 0 km/h – 65 metros

Na cidade: 10,42 km/l

Na estrada, a 100 km/h:

Vazio – 13,73 km/l

Carga total – 12,90 km/l

Ponto morto – dB (A)

60 km/h em 4º – dB (A)

80 km/h em 5º – dB (A)

100 km/h em 5º – dB (A)

120 km/h em 5º – dB (A)

A grande deficiência do Corona no teste se revelou em aderência lateral. Não só sua marca não foi grande coisa  – 0,88g – como ele ainda insistiu em escapar de traseira no limite das curvas, dificultando manobras de correção.

Exemplo: quando a traseira direita “fugia”nas curvas, só com um contra-esterço enérgico – virar a direção no sentido da fuga, ou seja, para a direita – o piloto conseguia levar o veículo de volta à trajetória.

 (Arquivo/Quatro Rodas)

E, mesmo assim, vivendo um certo suspense: será que vai funcionar?

Para quem vai conduzir o Corona no dia-a-dia, vale, pois, um conselho: entre nas curvas com cuidado, sempre respeitando os limites do veículo e de velocidade. Conhecer o carro que se dirige e como ele se comporta é fundamental.

Os exemplares que vêm ao Brasil são feitos na Inglaterra. Lá, o carro se chama Carina. Aqui (e na Ásia), Corona. Ninguém explica essa confusão, mas, ao menos no Japão, ela tem um motivo razoável: existe um outro modelo Toyota batizado de Carina.

A grossa coluna C não prejudica a visibilidade e torna as formas do carro mais harmoniosas (Pedro Bicudo/Quatro Rodas)

No início, o sedã será vendido apenas na versão luxuosa, GLi. A Toyota cogita trazer o Corona em outras versões e motores (a gama vai do 1.6 16V até o 2.0 16V da versão esportiva GTi). A importação começa com a previsão de vender 60 unidades mensais.

O que não é tão fácil no disputado segmento do Corona. Ele briga com modelos de design marcante (como Vectra, Laguna e Xantia) e mais tempo no mercado brasileiro, e com marcas que têm mais status (caso da Alfa Romeo).

Mas ele reúne condições de enfrentar a concorrência de igual para igual. Resta, apenas, saber se o consumidor vai escolher o Corona na hora de comprar um carro.

Diâmetro de curso: 86 mm x 86 mm

Cilindrada: 1.998 cm3

Taxa de compressão: 9,8:1

Potência: 126 cv a 5.600 rpm

Potência específica: 63 cv/litro

Torque: 18,2 kgfm a 4.400 rpm

1º 3,28:1

2º 1,96:1

3º 1,32:1

4º 1,028:1

5º 0,82:1

Ré: 3,15:1

Diferencial: 3,73:1

Rotação a 100 km/h em 5º marcha: 2.700 rpm

Tanque: 50 litros;

Porta-malas: 440 litros;

Peso: 1.226 kg;

Eixo dianteiro: 747 kg;

Eixo traseiro: 479 kg;

Peso/potência: 9,73 kg/cv.

Traseira: independente, tipo McPherson, viga de torção com braço de arrasto, molas helicoidais e barra estabilizadora.

Dianteiro: disco ventilado

Traseiro: tambor

Pneus: Michelin MXV3 185/65 R14

Opcional: câmbio automático de quatro velocidades

 

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

03 FEV
Toyota Corolla foi o carro mais vendido no mundo em 2019. De novo

Toyota Corolla foi o carro mais vendido no mundo em 2019. De novo

Segue o líder: Toyota Corolla é disparado o carro mais vendido do mundo (Fernando Pires/Quatro Rodas)Quem é rei nunca perde a majestade. O Toyota Corolla que o diga.O sedã japonês fechou mais um ano com o posto de carro mais vendido do mundo, posição que ocupa desde que as vendas globais começaram a ser contabilizadas pelo site Focus2move em 2010.Segundo o levantamento, o Corolla vendeu um total de 1.236.380 unidades ao redor do globo durante 2019, e já se aproxima da marca de 50... Leia mais
03 FEV
Kia Rio: marca vende como 5 estrelas versão que recebeu só 3 no Euro NCAP

Kia Rio: marca vende como 5 estrelas versão que recebeu só 3 no Euro NCAP

Kia Rio: a marca diz que ele tem 5 estrelas no Euro NCap, mas no site do instituto de segurança constam apenas 3 estrelas (Christian Castanho/Quatro Rodas)No evento de apresentação à imprensa do Kia Rio, foi dada a informação de que o hatch que acaba de estrear em nosso mercado obteve cinco estrelas no teste de impacto do Euro NCap (a pontuação máxima do programa).No entanto, apuramos no site do instituto que, na configuração que vem para o Brasil, o lançamento tem pontuação... Leia mais
01 FEV
VW fabrica salsichas como se fossem peças. E elas vendem mais que Golf

VW fabrica salsichas como se fossem peças. E elas vendem mais que Golf

Além das linhas de montagem, a fábrica da VW em Wolfsburg, na Alemanha, tem um açougue (Divulgação/Volkswagen)Pode parecer estranho que, no passado, a GM tenha fabricado geladeiras (marca Frigidaire) e a Ford, rádios e tvs (Philco). Mas nada supera a VW com a produção de salsichas.Isso mesmo: a VW fabrica salsichas. E não se trata de um negócio do passado. A produção começou em 1973 e dura até hoje. As salsichas VW são feitas na fábrica de Wolfsburg, na Alemanha, onde fica a... Leia mais
31 JAN
Após saída da Chevrolet, outras marcas avaliam deixar Salão de SP 2020

Após saída da Chevrolet, outras marcas avaliam deixar Salão de SP 2020

Ford no Salão do Automóvel de São Paulo 2018 (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)Após o bombástico anúncio de que a marca Chevrolet, marca mais vendida no mercado automotivo brasileiro atualmente, não estará no Salão do Automóvel de São Paulo 2020, outras fabricantes instaladas no país também reavaliam sua participação no evento.A fabricante americana se juntou a Toyota (além da subsidiária Lexus), PSA (Peugeot e Citroën), BMW (e a subsidiária Mini), Jaguar Land Rover, JAC e... Leia mais
31 JAN
VW Amarok V6 passará a ter 258 cv e voltará a ser picape mais potente

VW Amarok V6 passará a ter 258 cv e voltará a ser picape mais potente

A Amarok V6 é dona da maior caçamba e capacidade de carga do segmento (Christian Castanho/Quatro Rodas)A fábrica da Volkswagen em Pacheco, Argentina, começará no dia 7 de fevereiro a produzir a Amarok com uma versão recalibrada do motor V6.O propulsor recebeu uma reconfiguração em sua parte eletrônica para gerar 258 cv de potência e 59,14 mkgf de torque.Motor V6 3.0 TDI que equipa a Amarok será capaz de gerar 258 cavalos em sua versão convencional e 272 cv com overboost (Christian... Leia mais
31 JAN
Marca mais vendida do Brasil, Chevrolet está fora do Salão de SP 2020

Marca mais vendida do Brasil, Chevrolet está fora do Salão de SP 2020

Chevrolet no Salão de SP 2018 (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)O Salão do Automóvel de São Paulo 2020 já vinha sofrendo com as baixas de Toyota (além da subsidiária Lexus), PSA (Peugeot e Citroën), BMW (e a subsidiária Mini), Jaguar Land Rover, JAC e Volvo.Entretanto, a informação desta sexta-feira (31) é um baque ainda mais duro ao evento.A Chevrolet, marca mais vendida do mercado nacional, com 475,6 mil unidades vendidas em e 17,9% de participação no mercado de automóveis e... Leia mais