Novidades

09 MAR
Jeremy Clarkson: novo Toyota Supra não está à altura do antigo. Nem do Z4

Jeremy Clarkson: novo Toyota Supra não está à altura do antigo. Nem do Z4

 (Divulgação/Toyota)

Eu conheço alguns baixinhos e, de forma geral, eles são estranhos. Principalmente porque eles têm na cabeça que as pessoas altas passam o dia inteiro pensando em jeitos novos de tornar a vida deles um pouco menos agradável.

Em eventos sociais em que os convidados ficam de pé, os baixinhos se sentem perdidos e abandonados em uma floresta de mamilos e pelos peitorais. Eles se sentem excluídos das conversas e acham que os demais fazem isso de propósito.

No cinema, acham que as pessoas altas procuram por toda a sala pelos baixinhos, e então sentam na frente deles de propósito. E nos bares, imaginam que os barmen são treinados para servir os altos primeiro.

Nada disso é verdade. Eu sou alto e, quando olho ao redor em uma sala, todo mundo é, de forma geral, da mesma altura. Tom Cruise e Gerard Butler. Richard Hammond e James May. Elle Macpherson e Kylie Minogue. Eles estão todos “em algum lugar lá embaixo”.

Na verdade, acho que o mundo está tornando a vida dos tampinhas cada vez mais fácil. Lojas de roupas, por exemplo. Todo casaco é feito para vestir bem um brinquedo e cada calça para o irmão mais baixo de um jóquei.

Em um avião, nós somos forçados a pagar milhares de libras para assentos de classe executiva, porque se sentarmos junto com a plebe rude da classe econômica, o suprimento de sangue para nossas pernas é cortado e acabamos com gangrena.

E tem também as casas. Você, com suas medidas de boneco Ken, pode morar em qualquer lugar. E isso me leva aos carros.

Quando pequeno, meu sonho era dirigir um Ford GT40. E quando, por uma série de eventos milagrosos, chegou o dia em que eu poderia fazer isso, descobri que seria impossível, porque eu não cabia atrás do volante.

Houve um tempo em que o Paul Stewart construiu um carro de Fórmula 1 que podia acomodar um piloto de tamanho normal. E me ofereceram para pilotá-lo.

Então disparei para Silverstone e escorreguei para dentro do cockpit, tocando os pedais com meus dedos e me sentindo confortável.

Daí veio alguém da segurança, com uma tábua. Ele colocou uma ponta dela em cima do santantônio e a outra sobre o pneu dianteiro e calculou que minha cabeça passava da linha imaginária que tinha sido desenhada.

Sendo assim, eu saí do carro e voltei para Londres desolado.

Desde então, eu tive alguns problemas em uns poucos supercarros. Mas, de forma geral, o interior dos carros atuais é desenhado para acomodar todo tipo de pessoa: de jogadores de basquete a tampinhas.

Em um Mercedes moderno, eu nem preciso colocar o banco todo para trás para ficar confortável.

E, então, na semana passada, chegou o novo Toyota GR Supra. Eu estava ansioso por dirigi-lo, porque ele é exatamente o tipo de carro de que eu gosto.

Motor central. Dois bancos no meio. E a tração na traseira. Tudo montado por robôs japoneses, para que nada dê errado, nunca.

Mas logo apareceu um problema. Eles podem ter feito o teto em formato de “bolha dupla”, para dar aos mais altos espaço suficiente para a cabeça, e eu os agradeço por isso.

Mas as portas simplesmente não são altas o suficiente para permitir que pessoas de maior estatura entrem no carro. Não com dignidade.

Eu tive de adotar todo tipo de posição de ioga horrível para subir a bordo. E, então, fiquei realmente com medo de não conseguir sair dali.

Talvez eu tivesse de bater de leve numa árvore, para que os bombeiros cortassem o teto e eu pudesse sair desse jeito. Mas, por enquanto, eu estava dentro e o motor estava ligado, então fui dar uma volta.

O Supra é todo BMW: motor, câmbio e a maior parte do painel (Divulgação/Toyota)

Bom, o velho Supra era descaradamente voltado ao mercado norte-americano. Era grande e preguiçoso e sua dirigibilidade era a de alguém indo para casa após uma noite de bebedeira. Eu bem que gostava dele.

Mas este foi feito visando desavergonhadamente o mercado europeu e as estradas tortuosas que todos usam a caminho do trabalho. Entre-eixos curto, chassi largo, motor BMW. É. BMW.

Porque não há atualmente tantas pessoas assim que vão para o trabalho cruzando estradinhas dos Alpes. E não há tantas pessoas assim que querem comprar um esportivo pequeno, leve e ágil.

Então, se os fabricantes quiserem projetar e construir um carro – e todos querem, porque projetar e construir caixotes híbridos não é o que faz as pessoas levantar da cama pela manhã –, faz sentido financeiramente fazer parcerias e dividir os custos.

Foi isso que BMW e Toyota fizeram e, pela metade do custo, acabaram com um Supra e um novo Z4. Que são, conforme me disseram, totalmente diferentes. Tá certo…

Eu posso dizer que o novo Supra usa um motor seis-em-linha BMW e uma transmissão BMW, e, quando você senta nele, vai notar que a alavanca de câmbio e a maior parte do painel também são BMW.

Eu não me importo com isso. O que eu me importo é que a coisa não funciona. O carro não é inexpressivo, mas também não é empolgante.

É, digamos, “médio”, e eu estava esperando algo mais picante. E talvez algo mais emocionante acusticamente do que o barulho dos pneus.

Eu gostei da velocidade e da dirigibilidade. Ele é um carro másculo e honesto, que faz um entusiasta da velocidade babar ligeiramente, mas tudo isso é entregue como se a mente do carro estivesse em outro lugar.

Talvez ele esteja pensando qual é seu objetivo, quando as pessoas podem comprar um Toyota GT86 – que oferece basicamente a mesma coisa – por 25.000 libras (R$ 137.000) a menos. Ou um BMW Z4 conversível, que é muito mais bonito.

Então meu test-drive acabou e fiz meu contorcionismo, empurrando meus pés para o canto esquerdo do assoalho e meus joelhos para o canto superior direito, de forma que eu conseguisse tirar minha cabeça primeiro.

E quando finalmente fiquei de pé, não podia deixar de pensar… A cada ano, em todos os países (exceto nos EUA), o ser humano médio fica mais alto e mais inteligente.

O que significa que o Supra foi projetado especificamente para pessoas que são mais baixas do que a média – e isso quer dizer pessoas que não são lá tão inteligentes.

É jornalista, apresentador do programa The Grand Tour e celebridade amada pelos fãs e odiada por algumas marcas.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

22 JUL

Como vender seu carro pela internet – e conseguir um bom negócio

Plataformas online oferecem diversas vantagens na hora de negociar a venda do seu veículo. Confira nossas dicas (Fabrizio Lenci/Vapor 324/Abril Branded Content)É hora de trocar o carro. Como você encara o processo de compra e venda?A internet está transformando esse momento de negociação: de todas as pessoas que comercializam automóveis no país 85% começam fazendo pesquisas online.O resultado mostra uma mudança de hábitos. É possível perceber uma tendência na diminuição de... Leia mais
22 JUL

Segredo: Toyota já tem data para iniciar produção de SUV rival do HR-V

Daihatsu DN Trec será o ponto de partida do projeto (Wikimedia/Internet)A Toyota corre contra o atraso para enfim ter um SUV compacto no Brasil.Após anos de inércia frente ao sucesso da rival Honda com o HR-V, e do plano fracasso de trazer o C-HR, a marca japonesa enfim terá um produto que considera compatível (em termos de custos produtivos) para brigar no segmento que mais cresce em nosso mercado.O nome definitivo do modelo ainda é um mistério, mas o código interno do projeto é... Leia mais
22 JUL

Mercado: só Volvo e BMW cresceram entre marcas premium no semestre

Volvo XC60: a marca sueca cresceu 51,5% (divulgação/Volvo)O mercado de veículos premium também vive momentos difíceis no Brasil.Na soma, as vendas de Audi, BMW, Mercedes-Benz, Volvo e Land Rover cresceram ínfimos 0,23% no primeiro semestre deste ano: de 21.971 para 22.020 unidades, segundo a Fenabrave (associação nacional dos concessionários).E isso só aconteceu porque Volvo e BMW sustentaram sozinhas uma boa taxa de crescimento, que vem desde 2018: 8,18% no caso da marca alemã e... Leia mais
20 JUL
Novo Nissan Versa chega ao Brasil no ano que vem e vai conviver com modelo atual

Novo Nissan Versa chega ao Brasil no ano que vem e vai conviver com modelo atual

A Nissan confirmou nesta quinta-feira (18) que a nova geração do Versa chega “em breve” ao Brasil. O modelo foi apresentado em abril passado, no Salão de Nova York. De acordo com o presidente da filial brasileira, Marco Silva, o sedã passa a ser importado do México. Isso deve acontecer a partir do ano que vem. “Este ano não vem. 2020 é uma boa aposta”, disse Silva. O executivo também confirmou que o novo Versa irá conviver com a geração atual, mais simples,... Leia mais
19 JUL
BMW e Tencent abrirão centro de computação para autônomos na China

BMW e Tencent abrirão centro de computação para autônomos na China

A montadora alemã BMW e a gigante chinesa de tecnologia Tencent estão se unindo para lançar um centro de computação na China que ajudará a desenvolver carros autônomos no maior mercado automotivo do mundo, disseram as empresas nesta sexta-feira (19). O centro de computação, que iniciará as operações até o final do ano, fornecerá aos carros capacidades de processamento de dados para ajudá-los a dirigir de forma semiautônoma e, eventualmente, totalmente autônoma. As... Leia mais
19 JUL

Será que dá certo usar um pano descartável para limpar o couro do carro?

Couro Limp, da Higiet, promete deixar o couro renovado com o mínimo de esforço (Arquivo/Quatro Rodas)Com a grande oferta do revestimento de couro nos carros, seja ele sintético ou natural, não faltam produtos para mantê-lo limpo e renovado.Em geral, são vendidos em versões gel ou líquida e, alguns nem sempre dão o acabamento desejado. Mas todos dão trabalho: você aplica o produto em um pano ou espuma e espalha pelos bancos. E de novo. E de novo.Mas o Couro Limp, da Higiet, promete... Leia mais