Nelson Piquet foi um dos ilustres donos do RX-7 (Christian Castanho/Quatro Rodas)
A década de 90 foi marcada pela intensa disputa entre o mundo e a indústria automobilística japonesa.
Chevrolet Corvette, Porsche 964, Ferrari 348 e Lotus Esprit sentiram o peso da concorrência formada por Honda NSX, Mitsubishi 3000 GT, Nissan 300 ZX e Mazda RX-7.
A história do RX-7 começa em 1961, quando a Mazda firmou contrato com a alemã NSU para aprimorar o motor rotativo criado por Felix Wankel.
O conceito consiste em um rotor triangular que gira no interior de uma carcaça oval, movimento contínuo e suave devido à ausência do sobe e desce presente nos motores a pistão.
Após o encerramento da produção do sedã NSU Ro 80, em 1977, a Mazda tornou-se o único fabricante de larga escala a produzir automóveis com motor Wankel.
Maçanetas embutidas na moldura dos vidros: estilo e aerodinâmica (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Em função do menor número de componentes, o Wankel é bem menor e mais leve que um motor convencional, ponto de partida para o desenvolvimento do RX-7.
Chamado Savanna RX-7 no Japão, ele foi apresentado em março de 1978.
Desenhado por Matasaburo Maeda, era um dos esportivos mais leves do mercado, com pouco mais de 1 tonelada distribuída igualmente entre os eixos (50/50).
Os 105 cv do motor 12A com dois rotores e 1,1 litro bastavam para levá-lo de 0 a 100 km/h em 9,5 s.
A máxima de 190 km/h era favorecida pelo bom perfil aerodinâmico. O câmbio manual de quatro marchas era de série, com opção manual de cinco marchas ou automática de três.
O sucesso no Japão foi imediato: sua alta potência específica contornava a política tributária do país, que penalizava motores com mais de 1,5 litro.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Com injeção eletrônica, o motor 13B de 1,3 litro e 135 cv foi adotado em 1983. Para conter o desempenho, as quatro rodas aro 14 receberam discos de freios ventilados e pneus 205/60.
Pouco depois, veio o Savanna RX-7 Turbo: com 165 cv, o revitalizado motor 12A antecipou o nível de performance que estava por vir.
Nitidamente inspirada no Porsche 944, a segunda geração apresentada em 1986 foi desenvolvida em torno das preferências do mercado norte-americano.
Nesse período, o RX-7 tornou-se consideravelmente mais pesado, mas incorporou avanços importantes como a caixa de direção com pinhão e cremalheira e a suspensão traseira independente.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
O motor era sempre o 13B, aspirado (146 cv) ou turbo (182 cv). Ambos ficaram mais potentes após a reestilização de 1989: ganhou coletor de admissão variável para atingir 162 cv.
Os 203 cv faziam a versão Turbo ir de 0 a 100 km/h em 6,3 s e a máxima de 240 km/h deu uma ideia do que a Mazda guardava para a terceira geração.
O mais belo RX-7 surgiu em 1992, com linhas fluidas e atemporais. Sua maior novidade era o motor 13B-REW de 255 cv com dois turbos sequenciais desenvolvidos em parceria com a Hitachi.
Com 1.300 kg, a terceira geração foi testada pela QUATRO RODAS: chegou a 239,6 km/h após acelerar de 0 a 100 km/h em 6,12 s.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
“O que mais impressionou foi o tamanho do motor 13B-REW, pouco maior que uma caixa de sapatos”, conta o jornalista Douglas Mendonça, responsável pelo teste na pista de Viracopos.
“O RX-7 usava o que havia de melhor, mas infelizmente a Mazda não eliminou os problemas do motor Wankel, mesmo após vencer as 24 Horas de Le Mans com o protótipo 787B.
Devido ao alto consumo e às normas de emissões cada vez mais rígidas, o RX-7 deixou o mercado americano e britânico em 1996. Chegou até os 280 cv, limite definido por acordo entre as marcas japonesas.
A produção foi encerrada em 2002, para tristeza dos fãs dos motores Wankel.