A Veraneio De Luxo levava até 9 pessoas, mas não tinha o ar de viatura das versões básicas (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Inicialmente Companhia Geral de Motores do Brasil, a General Motors do Brasil iniciou suas atividades em 1925 no bairro paulistano do Ipiranga.
Apesar de focado na produção de utilitários, o fabricante norte-americano preparou uma grata surpresa para o 4º Salão do Automóvel, em 1964: a belíssima perua Chevrolet C-1416.
O responsável pelo design foi Luther Whitmore Stier, expatriado que chefiava o departamento de estilo da GM desde 1957.
Sem excessos, as linhas básicas já haviam sido apresentadas meses antes, no lançamento das picapes C-1404 (chassi curto), C-1505 (chassi longo) e C-1414 (chassi curto com cabine dupla).
Foi um salto em relação à rústica Chevrolet Amazona. Relativamente baixa, a cabine da C-1416 tornava o acesso tão fácil que os estribos laterais ficavam restritos a crianças e pessoas de baixa estatura.
As quatro portas eram primazia nacional: a equivalente americana Suburban tinha apenas duas (e só ganharia quatro em 1973).
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Uma de suas maiores virtudes era o conforto de rodagem similar ao de um automóvel de passeio, mérito da suspensão dianteira independente e de molas helicoidais também no eixo traseiro.
Nove pessoas se acomodavam com relativo conforto (ou seis sem o terceiro banco opcional) e o acesso ao generoso porta-malas era favorecido pela ampla tampa com abertura para cima.
Era um utilitário de luxo grande, bonito e potente, principalmente quando colocado ao lado da decana Willys Rural.
Ampla área envidraçada, pedais suspensos e câmbio de três marchas sincronizadas facilitavam sua condução. Suas quase 2 toneladas eram impulsionadas pelo tradicional motor Chevrolet Brasil de seis cilindros, 4,3 litros e 142 cv.
Volante menor do Opala SS indicava a presença de direção hidráulica (Christian Castanho/Quatro Rodas)
A relação da segunda marcha foi logo encurtada, melhorando a agilidade: o 0 a 100 km/h baixou de 20,7 para 18,3 segundos, excelente para a época.
A máxima em torno dos 140 km/h exigia atenção com a direção lenta (mais de seis voltas de batente a batente) e com os freios a tambor nas quatro rodas.
Foi só em 1969 que a C-1416 tornou-se Veraneio. A natureza aprazível do nome contrastava com a destinação dada a uma enorme parcela dos compradores: órgãos governamentais, especialmente forças policiais.
Banco rebatível transforma o porta-malas em dormitório (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Foram muitos os que passearam de Veraneio a contragosto, incluindo personalidades da cena política atual.
Mas nem isso maculou seu prestígio: a Veraneio De Luxo surgiu em 1970 trazendo um novo padrão de acabamento, com apliques no painel imitando jacarandá, painéis de porta redesenhados, rádio, porta-malas acarpetado, faixas pintadas nas laterais, garras nos para-choques e calotas integrais.
A lista de opcionais trazia bancos dianteiros reclináveis, pintura metálica e revestimento do teto em vinil.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Em 1971, os quatro faróis pequenos foram substituídos por dois maiores e a grade dianteira passou a ser formada por três frisos horizontais com o logotipo no centro.
Dois anos depois, a aguardada direção hidráulica entrou para a lista de opcionais, facilmente identificada pelo volante do Opala SS.
Em 1976, ela passou a ser oferecida com o motor 2.5 de quatro cilindros do Opala, com parcos 87 cv a 4.800 rpm e 17 mkgf a 2.600 rpm.
Foi preciso recorrer ao câmbio M20 de quatro marchas com alavanca no assoalho e um diferencial com a absurda relação de 4,78:1.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
A última reestilização foi em 1979, adotando um novo capô e grade de plástico moldado.
Pouco depois vieram os freios dianteiros a disco e, em 1981, o motor Chevrolet Brasil de 4,3 litros foi substituído pelo seis-cilindros de 4,1 litros do Opala, movido a gasolina ou etanol e acoplado a um câmbio de quatro marchas com alavanca no assoalho.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
A nossa Veraneio deixou de ser produzida em 1989: foi sucedida por uma variação da Chevrolet Suburban de 1973, igualmente longeva nos EUA.
Carismática ou não, o fato é que ninguém fica indiferente a ela: colecionadores americanos já vieram buscar algumas unidades, levando-as para muito longe de qualquer estigma.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
0 a 100 km/h: 22,67 segundos.
Velocidade máxima: 137,9 km/h.
Consumo: 5,91 km/l a 100 km/h.
Preço: Cr$ 99.528 (março de 1976), Atualizado: R$ 190.700 (atualizado, IGP-DI/FGV).