Peugeot 208 e Fiat Argo (Arte/Quatro Rodas)
A fusão entre FCA e PSA exigiu uma arrumação geral na casa e agora os executivos da nova empresa – ainda sem nome conhecido – estabelecem um novo plano de voo.
Uma fonte ligada à PSA na França contou, sob condição de sigilo de sua identidade, como a companhia deverá atuar daqui para frente.
“Oficialmente, ambos os lados terão força equivalente, mas se espera que a PSA terá maior relevância, especialmente a Peugeot”, diz nossa fonte.
“Por ora, todo o foco está no estabelecimento de um plano produtivo com o maior número de produtos e o menor de plataformas possível”, segue. Nem tudo está definido, segundo nosso informante.
Novo Peugeot 208 será a base da segunda geração do Argo (Divulgação/Peugeot)
A plataforma compacta que prevalecerá será a da PSA, batizada CMP (sigla em inglês para Common Modular Platform) e desenvolvida em parceria com a chinesa Dongfeng.
“O plano de racionalização significará a morte dos pequeninos de ambas as marcas. Ou seja, nada mais de 500 (Fiat), C1 (Citroën) e 108 (Peugeot) no showroom. Apenas o elétrico 500e será mantido, mas por um curto período”, conta nossa fonte.
Os microcarros morrerão, mas os andares imediatamente acima terão vida longa.
Fiat 500: apenas a versão elétrica deverá ganhar sobrevida. E por poucos meses (Divulgação/Divulgação)
A modularidade da plataforma CMP permite flexibilidade não apenas no que se refere ao tamanho, mas também à motorização, que pode ser diesel, híbrida, elétrica ou gasolina (flex, no caso do Brasil).
O primeiro produto baseado na CMP foi o DS 3 Crossback, apresentado em 2018. As novas gerações dos Peugeot 208 e 2008 e do Opel Corsa também usam a mesma matriz.
A primeira aplicação da CMP em um produto FCA acontecerá em 2022, num Alfa Romeo, mas ela logo se alastrará para a Fiat, o que permite imaginar uma nova geração da dupla Argo e Cronos entre 2023 e 24.
Próxima geração do Argo deve chegar em 2023, com plataforma desenvolvida pela PSA (Fernando Pires/Foto/Quatro Rodas)
O Citroën C4 Cactus – vendido como SUV no Brasil e como hatch compacto na Europa – morrerá até o começo de 2021 no mercado europeu.
“O C4 Cactus, assim como os demais produtos atualmente construídos sobre a plataforma PF1, serão rapidamente descontinuados ou entrarão numa nova geração, baseada na CMP”, explica a fonte.
Questionado sobre o fim da linha do C4 Cactus no Brasil, o informante disse:
“Claro que a nova companhia precisará lidar com as necessidades específicas de cada mercado, mas para que tudo corra conforme planejado, é importante seguir à risca a estratégia definida. E é importante destacar que o fim de produção se refere ao Cactus PF1. Nada impede, por exemplo, o estudo de viabilidade de uma nova geração”.
Na Europa, C4 Cactus não terá nova geração (Fernando Pires/Quatro Rodas)
Ou seja: nosso Cactus pode ganhar uma nova geração mais rápido do que o comum, aproveitando a base CMP que, lembremos, já está sendo instalada em Porto Real (RJ).
Uma segunda plataforma renovada da PSA – a EMP2, que estreou em 2017 e hoje é base de 3008, 5008, 508, DS 7 Crossback, C5 Aircross e Opel Grandland – também será estendida aos produtos das marcas do lado FCA do casamento.
Assim como a CMP, EMP2 abriga múltiplas opções de motorização.
Nossa fonte fala de um enxugamento radical nos veículos maiores. “O mercado dos Estados Unidos ainda é muito relevante e o lado americano da FCA atende bem à demanda local”, destaca nossa fonte.
Fora do mercado norte-americano, há grande expectativa para a chegada da picape média da Peugeot, construída em parceria com a chinesa Dongfeng.