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20 JAN
O primeiro e mais completo teste com o VW Fusca – QUATRO RODAS 60 Anos

O primeiro e mais completo teste com o VW Fusca – QUATRO RODAS 60 Anos

 (Acervo/Quatro Rodas)

Publicado originalmente em setembro de 1961.

Todos ainda se lembram quando ele surgiu entre nós, há dez anos, tímido e exótico. Foi recebido com reservas e desconfiança, como tudo o que é novo.

Embora fosse vendido a preço módico, ninguém o queria porque ele apresentava estranhezas de construção até então nunca vistas pelo público brasileiro nos carros que aqui vinham ter.

Mas o carrinho teve também sua oportunidades e dela se aproveitou bem para demonstrar seus méritos, conquistando um número cada vez maior de admiradores e criando em torno de si um círculo crescente de popularidade: quanto mais se tornava conhecido mais aumentava seu prestígio.

Hoje, mais de 100 mil carros dessa marca em uso no país (mais da metade são sedans) comprovam sua receptividade entre nós.

O sedan Volkswagen começou a ser produzido no Brasil em janeiro de 1959, nas instalações de São Bernardo do Campo (SP) – única fábrica VW fora da Alemanha – onde já eram produzidos a perua e o furgão desde 1957.

Atualmente, 2.500 sedans, em média, saem mensalmente da linha de montagem, representando cerca de 50% dos autos de passageiros aqui produzidos.

O primeiro Volkswagen foi apresentado em 1939, na Exposição Automobilística de Berlim (Alemanha). Era o resultado do projeto genial e do trabalho de Ferdinand Porsche.

Em 1933, quando a crise obrigava a Europa a importar carros americanos – grandes demais para suas necessidades – um dos maiores projetistas mundiais autônomos, Ferdinand Porsche, foi incumbido pelo governo alemão de idealizar e construir um carro econômico, eficiente e cômodo.

Relutante a princípio, Porsche logo se entusiasmou com a possibilidade de concretizar o carro de seus sonhos, e atirou-se ao trabalho. Logo porém começaram a faltar apoio e recursos necessários à realização do empreendimento – sem precedentes no mundo. Então, praticamente sozinho, Porsche passou a lutar por ele.

Seis anos mais tarde, finalmente, iniciava-se a produção do carro, na grande fábrica especialmente construída em Wolfsburg.

Entretanto, apenas alguns automóveis saíram da linha de montagem, logo ela teve de ser adaptada para produzir o famoso utilitário militar VW, normal ou anfíbio, pau para toda obra do exército alemão.

Terminava a guerra, mais de 3/4 da fábrica estavam destruídos e nenhum dos aliados se interessou pelo carro. Todos concordaram que não tinha futuro; todos menos um pequeno grupo de operários que se atirou à reconstrução da fábrica.

Já em fins de 1945 produziram nada menos de 7.713 veículo e em 1949, quando a fábrica foi entregue ao governo da República Federal Alemã, a produção ascendia a 46.000 veículos por ano.

Daí para cá vem ela crescendo numa fabulosa curva ascencional. Até hoje foram fabricados mais de 4 milhões de carros e, este ano, a produção deverá atingir 1 milhão.

O motor VW é um quatro-tempos de quatro cilindros horizontalmente opostos, que tem a vantagem de quase não apresentar forças e conjugados de inércia, uma vez que os êmbolos (pistões), bielas e manivelas de árvore se opõem dois a dois, contrabalançando-se.

Consequentemente o motor é mais equilibrado e seu funcionamento suave em condições normais (ocorre grande vibração quando há falha nos cilindros).

A grande superfície externa dos motores desse tipo possibilita a vantajosa utilização do arrefecimento a ar. Este é forçado por uma turbina (ventoinha) a circular através das aletas do bloco de cada cilindro, resfriando-os por convecção.

Um dispositivo automático impede a passagem do ar, enquanto o motor está frio, com o que se obtém rapidamente a temperatura normal de funcionamento.

As baixas rotações são duplamente prejudiciais ao bom rendimento desse motor porque combinam o superaquecimento, resultante do trabalho forçado, à insuficiência de circulação decorrente da pouca rotação da ventoinha e também da baixa velocidade do veículo.

O VW possui um radiador de óleo para auxiliar o arrefecimento do motor e principalmente para manter o óleo dentro de limites admissíveis de temperatura, indispensáveis à preservação de suas qualidades básicas.

 (Acervo/Quatro Rodas)

Motor: traseiro, quatro-cilindros horizontais opostos, a quatro tempos. Cilindrada total 1.192 cm3; diâmetro 77 mm; curso 64 mm; Potência máxima 36 cv a 3.700 rpm. Taxa de compressão 6,6:1. Conjugado 7,7 mkgf a 2.000 rpm.

Válvulas na cabeça, comandadas por vareta e balancim; árvore de comando central comandada por pinhão. Culatra em liga leve. Lubrificação a pressão por bomba de engrenagem e radiador de óleo; capacidade do cárter 2,5L.

Um carburador Solex 28 PCI, de sução descendente, alimentado por bomba de gasolina mecânica e filtro de ar em banho de óleo. Refrigeração a ar por turbina.

Equipamento elétrico Bosch de 6 volts: gerador de 170 watts a 2.500 rpm e moto de partida de 0,5 HP.

Transmissão: grupo motopropulsor traseiro. Embreagem por monodisco seco. Câmbio com quatro velocidades para frente, todas sincronizadas, e marcha à ré, (quarta sobremultiplicada).

Diferencial, por engrenagens cônicas com dentes helicoidais, com desmultiplicação 4,43:1 e semi-eixos oscilantes. Capacidade da caixa 2,5 litros.

Chassi:  Plataforma com viga central e forquilha atrás. Suspensão dianteira com todas independentes, por duas bielas longitudinais e barras de torção laminares transversais. Suspensão traseira, com rodas também independentes, por braços longitudinais e barras de torção transversais.

Amortecedores hidráulicos telescópicos na frente e atrás. Freio hidráulico sobre as quatro rodas; freio de estacionamento mecânico sobre as rodas traseiras. Direção por rosca sem fim. Tanque de gasolina para 40 litros.

 (Acervo/Quatro Rodas)

Planejada há mais de 22 anos a carroçaria do Volkswagen sofreu menos modificações do que sua própria parte mecânica. Seu atual aspecto externo pouco difere do desenho original: teve apenas ampliados o pára-brisa, a janela de trás e as lanternas traseiras, reforçados os pára-choques e alterados alguns detalhes de menor importância.

O traçado de suas linhas – avançadas para a época em que foi lançado – obedeceu às exigências básicas do aerodinamismo e da funcionalidade. Nele o racional se sobrepôs aos ditames da moda, criando um carro cuja estética é fruto de suas próprias finalidades, das exigências da técnica e não dos vôos de imaginação dos estilistas.

Tudo nele parece existir em função de algo prático: seu perfil afilado e quase simétrico visa obter o máximo de penetrabilidade aerodinâmica. Os pára-lamas salientes, ainda não incorporados à carroçaria, o pára-brisa plano e o estribo externo, herdados de sua concepção original são as únicas exceções.

Os tamanhos dos faróis contrasta com a delicadeza do carro e os pára-choques se sobressaem muito. Os cromados, usados com parcimônica e judiciosamente distribuídos, e os lavores estampados na própria chapa, conferem-lhe um aspecto um pouco mais requintado e elegante.

O brasão da cidade de São Bernardo do Campo, colocado na parte frontal do capuz da mala, dá ao carro uma nota personalíssima mas, infelizmente, pouco duradouro, pois sua fixação precária não resiste ao vandalismo dos nossos “filhinhos de papai”. Originais e vistosas são as calotas, mas muito salientes, o que as sujeita a serem arranhadas ou amassadas contra o meio-fio.

Os cromados são satisfatórios na aparência e na qualidade. As tintas empregadas em sua pintura, são muito bem escolhidas em suas seis cores disponíveis e apresentam boa durabilidade.

O estofamento é impecável mas as forrações deixam a desejar, como veremos adiante. Nos seus detalhes, em geral, o VW apresenta um bom acabamento.

 (Acervo/Quatro Rodas)

O aspecto interno da cabina é bastante agradável. O painel simples e funcional tem um friso cromado horizontal em toda a sua extensão.

Pena é que suas várias seções não coincidam tão bem quanto nos antigos modelos. Um porta-luvas amplo e bem acabado, mas que peca por não ter chave, e um balaústre talvez antiestético mas de utilidade, completam seu lado direito. O cinzeiro central, tipo gaveta, é bastante cômodo.

Um espelho retrovisor de dimensões corretas é montado sobre um suporte comum a ambos os pára-sóis (não utilizáveis lateralmente). Sob o painel, situa-se a garrafa plástica do lavador de pára-brisas (manual), cuja rosca espanadas fez com que a água molhasse o interior do carro-teste, ao ser usada.

O túnel central, muito saliente, reduz bastante o espaço útil. Todavia é uma imposição da estrutura do veículo, abrigando a viga-mestra do chassi e servindo de conduto para os cabos de comando e para o fluxo de ar aquecido.

Um estofamento plástico de bom gosto e muito bem executado recobre bancos e encostos. As forrações das portas em plástico gomado e a do teto em couro plástico perfurado são bem cuidadas, mas o mesmo não se pode dizer da parte frontal, sob o painel, do túnel, e do bagageiro que é grosseira e não muito bem fixadas.

Uma bolsa muito proveitosa completa o acabamento da porta esquerda e um descansa-braço o da direita. Este apoio lamentavelmente agora é maciço, não servindo mais de pega para puxar a porta como em modelos anteriores. As maçanetas (manivelas e trincos) das portas são bem localizadas, mas não muito próprias para puxar a porta.

Os trincos dos vidros defletores de ar são duros e mal colocados: o da direita tem de ser aberto pela mão esquerda e vice-versa. Talvez ficassem melhor colocados verticalmente.

Cabides e alças de segurança nas colunas laterais são muito úteis, mas o foco de iluminação colocado na da esquerda é pouco eficiente e muito frágil.

Atrás, um único cinzeiro no painel da direita pode deixar o fumante da esquerda embaraçado.

Os tapetes de borracha são bem confeccionados.

A visibilidade frontal do Volkswagen é satisfatória. A base do espelho retrovisor (bem posto e dimensionado) serve também de suporte aos pára-sóis. Comandos racionalmente distribuídos e acessíveis contribuem para um dirigir mais seguro e repousado. (Acervo/Quatro Rodas)

Os instrumentos do painel se resumem em dois mostradores: um grande, circular, situado pouco acima da coluna do volante, para o velocímetro, odômetro e luzes de advertência; outro menor, quadrado, logo à direita do primeiro, para o marcador de gasolina.

O velocímetro possui escala circular graduada de 0 a 120, correspondente à velocidade em quilômetros por hora. Traços vermelhos em número de um, dois e três, respectivamente, indicam o limite de velocidade máxima admissível em cada marcha.

Seu ponteiro não tem extremidade afilada e quando repousa sobre o pino-batente não coincide exatamente com o 0, ficando acima dele.

As luzes indicadoras são: a azul, no centro em cima, que indica estar ligado o farol alto; a vermelha embaixo à esquerda, indica descarga de bateria e, em marcha, o não funcionamento da ventoinha; a verde, embaixo, à direita, indica a baixa pressão do óleo, e a dupla seta, entre ambas, o funcionamento do pisca-pisca.

O indicador de gasolina possui quatro marcações, de cheio a vazio, sendo que o último quarto é assinalado como reserva. A marcação 2/4, para indicar meio tanque, bem podia ser simplificada para 1/2.

Pedais do acelerador, freio e embreagem muito próximos, mas bastante cômodos. O espaço para as pernas é limitado, como se observa: à direita, pelo painel interno do pára-lama, e á esquerda, pelo túnel central (Acervo/Quatro Rodas)

Apesar de guardarem uma proximidade demasiada, os pedais são cômodamente acessíveis e de acionamento suave. No centro, sobre o túnel, localizam-se a alavanca do câmbio (talvez a mais dócil dentre os carros nacionais), a alavanca do freio de estacionamento e a torneira de ar quente.

O volante tipo cônico com dois braços horizontais tem sobe ele, à esquerda, ao alcance dos dedos, a alavanca do pisca-pisca com retorno automático.

No painel há três botões de tração, todos muito bem distribuídos e acessíveis: o do alto à esquerda acende as lanternas num primeiro estágio e os faróis no segundo, regulando também, ao girar, a intensidade da luz dos instrumentos; o do alto, à direita, liga os limpadores de pára-brisa; o inferior, à direita, comanda o afogador.

A luz alta e baixa dos faróis é trocada no interruptor do assoalho. A partida é dada pelo giro da própria chave de ignição.

A luz interna é controlada por um interruptor, nela incorporado, com três posições: para baixo – acesa; no centro – apagada; em cima – ligada ao interruptor da porta.

Velocímetro e indicador de gasolina estão colocados numa posição privilegiada, onde podem ser facilmente consultados, por dentro do volante de direção (Acervo/Quatro Rodas)

Tanto o motorista quanto o passageiro que viaja a seu lado ficam muito bem instalados, pois os bancos dianteiros individuais são anatômicos, de boa altura e podem ser avançados ou recuados ficando seis posições diferentes, seus encostos envolventes são reguláveis em três inclinações possíveis.

O espaço para as pernas é razoável, apenas um pouco limitado transversalmente.

Os que viajam atrás não gozam do mesmo conforto. Embora o assento seja cômodo, espaço para as pernas é limitado não só pelos bancos da frente mas também pelo túnel e pelas saliências laterais dos vidros (além do teto, para os altos). Os vidros traseiros são fixos.

O Volkswagen possui dois espaços para o transporte de bagagens: O porta-malas propriamente dito e o vão, atrás do banco posterior. Este é mais espaçoso que aquele mas bastante incômodo na carga e na descarga.

O porta-malas sob o capuz frontal tem seu espaço bastante reduzido pela presença de estepe e tanque de gasolina. Ambos perfazem 200 dm3 de capacidade total.

Bastante satisfatória à frente. A excepcional inclinação do cofre, dá uma boa visão do solo próximo ao carro, mas dela não usufruem as pessoas de baixa estatura, por causa da altura do painel de instrumentos (Acervo/Quatro Rodas)

Os espaços não envidraçados atrás geram ângulos mortos que escondem por muito tempo um carro que nos esteja ultrapassando, o que é mau, sobretudo se não houver espelho externo. Lateralmente, à direita e à esquerda, a visibilidade não poderia ser melhor, como nos mostram os gráficos. (Acervo/Quatro Rodas)

 (Acervo/Quatro Rodas)

Além dos acessórios já mencionados no itens anteriores (cinzeiros, pára-sóis, alças de segurança, cabides, balaústre, lavador de pára-brisa, sistema de aquecimento) e dos reforços do pára-choque, acompanham o veículo: uma roda sobressalente com pneumático (estepe); uma bolsa de ferramentas; um macaco mecânico; uma correia de reserva para dínamo-ventoinha; um livro de instruções e um livrete de serviços técnicos.

Pára-sóis duplos, acolchoados, são uma das novidades introduzidas no modelo 61. Entre os acessórios, conta-se também o útil jogo de ferramentas que acompanham o carro (Acervo/Quatro Rodas)

Possuindo sua parte inferior toda carenada e borrachas vexadoras de boa qualidade, o VW apresenta uma satisfatória impermeabilidade à água e ao pó, exceção feita à canaleta dos vidros na coluna do delitos de ventilação e nas guarnições do capuz dianteiro e traseiro, onde há penetração quando é forte o fluxo de água.

 (Acervo/Quatro Rodas)

O manual de instruções esquematiza de maneira clara e detalhada como proceder aos primeiros cuidados requeridos para o bom funcionamento e desempenho do carro, bem como sobre sua melhor utilização.

As principais operações de manutenção são fáceis.

O compartimento do motor é bastante acessível: aberto seu cofre (trinco dotado de fechadura), é ele assim mantido por molas, deixando à mostra os principais órgãos anexos do motor, tais como carburador, distribuidor, bobina, bomba de gasolina, etc.

É simples a verificação do nível do óleo, mediante a vareta bem visível e cômoda, embora um pouco próxima da correia. A reposição do óleo é igualmente fácil, dada a ótima situação da tampa.

Como a refrigeração não é por água, sua única exigência periódica é a verificação da tensão da correia.

O reabastecimento de combustível requer a abertura do cofre dianteiro (comando sob painel, à esquerda), onde se situa o tanque.

A bateria, por sua vez, é de pouca acessibilidade, situada que está sob banco traseiro, cuja retirada se impõe para seu exame é reabastecimento.

No teste de entrega, o motor apresentou valores menores para a eficiência da queima e da compressão. Nesta o primeiro e quarto cilindros acusaram 125 psi, o segundo psi e o terceiro 122 psi (Acervo/Quatro Rodas)

Condições em que o teste estático foi feito (Acervo/Quatro Rodas)

 (Acervo/Quatro Rodas)

Como se observa, o carro apresentava uma compressão superior à especificada, o que ocasionou um desempenho ligeiramente acima do normal (Acervo/Quatro Rodas)

 (Acervo/Quatro Rodas)

O VW tem capacidade para cinco passageiros, relativamente bem instalados, sendo porém mais confortável com quatro passageiros.

 (Acervo/Quatro Rodas)

O comportamento do Volkswagen na estrada pode ser considerado como notável, graças à feliz combinação das principais qualidades exigidas para uma boa dirigibilidade, direção e freios.

O motor responde bem às solicitações do motorista e proporciona boa aceleração com uma folgada supremacia nas piores rampas. Nossa é auxiliado por uma caixa de mudanças bem relacionada e dócil ao comando.

O veículo agarra bem à estrada, não se inclinando lateralmente mesmo nas curvas feitas a grande velocidade. A direção é leve e precisa e os freios, bastante obedientes, têm um desempenho excepcional como veremos adiante.

Na cidade, seu tamanho, ligeireza, e agilidade nas viragens o tornam um carro extremamente maneável, que vence com facilidade o trânsito congestionado e “cava” o estacionamento em espaço reduzido.

Velocidade

A redução das marchas na nova caixa de câmbio fez decrescer a velocidade máxima do carro de 118 para 112 km por hora, mas ainda assim ela é mais que satisfatória para as condições de nossas estradas. (A fábrica, em todo caso, indica a velocidade máxima de 110 km/h).

Gráfico de aceleração (Acervo/Quatro Rodas)

A maior redução das marchas, se prejudicou levemente o carro baixando-lhe a velocidade máxima, compensou-o bastante por outro lado, melhorando-lhe a aceleração.

Nos limites de utilização das três marchas inferiores, o VW dispõe de uma retomada de velocidade verdadeiramente notável.

O limite máximo previsto no velocímetro para cada marcha pode ainda ser ultrapassado, em caso de necessidade, levando-se o motor a uma super-rotação que ele suporta bem e sem falhas.

A resposta do motor à aceleração é pronta e vivaz, sem qualquer incerteza, o que é altamente vantajoso no trânsito urbano. A quarta é menos brilhante, proporcionando boas retomadas somente acima dos 70 km/h.

A qualidade do motor e o bom relacionamento das marchas inferiores permitem uma extraordinária saída. Para isso contribui muito a perfeita sincronização, inclusive da primeira.

Um trecho da rodovia Presidente Dutra teve uma de suas pistas especialmente interditadas pela Polícia Rodoviária Federal, a fim de que nela se processassem os testes dinâmicos de QUATRO RODAS (Acervo/Quatro Rodas)

Dada a colocação do motor na traseira, o VW caracteriza-se pela supervisarem nas curvas (a traseira tende a sair para fora; o carro fecha mais a curva).

Tal efeito entretanto não se manifesta acentuadamente, sobretudo em estradas pavimentadas ou quando a carga frontal do veículo é maior qua a posterior.

Apesar disso, é boa norma fazer com que este carro percorra as curvas com o motor puxando.

Para tanto, reduz-se  a velocidade antes delas (inclusive cambiando para a marcha inferior, se for o caso), acelerando-se ao tomá-las.

Um molejo firme porém suave, bons amortecedores e estabilizadores garantem um perfeito equilíbrio e uma inclinação mínima nas curvas.

Azimute magnético (orientação em relação ao norte): 25ºC

Dotado de boa dose de potência e elasticidade serve bem às maiores exigências. Seu funcionamento é quase isento de vibrações, embora um tanto ruidoso, como são particularmente os motores resfriados a ar.

O motor do carro-teste apresentou de início valores menores para eficiência da queima e para a compressão (esta última mediu 125 libras por polegada quadrada no primeiro e no quarto cilindros, 120 no segundo e 122 no terceiro).

 (Acervo/Quatro Rodas)

O Volkswagen possui uma direção bem dimensionada com boa redução na caixa o que diminui a transmissão das vibrações das rodas ao volante, sem prejudicar a leveza e a segurança.

São necessárias duas voltas e meia do volante para passar do ângulo máximo de dirção à direita para o máximo da esquerda.

O raio das curvas mais fechadas que consegue realizar à direita tem 10,66 m e à esquerda 10,88 m.

Melhorou assim o carro-teste os valores especificados pela fábrica, que são 11m em ambas, com 2,4 voltas no volante.

Gráfico de frenagem (Acervo/Quatro Rodas)

Os freios são eficientes e obedecem bem à mais leve pressão sobre o pedal. Sua progressividade é convenientemente dosada.

A retardação (desaceleração) média, recomendada para os carros com o freio nas quatro rodas, é de 7 a 8 metros por segundo.

O VW apresenta uma desaceleração de 7,48 m/seg2, numa reagem normal e 9,06 numa de emergência, valores que representam a boa qualidade dos seus freios. A área total de freagem é 520 cm2.

O rigor dos testes é garantido por uma equipe de espertos engenheiros e técnicos, auxiliados por observadores atentos (Acervo/Quatro Rodas)

Gráfico de consumo (Acervo/Quatro Rodas)

O Volkswagen é um carro econômico, principalmente se levarmos em consideração sua cilindrada de 1.200 cm3. Apresenta maior consumo a baixas velocidades do que a altas.

Por isso sua demanda de combustível, no trânsito apertado da cidade, à velocidade média de 15 km/h, eleva-se a 15 litros cada 100 km (6,7 km/litro).

Sua faixa de economia situa-se entre os 70 e os 90 km/h – velocidades comumente usadas em auto-estradas – onde cobre 13,42 km/litro, valor superior ao especificado.

Os valores obtidos no teste estão abaixo dos especificados pela fábrica. São todavia razoáveis para o carro.

Nota: As grandes diferenças verificadas em 1ª e em 2ª talvez tenham sido devidas à embreagem do carro-teste, que patinava muito, quiçá por prematura fadiga de suas molas.

 (Acervo/Quatro Rodas)

A tomada de movimento para o velocímetro é feita na roda dianteira esquerda e não na caixa de mudança, como o normal.

Isto representa alguns inconvenientes: o velocímetro acusa velocidade mesmo que a roda gire em falso, flutuando sua marcação, em virtude do menor agarramento dessa roda à pista (peso maior atrás), do seu arrastamento nas curvas ou ainda conforme as chuvas sejam à direita ou à esquerda.

Eis porque as variações chegam a atingir 8,15%, excluindo-se as baixas e altas velocidades em que a imprecisão é maior (a 10 km/h o erro é de 16,8%).

Com um erro percentual inferior a 10%, na faixa de velocidades intermediárias, o velocímetro do VW pode ser considerado regular.

O que se verificou com relação ao velocímetro é válido para o odômetro (contador da quilometragem percorrida), acrescido de outra deficiência: mal enquadramento dos números no mostrador e sua movimentação não uniforme.

Operado com a máxima cautela, acusou erros negativo médios de 13,90% por quilômetro, num sentido da pista, e de 32,55%, em sentido oposto. Inexato demais, portanto.

Gráfico final de testes (Acervo/Quatro Rodas)

Carro testado: Volkswagen 1961
Modelo: Sedan 2 portas
Motor: B535584
Chassi: 037031
Conceitos: Bom (B); Regular (Re); Mau (M)

ou regulagem

A excepcional reunião de características superiores num carro essencialmente prático e econômico se deve êxito do Volkswagen, basicamente inalterado desde o seu lançamento há 22 anos, num fenômeno que só encontra paralelo no famoso modelo T da Ford.

Sua funcionalidade compensa suas pequenas deficiências e falhas – que patenteiam a necessidade de uma revisão mais eficaz por parte da indústria nacional.

Embora sua aparência possa provocar uma primeira impressão desfavorável, em comparação com carros mais modernos, tal preconceito logo se desfaz quando se dirige o VW.

Fonte: Quatro Rodas

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