Novidades

31 DEZ
Quando não havia SUVs, o Javali levava quase um minuto de 0 a 100 km/h

Quando não havia SUVs, o Javali levava quase um minuto de 0 a 100 km/h

 (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

O Javali demorou a aparecer – foram dois anos, desde a apresentação do seu protótipo, no Salão do Automóvel de 1988 -, mas chegou justificando plenamente o seu nome selvagem.

Sua sólida, robusta e até feia aparência parece afirmar que não basta ser forte: é preciso parecer forte. Afinal, o jipe Javali é fabricado pela CBT – Companhia Brasileira de Tratores. Sim, ele descende de tratores, rudes máquinas feitas para domar regiões difíceis.

E procura restaurar, num mercado pobre de opções do seu tipo, as virtudes dos primitivos Jeep, inventados há quase meio século para ajudar os exércitos aliados a derrotar os nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Javali: motor turbo e tração 4 x 4 (na lateral: o antigo Correvit, instrumento de medição usado por Quatro Rodas). (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

O Javali usa um motor diesel de três cilindros, derivado dos tratores CBT. Vem daí a explicação para o seu torque extraordinário – uma força estupenda, que surge, principalmente, nas baixas rotações.

A razão disso está no enorme curso dos cilindros do motor: nada menos que 120 mm. E, como se não bastasse, ele ainda é turbinado, o que não acontece nos outros jipes.

O Javali não foi feito para passear, mas sim para trabalhar. Sua aparência não tem qualquer apelo estético: ele é espartano em tudo. Daí ser o jipe brasileiro mais barato.

Volante e painel: total simplicidade (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

Como os seus mais diretos concorrentes (Toyota e Engesa), o Javali tem o inconveniente de exigir que o motorista saia do veículo para ligar a tração 4×4 – o que é feito girando a chave da “roda livre” nas rodas dianteiras.

Além disso, para completar a operação, é preciso ainda acionar a alavanca da tração 4×4 que fica junto ao câmbio e ao lado de uma outra alavanca: a que reduz as marchas. Sob esse aspecto, o tradicional Jeep militar dos anos 40 levava vantagem: para ligar a tração, bastava fazer um único engate, e de dentro da cabine.

A fim de evitar esse transtorno, uma alternativa é ligar a “roda livre”, sem, porém, acionar a alavanca da tração, para o caso de percursos pequenos e onde haja a possibilidade de se precisar do 4×4.

Só que isso aumenta um pouco o consumo de combustível e o nível de ruído, que já é altíssimo. Esse, aliás, é o pior ponto do Javali: ele é muito barulhento e – pior – seu escapamento fica sob os pés – e ouvidos – do motorista.

Um veículo feito para a terra: boa estabilidade, mesmo em situações extremas (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

É tamanha a barulheira que, durante o teste, foi preciso usar chumaços de algodão nos ouvidos para diminuir o incômodo. O teste, porém, é uma situação anormal.

No dia a dia, não se exige tanto assim de um veículo. Até porque, no caso do Javali, a força do motor aparece já na marcha lenta, o que torna desnecessário acelerar no máximo.

Outro detalhe incômodo no Javali é a falta de um servo-freio. Sem ele, o motorista tem de forçar muito o pedal para segurar os 1.755 quilos do jipe.

A fábrica suprimiu esse item para reduzir custos, pois num veículo a diesel o servo-freio é mais caro e complicado: como não há carburador que forneça o vácuo para acioná-lo, torna-se necessário acoplar um compressor ao sistema.

Outros inconvenientes do modelo são os difíceis engates das alavancas de tração 4×4 e marcha reduzida e o espelho retrovisor interno, que está mal posicionado: ele é pequeno e fica longe. Resultado: não mostra corretamente o que acontece atrás.

 (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

Por outro lado, o Javali tem qualidades. Uma delas é a boa capota de lona, reforçada, com fivelas firmes, zíperes suaves e uma vedação que resiste a mais torrencial chuva.

Outro mérito é seu comportamento no fora-de-estrada. Ele enfrenta bravamente obstáculos e subidas íngremes na sem ratear. Essa é uma das vantagens do motor diesel: como ele não tem carburador, obviamente não tem um nível de cuba que possa sofrer alteração em subidas mais acentuadas.

Outra vantagem do diesel é poder transpor charcos e riachos com menos riscos: afinal, ele não tem distribuidor para ser molhado.

Com suas quase duas toneladas de peso, o Javali não é nem pode ser um veículo veloz. Ele atinge apenas 106 km/h de velocidade máxima e sua aceleração de 0 a 100 km/h demora 53,25 segundos.

 (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

Por ser um jipe, sua velocidade média normal de uso, sobretudo fora de estrada, é de 40 a 60 km/h. E nessa faixa ele é bem eficiente e econômico. Chega mesmo a cobrir mais de 20 km com um único litro de diesel.

Na estabilidade, o novo jipe agrada muito mais fora do que dentro da estrada. No asfalto, se o motorista aumentar a velocidade, terá que conviver com uma certa folga na direção, e aí precisará tourear o Javali.

Mas essa folga no volante é proposital e pode ser regulada. Só que quanto menor a folga mais comprometida ficará a caixa de direção, que funciona à base de pinhão e rosca sem-fim.

O Javali é um veículo simples e voltado exclusivamente para um tipo de uso em serviço. Sua buzina, por exemplo, existe só para casos de emergência e, por isso, não fica no volante – e sim escondida na coluna de direção.

Motor diesel turbo: de trator (Claudio Larangeira/Quatro Rodas)

Da mesma forma, os instrumentos do painel são suficientes apenas para um jipe: termômetro, amperímetro, manômetro, marcador de combustível e um velocímetro tipo Fusca, de até 160 km/h – velocidade que o Javali só atingirá ladeira abaixo, desgovernado.

Mas, apesar de ser um rude trabalhador rural, o Javali até que oferece algum conforto. Seus bancos são macios e com regulagem milimétrica do encosto, os pedais menos duros do que seria de esperar e as portas podem ser fechadas com as pontas dos dedos, sem bater.

Ainda nesse aspecto, o porta-luvas é grande e com chave – detalhe importante num jipe que também é conversível.

Só que o fato de se poder tirar a capota não tem qualquer conotação de lazer. O Javali não foi feito para isso. Sua real vocação é ajudar no trabalho duro e agradar a quem vive como Indiana Jones não por prazer mais por necessidade.

Positivos:

Negativos:

Modelo: Jipe Javali Turbo 4 x 4, diesel, duas portas, quatro passageiros, quatro marchas, tração 4 x 4 e 4 x 2 com caixa de redução (para marchas longas ou curtas)

Equipamentos de série: tração 4 x 4, caixa de redução, capota de lona, afastamato (grade protetora dianteira), santantônio, para-brisas basculante, motor turbinado.

Opcionais: nenhum.

Preço do carro testado: Cr$ 923.680,00 (jun-1990).

Peso do carro testado: 1.755 kg.

Tanque: 53 litros

Porta-malas: não há.

Capacidade de carga: 750 kg no asfalto e 500 kg no fora de estrada.

Peso rebocável: 1.000 kg no asfalto e 500 kg no fora de estrada.

Vau (profundidade de travessia de água): 60 cm.

Inclinação máxima lateral: 30%.

Capacidade de subida de rampa: 60%.

Motor: dianteiro, longitudinal, 3 cilindros em linha, alimentação por bomba injetora, equipado com turbo (pressão máxima 0,8 bar).

Diâmetro x curso: 102 x 120 mm.

Taxa de compressão: 16,1:1.

Cilindrada total: 2.940 cm3.

Potência: 84 cv a 3.000 rpm.

Torque: 25,5 mkgf a 1.600 rpm.

Câmbio: mecânico, com relações de marchas: 1a) 4.217:1; 2a) 2.359:1; 3a) 1.470:1; 4a) 1.000:1; ré: 4.925:1; diferencial traseiro, 3,31:1; diferencial dianteiro, 3,31:1; caixa de transferência, velocidade baixa, 2.165:1, velocidade alta, 1,00:1.

Suspensão dianteira: eixo rígido com feixe de molas semi-elípticas e amortecedores de dupla ação.

Suspensão traseira: eixo rígido com molas semi elípticas com duplo estágio e amortecedores de dupla ação.

Freios: disco na dianteira e tambor na traseira.

Diâmetros de giro: 12,7 m para a direita e 13,0 m para a esquerda.

Dimensões: comprimento 349,5 cm; largura 164,0 cm; altura 185,5 cm; distância entre-eixos 211,5 cm; altura mínima do solo 24 cm; bitola dianteira 141,0 cm; bitola traseira 138,0 cm.

Rodas: aro 16 x tala pol.

Pneus:  6.70-16 (Pirelli).

Fabricante: MPL Motores S/A. Av. São João s/n, Caixa Postal 41, CEP 14810, Ibaté (SP).

Máxima na pista: 106,0 km/h

Aceleração: 0 a 80 km/h: 23,69 s; 0 a 100 km/h: 53,25 s; 0 a 400 m: 25,12 s (81,60 km/h); 0 a 1000 m: 49,02 s (97,70 km/h).

Consumo médio: Na cidade: 10,72 km/l; na estrada, a 100 km/h, carreg.: 11,62 km/l; na estrada a 100 km/h vazio: 11,74 km/l; Média ponderada QR: 11,20 km/l.

Consumo: 40 km/h (3a marcha): 19,84 km/l; 60 km/h (4a marcha): 20,32 km/l; 80 km/h (4a marcha): 14,02 km/l.

Retomada: 40-60 km/h (4a marcha): 10,74 s; 40-80 km/h (4a marcha): 24,54 s; 40-1000 m (4a marcha): 47,90 s.

Frenagem: 40-0 km/h: 9,8 m; 60-0 km/h: 23,3 m; 80-0 km/h: 41,4 m; 100-0 km/h: 64,6 m.

Nível de ruído: Ponto morto: 74,4 dB; 80 km/h (4a marcha): 89,2 dB; 100 km/h (4a marcha): 93,1 dB; média ponderada QR: 90,01 dB

 

 

 

 

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

30 OUT
Novo Renault Duster tem quatro estrelas no Latin NCAP antes de ser lançado

Novo Renault Duster tem quatro estrelas no Latin NCAP antes de ser lançado

 (Latin Ncap/Reprodução)Nova fase de testes do Latin NCAP avaliou a segurança do novo Renault Duster, que ainda não é produzido nem está à venda na América do Sul. Por isso, as unidades testadas foram feitas na Romênia.De acordo com o órgão independente, novos testes serão feitos futuramente com unidades do SUV fabricadas no Brasil (onde seu lançamento acontece em março) e na Colômbia. O detalhe é que o próximo certamente já seguirá o novo protocolo da Latin NCAP.Novo Duster... Leia mais
30 OUT
Novo Renault Duster recebe 4 estrelas em testes de colisão do Latin NCap

Novo Renault Duster recebe 4 estrelas em testes de colisão do Latin NCap

A nova geração do Renault Duster recebeu 4 estrelas nos testes do Latin Ncap divulgados nesta quarta-feira (30). A chegada do modelo ao mercado brasileiro está prevista para 2020. A avaliação foi realizada com uma unidade importada da Romênia e equipada com airbag duplo, controle eletrônico de estabilidade e Isofix. De acordo com a entidade, novos testes serão realizados com as versões fabricadas na América Latina, assim que elas estiverem disponíveis. Com o modelo... Leia mais
30 OUT
PSA e FCA podem se juntar para formar empresa maior que a General Motors

PSA e FCA podem se juntar para formar empresa maior que a General Motors

Fusão entre as duas empresas formaria o quarto maior grupo automotivo do mundo (Reprodução/Internet)O Groupe PSA o Grupo FCA se manifestaram a respeito de rumores iniciados meses atrás, e aquecidos nos últimos dias, sobre a fusão dos dois grupos automotivos.Em notas divulgadas à imprensa, as duas empresas confirmaram que há negociações em curso com o objetivo de criar um novo grupo automotivo líder mundial. A FCA completou dizendo que não mais o que acrescentar no momento.O Groupe... Leia mais
30 OUT
Fiat Chrysler e PSA confirmam negociações para fusão

Fiat Chrysler e PSA confirmam negociações para fusão

A Fiat Chrysler (FCA) confirmou nesta quarta-feira (30) que está em negociações com a Peugeot Citroën (PSA) para uma fusão entre as duas empresas com o objetivo de "criar um grupo que figure entre os líderes da mobilidade". Após notícias divulgadas pela imprensa na terça-feira (29), os dois grupos confirmaram as negociações em curso para criar uma empresa que seria avaliada em US$ 50 bilhões e se tornaria a quarta maior do setor automobilístico mundial. "Com relação... Leia mais
30 OUT
Ford encerra produção de fábrica no ABC após 65 anos e demite 600

Ford encerra produção de fábrica no ABC após 65 anos e demite 600

Fábrica de São Bernardo produziu clássicos da história da Ford no país (Acervo/Quatro Rodas)Esta quarta-feira (30) representa o último dia de atividades produtivas na fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP). Desde o fim da linha do Fiesta, em junho, apenas caminhões vinham sendo fabricados no local.Agora, os cerca de 600 funcionários remanescentes na linha de montagem serão demitidos. Outros 1.000 que atuam na parte operacional seguem empregados, inicialmente, até março do... Leia mais
30 OUT
Correio Técnico: O que acontece se um carro automático vai para trás em D?

Correio Técnico: O que acontece se um carro automático vai para trás em D?

Deixar o carro descer ladeira abaixo quando estiver em Drive não é recomendável (Divulgação/Renault)O que acontece quando um veículo com câmbio automático vai para trás em Drive, como em uma ladeira íngreme? – Thiago Lopes, São Paulo (SP)Geralmente nada. Nesse tipo de transmissão, as diferenças de rotação entre motor e câmbio são compensadas pelo próprio conversor de torque.A arquitetura do engrenamento planetário e o conversor de torque permitem que o veículo, quando em... Leia mais