Novidades

16 DEZ
Jeremy Clarkson: Range Rover Velar é SUV moderninho só até o motor V8

Jeremy Clarkson: Range Rover Velar é SUV moderninho só até o motor V8

 (Acervo/Quatro Rodas)

A indústria passou 100 anos aperfeiçoando a arte de fabricar carros e, no início deste século, ficou muito boa em fazer isso.

Mas daí todo mundo decidiu de repente que os carros precisavam mudar. Precisavam ser mais altos, mais verdes, mais econômicos e, possivelmente, operar totalmente por conta própria, sem um motorista.

Como resultado, os fabricantes de veículos do mundo estão agora se equilibrando com um pé em um patim e outro em uma casca de banana. Eles vão cair. É só uma questão de tempo.

A Aston Martin reduziu suas metas de lucro. O preço das ações da Tesla caiu, como resultado de prejuízos cada vez maiores.

A Nissan está cortando 12.500 empregos em todo o mundo. A Vauxhall já deu indícios de que fechará suas operações no Reino Unido. E por aí vai.

O problema é que um país atrás do outro está anunciando que logo vai banir a venda de carros a gasolina ou diesel. Isso está forçando os fabricantes a investir em veículos elétricos.

E isso, juntamente com a tarefa difícil de fazer um carro que rode por conta própria, torna as coisas tão caras que Ford e VW – duas das maiores montadoras – foram forçadas a trabalhar em conjunto. A Fiat Chrysler e a Peugeot-Citroën também se uniram.

E, enquanto bilhões estão sendo investidos no problema, quase ninguém está comprando esses produtos. As baterias ainda não são boas o bastante, são caras demais e não duram o suficiente. É um pesadelo.

O Velar tem tração 4×4, porém fica mais à vontade no asfalto (Acervo/Quatro Rodas)

Pode imaginar administrar uma empresa cujo negócio é moldado pela obsessão de uma menina sueca pelos gases liberados na atmosfera? Na Grã-Bretanha, a venda de híbridos e elétricos diminuiu quase 12% em junho.

E a de elétricos plug-in caiu pela metade em relação a 2018. É como eu disse: os fabricantes de carros estão sendo forçados a desenvolver uma tecnologia que todo mundo diz que quer, mas não compra.

O que eles querem são SUVs. A venda na Europa dessas caixas para famílias com posição de dirigir alta aumentou 18% no ano passado.

Isso poderia fazer você achar que é uma boa notícia para a Jaguar Land Rover. E parece que é quando ando pela vizinhança. E todas as ruas. Todos os estacionamentos de bares. Todos os estacionamentos de eventos, tudo lotado de Range Rovers.

Deixou de ser um carro. É um uniforme. E não são baratos. O topo de linha custa mais de 100.000 libras (R$ 503.000).

Por isso seria de se pensar que os lucros são enormes. Mas a JLR  está perdendo tanto dinheiro quanto crianças perdem suas luvas em um fim de semana de esqui. No primeiro trimestre deste ano, ela perdeu 3.200 libras (R$ 16.100) por minuto.

Dizem que é devido a uma desaceleração da economia chinesa e porque apostaram pesadamente em motores a diesel, que agora são malvistos.

Além disso, a empresa gastou bilhões em um Jaguar elétrico brilhante, que só é apreciado pelo meu colega James May. Que, em vez do I-Pace, está comprando um Tesla.

Apesar de tudo isso, estou aqui avaliando um carro da JLR. É uma nova versão do Range Rover Velar, a SVAutobiography Dynamic Edition. E gostei dela. Bem, nem tudo.

Não sei quem projeta os bancos dos Land Rover, mas suspeito que a ideia deles de um lugar relaxante para se sentar é um banquinho de ordenhar vaca.

O banco traseiro de um Discovery é ridiculamente desconfortável. Esse é o carro que você deve comprar se não gostar dos seus filhos.

As coisas não são tão ruins no Velar, mas os assentos continuam duros demais. E o cinto de segurança não tem ajuste de altura. Além disso, num carro desse tamanho, era de se esperar um pouco mais de espaço para pernas.

E daí há o painel. Ele é de vidro, como na cabine de comando de uma aeronave moderna, e tem um visual adorável.

Mas cada vez que você tenta ajustar, digamos, a temperatura, o nó de um de seus dedos esbarra em outra parte da tela e, subitamente, você está no modo Eco ou o GPS decidiu que você precisa ir a outra cidade.

Para piorar, o carro usa rodas aro 21, que transmite muito as irregularidades do piso. E isso só aumenta suas chances de tocar no botão errado. E também tem o preço: o modelo básico, sem opcionais, custa 86.685 libras (R$ 437.300).

Só que tem uma coisinha. Há algo sobre o Velar que tira de funcionamento a parcela racional do seu cérebro. Em parte por causa do visual. É como se fosse a atriz Daryl Hannah quando jovem.

Você sabia que ela só comia sementes e lama e que tinha opiniões estranhas sobre o mundo, mas mesmo assim você subiria em um ninho de escorpiões para ter a chance de um momento com ela.

Eu não preciso de um Velar. Mas quero um. E se fosse comprar um, esse é o modelo que escolheria, porque tem um V8 de 5 litros sobrealimentado que produz 550 cv e 69,3 mkgf.

Isso faz com que você possa ir de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos e chegar, com uma tempestade de ruído do escapamento, a 274 km/h. Em um Range Rover, veja só.

Melhor ainda é sua dirigibilidade. A contrapartida pela suspensão dura e todos os toques nos botões errados é que, em uma estrada sinuosa, você pode aprontar todas, pois os quatro cães de guerra tracionando mantêm você na pista. É muito divertido de guiar. E também freia bem.

Sim, eu o levei para um off-road, mas após uma distância bem curta voltei ao asfalto. Porque os sensores de estacionamento ficavam apitando feito loucos por causa de cada folha de grama.

E qualquer tentativa de tocar no botão que os desligaria fazia outra coisa acontecer. De alguma forma, o Velar não parecia em seu ambiente natural no mato.

Ele parecia estar dizendo, com uma voz preocupada: “Aqui é meio longe do shopping”. E também pensei que o para-lama dianteiro poderia cair se eu batesse em um morrinho.

Resumindo, parece ser um carro muito em sintonia com os tempos atuais. É um SUV urbano, que é o que as pessoas querem. Ele é a gasolina, que é o que as pessoas dizem que não querem, mas é o que querem.

E o melhor: é fabricado em Coventry. Por isso, mesmo que o Reino Unido deixe a UE sem um acordo, os britânicos poderão comprar um sem imposto de importação. E deveriam.

Pois se a Europa aplicar um imposto de 200% sobre carros britânicos, eu não duvido que o Reino Unido faça o mesmo com os carros fabricados na UE.

Daí todos os rivais do Velar vão subitamente custar uma fortuna.

É jornalista, apresentador do programa The Grand Tour e celebridade amada pelos fãs e odiada por algumas marcas.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

11 FEV
Nova Fiat Strada estreia novo logotipo na grade e terá faróis de led

Nova Fiat Strada estreia novo logotipo na grade e terá faróis de led

Após vazamento, Fiat revelou a nova geração da Strada oficialmente (Divulgação/Fiat)Horas depois de as primeiras imagens sem camuflagem da nova Fiat Strada terem vazado na internet, o grupo FCA resolveu revelar de uma vez o visual da segunda geração da picapinha.Se já não havia muito mistério quanto ao desenho do modelo, que deve chegar ao mercado entre março e abril, ao menos a imagem de estúdio confirmou alguns detalhes.O primeiro é a presença de filetes de led nos faróis... Leia mais
11 FEV
VW Up! elétrico tem boas chances de ser vendido… na Argentina

VW Up! elétrico tem boas chances de ser vendido… na Argentina

Volkswagen e-Up! custa o equivalente a R$ 100 mil na Europa (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)A Volkswagen tem planos de vender a versão elétrica do Up! na Argentina, segundo o site local Autoblog.O recém eleito presidente do país vizinho, Alberto Fernández, reuniu-se com a cúpula da fabricante em Berlim (Alemanha) na última semana. Durante a reunião, o grupo apresentou o programa de eletrificação da marca no país para o presidente.A partir disso, dois anúncios surgiram: o primeiro... Leia mais
11 FEV
Mercedes-Benz EQC será o novo elétrico mais caro do Brasil: R$ 477.900

Mercedes-Benz EQC será o novo elétrico mais caro do Brasil: R$ 477.900

Novo EQC chegará às lojas a partir de junho (Daniel Telles/Quatro Rodas)O novo Mercedes-Benz EQC, primeiro modelo elétrico da marca no Brasil, chegará às lojas em junho deste ano por R$ 477.900. O valor é maior que o do rival Jaguar I-PaceJaguar I-Pace, de R$ 452.200.Assim, o EQC será provisoriamente o elétrico mais caro à venda no país, pelo menos até a chegada dos previstos Audi e-tron e Porsche TaycanPorsche Taycan, que também deverão desembarcar no país neste ano.Com base... Leia mais
11 FEV
iPhone e Apple Watch poderão substituir as chaves do seu carro

iPhone e Apple Watch poderão substituir as chaves do seu carro

Em breve, celulares da Apple poderão atuar como chave dos carros (Divulgação/BMW)Pelo jeito, você poderá deixar as chaves do seu carro em casa e sair apenas com o iPhone no bolso – ou com Apple Watch no pulso.De acordo com o site 9to5Mac, a empresa já está trabalhando na função chamada CarKey, que permitirá o uso dos dispositivos da Apple para abrir as portas e dar partida no motor do carro.Atualmente, o aparelhos da empresa rodam o iOS 13.3, só que a versão mais atualizada,... Leia mais
11 FEV
Vazou: esta é a nova Fiat Strada 2021

Vazou: esta é a nova Fiat Strada 2021

Nova geração da picape compacta foi fotografada durante gravação do comercial de lançamento (Andre Gessner/Instagram/Internet)Um dos maiores segredos do ano acabou. A nova geração da Fiat Strada foi flagrada sem qualquer camuflagem em sua versão com cabine dupla e quatro portas – como a Renault Oroch.As fotos foram divulgadas pelo perfil @gessnermotors, no Instagram. Ela teria sido feita durante as gravações do comercial de lançamento da picape.Silhueta e detalhes remetem à irmã... Leia mais
11 FEV
Longa Duração: C4 Cactus encara falta de peças e balanceamento malfeito

Longa Duração: C4 Cactus encara falta de peças e balanceamento malfeito

Qualidade da primeira revisão fora de SP foi frustrante (Péricles Malheiros/Quatro Rodas)Qualidade da primeira revisão fora de SP foi frustrante (Péricles Malheiros/Quatro Rodas)A viagem do editor de Longa Duração, Péricles Malheiros, a Brasília (DF) com o C4 Cactus  não foi à toa: com 29.000 km, ele estava no ponto certo para cumprir os 1.000 km do trajeto da ida e passar pela terceira revisão na capital do Brasil, a primeira fora do estado de São Paulo. E assim foi... Leia mais