Novidades

13 DEZ
Vivemos fim de semana como mecânicos do carro de Barrichello na Stock Car

Vivemos fim de semana como mecânicos do carro de Barrichello na Stock Car

O repórter faz ajustes finais no carro, já no grid de largada (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

Quem acompanha automobilismo sabe que, apesar de o nome do piloto ser o destaque das manchetes, este é um esporte coletivo, que envolve muita gente. E entre os que mais colocam a mão na massa estão os mecânicos.

Querendo entender como é o trabalho dessa turma, aceitei o desafio de fazer um estágio na equipe Full Time da Stock Car. Dois dias na oficina e depois durante o final de semana da etapa do Velo Città (Mogi Guaçu, SP), trabalhando no carro de Rubens Barrichello.

Fui recebido na sede da equipe, em Vinhedo (SP), pelo dono e chefe do time, Maurício Ferreira. Comecei fazendo um giro pela estrutura para entender como é a distribuição de tarefas.

Reforma de carenagens (pedras e toques nas corridas anteriores deixam cicatrizes), repintura, laboratório para checagem de equipamentos como embreagem e circuitos elétricos e, claro, a oficina.

Ao todo, o time conta com 26 funcionários, que se dividem em tarefas na oficina e depois nas pistas entre cada um dos quatro carros do time. E não falta trabalho. Mesmo em uma categoria monomarca como a Stock Car, muitos detalhes, adaptações e sobretudo manutenção exigem uma estrutura e mão de obra considerável.

O supervisor do meu estágio foi Rodrigo Fernandes, o Ferrugem, mecânico do carro de Barrichello, que está nesse meio desde 2003. “Trabalhava num supermercado em Mogi das Cruzes. Meu irmão já estava na equipe, um dia fui assistir, comecei a ajudar e acabei ficando”, conta.

Treinamentos de pit stop são diários na equipe Full Time (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

No meu primeiro dia, Ferrugem já está remontando o carro, que é todo desmontado para checagens e remontado a cada etapa. O câmbio passa por uma manutenção, enquanto o motor só vai para a JL (que produz os chassis e motores da Stock) após certa quilometragem ou quando o carro vence a prova, para a vistoria.

Comecei montando a dianteira, estrutura com radiadores frontais e entradas de ar que resfriam os freios. Depois, conectamos os tubos de água do sistema de refrigeração.

Cuidado máximo em cada encaixe, parafuso e abraçadeira apertada, sempre seguindo a padronização da equipe. “Se algo tem de ser trocado rapidamente na pista, precisamos tirar e colocar. O padrão é importante para não termos imprevistos”, explica Ferrugem.

Passo aos freios, com limpeza e instalação dos discos, seguida das pinças e pastilhas nas quatro rodas. Próxima fase é prender uma aleta lateral da carenagem, que fica abaixo da porta, e que precisou ser trocada por conta de uma avaria na prova.

Outra peça que demandou troca foi o difusor. A versão nova recebe uma demão de tinta antichama, exigência da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo).

Na oficina, o mecânico faz quase tudo, como a montagem da pinça e pastilha do freio (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

Fiquei responsável pelo trabalho, com orientação da medida certa da pincelada, afinal, excessos geram peso extra indesejado. Instalamos o difusor no carro para marcarmos os pontos dos parafusos na nova peça, furamos e fixamos. É mais engenhoso do que parece.

Coloco água no sistema de refrigeração, verifico com equipamento de pressão que todo o ar foi excluído e completamos o óleo. “Quer abastecer?”, pergunta Ferrugem. “Claro!” Pego o galão (o mesmo que você vê nas corridas da Stock) e tento encaixar no bocal do tanque. Só tento. “Pode empurrar mesmo!” Com um pouco mais de jeito, consigo fazer o encaixe.

“Agora vamos ligar.” Ferrugem faz a primeira checagem e me ensina o procedimento. Pulo no cockpit de Rubens Barrichello. Ligo a chave do sistema do lado esquerdo, pressiono a ignição no botão no alto e vem o ronco.

Depois das corridas, a JL deixa os motores em um “modo oficina”, que só vai até 3.500 rpm. Mesmo assim, o barulhão dentro do galpão é música.

A pintura do difusor com tinta antichama também faz parte dos trabalhos do mecânico (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

Uma pequena aceleração e começo a trocar as marchas suavemente no sistema em borboleta, esterçando em alguns momentos o volante, para verificar se o câmbio funciona bem.

Com o carro ligado, fazemos a verificação externa: procuramos vazamento ou peças soltas. Tudo parece certo. Desligado o carro, montamos o resto da carenagem (capô, traseira) e instalamos a asa. Já está chegando a parte final do dia, mas ainda dá tempo de um exercício: o pit stop!

A Full Time pratica trocas de pneus todos os dias. O pit stop envolve quatro mecânicos. Um faz o reabastecimento. Enquanto ele não terminar, os outros não podem encostar no carro. O segundo fica atrás e aciona o macaco pneumático que sai do assoalho.

O terceiro usa a pistola para tirar a porca única e a roda. O último coloca o novo pneu e quem está com a pistola reaparafusa a porca. Se precisar trocar mais de um pneu, estes dois têm de correr em volta do veículo. Um quinto mecânico, com o pirulito (cartaz), libera o piloto na frente para acelerar.

Escolhi a pistola. Como ela fica em uma mão, você retira a roda (de 23 kg) com a outra o mais rápido possível. Após tentativas meio estabanadas, completei o procedimento. O tempo médio nos treinos da equipe é de 2 segundos.

Lucas aprende a ligar os tubos de água do sistema de refrigeração (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

Na minha melhor passagem, fizemos em 5. Ao fim do dia, o braço esquerdo (da retirada da roda) reclamou como se eu tivesse passado o dia numa academia após férias no sofá.

Deixamos o carro praticamente pronto na oficina. No último dia, é feito o acerto para a próxima etapa: alinhamento, cambagem, amortecedores, cáster e tudo mais.

A carreta chegou ao Velo Città na quinta-feira. O pessoal montou os boxes e deixou tudo pronto. Cheguei na sexta-feira. Barrichello e os outros pilotos chegaram e cumprimentaram cada um. Ele me explica que a relação com o time “é de amor”.

“As histórias desses caras são incríveis. E acho legal como eles sobem dentro da equipe, começando na limpeza e de repente já estão fazendo algo no carro”, afirma.

Exemplo do que Rubinho diz é o Jackson, de 18 anos, que está na equipe há poucos meses. Até então motoboy em uma pizzaria, entrou para o time chamado por um dos chefes de mecânicos. É responsável por trabalhos gerais como arrumar, varrer, secar, limpar boxes e outros.

Já na pista, apoia sempre que Barrichello precisar (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

Mas, quando pode, já entra no meio da confusão e está aos poucos ajudando e aprendendo algumas tarefas relacionadas aos carros. E o Velo Città é apenas a segunda etapa que ele faz com o time.

Nos treinos, todos ficamos ligados no rádio. Barrichello conversa o tempo todo com o engenheiro, o próprio Maurício Ferreira. Pelo canal chegam as instruções para fazermos alguns acertos quando o piloto voltar aos boxes. Nessa hora, tento fazer o máximo sem atrapalhar.

Carrego pneus, ajudo a pegar equipamentos ou ferramentas e uso o soprador de ar para refrigerar radiadores quando ele parar nos boxes. Tudo tem de ser rápido e preciso.

O clima é envolvente: mecânicos se concentram como se fossem pilotar, ficam nervosos, celebram e lamentam cada momento na pista. Barrichello tem um final de semana razoável (um 13º e um 5º lugar), sem grandes sustos, por isso não há avarias para consertar.

É mais troca de pneus e acerto. A tensão antes da corrida se dá muito pelas mudanças no tempo. Chuva, seco… Os mecânicos ficam na expectativa do pit stop. Concentração é a palavra. Quando tudo acaba, cumprimentos, agradecimentos e despedidas ao final do dia dos pilotos.

Nós, mecânicos, continuamos no circuito. É hora de desmontar toda a estrutura de boxe. Ferramentas, divisórias, sala de pilotos, engenheiros, chão emborrachado, computadores, TVs… Tudo, enfim, está guardado nas duas carretas da equipe cerca de seis horas após o fim da corrida. Hora de se despedir. Todos na van, o time parte. Na segunda-feira, começa tudo de novo. Já tem etapa daqui a 15 dias.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

14 JUN
Especial PcD: quase metade dos brasileiros tem direito à isenção

Especial PcD: quase metade dos brasileiros tem direito à isenção

Cada vez mais pessoas estão procurando veículos voltados a PcD (Arte/Quatro Rodas) Cada vez mais pessoas estão procurando veículos voltados a PcD (Arte/Quatro Rodas)A sigla PcD aparece cada vez  mais nos anúncios de carro. Esse tipo de venda mais que triplicou nos últimos quatro anos. O maior conhecimento do consumidor foi um dos motivos, porém a maior abrangência do benefício também foi determinante. Só em 2018 foram 264.000 veículos, segundo dados da Abridef, entidade do setor... Leia mais
13 JUN

Contran acaba com obrigatoriedade do uso de simuladores para tirar habilitação

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu nesta quinta-feira (13) que o uso de simuladores na formação de motoristas não será mais obrigatório. Segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que preside o Contran, o uso do simulador será opcional. A mudança, que havia sido defendida pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro, começa a valer em 90 dias. Na avaliação de Freitas, a retirada dos simuladores vai reduzir a burocracia e baixar, em até 15%, o... Leia mais
13 JUN

Casa de Carlos Ghosn na França é vasculhada pela polícia

A polícia francesa fez uma operação de busca nesta quinta-feira (13) na casa do ex-presidente da Renault, Carlos Ghosn na França. A ação é parte da investigação centrada no financiamento de seu casamento no castelo de Versalhes, informou a procuradoria de Nanterre, nos arredores de Paris. Os policiais do escritório central para a luta contra a corrupção e delitos financeiros e fiscais (Oclciff) foram para o endereço localizado em Etang-la-Ville, no oeste de Paris, no... Leia mais
13 JUN

Segredo: novo Chevrolet Cruze chega até setembro com sedã e hatch

Novo Cruze tardou, mas vai chegar ao Brasil ainda este ano (Divulgação/Chevrolet)O Chevrolet Cruze 2020, com frente reestilizada, enfim tem prazo definitivo para ser lançado no Brasil: será entre agosto e setembro deste ano.A renovação visual era esperada para o início deste ano, mas atrasos de homologação atrapalharam o cronograma.E, como o modelo é produzido na Argentina, onde comumente os carros do ano-modelo seguinte costumam ser lançados apenas no último quadrimestre do ano,... Leia mais
13 JUN

Alerj aprova lei que exige prova no Detran para usuários de patinetes elétricos

O plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nesta quinta-feira (13), a segunda lei que regulamenta o uso de patinetes elétricos no Estado. Desta vez, a lei determina que somente os usuários deverão fazer uma prova no Detran para utilizar os equipamentos. O condutor que possuir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) estará isento de realizar exame. Segundo o texto da nova lei, de autoria do deputado Alexandre Knoploch (PSL), a pessoa precisará... Leia mais
13 JUN

VW Fusca elétrico será rifado para ajudar ONG que tenta contato com ETs

Atenção: o rack de teto não está incluído no pacote da rifa (Zelectric/Divulgação)Este poderia ser um Volkswagen Fusca 1958 comum. Mas não é.Além da pintura cinza Nardo conhecida de carros da Audi — e vista também do recém-lançado Jetta GLi, rebatizada como cinza Puro —, este estiloso Fusquinha com teto solar foi convertido para ser movido a eletricidade.A conversão foi feita pela Zelectric, empresa sediada na Califórnia (Estados Unidos) e cuja especialidade é justamente... Leia mais