Novidades

22 NOV
Formigão, picape brasileira que está 43 anos à frente da Tesla Cybertruck

Formigão, picape brasileira que está 43 anos à frente da Tesla Cybertruck

 (Arte/Quatro Rodas)

A picape Tesla Cybertruck só deve chegar ao mercado em 2021, mas foi apresentada nesta sexta-feira (22) e gerou polêmica pelo visual futurista.

Só que as linhas retilíneas – que renderam comentários negativos dos nossos leitores – parecem ter inspiração no passado: o Renha Formigão, modelo nacional dos anos 1970.

Por isso recuperamos a avaliação a seguir, de outubro de 1978, para mostrar que o pretenso futurismo da Cybertruck já era antecipado pela nossa Formigão 43 anos atrás.

 (Acervo/Quatro Rodas)

O mercado automobilístico brasileiro absorve um número cada vez maior de veículos utilitários adaptados dos modelos originais. É o caso, por exemplo, da picape Formigão, fabricada pela Renha Indústria e Comércio de Veículos Ltda., do Rio de Janeiro.

Com exclusividade, QUATRO RODAS dirigiu o Formigão antes de seu lançamento no mercado.

 (Acervo/Quatro Rodas)

O novo utilitário, que tem carroceria de fibra de vidro montada sobre um chassis VW 1600, apresenta características quase de automóvel: bom conforto, excelente estabilidade, consumo satisfatório e razoável capacidade de carga. E por ter um design completamente diferente dos demais carros brasileiros, provocou sempre muita curiosidade nos locais por onde passou.

Isso porque, visto de frente, com suas linhas retilíneas, o Formigão chega a lembrar alguns dos recentes carros elétricos europeus. Apesar disso, o próprio construtor, Paulo Sérgio Renha, faz questão de afirmar que não se inspirou em outros veículos quando desenhou o Formigão.

Externamente, o Formigão é bastante simples, sem muitos pontos destacáveis. Tem um desenho sóbrio e somente os dois parachoques chamam a atenção, pretos, em fibra de vidro e embutidos na carroceria.

O dianteiro é uma peça inteiriça que encaixa os faróis (de Fiat) e as lanternas e apresenta estrias no centro, assemelhando-se a uma grade dianteira. Um pouco acima fica a tampa do porta-malas, que é pequeno e ainda divide espaço com o tanque de gasolina (o mesmo do VW 1300, com capacidade para 40 litros).

Assim, como ocorre com o novo VW, a tampa do tanque é externa, sem chave, e fica no lado direito, um pouco adiante da porta, embutida na carroceria. A parte da frente é completada por quatro entradas de ar (duas de cada lado), situadas entre a tampa do porta-malas e o para-brisa.

A picape Formigão não tem frisos laterais ou detalhes destacáveis nos lados, mas as maçanetas das portas são semelhantes às do Puma, com um bom encaixe para a mão.

Acima do parachoques traseiro – que tem uma concavidade para a placa e o encaixe das lanternas, de Variant -, há uma abertura na traseira da caçamba, em cuja tampa está gravado – em letras grandes – o nome do veículo.

 (Acervo/Quatro Rodas)

A caçamba é bem construída e o espaço reservado para carga é de 724 litros, incluídos os espaços perdidos pelas coberturas desniveladas sobre as rodas e sobre o motor.

A tampa deste é facilmente removível, embora seja um pouco alta, já que o motor é de Kombi. Se fosse de Variant, por exemplo, que é plano, daria para nivelar completamente o fundo da caçamba.

Mas, segundo o fabricante, como a Volkswagen não fornece motores planos, eles teriam que ser comprados num revendedor, acarretando aumento considerável no preço geral.

Desse modo, o motor plano passa a ser opcional, no Formigão, bastando o cliente requisitá-lo no pedido de compra.

O modelo cedido pela fábrica para esta reportagem foi o Luxo, mais sofisticado que a versão básica. Tem rodas de ligas de antálio, com aros de 13 polegadas e talas de 6 polegadas na frente e 7 atrás, além de pneus radiais 175/70 SR 13 na frente e 185/70 SR 13 atrás.

O conta-giros completa os equipamentos do modelo, que custa Cr$ 134.078,00. A versão básica, e com rodas de aço estampado, aro de 14 polegadas e tala de 6 polegadas com pneus 5,90 x 14, custa Cr$ 123.200.

Para ambas as versões existem mais quatro opcionais: a lona para cobrir a caçamba (Cr$ 2.000), o engate para trailer (Cr$ 1.500), o estrado de madeira que forra a caçamba (Cr$ 2.100) e o motor plano, que deixa a caçamba nivelada no seu fundo. Este último opcional traz um acréscimo de Cr$ 7.000 ao valor total do carro.

 (Acervo/Quatro Rodas)

O painel do Formigão é em fibra de vidro pintada na cor preta. A parte mais visível fica exatamente à frente do motorista, com o marcador de gasolina à esquerda, o velocímetro ao centro e, à direita, um local reservado para o encaixe de outros instrumentos.

Ainda nessa parte, mais à direita, há espaço para rádio e toca-fitas.

No canto esquerdo do painel, onde há um ligeiro recuo, fica o botão que abre a tampa do porta-malas. Um pouco mais à direita está o botão do farol e do lado direito do painel há um amplo porta-luvas sem tampa.

Há ainda mais um local para guardar pequenos objetos, acima do painel, junto às entradas de ar.

Um volante esportivo e bancos de couro, reclináveis, dão aspecto atraente ao Formigão, que entre os itens de segurança está equipado com cintos de segurança de três pontos e um extintor de incêndio bem localizado, embutido na parte inferior da porta do motorista.

Atrás dos bancos há também um pequeno espaço para colocar objetos, e bem embaixo, quase junto ao chão, há um vão, com tampa, que se estende sob a caçamba. Em seu interior encontram-se a bateria, do lado direito, e o estepe e as ferramentas do lado esquerdo.

Pela dificuldade de se retirar o estepe ou abastecer a bateria – os bancos precisam ser puxados à frente – este é um dos pontos negativos do Formigão.

 (Acervo/Quatro Rodas)

A picape Formigão tem motor de Kombi, de 1.584 cm3 de cilindrada, de quatro cilindros, refrigerado a ar, com 7,2:1 de taxa de compressão e que utiliza gasolina comum.

Sua potência máxima é de 58 cv (42,7 kW) e o torque é de 11,2 mkgf (109,8 Nm) SAE, com comando de válvulas no cabeçote, alimentado por um carburador simples (há também a opção de dupla carburação).

O chassis e demais partes mecânicas são os mesmos do VW 1600.

Esse motor prejudica um pouco a capacidade de carga na caçamba, uma vez que chega a salientar-se no piso desta, mas tem a vantagem de apresentar uma faixa de torque mais constante, o que é excelente para um utilitário.

Além disso, como a carroceria de fibra de vidro pesa menos que a carroceria do próprio VW (o Formigão tem o peso total de 756 kg), o desempenho é bastante satisfatório. Tem boa arrancada e desenvolve velocidades razoáveis para um carro desse tipo.

Com esse motor, peso menor e melhor aerodinâmica que a picape Kombi – principalmente quando está com a caçamba coberta com a lona – o Formigão tem condições de ser mais econômico que o utilitário da Volkswagen.

Segundo seus fabricantes, o veículo pode fazer até 12 km/l na velocidade constante de 80 km/h, descarregado.

Além da economia e do desempenho, a picape Formigão apresenta outros pontos favoráveis. É um veículo bom e confortável, fazendo até com que o motorista se esqueça que está guiando uma picape.

O assento é reclinável pelo processo contínuo e a direção esportiva, de diâmetro pequeno e boa empunhadura, é precisa e forma bom conjunto de pilotagem com o assento e a alavanca de câmbio (a mesma do VW).

O único ponto negativo do volante é o fato de cobrir completamente a leitura do marcador de gasolina e, em parte, do velocímetro. Se o diâmetro fosse um pouco maior isso não aconteceria.

Como é um veículo destinado a duas pessoas, o espaço interno para os ocupantes é suficiente.

O carro que dirigimos estava com a suspensão mais rebaixada que a original, por preferência do proprietário e sua estética melhora dessa maneira, embora apresente inúmeras desvantagens práticas, principalmente quando se roda em pisos irregulares.

No entanto, na construção da picape Formigão, a suspensão original não é alterada apresentando uma melhora mínima do solo.

Outro dos pontos negativos do carro diz respeito ao mecanismo que aciona os vidros das portas quando estas estão fechadas. É que a maçaneta, ao ser virada, quase esbarra na ponta do painel provocando ferimentos nas mãos do motorista ou acompanhante.

Este problema, no entanto, já foi solucionado nos carros que estão sendo construídos, com a colocação da maçaneta um pouco mais para trás, no forro da porta. E o vidro das portas mesmo quando totalmente abaixado ainda fica cerca de 3 cm acima da posição ideal.

Isto ainda não foi resolvido pelo fabricante porque depende do fornecedor de vidros fabricar um adequado especialmente a esse modelo de carro.

 (Acervo/Quatro Rodas)

Quanto à segurança, cabe ressaltar a boa estabilidade que este utilitário apresenta, apesar de uma pequena tendência a sair de traseira quando se entra no limite máximo de aderência de uma curva.

Mas de modo geral sente-se boa segurança pilotando o veículo.

Os freios são eficientes e, mesmo nas freadas mais bruscas, o carro não muda de trajetória. O espelho retrovisor tem boa visibilidade, ocorrendo o mesmo com os dois espelhos laterais.

Este novo modelo, uma vez lançado no mercado, poderá ser de muita serventia pois é quase um carro normal com características de utilitário, graças à boa capacidade de carga de sua caçamba (650 kg).

Os detalhes de sua carroceria foram bem cuidados e a sua aparência, embora estranha à primeira vista, torna-se agradável com o decorrer do tempo.

Certamente existe mercado para este tipo de veículo, que leva diversas vantagens sobre os seus similares, entre estas as de não sofrer corrosão, ser mais versátil, mais leve e mais econômico.

O único ponto que nos deixa em dúvida quanto à sua aceitação é justamente o preço (Cr$ 135.578,00), que, em nossa opinião, é elevado.

Motor – Traseiro, de quatro cilindros contrapostos dois a dois, horizontal, quatro tempos, refrigerado a ar, diâmetro e curso dos cilindros de 85,5 x 69 mm; 1.584 cm3 de cilindrada, taxa de compressão de 7,2:1; potência máxima de 58 cv SAE a 4.400 rpm, torque máximo de de 11,2 mkgf a 2.600 rpm, comando de válvulas nos cabeçotes, alimentado por um carburador simples de fluxo descendente de 30 mm; gasolina indicada: comum (amarela).

Transmissão – Embreagem monodisco a seco de acionamento mecânico; câmbio de quatro marchas sincronizadas para a frente e ré, com alavanca de mudanças no assoalho; relações: 1a) 3,80:1; 2a) 2,06:1; 3a) 1,32:1; 4a) 0,89:1; ré 3,88:1; relação do diferencial: 4.125:1; tração traseira.

Carroceria, chassi – Carroceria de fibra de vidro, picape, duas portas, dois lugares, chassi em plataforma de aço com túnel central de reforço.

Suspensão – Dianteira: do tipo independente, com barras de torção em feixes longitudinais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora; traseira: do tipo independente, de semi-eixos oscilantes com barras de torção cilíndricas, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra compensadora.

Freios – De acionamento hidráulico, a disco nas rodas dianteiras e a tambor nas traseiras; freio de estacionamento mecânico atuado nas rodas traseiras.

Direção – Mecânica, do tipo setor e rosca sem fim, com amortecedor telescópico hidráulico.

Rodas, pneus – Rodas de liga de antálio com aro de 13 polegadas, com tala de 6 na frente e de 7 polegadas atrás (opcionais); originais de aço estampado com aro de 14 polegadas e tala de 6 polegadas na frente e atrás; pneus 175/70 SR 13 na frente e 185/70 SR 13 atrás (opcionais); originais 5,90 x 14.

Dimensões – Comprimento total: 401 cm; largura: 165 cm; altura: 136 cm; distância entre-eixos: 240 cm; bitola dianteira: 132,6 cm; bitola traseira 136,5 cm; altura livre do solo: 19 cm.

Peso – 156 kg (segundo o fabricante).

Preço do carro testado – Cr$ 135.578,00.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

19 AGO
Indiano joga BMW Série 3 que ganhou de aniversário do pai em um rio

Indiano joga BMW Série 3 que ganhou de aniversário do pai em um rio

Jovem de 22 anos ganha BMW e joga carro em rio na Índia (Internet/Internet)O que você faria se ganhasse um BMW? Se você ficou animado só de imaginar a resposta a essa pergunta, ficará sem reação para a atitude do ganhador de um sedã Série 3 em Haryana, na Índia.Depois de ganhar um BMW Série 3 de presente de aniversário, um homem de 22 anos se decepcionou e resolveu jogar o veículo em um rio chamado Yamuna. Por quê? Porque ele queria mesmo ganhar um Jaguar.Não há confirmação... Leia mais
19 AGO
Jeep Compass fica mais equipado e mais caro na linha 2020; parte de R$ 116.990

Jeep Compass fica mais equipado e mais caro na linha 2020; parte de R$ 116.990

O Jeep Compass chegou à linha 2020 mais equipado e até R$ 8 mil mais caro. Agora, o modelo parte de R$ 116.990 nas versões flex e de R$ 161.990 nas equipadas com motor a diesel. Veja os preços: Faróis automáticos, sensor de chuva e chave presencial para entrada no veículo e partida do motor, passam a ser itens de série na Sport, de entrada, que também adota o branco perolizado na paleta de cores por R$ 2.200. Nas Longitude flex e diesel, a lista de equipamentos... Leia mais
19 AGO
Melhor Compra 2019: SUVs novos acima de R$ 100.000

Melhor Compra 2019: SUVs novos acima de R$ 100.000

– (Arte/Quatro Rodas)Todos os anos, QUATRO RODAS seleciona as melhores compras de cada segmento para você levar para casa o carro ideal. É o Melhor Compra.A seguir, os melhores SUVs do Brasil. Eles estão separados em categorias: até R$ 160.000, até R$ 270.000 e acima de R$ 270.00. Consideramos custos de peças, seguro e revisões:1 – VW Tiguan Comfortline 1.4 TSI aut. – R$ 153.390– (Acervo/Quatro Rodas)A nova geração do utilitário esportivo médio da VW confirma o... Leia mais
19 AGO
Quais acessórios valem a pena ter no carro, e de quais você deve fugir

Quais acessórios valem a pena ter no carro, e de quais você deve fugir

Já ficou em dúvida ao escolher um acessório que pode vir de fábrica, ser colocado na concessionária ou comprado na loja de autopeças? Respondemos se vale a pena (ou não) instalar e o valor de cada serviço.Vale a pena instalar rack de teto? (Divulgação/Audi)A colocação dos racks não interfere na garantia do veículo, mas aqui vale a pena investir em acessórios vendidos em lojas de autopeças, que variam entre R$ 200 e R$ 300 – e, vale dizer, dá até para conseguir a... Leia mais
19 AGO
Longa Duração: Toyota Prius melhora quase tudo no teste de 60.000 km

Longa Duração: Toyota Prius melhora quase tudo no teste de 60.000 km

Aos 60.000 km, Prius vai à pista de teste pela última vez (Christian Castanho/Quatro Rodas)Aos 60.000 km, Prius vai à pista de teste pela última vez (Christian Castanho/Quatro Rodas)Deu para o Toyota Prius: aos 60.000 km, o híbrido visitou pela última vez o nosso campo de provas, em Limeira (SP), onde foi submetido aos mesmos testes realizados quando ele ainda era um estreante, com apenas 1.000 km rodados.A comparação dos resultados geralmente dá uma boa referência para o momento do... Leia mais
16 AGO
Bugatti homenageia o EB110 com supercarro de 1.600 cv e R$ 35,5 milhões

Bugatti homenageia o EB110 com supercarro de 1.600 cv e R$ 35,5 milhões

Bugatti Cientodieci terá apenas 10 unidades produzidas (Divulgação/Bugatti)O mundo dos superesportivos é feito de homenagens. A Bugatti pertencia ao italiano Romano Artioli quando lançou o EB110, em 1991.A explicação do nome do modelo é simples: “EB” vem das iniciais do patrono da marca, Ettore Bugatti, e 110 é uma referência à idade que estaria fazendo naquele momento, 110 anos.Lanternas de leds ocupam a traseira de ponta a ponta (Divulgação/Bugatti)Sua proposta era a de ser... Leia mais