Novidades

07 NOV
Impressões: levamos a Ford Ranger Raptor ao limite nas dunas do Marrocos

Impressões: levamos a Ford Ranger Raptor ao limite nas dunas do Marrocos

Suspensão de competição, motor diesel biturbo e bitolas 15 cm mais largas (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)

“O amortecimento especial da Raptor vem diretamente do automobilismo. Então, quanto mais rápido você passar por cascalho, lombadas ou dunas de areia, melhor será o comportamento da picape”, garante Damien Ross, chefe do projeto da Raptor, que é meu copiloto nesta monstruosa versão da Ford Ranger.

O engenheiro irlandês está realmente certo: o caminho off-road parece se alisar quando você pisa com mais força no acelerador, com uma combinação quase surreal de capacidade de amortecimento, conforto e rigidez.

“Os amortecedores são uma peça brilhante de engenharia vinda da Fox, um experiente fornecedor em corridas como a mexicana Baja California.”

São 6 modos de condução, com ajuste até para rodar na areia (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)

Mas vamos voltar atrás por um segundo, já que é deselegante pular a introdução. Estamos a bordo da Ranger Raptor, acelerando nas areias de Essaouira, no Marrocos, para dirigi-la em condições que lembram um rali de resistência.

Comparada à Ranger XLT vendida na Europa, ela é 16,8 cm mais larga (2,028 m), 5,2 cm mais alta (1,873 m) e 4,4 cm mais longa (5,398 m), o que significa que pode ser considerada como uma picape de tamanho médio nos EUA, mas no contexto europeu e até brasileiro está destinada a ser um dos maiores veículos na estrada.

Além do aumento da carroceria, ela teve suas habilidades off-road reforçadas: ganhou 3 graus extras nos ângulos de ataque e saída (32 e 24 graus, respectivamente) e a altura livre do solo cresceu 5,1 cm (28,3 cm no total), o que lhe permite atravessar rios e alagados com até 85 cm de profundidade.

Esse acréscimo na altura foi obtido com o aumento do curso do amortecedor dianteiro em 32% e do traseiro em 18% (onde o tipo de articulação Watt integrada na suspensão permite que o eixo rígido se mova para cima e para baixo com muito pouco movimento lateral).

 (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)

O fato de o eixo traseiro ter molas helicoidais (e não de lâminas como nas demais picapes) é fundamental para ampliar o conforto geral, num nível superior ao da maioria dos concorrentes.

Além dela, só a dupla gêmea Nissan Frontier e Mercedes Classe X (que são estruturalmente o mesmo veículo) têm esse tipo de mola na Europa, comum em automóveis.

Também instalaram bitolas 15 cm mais largas, para aumentar a estabilidade nas altas velocidades, característica reforçada pelos amortecedores especiais, apoiados em braços de alumínio. Essa combinação proporciona ao mesmo tempo maior capacidade de amortecimento em terrenos acidentados e rolamento mais suave em rodovias.

Num veículo que pode chegar a 3 toneladas quando carregado (vazio, pesa 2.510 kg) e acelerar de 0 a 100 km/h em 10,5 segundos, é necessário um poder de frenagem correspondente.

Para isso, há pistões e pinças de freio mais fortes e discos ventilados dentro dos pneus BF Goodrich 285/70 R17, que têm uma parede lateral mais resistente e uma banda de rodagem off-road agressiva para favorecer a aderência em solo molhado, lama, areia e neve.

Falando nisso, a Raptor permite que o motorista ajuste motor, câmbio e tração 4×2/4×4 a diferentes terrenos com um dos seis modos de condução: Normal (foco em conforto e economia de combustível), Sport (capacidade de resposta), Weather (disponibilidade de torque limitado para evitar o deslizamento das rodas em piso de baixa aderência, como grama, cascalho e neve), Mud/Sand (tração otimizada e torque ajustado sobre superfícies deformáveis, como lama e areia), Rock Crawl (mapeamento específico para uma aceleração mais suave em pedras) e Baja (reduz ação do ESP e acelera resposta do acelerador  para priorizar a alta velocidade no off-road).

 (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)

Visualmente a Raptor se diferencia pelos para-choques dianteiros e traseiros redesenhados (com duas barras integradas, que contribuem para os ângulos off-road mais favoráveis), arcos plásticos nos para-lamas, grade dianteira inspirada na F-150 Raptor (a primeira picape de alta performance fabricada de série no mundo) e uma nova proteção de aço de alta resistência sob o motor com 2,3 mm de espessura (60% mais grossa do que a comum).

Além de adicionar agressividade visual, essas alterações ajudam a reduzir danos enquanto dirigimos fora de estrada e a evitar que pedras projetadas pelas rodas batam na traseira.

É claro que a Raptor continua sendo uma picape de trabalho: o para-choque traseiro tem barra de reboque integrada com capacidade para puxar 2,5 toneladas, enquanto os dois ganchos dianteiros podem suportar até 4.635 kg e os dois traseiros aguentam 3.863 kg.

A caçamba, de 1,56 por 1,74 m, pode transportar motos ou jet-skis e a tampa traseira utiliza uma mola de torção que reduz em até 66% a força necessária para fechá-la.

O interior é sólido, com o domínio de superfícies de plástico duro, mas com uma faixa de couro no painel desta versão. Mesmo assim não esconde sua origem de veículo utilitário, como o acabamento pobre na área em volta do retrovisor interno ou as maçanetas internas das portas que não são amortecidas (uma vez liberadas, elas se fecham como uma ratoeira).

Já o espaço é generoso para quatro adultos – o quinto passageiro sofre com o enorme túnel central entre as pernas.

Caçamba da Raptor é basicamente a mesma da versão tradicional e pode transportar até 620 kg de carga. Revestimento de couro com apliques de camurça no interior, que ainda exagera no uso de plásticos duros. Amortecedores de competição da Fox permitem dar conta da alta exigência em terrenos acidentados (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)

Durante nosso test-drive nos trechos de asfalto, a Raptor mostrou seu torque generoso de 51 mkgf a partir das 1.750 rpm, juntamente com um ronco poderoso que vem do quatro-cilindros a diesel de 213 cv, não sem ter a ajuda das frequências graves geradas digitalmente e vindas dos alto-falantes.

“Usamos esse recurso para preencher as lacunas quando o som do motor diesel não é tão sexy quanto deveria ser numa picape esportiva”, explica o engenheiro-chefe. Confesso, porém, que o trabalho foi bem feito porque nem é muito óbvio nem muito artificial.

Grandes aletas para troca de marchas e faixa vermelha no volante: DNA de rali (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)

Rumo à areia profunda nas praias marroquinas, fomos capazes de passar por cima de todas as dunas sem precisar baixar a pressão dos pneus, desde que o acelerador estivesse sendo pressionado ao máximo e houvesse um pouco de bom senso ao volante.

Parte do segredo está também no competente câmbio de dez marchas (o mesmo que equipa o Mustang e a F-150), o que torna mais fácil encontrar a relação certa para cada situação, sempre com trocas rápidas e suaves.

 (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)

E o que está por trás desse motor? Na verdade, a linha de motores que servem a Ranger na Europa foi simplificada de três para só um bloco, a unidade Ecoblue de 2 litros em três variações:

Turbocompressor de geometria variável com 130 cv/34,7 mkgf ou 170 cv/42,8 mkgf e uma versão biturbo (com um turbocompressor de geometria variável de alta pressão e outro de geometria fixa de baixa pressão) com 213 cv/51 mkgf.

Nesta versão, que equipa a Raptor, os dois turbos trabalham em série em rotações mais baixas para gerar maior torque e rapidez de resposta, mas em altos giros só o turbo maior funciona, para priorizar a potência.

 (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)

Fabricada na Tailândia, a Raptor é uma picape exclusiva: não será comercializada em todos os mercados da Ranger. Entre eles, está a Argentina, onde custa US$ 53.000, cerca de R$ 220.000 na conversão direta.

Então significa que há chances de vir para o Brasil? Oficialmente a Ford não comenta sua importação, mas ser vendida aqui do lado ajuda.

E, se mesmo assim não der certo, não desanime: está aí uma ótima opção para quem tiver coragem para encarar uma importação independente. Em critério de exclusividade, essa picape é sucesso garantido.

Saltando nas dunas, correndo nas pedras ou acelerando na rodovia, a Raptor une desempenho e conforto como nenhuma outra.

(Dados de fábrica)

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

06 SET
Impressões: Mercedes-Benz EQC, um elétrico com alma de SUV a combustão

Impressões: Mercedes-Benz EQC, um elétrico com alma de SUV a combustão

Dianteira tem desenho futurista e é parte mais ousada no visual do EQC (Divulgação/Mercedes-Benz)Esse é o novo Mercedes-Benz EQC, primeiro SUV totalmente elétrico da marca e primeiro fruto de um novo projeto de mobilidade – que inclui, além de produtos, serviços e tecnologias.Se o modelo ainda está longe do Brasil, outras opções eletrificadas parecem mais viáveis para o país: dos híbridos EQ Power aos híbridos parciais EQ Boost, como o Classe C já à venda.De volta ao SUV,... Leia mais
06 SET
Novo Hyundai HB20: quase 72% dos leitores reprovam mudanças no visual

Novo Hyundai HB20: quase 72% dos leitores reprovam mudanças no visual

Mais de 15.600 leitores participaram da votação para falar do visual do HB20 (Divulgação/Hyundai)O novo Hyundai HB20 foi mostrado sem camuflagem e… gerou muita controvérsia entre nossos leitores. Por isso, criamos uma votação democrática para saber qual é o nível de (in)satisfação.Em menos de 33 horas desde a publicação, mais de 15.600 pessoas responderam à pergunta: “Você gostou do visual do novo HB20?”. O resultado foi claro: 71,6% reprovaram as mudanças no... Leia mais
06 SET
Argentina e Brasil fecham acordo de livre comércio de automóveis para 2029

Argentina e Brasil fecham acordo de livre comércio de automóveis para 2029

O acordo facilitará a exportação e importação de carros para a Argentina (Arquivo/Quatro Rodas)Um acordo de livre comércio de automóveis entre Brasil e Argentina será anunciado, nesta sexta-feira (6), no Rio de Janeiro, pelo ministro da Economia Paulo Guedes e pelo ministro argentino da Produção, Dante Sica.O último acerto entre os países, conhecido como flex, foi assinado em 2016 e acaba em junho de 2020. Nele, existe uma regra de 50% na relação de exportação e importação,... Leia mais
06 SET
Chevrolet atualiza visual do Onix Joy, que conviverá com a nova geração

Chevrolet atualiza visual do Onix Joy, que conviverá com a nova geração

O novo Onix ainda nem chegou e a Chevrolet já começou a reorganizar sua linha. A versão de entrada Joy, que até então tinha a cara mais antiga do modelo, ganha o mesmo visual das demais configurações para continuar à venda ao lado da nova geração. Os preços não foram divulgados. A estratégia continuará a mesma. Na prática, a atual geração do Onix, batizada de Joy e com mecânica, acabamento e equipamentos mais simples, conviverá com a nova, que chega até o final... Leia mais
06 SET
Revisão sem dor de cabeça: conheça o novo Pós-Venda da Volkswagen

Revisão sem dor de cabeça: conheça o novo Pós-Venda da Volkswagen

No momento da revisão, cliente e consultor repassam todos os pontos de atenção com o auxílio de um tablet, que mostra os serviços programados de acordo com a quilometragem do carro em questão (Christian Castanho/Abril Branded Content)Qual foi mesmo a última vez que você ficou na fila do banco para conferir um extrato? Ou entrou em uma locadora para escolher um filme?Não seria exagero dizer que nossa vida ficou mais fácil nos últimos anos – pelo menos no que diz respeito a... Leia mais
06 SET
Ford faz recall de Ka e EcoSport: encosto do banco pode soltar em acidente

Ford faz recall de Ka e EcoSport: encosto do banco pode soltar em acidente

Ford Ka Freestyle 2019 (Christian Castanho/Quatro Rodas)A Ford anunciou nesta sexta-feira (6) um recall envolvendo unidades de EcoSport e Ka, hatch e sedã, por uma falha no mecanismo de reclinação manual do encosto dos bancos dianteiros.De acordo com a fabricante, durante o processo de fabricação dos bancos dianteiros, o mecanismo de reclinação manual do encosto dos bancos pode ter sido montado sem uma de suas três travas internas.Em caso de colisão, segundo a Ford, a ausência de uma... Leia mais