Novidades

31 OUT
Como um Toyota Corolla poderá mudar de geração tão rápido quanto um iPhone

Como um Toyota Corolla poderá mudar de geração tão rápido quanto um iPhone

Toyota Corolla: 62 anos para atingir o número de gerações que o iPhone alcançará em 13 (Divulgação/Toyota)

Durante muito tempo, o que marcava a chegada de um modelo a uma nova geração era a mudança de plataforma.

Desde o surgimento das plataformas modulares, porém, essa referência deixou de valer e o padrão para a indicação de uma nova geração mudou para algo que ainda não está muito claro nem para as próprias fábricas.

Perguntamos para várias empresas o que identificaria uma “nova geração” quando o carro tivesse plataforma modular, e ouvimos diferentes tipos de respostas. Isso é… quando ouvimos, porque muitas optaram por não responder.

A MQB serve a modelos tão diferentes como o VW Golf e o Audi TT (Autoblog.ru/Reprodução)

“Seu ponto é interessante porque a complexidade é cada vez maior”, diz Silvio Piancastelli, gerente de Conceito de Veículo do grupo FCA (Fiat Chrysler).

“A indústria sempre evolui plataformas e veículos em relação a materiais de alta performance, busca por competitividade e aplicações de novas tecnologias, independentemente de o modelo ganhar ou não uma nova geração”, afirma o engenheiro.

“Cremos que a melhor maneira de entender as gerações é entender as mudanças regulatórias e protocolares que devem ser atendidas, que podem interferir na escolha das soluções”, conclui.

A CMF da Nissan-Renault divide a base dos carros em módulos (Divulgação/Nissan)

Plataforma, de modo bem elementar, é a base do carro. É a estrutura a partir da qual se projeta todos os demais sistemas do carro.

Existe o conceito de arquitetura que engloba não só o chassi, mas também outros sistemas que são compartilhados, como suspensões, direção e chicote elétrico, entre outros.

Aqui vamos continuar tratando o tema como plataforma, ainda que para alguns casos o conceito seja mais amplo. Antigamente, as plataformas mudavam de tempos em tempos, acompanhando a evolução das tecnologias e os anseios do mercado.

Toyota Corolla, Prius e RAV4 compartilham a plataforma TNGA (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Às vésperas das plataformas modulares, houve uma fase que as fábricas em geral estabeleciam um prazo de validade para as plataformas: seis anos.

Essa duração era muito comum, mas não era lei. Carros premium, caros e na vanguarda tecnológica possuíam um fôlego maior para seguirem sem alterações. Picapes também.

Na outra ponta, modelos muito simples e baratos costumavam ter a vida útil de suas plataformas esticada ao limite em países emergentes, chegando a sobreviver por mais de uma década, justamente para continuarem assim: simples e baratos.

Tabela mostra os planos GM para a plataforma modular GEM (Reprodução/Chevrolet)

Acontece que, pressionadas pela evolução cada vez mais rápida das tecnologias e pelas novas demandas de mercado (compradores e concorrência), as fábricas se viram obrigadas a encurtar a validade das plataformas.

Para satisfazer essa necessidade, precisaram investir quantias cada vez maiores em períodos cada vez mais curtos, tão curtos que o tempo se tornava insuficiente para o retorno do investimento.

A brincadeira começou a ficar cara. E a renovação das linhas passou a ser um fardo para as fábricas. Daí surgiram as plataformas modulares com tempo de vida indefinido, uma vez que elas podem incorporar as evoluções de forma gradual.

Conceito Fastback da Fiat usa a mesma base do Jeep Renegade (Felipe Bitu/Quatro Rodas)

Outra vantagem das plataformas modulares é que elas podem ser utilizadas como base para diversos carros de propostas e tamanhos diferentes.

A primeira a apresentar o conceito foi a VW, com as matrizes MQB (para motores transversais) e MLB (longitudinais). Depois veio a Renault-Nissan com a CMF. E a febre se espalhou para Toyota, com a TNGA, PSA, com a EMP, e GM, com a GEM.

A matriz MQB serve de base para modelos tão diferentes quanto VW Polo (hatch compacto), Jetta (sedã médio), Tarok (picape intermediária) e Atlas (SUV grande), além de Audi TT e Q3. Isso sem falar nos derivados de outras marcas do grupo, como Seat e Skoda.

VW MQB: modularidade garante vida longa às plataformas (Divulgação/Volkswagen)

”Hoje em dia, o principal fator (para identificar uma nova geração) é o aumento de [distância] entre-eixos, que vem acompanhada de outras mudanças como: desenho de suspensão, espaço interno, etc.”, afirma Ricardo Abe, gerente de Engenharia da Nissan.

“Existem evoluções das plataformas, o que aumenta a vida delas. Um exemplo é a do Kicks, que recebeu melhorias, reforços estruturais e entre-eixos maior que o do March e próximo ao do Versa”, explica o gerente.

A falta de um indicador evidente deixa as fábricas livres para usar o termo “nova geração” como quiserem. Afinal, é sempre melhor dizer que um carro é inteiramente do que parcialmente novo.

Novo HB20 é uma nova geração ou não é? (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ultimamente, por exemplo, a Hyundai criou polêmica ao anunciar o novo HB20 como um modelo de nova geração, sem que a plataforma tenha mudado.

A Hyundai tem a seu favor o argumento de que o carro mudou profundamente. Ganhou novo design, motores 1.6 e 1.0 turbo atualizados, novos equipamentos e teve um aumento de 3 cm no entre-eixos.

Não ficou apenas nas alterações de estilo, tipo grade, faróis e lanternas, que costumam ocorrer nas reestilizações de meio de ciclo de vida.

É um caso diferente do VW Gol, que, pelas contas da VW está na oitava geração, tendo apenas três plataformas ao longo da vida. Ele estreou em 1980.

VW Gol tem oito gerações contabilizadas oficialmente, mesmo tendo trocado de base só três vezes (Marco de Bari/Quatro Rodas)

As fábricas brasileiras nunca tiveram pressa em atualizar as plataformas de seus modelos.

Quando os volumes comercializados eram pequenos, havia a justificativa de que os carros precisavam ficar mais tempo no mercado para se pagarem. Mas nem sempre foi assim.

Atualmente, a indústria brasileira convive com veículos desenvolvidos a partir de plataformas modulares e convencionais. Mas chegará o tempo em esse detalhe técnico vai fazer pouca diferença.

“No futuro, o que vai determinar uma nova geração será a eletrônica embarcada. A contagem das gerações vai obedecer ao número de atualizações dos sistemas operacionais, como nos smartphones”, diz Albert Maier, engenheiro especialista em dinâmica veicular, da BMW.

No futuro, o que vai marcar o avanço será a eletrônica (Divulgação/Mercedes-Benz)

A indústria automobilística vai passar a andar no ritmo da indústria eletrônica, renovando os produtos do ponto de vista de hardware e software a cada seis meses.

Um exemplo incipiente desses novos tempos é a oitava geração do VW Golf, que atualizou visual e tecnologias a bordo, mas manteve a base MQB e deixou praticamente intacta a silhueta.

Para se ter uma ideia de como foi até agora a diferença de passo entre essas duas indústrias até hoje basta comparar o tempo de renovação de um carro como o Toyota Corolla, por exemplo, com o de um iPhone.

Lançado em 1966 na primeira geração, o Corolla levou 52 anos para chegar à 12ª segunda geração – que é a atual. Já o iPhone foi lançado em 2007 e já está na 11ª geração em um intervalo de apenas 12 anos.

Em uma indústria que exige renovações cada vez mais rápidas, o tipo de plataforma que sustenta o produto acaba tendo menos importância do que a capacidade e a velocidade de atualização tecnológica que ele é capaz de proporcionar.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

29 JAN
Morre Nelson Fernandes, o criador do primeiro carro 100% nacional

Morre Nelson Fernandes, o criador do primeiro carro 100% nacional

Não se engane pelaampla grade: o motor é traseiro (Sergio Berezovsky/Quatro Rodas)Nascido em 24 de fevereiro de 1931 e falecido nesta quarta-feira (29), Nelson Fernandes foi uma espécie de Preston Tucker brasileiro. Com ótimo tino empreendedor, nos anos 1950 ajudou a construir o clube de campo Acre e o Hospital Presidente, ambos em São Paulo capital.Os dois empreendimentos foram erguidos através de um sistema de venda de ações que, na prática, financiou sua construção. É algo que... Leia mais
29 JAN
Chevrolet Cruze sai de linha no mundo inteiro, menos na América do Sul

Chevrolet Cruze sai de linha no mundo inteiro, menos na América do Sul

Chevrolet Cruze se tornou um carro exclusivo da América do Sul (Divulgação/Chevrolet)Em menos de dois anos o Chevrolet Cruze passou de carro global a um produto comercializado apenas na América do Sul.A General Motors encerrou a produção do sedã médio na fábrica de Shenyang, na China, para abrir espaço para novos produtos.O modelo rapidamente foi retirado do site local da Chevrolet, que passa a ter apenas Onix (o equivalente ao nosso Onix Plus), Monza e Malibu XL em sua oferta de... Leia mais
29 JAN
Segredo: SUV popular da VW terá frente de Golf e base de projeto indiano

Segredo: SUV popular da VW terá frente de Golf e base de projeto indiano

Dianteira do Golf 8 inspirará o visual do projeto A0 SUV (Divulgação/Volkswagen)A Volkswagen já desenvolve para lançar entre 2021 e 22 globalmente, inclusive na Índia, a nova geração do Skoda Fabia, hatch subcompacto da marca checa (subsidiária do grupo) posicionado abaixo do VW Polo.Caso seja lançado, o novo Fabia será responsável por estrear uma família de subcompactos usando uma versão simplificada da plataforma MQB A0, conhecida como MQB A0 IN.Dessa base também deve surgir... Leia mais
29 JAN
Novo Seat Leon é um Volkswagen Golf mais simples e sem grife

Novo Seat Leon é um Volkswagen Golf mais simples e sem grife

Dianteira lembra a do Golf e também os Audi de entrada. Pudera: a espanhola Seat faz parte do Grupo Volkswagen (Seat/Divulgação)A fabricante espanhola Seat, integrante do Grupo Volkswagen, lançou esta semana na Europa a quarta geração do hatch médio Leon.O modelo será vendido por lá com múltiplas opções de matriz energética: TSI (gasolina, híbrido e híbrido plug-in); TDI (diesel) e TGI (gás natural comprimido).A modalidade plug-in do carro é a que mais chama atenção. A... Leia mais
29 JAN
Os bizarros carros para PcD soviéticos que eram conduzidos com uma só mão

Os bizarros carros para PcD soviéticos que eram conduzidos com uma só mão

SMZ S-3D tinha motor de moto e foi produzido até 1997 (Reprodução/Internet)Os carros voltados a clientes PcD podem estar na moda no Brasil hoje, mas nos longínquos tempos da extinta União Soviética eles já eram comuns.Após a Segunda Guerra Mundial (ou Grande Guerra Patriótica, como era chamada na União Soviética), a Rússia e outras repúblicas soviéticas enfrentavam problemas de mobilidade para o grande número de veteranos de guerra com deficiência física.Buscaram a solução... Leia mais
29 JAN
Fake news do hodômetro: como escapar de carro com quilometragem adulterada

Fake news do hodômetro: como escapar de carro com quilometragem adulterada

– (Mauro Souza/Quatro Rodas)A desconfiança é comum no mercado de usados. E costuma recair naqueles seis dígitos no quadro de instrumentos. Então vem a dúvida: a quilometragem exibida no hodômetro é real ou fake news? Para ter certeza do crime (está previsto no Artigo 171 do Código Penal), precisaríamos de um equipamento que se conectasse à central eletrônica, como as concessionárias têm. Mas você pode ter uma ideia só com a inspeção visual. Afinal, com os hodômetros... Leia mais