Novidades

25 OUT
O encontro do icônico Chevrolet Opala com o “Cruze” V8 da atual Stock Car

O encontro do icônico Chevrolet Opala com o “Cruze” V8 da atual Stock Car

Pai e filho colocaram lado a lado o Opala da Old Stock e o “Cruze” da atual Stock Car (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Foi por mera coincidência que eu e o editor de arte/fotógrafo Fernando Pires chegamos ao autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP), de modo sincrônico a Chico Serra.

O tricampeão de 1999, 2000 e 2001 da Stock Car ainda nem nos conhecia, mas nós o reconhecemos subindo a ladeira que leva do estacionamento aos boxes logo à nossa frente. Sobre o ombro direito, as alças de uma mala de mão branca, onde ele armazenara seu macacão.

Serra caminhava a passos tranquilos rumo ao posto da equipe Eurofarma RC – administrada por Rosinei Campos, o Meinha –, onde o filho e atual bicampeão do certame, Daniel, já se encontrava.

Era o início dos preparativos para a Corrida do Milhão, etapa mais importante de uma temporada em que a principal categoria do automobilismo brasileiro completa 40 anos de vida.

Serra, o filho, precisava se concentrar na luta pela vitória e na defesa da liderança no campeonato. Ainda assim, topou dedicar algum tempo do fim de semana para aceitar um desafio proposto por QUATRO RODAS.

Papéis invertidos: Daniel guiou o Opalão e Chico, a bolha do Cruze (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Dar algumas voltinhas ao lado do pai acelerando os dois carros mais icônicos das quatro décadas de Stock Car: o de 2019, que utiliza uma bolha do Chevrolet Cruze, e o velho Opala que deu origem a tudo.

Para tornar a ação mais interessante, sugerimos uma inversão: Chico conduziria o Stock #29 do filho, enquanto a Daniel caberia guiar o Opala #6 da Old Stock Race, competição que homenageia as origens da Stock Car com Opalas originais preparados (e que preparação!).

Para Serra pai, nenhuma novidade, visto que o veterano chegou a pilotar a bolha fornecida pela JL em seus últimos anos de Stock. Já Serra filho viveria a primeira experiência a bordo de um Opalão.

Chico e Daniel Serra contam à QUATRO RODAS o que mudou em 40 anos de Stock Car (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Falemos um pouco mais sobre as grandes estrelas desta reportagem. Desculpem, Chico e Daniel, mas estamos falando do Cruze bolha e do Opala.

Afinal, enquanto este serviu à Stock por 15 anos (com carroceria original de 79 a 86; carenagem sobre o chassi de Opala de 87 a 89; monobloco a partir da mecânica do cupê de 90 a 93), aquele vem sendo utilizado e atualizado pela categoria desde 2001.

Ao fim desta temporada, gozará enfim de merecida aposentadoria, dando lugar a outro carro/chassi, ainda em desenvolvimento.

Opalão deu início à maior categoria do automobilismo brasileiro em 1979 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O primeiro Opala que serviu à Stock Car, em 1979, tinha como base a configuração 250-S.

Nela, o cultuado motor seis-cilindros em linha de 4,1 litros gerava 171 cv de potência e 32,5 mkgf de torque, sendo gerenciado por câmbio manual de quatro marchas.

O motor é seis-canecos preparado para chegar a 340 cv (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Pasmem: esse motor serviu à Stock até 2002, com atualizações que o levaram a aproximadamente 250 cv.

Na Old Stock Race, o seis-canecos ainda resguarda o bloco original e o carburador de corpo duplo, mas recebe uma dose extra de preparação em distribuição, ignição, bobinas, comando de válvulas e escapamento (com duas saídas).

Opalão tem chassi transformado em cockpit com reforços na estrutura (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O câmbio de cinco marchas é herança da picape D-20. Tudo para atingir 340 cv e 220 km/h no fim da reta de Interlagos. Ah, e ele bebe etanol, usando um tanque de 85 litros do Opala Comodoro.

Chassi e carroceria são originais, incluindo suspensões (independente com braços sobrepostos na dianteira; eixo rígido com molas helicoidais na traseira) e diferencial, mas as rodas de fábrica dão lugar a um jogo de liga leve aro 16 do Honda New Civic, calçado por pneus radiais.

O veículo conta ainda com freios a disco e rodas de… Civic (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Além disso, o para-brisa usa vidro laminado, não mais temperado, enquanto as demais janelas (exceto a do motorista, aberta para facilitar a entrada e a saída do piloto) são vedadas por um composto de policarbonato que lembra acrílico.

Os freios usam disco ventilados nas quatro rodas. Com todas essas especificações, o Opalão da Old Stock pesa 1.200 kg e vira na casa de 1min58s no traçado de 4.309 metros de extensão de Interlagos.

A nova geração está próxima de se aposentar das pistas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Já o chassi tubular atual da Stock é fabricado pela JL. Pesa 1.325 kg em ordem de marcha, incluindo piloto a bordo.

Sua estrutura tubular é composta de treliças de molibdênio e chapas de alumínio, enquanto a carenagem é de fibra de vidro. E se faróis e grade dianteira são meros decalques, as lanternas traseiras funcionam de verdade.

As suspensões são independentes com braços duplo A nos dois eixos. Os freios, a disco ventilado e perfurado, contêm pinças de seis pistões na dianteira e quatro na traseira. As rodas, 305/660 R18, são vestidas por pneus Pirelli PZero.

V8 de 450 cv (fora do cofre para não revelar os ajustes de suspensão) com cabeçote de Corvette e bloco de Camaro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O motor, desde 2010, é um V8 naturalmente aspirado de 6,8 litros desenvolvido pela preparadora americana Mast. Ele aproveita o bloco de alumínio da família GM LS3, o mesmo utilizado pelo Camaro SS de penúltima geração.

Já o cabeçote vem da linhagem LS7, que faz parte do antigo Corvette C5R. Assim como o Opalão da Old Stock, o combustível usado no tanque é etanol.

Stock atual traz volante estilo F-1 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Com a abertura da borboleta do acelerador sempre restrita a 60% ou 70%, a potência do atual Stock fica na casa de 450 cv em um circuito tipo Interlagos, saltando para 500 cv quando acionado o botão de ultrapassagem.

O torque passa de 70 mkgf e a caixa de câmbio, fornecida pela XTrac (mesma fornecedora da Fórmula Indy), é automatizada de seis marchas com dupla embreagem, sendo as trocas realizadas pelo piloto através de borboletas no volante.

Macacões e capacetes vestidos, lá partiram os Serra para duas voltas no circuito. Nosso fotógrafo, Fernando Pires, acompanhou tudo bem de perto num carro de apoio, a fim de registrar as imagens que ilustram esta reportagem.

As rodonas são aro 18 com pneus slick (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Em alguns momentos, pediu que os pilotos se aproximassem o máximo que pudessem da câmera. Enquanto Chico, no Stock atual, manobrava com confiança, Daniel hesitava.

Ao fim da experiência, Serra filho explicou: “Em alguns momentos, parecia que os freios não iriam funcionar. A resposta é muito mais lenta, assim como a da direção. É difícil de acostumar”.

E seguiu: “O câmbio também é bem longo, então é tudo muito diferente”. Mas há algo do qual ele gostou mais em relação ao Stock atual: “A posição de dirigir é mais alta, então a visibilidade é melhor”.

Chico, que pilotou profissionalmente os dois carros, concordou com as observações do filho: “Não tem comparação o quanto as respostas desse carro [apontando para a bolha do Cruze] são mais diretas e precisas. E também mais rápidas. A aderência é muito maior”, resumiu.

Gerações da Stock Car contornam o circuito de Interlagos (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Perguntado sobre qual carro é o mais divertido de pilotar numa corrida, Serra pai deixou a nostalgia de lado e foi enfático: “O atual, sem dúvida nenhuma”.

Mas coube a Serra filho fazer a ponderação final: “Hoje, a gente acha algumas soluções deste carro [o Opala] estranhas, mas na época ele tinha o que de mais moderno era possível colocar num carro de corridas brasileiro.

Com esse outro vai ser a mesma coisa. Agora ele é considerado moderno, mas, daqui a 30, 40 anos, quem pilotá-lo talvez vá sentir uma estranheza semelhante à que eu senti hoje com o Opala. É um ciclo”.

Daniel tem razão: o relógio é inexorável para todos. Mas é preciso reconhecer o brilho de quem soube fazer história a seu tempo.

 

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

10 DEZ
Longa Duração: pane nos sensores do Tiggo 5X gera retorno à concessionária

Longa Duração: pane nos sensores do Tiggo 5X gera retorno à concessionária

Pane no sistema de monitoramento de pressão e temperatura dos pneus (Eduardo Campilongo/Quatro Rodas)No mês anterior, contamos aqui como foi a primeira revisão do nosso Caoa Chery Tiggo 5X. Alegando que o carro estava com todas as medidas de alinhamento dentro dos padrões da fábrica, a concessionária Wei deixou de fazer também o balanceamento das rodas e o rodízio.Alguns dias após a revisão, contatamos a Wei, por telefone, e descobrimos que a concessionária não tem equipamentos nem... Leia mais
10 DEZ
O que o VW Nivus tem em comum com Fox, Meriva e EcoSport

O que o VW Nivus tem em comum com Fox, Meriva e EcoSport

 Desenvolvido no Brasil, o Nivus será produzido também na Europa (Reprodução/Volkswagen)A VW anunciou o novo Nivus (que chega às lojas no segundo trimestre de 2010) como seu primeiro carro projetado no Brasil que também será produzido na Europa.Derivado da plataforma global MQB, do Polo (com 2,56 m de distância entre-eixos), o novo SUV cupê foi desenvolvido inteiramente no Brasil desde o projeto até a validação, passando pelas diversas fases de engenharia e... Leia mais
09 DEZ
Segredo: VW Nivus terá um motor e três versões, uma delas para PcD

Segredo: VW Nivus terá um motor e três versões, uma delas para PcD

Lanterna traseira está integrada a uma faixa preta, mas aparentemente não é contínua (Reprodução/Volkswagen)O Volkswagen Nivus, SUV cupê derivado do Polo e antes conhecido no seio popular como T-Sport, chegará ao mercado brasileiro no segundo trimestre do ano que vem, conforme já apontado por QUATRO RODAS.Embora ainda faltem alguns meses até seu lançamento, a fabricante já tem tudo praticamente preparado para o início das vendas. Inclusive as versões de acabamento.Conforme... Leia mais
09 DEZ
Recall: novo BMW Série 3 tem defeito que exige troca completa do motor

Recall: novo BMW Série 3 tem defeito que exige troca completa do motor

BMW 330i foi convocado para recall no Brasil (Christian Castanho/BMW)Se você tem um BMW 330i – não importa a versão –, é melhor ficar atento: o fabricante anunciou um recall que, na pior das hipóteses, demanda a troca completa do motor.Segundo a empresa, o sedã pode apresentar “desgaste prematuro da bronzina do eixo de balanceamento”. Como consequência, todo o conjunto pode travar em movimento.Ambas as configurações têm motor 2.0 turbo com 258 cv de potência e 40,8 mkgf de... Leia mais
09 DEZ
Correio Técnico: por que meu carro gasta mais pneu de um lado?

Correio Técnico: por que meu carro gasta mais pneu de um lado?

Desalinhamento do carro pode ser uma das causas para o pneu traseiro consumir mais rápido a banda de rodagem do pneu (Acervo/Quatro Rodas)Por que o lado interno da banda de rodagem dos pneus traseiros do meu carro sempre desgasta mais rápido?, leitor Uemerson Vicente da Silva, Picos (PI) As rodas traseiras podem estar desalinhadas. Isso ocorre por uma série de motivos. O mais comum é a ocorrência de impactos, como ao cair em buracos ou forçar o veículo contra o meio-fio. Buchas,... Leia mais
09 DEZ
Tesla já tem 250 mil pedidos pela Cybertruck, e vai até antecipar produção

Tesla já tem 250 mil pedidos pela Cybertruck, e vai até antecipar produção

Cybertruck é a primeira picape elétrica da Tesla (Divulgação/Tesla)A Tesla afirma já ter registrado mais de 250 mil pedidos da Cybertruck durante a pré-venda. Por conta disso, decidiu até inverter o processo de fabricação da picape elétrica.O veículo foi apresentado em três versões: a de entrada, com um motor elétrico; a intermediária, com dois; a topo de linha, com três.O plano da marca era iniciar a produção pelas versões mais básica em 2021, lançando a mais potente e... Leia mais