Novidades

26 SET
Jeremy Clarkson: Audi TTS empolga muito menos do que o design sugere

Jeremy Clarkson: Audi TTS empolga muito menos do que o design sugere

O que adianta um modo Comfort da suspensão que nunca é confortável? (Acervo/Quatro Rodas)

Existem muitas maneiras de pegar no sono. Meu método preferido é imaginar que meu colega James May está explicando como a eletricidade funciona ou mostrando as realizações do escritor e aventureiro T. E. Lawrence.

Mas, como você nunca viu realmente o James May sem edição, isso não vai funcionar no seu caso. Então, que tal o seguinte como sugestão? O Audi TT.

É o carro emocionante menos empolgante já feito. Tão perfeito e extraordinário quanto o cumprimento de um diplomata: ele vem até você com um sorriso radiante e um terno impecável, mas é incapaz de causar arrepios.

Se fosse uma pessoa, seria daquelas que concordam com tudo que qualquer um fala.

Nos tempos do Top Gear, levamos um Audi TT à Islândia e produzimos o que certamente foram os 20 minutos mais sem graça da história da TV.

Os céus, os glaciares e os vastos campos de lava fizeram o que podiam, mas não foram páreo para a sorridente falta de sal do personagem principal.

Eu dei o melhor de mim para pensar em risos loucos, mas não houve nenhum. Era apenas um bom carro.

Mais tarde, no The Grand Tour, tentei de novo com o TT RS, levando-o para a Croácia. Você se lembra? Não, claro que não. É como tentar se lembrar do que você comeu no almoço de uma terça-feira de 1986.

O carro era fabuloso. Tinha uma aceleração que acompanhava de perto o Nissan GT-R. Ele era capaz – e conseguiu – de superar um Ariel Nomad em um estágio de rali.

E era robusto, bem fabricado, produzia ruídos vulcânicos, não era muito caro e… você não se lembra de nada dele.

O Audi RS 3. Desse você pode se lembrar bem claramente. Esse foi um carro que conquistou o coração de gearheads de todo o mundo.

Mas mesmo que o TT RS fosse basicamente igual sob a carroceria, não fez um único bip no seu radar.

Imagine minha decepção, então, quando na semana passada descobri que iria avaliar mais um Audi TT. Desta vez, uma versão conversível do modelo TTS. Pelo amor de Deus!

Uma olhada rápida no interior revela apenas um design bem pensado e um porta-malas surpreendentemente grande.

Os botões são grandes e fáceis de usar. A tela do GPS está dentro do painel de instrumentos, na sua linha de visão. Os bancos são confortáveis e apoiam bem.

Já faz mais de 100 anos que a humanidade fabrica automóveis, e o TT mostra que a Audi está na sua melhor forma.

Todas aquelas coisas que antigamente nos irritavam desapareceram. Agora só existe uma muralha de bom senso sobre uma bela base de pragmatismo.

Felizmente, no entanto, o TTS Roadster reservava algumas surpresas. A primeira chegou como um esterco de elefante no meio de um programa infantil, quando fui dar uma volta pelo centro de Londres.

A pavimentação das ruas da região é ruim – não tanto quanto as de Nova York, mas o suficiente para ser incômoda em qualquer carro que não esteja acertado para trafegar por elas.

E o TTS ficou se sacudindo inteiro. Eu coloquei a suspensão no modo Comfort, mas o problema continuou. Ou seja, não é um carro em que seu passageiro vai ser capaz de teclar um texto coerente.

É claro que se pode argumentar que isso ocorre porque se trata da versão S de um cupê esportivo.

E eu não me incomodaria com os solavancos, mas para que serve um modo Comfort quando ele não traz nenhum conforto real?

Enfim, uma coisa boa: é o primeiro TT sem freios barulhentos (Acervo/Quatro Rodas)

Mais tarde eu saí de Londres para uma viagem ao interior e, muito antes de chegar à rodovia M25, tive de parar e verificar se a capota estava vedando corretamente. Ela estava. Logo, o carro é barulhento de propósito.

Você pode ouvir cada átomo esfregando na capota de tecido até o limite de velocidade da rodovia, quando seus gritos angustiados são abafados pelo espantoso ruído dos pneus.

É um carro que vai lhe dar uma dor de cabeça.

O dia seguinte estava ensolarado, por isso baixei a capota do Audi e dirigi em estradas secundárias até um bar. E o serviço normal voltou. Tudo foi adorável.

Se fosse um filme, seria Vingadores: Ultimato, um maravilhoso exemplo do cinema do século 21.

Ao chegar ao campo aberto, estava ventando bastante. Mas então encontrei um botão que levanta um pequeno defletor atrás dos bancos e, depois que o apertei, o vento sumiu.

Eu senti falta da aceleração do TT RS e do seu ruído, mas o modelo TTS é bem menos caro e, pelo seu preço, foi tudo o que eu poderia esperar.

O conforto da suspensão, tão ruim na cidade, tornou-se suportável, a direção estava adorável e também teve uma coisa muito boa: foi o primeiro Audi TT que dirigi recentemente que não veio com freios barulhentos.

Então, eu compraria um? Bem, não. O ruído na rodovia é alto demais e eu passo tempo demais sacolejando pelas poucas ruas de Londres que ainda não foram transformadas em ciclovias.

Mas há mais do que isso: é porque um carro desse tipo nunca me atrairia para uma voltinha.

Toda essa potência, centenas de quilômetros de espaço livre para a cabeça, tração nas quatro rodas e, sabe o quê? Vou a pé. Preciso me exercitar.

Imagino que seria a mesma coisa com o Mercedes-Benz SLC e o novo BMW Z4. Eu não andei em nenhum deles, mas suspeito que ambos sofrem do mesmo problema que o Audi: a incapacidade de lhe lançar um olhar sedutor.

Elas são apenas máquinas muito, muito boas, mas o que você realmente quer de um conversível esportivo é algo diferente, algo a mais.

E é por isso que eu preferiria ter um infinitamente mais terrível Triumph TR6, mesmo quebrando sempre que estivesse frio e superaquecendo toda vez que fizesse calor.

Jeremy Clarkson

É jornalista, apresentador do programa The Grand Tour e celebridade amada pelos fãs e odiada por algumas marcas.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

13 DEZ
Clássicos: Dodge Dart, o carro com o maior motor V8 já feito no Brasil

Clássicos: Dodge Dart, o carro com o maior motor V8 já feito no Brasil

O Dart nacional acaba de se tornar um cinquentão (Christian Castanho/Quatro Rodas)Menor e mais barato modelo da divisão Dodge, o Dart foi apresentado nos EUA em 1960 e logo assumiu o posto de mais vendido da marca.Seu sucesso atravessou a década e chegou ao Brasil em 1969, mercado em que o compacto americano se tornou um de nossos maiores e mais sofisticados automóveis.A história do nosso Dart começa nos anos 50, quando a Chrysler Corporation decidiu reforçar sua participação no... Leia mais
13 DEZ
Vivemos fim de semana como mecânicos do carro de Barrichello na Stock Car

Vivemos fim de semana como mecânicos do carro de Barrichello na Stock Car

O repórter faz ajustes finais no carro, já no grid de largada (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)Quem acompanha automobilismo sabe que, apesar de o nome do piloto ser o destaque das manchetes, este é um esporte coletivo, que envolve muita gente. E entre os que mais colocam a mão na massa estão os mecânicos. Querendo entender como é o trabalho dessa turma, aceitei o desafio de fazer um estágio na equipe Full Time da Stock Car. Dois dias na oficina e depois durante o final de semana da etapa... Leia mais
12 DEZ
Para cada três Chevrolet Onix Plus, há dois Prisma/Joy sendo vendidos

Para cada três Chevrolet Onix Plus, há dois Prisma/Joy sendo vendidos

 (Divulgação/Chevrolet)Chevrolet Joy Plus 2020 (Divulgação/Chevrolet)Não houve troca de geração, incêndio ou recall que tenha feito a família do Chevrolet Onix perder fôlego nas vendas. Se o hatch começou a ser faturado há pouco tempo, o sedã Plus foi o quarto carro mais vendido no Brasil em novembro.Mas qual a proporção de emplacamentos entre o Onix Plus e seu antecessor, Prisma, contabilizando o resíduo da linha 2019 e a linha 2020 do recém-renomeado Joy Plus?Onix Plus mal... Leia mais
12 DEZ

Vídeo: Ford Mustang Mach-E tem tela gigante e botão de iPhone na maçaneta

 (Arte/Quatro Rodas)QUATRO RODAS foi até o Salão do Automóvel de Los Angeles conhecer a versão SUV elétrica do Ford Mustang.Batizado de Mustang Mach-E, o carro chega com uma potência de até 465 cv e alcançando os 100 km/h em 3 segundos, em sua versão mais potente.Nada mau para um modelo totalmente elétrico que tem autonomia de 337 km ou 480 km, dependendo de sua configuração.O novo Mustang Mach-E chega aos EUA em 2021 custando US$ 44.000, cerca de R$ 180.444, em sua versão de... Leia mais
12 DEZ
Segredo: VW vai relançar a Kombi no Brasil, mas elétrica e com 370 cv

Segredo: VW vai relançar a Kombi no Brasil, mas elétrica e com 370 cv

O encontro das VW Kombi do passado e do futuro (Divulgação/Volkswagen)Foi em dezembro de 2013 que a linha de montagem da Volkswagen Kombi foi desativada em São Bernardo do Campo (SP), fruto da nova legislação que obriga carros vendidos no Brasil a terem airbags frontais e freios ABS.Desde então, a marca alemã nunca mais ofereceu uma van no mercado brasileiro. Isso mudará em 2023, exatos dez anos depois. É esse o prazo que a fabricante estipulou para lançar no país a sucessora da... Leia mais
12 DEZ
Justiça suspende decisão de Bolsonaro e determina volta dos radares móveis

Justiça suspende decisão de Bolsonaro e determina volta dos radares móveis

Radares do tipo pistola voltarão a ser utilizados em rodovias federais (Marco de Bari/Quatro Rodas)A Justiça Federal em Brasília determinou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) retome integralmente a utilização de radares móveis nas rodovias federais até o próximo sábado (14).O uso de medidores de velocidade móveis e portáteis em rodovias fiscalizadas pela PRF está suspenso desde agosto, por determinação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que suspendeu a utilização... Leia mais