A Prefeitura de São Paulo apagou ao menos 7 ciclovias nos últimos dias e ciclistas denunciaram a prática nas redes sociais. Nesta quarta-feira (28), a gestão Bruno Covas (PSDB) informou que os trechos passam por requalificação e nenhum deles vai desaparecer.
Neste ano, em seu anúncio do Plano de Metas para o biênio 2019/2020, o prefeito anunciou que implantaria 173 km de malha cicloviária (totalizando 676 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas) e que reformaria 310 km dessa infraestrutura.
Até esta quarta-feira (28) não houve anúncio público de que este trabalho começou, mas nas redes sociais, os ciclistas observaram mudanças em seus trajetos, com a remoção das seguintes ciclovias:
- Avenida Engenheiro George Corbisier, no Jabaquara;
- Avenida Bosque da Saúde, na Saíúde;
- Avenida João Carlos da Silva Borges, em Santo Amaro;
- Alameda dos Guatás, no Planalto Paulista;
- Avenida Aratãs, em Moema;
- Avenida Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã;
- Alameda Barros, em Santa Cecília.
Na terça-feira (27), em entrevista à CBN, Covas chegou a dizer que as ciclovias poderiam ter sido apagadas em definitivo o que gerou reação nas redes (leia mais abaixo). A Prefeitura de São Paulo foi questionada pelo G1 se essas vias foram apagadas, e obteve como resposta que nenhuma delas será removida, pois todas passam por requalificação.
"Estão sendo feitas obras de requalificação nas ciclofaixas da Rua Antônio de Souza Noschese (Jaguaré) e Corifeu de Azevedo Marques, com fresagem e recapeamento asfáltico. Na Zona Sul, as ciclovias Bosque da Saúde e Alameda Guatás também passam por requalificação, totalizando 9,3 km nesta primeira etapa. A ciclovia da Alameda Barros deverá passar por requalificação numa próxima fase", respondeu a gestão em nota.
A Prefeitura acrescentou que ao final do recapeamento de cada estrutura será implantada uma nova sinalização, com pintura em vermelho apenas na aproximação das travessias, para chamar mais atenção nos cruzamentos, e tachões a cada um metro para maior segurança.
Esta primeira etapa do serviço de reformas da rede cicloviária - que totaliza 9,3 km - tem previsão de conclusão no mês de setembro, de acordo com a Prefeitura. A promessa é de que 310 km recebam melhorias até o fim da gestão Bruno Covas.
Falta de sinalização
Sem o anúncio oficial de que o serviço acontecia, os ciclistas temeram a perda de ciclovias.
O coletivo Bike Zona Oeste destacou nas redes sociais que as obras na Corifeu de Azevedo Marques, no Butantã, geravam riscos e pareciam estar em desacordo com o artigo 88 do Código de Trânsito Brasileiro, que exige sinalização em obras do tipo.
O coletivo Bike Zona Azul denunciou nas redes que a Avenida Eng. George Corbisier também foi recapeada e seguia sem sinalização. O panorama, segundo o grupo, seria o mesmo nas ciclofaixas da Avenida Bosque da Saúde, da Alameda dos Guatás e da Avenida Aratãs.
Apesar dos relatos de grupos de ciclistas, a Prefeitura de São Paulo disse em nota que foram instaladas faixas informativas nas vias que passam por obras.
O Vá de Bike esteve na Avenida Aratãs e mostrou que o trecho realmente começou a ser sinalizado com uma faixa que indica as obras e orienta os motoristas a terem cuidado com os ciclistas. O grupo reparou também que o trecho deverá ser refeito, pois há marcações no asfalto.
Entrevista
Em entrevista à Rádio CBN na terça-feira, o prefeito Bruno Covas disse que algumas ciclovias foram apagadas em definitivo. “Ou é a questão de recapeamento e ela ainda não foi pintada mais uma vez, ou foi identificada sem utilização e vai ser retirada”, afirmou.
Os integrantes da Câmara Temática da Bicicleta (CTB), que têm ajudado à Prefeitura de São Paulo a elaborar o Plano Cicloviário nos últimos anos, redigiu uma carta pública sobre o tema em que revelou surpresa sobre a possibilidade de remoção de ciclovias sem anúncio em meio a uma série de reuniões para conclusão do Plano Cicloviário.
"Não faz sentido considerar a remoção de estruturas já existentes, dado que todo o trabalho para a elaboração do Plano Cicloviário foi justamente no sentido de conectar estruturas isoladas à malha cicloviária existente. Qualquer remoção ou retirada resultaria em atrasos no cronograma de obras, gasto do dinheiro dos contribuintes e risco para as pessoas que utilizam a estrutura em questão", diz a CTB.
O grupo acrescenta que "segundo a Lei nº 16.885, todas as alterações de infraestruturas só podem ser realizadas após planejamento da CET e debates com a sociedade civil através de audiências públicas".