Novidades

27 AGO
Fiat Uno, 35 anos: inovações e polêmicas do Fiat mais duradouro do Brasil

Fiat Uno, 35 anos: inovações e polêmicas do Fiat mais duradouro do Brasil

Uno Mile, modelo 1980 da Fiat (Acervo/Quatro Rodas)

Impossível olhar para o carro da imagem acima e não reconhecê-lo. E se você não foi proprietário de um, provavelmente conhece alguém que já teve.

O Fiat Uno completa 35 anos de Brasil, com cerca de 4 milhões de unidades vendidas no período. O modelo apareceu para o mundo em 1983, na Itália, com design criado por ninguém menos que Giuseppe Giugiaro. Um ano depois, chegou ao Brasil.

Com a missão de substituir o obsoleto 147, o Uno nacional manteve a mesma base do europeu. No entanto, recebeu uma série de adaptações para se adequar ao solo brasileiro.

Isso incluiu o estepe colocado no cofre do motor para aumentar o porta-malas e facilitar o manuseio do proprietário em caso de uma possível troca.

Nosso Uninho podia ser encontrado inicialmente com duas opções de motores: 1,05 litro a gasolina de 52 cv, herdado do 147, e 1.3 de 71,4 cv. As suspensões chamavam a atenção por usar geometria semielíptica no eixo traseiro.

Além disso, três versões eram disponibilizadas: S (Super) CS (Comfort Super) e a esportiva SX (Sport Experimental), que tinha carburador de corpo duplo.

A Fiat tinha como principal concorrente a Volkswagen e sua famosa linha dos quadrados.

O Uno era concorrente do Gol, mas os demais modelos da fabricante alemã sobravam no mercado, porque o compacto italiano ainda não havia ganhado um derivado sedã como o Voyage, uma picape como a Saveiro ou uma perua como a Parati.

Foi aí que a família Uno passou a crescer. Em 1985, foi lançado o três-volumes Prêmio; um ano depois veio a perua Elba. Ambos eram equipados com motor Sevel 1.5. Três anos mais tarde chegaram o furgão e a picape Fiorino, com motor 1.3.

Prêmio CS 1500, da Fiat. (Acervo/Quatro Rodas)

Mas foi justamente na projeção de novos modelos, em 85, que a Fiat recebeu um novo balde de água fria. Com a Volkswagen se livrando dos motores refrigerados a ar, lançou o Gol GT, esportivo do modelo com motor 1.8 L e 99 cv.

Até aquele momento, a principal característica do Uno era a economia de combustível, mas o mercado pedia algo ainda mais esportivo do que o 1.3 SX. E foi assim que o Uno 1.5R foi criado.

Mantendo os vincos, características do modelo, e com motor 1.5 do Prêmio retrabalhado para alcançar 86 cv, o esportivo da marca ainda trazia rodas de liga leve, bancos esportivos, amortecedores preparados e tampa traseira em preto.

A versão R era bem diferente da convencional e conquistou a marca de maior velocidade de um Fiat brasileiro na época, quando chegou a 162 km/h de máxima. O carro ainda acelerava de 0 a 100 km/h em 12,4 segundos.

Os números ainda não batiam a concorrência, já que o Gol GT chegava a 170 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 11 segundos, mas já era um importante passo o compacto.

O lendário Uno 1.5R (arquivo/Quatro Rodas)

Vivendo na sombra da Volkswagen, a Fiat virou o jogo em 1990. Em agosto daquele ano, o então presidente Fernando Collor e a ministra Zélia Cardoso de Mello anunciaram uma redução de tributos para modelos com motor entre 0,8 e 1 litro.

Dois meses depois, a fabricante italiana lança o Uno Mille, com motor 1.0: o primeiro motor mil do Brasil. Entusiasmada com a novidade que ganhava o mercado nacional, a Fiat promoveu, enfim, a primeira atualização visual do Uno em 1991.

Os faróis quadrados foram deixados para trás, junto com a grade frontal preta. O carro passou a contar com faróis trapezoidais mais finos e munidos de luzes de seta integradas ao lado (não mais no paralamas), além de grade na cor da carroceria.

Em 1992, três anos depois da rival VW, passou a oferecer uma versão com injeção eletrônica, quatro portas e ar-condicionado, algo que ainda estava em disseminação entre modelos populares.

Remodelagem do Uno pode ser vista com substituição dos faróis quadrados por retangulares (Acervo/Quatro Rodas)

Com seus esportivos perdendo espaço no mercado e a ascensão do Chevrolet Kadett GSI, Ford Escort XR3 e Gol GTI – carros com os quais o Uno 1.6R sofria para competir -, a Fiat resolveu um lançar uma nova versão esportiva do veículo: o Uno Turbo.

Sendo o primeiro carro nacional a sair com turbocompressor de série, o compacto voava com seu motor 1.4 a gasolina de 116 cv e 17 mkgf de torque.

Ia de 0 a 100 km/h em 8,9 segundos e chegava a 192,5 km/h de máxima, deixando todos os concorrentes para trás e até mesmo o Chevrolet Vectra GSI, topo de linha entre os sedãs nacionais da época, que fazia de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos.

Uno Turbo IE MPI, modelo 1994 (Acervo/Quatro Rodas)

O Uno vinha em crescendo no mercado e se tornava um dos principais veículos nacionais, mas em 1995 a Fiat se envolveu em uma grande polêmica, similar à do dieselgate em que se envolveu a Volkswagen em 2015.

A fabricante italiana manipulou os módulos de ignição eletrônica do Mille Eletronic para driblar os testes de emissões de poluentes.

Com isso, foi multada em R$ 3,9 milhões pelo Ibama (R$ 20 milhões na correção para valores atuais) por não atender às normas do Proconve.

Porém, tal assunto não chegou aos ouvidos de boa parte dos consumidores e, então, a produção do Uno Mille foi mantida sem maiores problemas.

Entretanto, no fim da década a Fiat trocou rapidamente o Uno pelo Palio como seu modelo de partida para seguir nos segmentos de sedã (Siena), picape (Strada) e perua (Palio Weekend) compactos.

Uno Mille Fire, modelo quatro portas 2004, da Fiat, com nova frente (Acervo/Quatro Rodas)

Chegaram os anos 2000 e, com mais de 1,2 milhão de unidades vendidas, a Fiat era líder de vendas no segmento dos motores “mil”.

Para seguir na ponta, decidiu dar uma leve repaginada no Uno, que virara queridinho do público por seu ótimo custo/benefício e se tornara um símbolo de carro polivalente no mercado, mas já demonstrava sinais de idade avançada.

Assim, em 2001, o Mille ganhou o motor Fire, mais eficiente. Três anos depois, recebeu outro tapa no visual: grade frontal, faróis e lanternas novas acompanhavam o novo modelo que ainda mantinha os vincos característicos do veículo.

Em 2005, dois anos depois do Gol, o Uno adotou motor flex.

Em 2008, com cerca de 2 milhões de unidades vendidas, inovou com a versão Mille Economy, que vinha com um “econômetro” no painel de instrumentos. Com isso, auxiliava o condutor para dirigir da forma mais econômica possível.

“Econômetro” fica entre o velocímetro e o medidor de combustível (Acervo/Quatro Rodas)

Em 2010, 25 anos depois da chegada da primeira geração, a Fiat finalmenteou lançou no Brasil a segunda geração do Uno, desta vez desenvolvida especificamente para nosso mercado.

As modificações na carroceria fizeram o carro perder a principal característica de seu design: os vincos. O veículo não era mais (tão) quadrado e viu sua carroceria inteira ganhar arestas arredondadas.

Segunda geração Uno passou a ser vendida em 2010 (Acervo/Quatro Rodas)

No entanto, o antigo Uno ainda era um carro de apelo no mercado e, para não perder espaço, a Fiat resolveu transformá-lo em”Mille” – assim como a GM fizeram o Corsa Sedan virar Classic.

Embora todos ainda o associassem ao Uno, o Mille seguiu “voo solo” de 2010 a 2013, quando deixou de ser produzido por conta da nova regulamentação do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), que obrigava os automóveis a saírem de fábrica com ABS e airbags frontais.

Para promover a merecida despedida de gala do velho Uno/Mille, a Fiat lançou a série especial Grazie Mille, limitada a 2 mil unidades. Dessa forma, o quadradinho deixou o mercado e deixou o novo Uno sozinho na estrada.

No fim de 2013, o furgão Fiorino trocou a dianteira do velho pela do novo Uno. Em 2014, o Uno em si recebeu uma leve reestilização. Em 2016 veio outra, incluindo a estreia dos motores 1.0 e 1.3 FireFly, hoje presentes em quase toda a gama compacta da Fiat.

Uno 2019 mantém mesma plataforma desde 2010, mas agora trabalha com motores FireFly (Divulgação/Fiat)

Em 2019, 35 anos depois da sua estreia em território nacional, o novo Uno parece longe de ter o sucesso dos seus antepassados.

A prova disso é que, entre janeiro e julho deste ano, o veículo ocupou apenas a 30ª posição no ranking de emplacamentos da Fenabrave (associação nacional dos concessionários), com pouco mais de 11,7 mil unidades vendidas.

O Chevrolet Onix, que é o líder de vendas do segmento, emplacou quase 137 mil exemplares no mesmo período.

Enquanto isso, o Uno segue fazendo sucesso no mercado de usados: cerca de 50 mil unidades foram comercializadas apenas em julho deste ano.

Atualmente, o Uno é vendido em quatro versões: Attractive 1.0 Fire (sim, este motor ainda existe), Drive e Way 1.0 Firefly e Way 1.3 Firefly.

Uma das grandes incógnitas é se ele ganhará uma terceira geração ou não. Em caso negativo, será o fim do ciclo de um dos modelos mais presentes na vida dos brasileiros durante as últimas três décadas e meia.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

27 ABR
VW tentará embalar Nivus com venda digital e concessionárias higienizadas

VW tentará embalar Nivus com venda digital e concessionárias higienizadas

– (Renato Aspromonte/Quatro Rodas)A paralisação das atividades da indústria automobilística em razão da pandemia do coronavírus vem surtindo efeitos negativos no setor em todo o mundo.Segundo Pablo Di Si, presidente da Volkswagen do Brasil e América Latina, para atravessarem a crise, as montadoras que operam no país gastarão, nos próximos quatro meses, cerca de R$ 40 bilhões – valor equivalente a quatro anos de investimento.Além de alterar a programação de lançamentos e... Leia mais
27 ABR
Teste: Chevrolet Onix turbo é bem mais divertido com câmbio manual

Teste: Chevrolet Onix turbo é bem mais divertido com câmbio manual

Versão LTZ tem faróis com canhão halógeno monoparábola. Luzes de neblina vêm como acessório (Fernando Pires/Quatro Rodas)A agilidade é um dos principais trunfos do novo Chevrolet Onix hatch.Mas, na versão LTZ com câmbio manual, a união do motor 1.0 turbo com injeção indireta e a caixa de seis marchas mais sua carroceria leve – menos de 1.100 kg – torna a receita um pouco mais divertida.Uma opção instigante para quem gosta de esportividade e de ter mais “intimidade” com... Leia mais
27 ABR

Treze dicas para reconhecer um carro usado batido ou vítima de enchente

Comprar um usado é sempre um drama e uma das maiores preocupações é saber se ele é sinistrado. Ou seja, ter a certeza de que o veículo não sofreu uma batida mais forte ou mesmo se passou por uma enchente. Dependendo da intensidade da colisão, o carro pode até ser consertado. Mas, se afeta partes da estrutura do veículo, dificilmente manterá sua dirigibilidade, estabilidade e consumo. Porém, é possível verificar se o carro tem um passado de sinistro se você ficar atento a dicas... Leia mais
26 ABR
Velho Mercedes 190 vira monstro com motor V12 que mal cabia no cofre

Velho Mercedes 190 vira monstro com motor V12 que mal cabia no cofre

– (Johan Muter/Internet)Qual entusiasta nunca pensou em trocar o motor do seu carro por outro mais potente? Com essa ideia em mente, um holandês decidiu equipar o seu antigo Mercedes-Benz 190 com o enorme V12 do luxuoso sedã Classe S.“Meu plano era fabricar o menor carro dos anos 80 e 90 com o maior motor da época. Para mim, esse V12 é o melhor motor da história da Mercedes-Benz, uma obra de arte”, explica Johan Muter, dono da oficina de preparação JM Speedshop.Em meados de 2016,... Leia mais
25 ABR
VW Tarek: SUV que chega no fim do ano será um Jetta mais alto e largo

VW Tarek: SUV que chega no fim do ano será um Jetta mais alto e largo

Assim será o visual do VW Tarek na América Latina (José Iván/Reprodução)O presidente da Volkswagen para América Latina e Caribe, Pablo di Si, confirmou esta semana em videoconferência com jornalistas que o projeto Tarek, SUV compacto-médio criado para brigar diretamente com o Jeep Compass, não será afetado pela pandemia do coronavírus e terá lançamento no Brasil ainda este ano.A produção já está confirmada para a fábrica argentina de General Pacheco, que recebeu um... Leia mais
25 ABR
Por que certas versões de um carro desvalorizam menos que outras?

Por que certas versões de um carro desvalorizam menos que outras?

Desvalorização chega a ser dez vezes maior em determinadas versões do mesmo carro (João Mantovani/Quatro Rodas)Analisando a tabela de preços de QUATRO RODAS elaborada mensalmente em conjunto com a KBB Brasil, podemos verificar que versões do mesmo carro muitas vezes têm taxas de desvalorização discrepantes.Um Volkswagen Polo 1.6 MSI, por exemplo, tem desvalorização de 8,95%. Já a taxa para um Polo Highline 200 TSI é de 2,78%.Para entender por que essa situação ocorre, QUATRO... Leia mais