Novidades

15 JUL

Trabalho “sobre pressão”: os segredos de eficiência de um turbo moderno

Popularizado nas pistas, o turbo agora é sinônimo de eficiência (Total 911/Divulgação)

Carcaça, dois rotores e um eixo (árvore).

De forma bem simplificada, essas são as peças que compõe o turbocompressor, componente que foi de motivo de orgulho a peça essencial para as fabricantes atenderem às legislações de emissões sem penalizar no desempenho dos motores.

Só que, por trás dessa aparente simplicidade há uma miríade de pequenos componentes e, sobretudo, engenharia, que transformou essa peça de poucos quilos em uma pequena maravilha técnica.

Os rotores são feitos de materiais nobres, incluindo ligas de titânio (Divulgação/Porsche)

O lado bom é que nunca os turbos foram tão eficientes e robustos. O ruim: sem chance de fazer manutenção neles.

“Os turbocompressores modernos são desenvolvidos para durar a vida útil do motor”, explica Luis Fernando Pinto, supervisor de assistência técnica da BorgWarner do Brasil.

Para isso, as diferenças partes do turbo são montadas com tolerâncias milimétricas e materiais nobres, feitos para resistirem a temperaturas acima dos 1.000 ºC.

A proximidade com o coletor de escape faz o turbo esquentar ainda mais (Hennessey/Divulgação)

“Se houver um problema ocasionado por falha na manutenção, por exemplo, dificilmente será viável fazer o reparo do turbo. Neste caso é feita a troca completa da peça”, conclui.

E, se esta situação for a daquele Volkswagen Up! TSI usado que você estava namorando, mas foi maltratado pelos donos anteriores, melhor preparar o bolso: um turbo completo de reposição dificilmente sai por menos de R$ 5.000.

As peças do turbo são desmontadas e analisadas individualmente após os testes (BorgWarner/Divulgação)

Para detalhar o que está por trás do turbo, a norte-americana BorgWarner convidou jornalistas para uma apresentação íntima do sistema, que incluiu até a montagem de um componente completo, como detalharemos a seguir.

Mas, antes, executivos da empresa resumiram os diferentes conceitos usados em turbos modernos para atender às demandas das empresas, quase sempre relacionadas à eficiência energética e emissões de poluentes.

O leitor de QUATRO RODAS já conhece de cor as soluções mais populares da indústria.

A válvula wastegate elétrica deu mais versatilidade aos turbos modernos (BorgWarner/Divulgação)

São elas: o turbo com válvula de alívio elétrica (usada no motor EA211 da Volkswagen), o de dupla voluta (popular em diferentes modelos e oferecida em todos os modelos da PSA com motor 1.6 THP), o de geometria variável (ainda raro em carros a gasolina, mas usado pela Porsche e no Golf 1.5 europeu) e o sequencial.

Este último é raro em veículos de ciclo Otto, mas tem se popularizado em veículos diesel, incluindo carros de passeio, como o BMW X5 M50d e Volvo XC90 D5.

A última e mais moderna solução é, literalmente, metade de um turbocompressor. Erroneamente chamado de “turbo elétrico”, o sistema é, na verdade, um compressor.

Audi SQ7 usa configuração do motor V8 4.0 com dois turbos convencionais e um compressor (e não turbo) elétrico (Divulgação/Audi)

No lugar do turbo, um motor elétrico capaz de girar o rotor do compressor a mais de 100 mil rpm para virtualmente eliminar o temido turbo-lag. Essa estratégia, entretanto, ainda é cara e tende a ficar restrita a modelos que já possuem sistema elétrico de 48V.

Motor TSI da Volkswagen: no meio disso tudo é preciso colocar um turbo (Pedro Danthas/Quatro Rodas)

Os turbos têm ficados cada vez menores e mais apertados. “O espaço que as fabricantes nos dão para posicionar a peça no cofre do carro tem encolhido ao longo do tempo”, revela Pinto.

Para piorar, turbos usados em motores de baixa cilindrada precisam girar mais rápido para obter o desempenho exigido pela montadora.

Os gases do escapamento já vêm quentes, enquanto a compressão do ar esquenta o conjunto na parte “fria” (Divulgação/Porsche)

O resultado é que você tem uma peça de massa considerável a temperaturas elevadíssimas. Quer piorar? A árvore que une os dois rotores do turbocompressor só não encosta na carcaça central da peça graças a um pequeno filme de óleo entre elas.

O problema é que esse óleo pode literalmente cozinhar (ou coqueificar, usando o termo técnico) dentro do turbo quando o carro é desligado após uso intenso.

E não estamos falando de track day. Uma simples parada no posto em uma viagem já resulta nesse cenário potencialmente catastrófico.

Em veículos preparados a solução antiga era manter o motor ligado por alguns minutos em marcha lenta para esfriar o óleo, mas isso é inviável para um veículo de passeio.

Em diversos carros a solução foi adotar uma bomba d’água extra elétrica, que independe do funcionamento do motor. Ela fica ligada, circulando fluido de arrefecimento pelo turbo, até a temperatura do óleo cair.

Os motores THP da PSA possuem bomba d’água pilotada para refrigerar o turbo com o motor desligado (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Desligue um Peugeot 308 THP em um dia quente, após uso intenso, e repare num ruído mecânico que o motor faz, mesmo desligado: é a bomba elétrica em funcionamento.

Nem sempre é preciso apelar a esse subterfúgio. As empresas também adotam a técnica de termossifão, que usa a alteração dinâmica da água por conta da temperatura para refrigerar o turbo de forma automática.

O conceito é simples: a água quente sobe e a fria desce. Então, o próprio desenho do arrefecimento do turbo faz com que essa água circule naturalmente pela diferença de temperatura e, por tabela, esfrie o componente.

Fãs de carros antigos conhecem essa técnica há priscas eras: ela foi usada desde sempre no icônico carro alemão-oriental Trabant IFA e também por alguns veículos da DKW.

Durante o desenvolvimento, o novo turbo é instrumentado antes de ser colocado no carro (BorgWarner/Divulgação)

Aula teórica à parte, chegou a hora de meter a mão na massa. Ou melhor, em uma série de ferramentas em uma bancada limpa como a de um laboratório.

QUATRO RODAS contou com a ajuda de um funcionário da BorgWarner para montar o turbo usado na linha Accelo da Mercedes-Benz. Logo de cara a quantidade de peças surpreende: já montei Legos com muito mais elementos.

A simplicidade esconde a precisão por trás de cada componente. Os rotores, “corações” do turbo, são usinados por uma máquina e tem tolerância medidas em duas casas depois da vírgula: 0,01 milímetro.

O tamanho das peças exige cuidado na montagem do turbo (BorgWarner/Divulgação)

O balanceamento das peças também é crítico. Já viu como o volante vibra quando uma roda do carro está desbalanceada? Agora imagine o sacolejar provocado por um eixo girando a mais de 300 mil rpm.

Felizmente os engenheiros já haviam passado dessas etapas, então restou a mim apenas colocar os anéis que retêm o óleo dentro da árvore do turbo (similares aos anéis de pistões), colocar a turbina e seu eixo nos mancais de apoio, travá-los dentro da carcaça, montar o controle de óleo da parte do compressor e fechar tudo com a carcaça fria do turbocompressor.

Engenheiros da empresa auxiliaram os jornalistas na produção do turbo (BorgWarner/Divulgação)

O processo todo levou cerca de 15 minutos, mas um especialista leva menos de um terço do tempo para fazer a mesma tarefa — e com uma qualidade infinitamente superior a este jornalista de mãos trêmulas que vos escreve.

Algumas coisas são similares à outros componentes do carro. Os anéis retentores, por exemplo, devem ser posicionados com cuidado e não podem ficar alinhados, exatamente como é feito na montagem de pistões em motores.

Todos os parafusos são apertados com a força exata e presos em sequência de cruz, como é feito ao trocarmos um pneu.

Pareceu tão fácil que levantamos novamente a questão: por que a reparabilidade é tão complexa? “Os rotores são aquecidos antes de serem posicionados na árvore. Quando esfriam, se contraem e são quase impossíveis de serem soltos”, explica Pinto.

O resultado disso comprovamos na prática. O parafuso que travaria o compressor do nosso turbo não entrava corretamente, pois a rosca estava danificada após o técnico ter desmontado o turbo para tentarmos remontá-lo.

Mas você, interessado em comprar um Mercedes Accelo, pode ficar tranquilo: esse turbo não será usado em nenhum motor e tem fins apenas “acadêmicos”.

– Sempre troque o óleo seguindo o intervalo solicitado pela fabricante (e que se reduz pela metade em uso severo) e só use lubrificante que se enquadre ou supere as especificações indicadas no manual.

– Não economize no filtro de ar. Se ele estiver saturado, mesmo que o intervalo de troca não tenha sido alcançado, troque a peça. Se a entrada de ar do motor estiver obstruída, o turbocompressor pode ultrapassar sua velocidade máxima de funcionamento e sofrer danos permanentes.

– O primeiro carro turbo de produção do Brasil foi o Fiat Uno. Entretanto, algumas unidades do Puma GTB chegaram a ganhar turbocompressor.

– Os turbos de livre fluxo, mais simples e que precederam as peças modernas, ainda são usados em motores estacionários, como geradores.

– Sabe aquele espirro do turbo, típico de carros modificados? Ele não só desapareceu de veículos originais como danifica a peça, ao impedir que os rotores desacelerem de forma adequada.

– Turbos modernos têm proteções contra altas temperaturas. Mesmo assim, após uso severo ou uma longa viagem, mantenha o motor em marcha-lenta por alguns segundos antes de desligá-lo.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

11 JUL

Mini Cooper estreia primeira configuração totalmente elétrica

A Mini apresentou a primeira configuração totalmente elétrica do Cooper. Batizada de SE, a versão promete bom desempenho, agilidade e autonomia de até 270 km. O modelo substitui a motorização a combustão por um motor elétrico de 32,6 kWh, com bateria de íons de lítio subdividida em 12 módulos. São 187 cavalos de potência e torque instantâneo de 27,5 kgfm. Somados aos 1.365 kg do modelo (145 kg a mais em relação ao Cooper S), os números do SE resultam em uma... Leia mais
10 JUL

Volkswagen encerra produção mundial do Fusca; veja como foi a despedida

A Volkswagen encerrou oficialmente a produção mundial do Fusca (agora chamado apenas de Beetle) nesta quarta-feira (10), em sua fábrica em Puebla, no México. A marca divulgou por volta das 14h20 (horário de Brasília) a imagem da última unidade, com uma decoração com a frase "Obrigada, Fusca". A montadora também divulgou um vídeo no Twitter: Así se despide uno de los grandes. Gracias, Beetle. Esto es solo el comienzo. ???????????? #ByeByeBeetle... Leia mais
09 JUL

Vendas de veículos seminovos caem 12,5% no 1º semestre

As vendas de veículos seminovos, que têm até 3 anos de uso, fecharam o 1º semestre com queda de 12,5% em relação ao mesmo período de 2018, de acordo com a federação dos revendedores de usados, a Fenauto. O volume total de vendas de veículos usados, excluindo motos, se manteve praticamente estável, com leve alta de 0,39%, também na comparação com o ano anterior. Ao todo, a venda de veículos usados, tirando o segmento de motos, somou 5,42 milhões de unidades. Os... Leia mais
09 JUL

Witzel veta projetos sobre patinete elétrico no RJ que obrigavam prova no Detran e uso de capacete

O governador Wilson Witzel (PSC) vetou dois projetos de lei que regulamentariam o uso de patinetes elétricos no Estado do Rio de Janeiro e que tinham sido aprovados pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Um deles obrigava o usuário a passar por uma prova no Detran caso não tivesse carteira de motorista, além de pagar um cheque caução de R$ 1.700,00 se não tivesse seguro pessoal. A outra proposta aprovada pelos deputados determinava que os usuários deveriam... Leia mais
09 JUL

Volkswagen tem queda na receita no 1º semestre, mas vendas no Brasil crescem mais de 20%

O Brasil foi o mercado de maior crescimento das vendas da Volkswagen no primeiro semestre de 2019, avançando 20,9% na comparação com igual período de 2018. Para o mês de junho, o crescimento das vendas no país, de 13%, só perde para o aumento de 14,2% registrado na China. Em todo o mundo, as vendas da montadora alemã cresceram 1,6% em junho quando comparado com o igual mês de 2018, para 542,3 mil unidades. Se em junho as vendas no Brasil compensaram o recuo em outras... Leia mais
09 JUL

Waymo testa wi-fi gratuito em táxis autônomos nos EUA

A Waymo, empresa que também pertence à dona do Google, está testando liberar wi-fi gratuito em seus táxis autônomos que rodam desde dezembro passado em Phoenix, nos Estados Unidos. No fim de abril, ela também lançou streaming de música sem anúncios para passageiros, por meio do Google Play. G1 mostra como funciona a Waymo A Waymo também tenta atrair famílias com vantagens não tecnológicas: instalou uma cadeirinha infantil em cada minivan e garantiu que os veículos... Leia mais