Novidades

14 JUN

Jeremy Clarkson: Mercedes G 63 é o SUV ideal para desafiar os “anticarro”

O novo se parece bastante com o antigo: robusto, forte e com estilo militar (Divulgação/Mercedes-Benz)

Com dobradiças aparentes e chassi de carruagem, o Mercedes G 63 mantém o espírito da Primeira Guerra, mas tem tudo para encantar sua criança interior

A rodovia M1 é a espinha dorsal da Grã-Bretanha. Todos os dias cerca de 140.000 veículos trafegam por ela. Por isso, é vital para o bem da nação – e nossa sanidade – que seja mantida aberta e fluindo.

Qualquer um com um mínimo de bom senso deveria perceber isso. Só que não. Porque um trecho de 21 km foi fechado por 12 noites.

Trabalhadores que convertiam o acostamento numa quarta faixa precisariam remover algumas árvores, mas não pelos métodos tradicionais, porque o barulho das árvores caindo poderia acordar uma família de ratinhos silvestres que hibernava ali.

Então, os trabalhadores foram forçados, andando na ponta dos pés, a estacionar os guindastes na pista, para que as árvores pudessem ser arrancadas com cuidado e em silêncio, antes de serem carregadas em caminhões que as aguardavam.

Como é que é? Isso não ia acordar os bichinhos?

O fato é que apenas 2% da Grã-Bretanha é pavimentada. E o resto é verde. O que significa que os ratinhos têm um monte de lugares para morar, e lamento, mas se uma dúzia deles tem de ser acordada para manter a espinha dorsal da Grã-Bretanha funcionando, então que seja.

Mas vivemos em tempos estranhos, em que o motorista fica abaixo da salamandra e do morcego na ordem de prioridades.

E certamente estamos muito abaixo dos pedestres. O instituto Health Watchdog anunciou que, quando estradas são construídas, quem está a pé deve ter prioridade em relação aos motoristas.

A vice-presidente disse até que deseja que as estradas sejam tão atraentes que as pessoas se sintam incentivadas a largar o volante e caminhar.

Sim, e talvez em vez de coletes salva-vidas, aviões deveriam ter paraquedas, para que passageiros que estejam sobrevoando uma bela paisagem do mundo possam saltar e fazer um passeio pelo lugar.

Nossos gloriosos líderes estão até pensando em instalar rotatórias estilo holandês, para facilitar a vida da espécie no topo da hierarquia social – o ciclista.

Há uma rotatória dupla onde eu moro, e em teoria ela não é complicada. Mas ela confunde qualquer um que a encontre. As pessoas ficam paradas ali por horas, catatônicas pelo espanto e confusão.

A rotatória holandesa tem um anel externo para ciclistas. Você dá a preferência a eles e, quando não houver mais nenhum, um carro por vez pode cruzar para o anel interior, que funciona como uma rotatória normal. Não funciona. É muito confuso.

Mas é o que nossos líderes desejam: que nós fiquemos confusos.

Compravam por achar que ele era descolado. E era mesmo! (Divulgação/Mercedes-Benz)

Eles querem que fiquemos presos em um engarrafamento de 80 km causado por ratinhos dormindo. Eu sempre disse que se o automóvel tivesse sido inventado ontem, nenhum governo da Terra permitiria que a população em geral o usasse.

Ele seria reservado para os militares e serviços de emergência. A ideia de que você, um contador, pudesse usar um para visitar seus avós no interior, seria risível.

Mas como tivemos essa liberdade por mais de 100 anos, agora eles não podem simplesmente tirá-la. Então, estão incomodando tanto a vida do viajante independente que terminamos desistindo e tomando um dos seus ônibus.

E é por isso que você não pode evitar sorrir quando descobre que a Mercedes acabou de lançar o seu G-Wagen, ou Mercedes-AMG G 63, como ele é chamado agora.

O modelo antigo era, de fato, um caminhão militar.  Projetado nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, era feito de carvão e latão e guarnecido com bordas afiadas e pontos onde você podia montar uma metralhadora Spandau.

Mas, então, no final do século 20, alguém resolveu que, se fosse equipado com um motor movido a gasolina em vez de vapor e revestissem o interior com couro, ele poderia ser usado por civis.

Apesar do seu preço ridiculamente alto, deu certo. Impulsionadas talvez pelo desejo de não ser mais um motorista de Range Rover, as pessoas compraram G-Wagens e andaram por aí neles, achando que estavam passando uma imagem descolada.

E estavam. Mas, Deus do Céu, eles eram terríveis de dirigir. E apertados. E beberrões. E burros.

O novo modelo tenta lidar com esses pontos fracos. E então, em vez de um sistema de direção feito de esperança, ele possui um conjunto de cremalheira e pinhão eletromecânico.

E em vez de uma suspensão dianteira feita de pedaços de um navio de guerra alemão, ele traz braços sobrepostos. Mas continua tendo um chassi de longarinas. Como uma carruagem.

Isso significa que, embora continue irrequieto enquanto você dirige, ele vai mesmo para onde você quer que vá. E como ele é maior do que suas versões anteriores, você não se sente mais esmagado lá dentro.

Por fora ele é bem parecido com o modelo antigo: robusto, forte e com estilo militar. Você ainda tem dobradiças aparentes e portas que você tem de bater forte – bem forte – para que realmente fechem.

Mas por dentro ele é totalmente diferente. Você tem telas com meio metro de largura e um sistema de iluminação que deixariam a boate Pacha, em Ibiza, com vergonha.

Todo adolescente que viu e sentou no G-Wagen que eu estava testando queria um imediatamente. E minha criança interior de nove anos também.

Eu gostei especialmente do motor, um V8 biturbo que desenvolve 585 cv e um torque de 86,7 mkgf, de romper os pulmões. Isso significa que você pode chegar a 100 km/h em 4,5 segundos, e isso é hilário.

Mas não tão hilário quanto os escapamentos que saem pelas laterais do carro, não na traseira. Por quê? Ora, por que não?

Você poderia imaginar que, como ele foi ajustado para a vida nas cidades, parte de sua capacidade off-road se perdeu. Talvez sim.

Mas o carro continua tendo uma enorme distância livre em relação ao solo e descobri que, mesmo com pneus de estrada, ele lidou melhor com uma estradinha de terra até do que o Land Rover mais lameiro.

Eu ainda escolheria ter um Range Rover. Ele tem mais dignidade. E não é tão caro. 

Mas eu adorei o G-Wagen, sobretudo porque simplesmente não há outro carro fabricado hoje em dia que enfrente tão firmemente a tempestade anticarros sem sentido que vem de todos os outros lugares.

Este é um carro que genuinamente desafia ciclistas, ratos silvestres e vigilantes do governo. E só por isso eu desejo o melhor para ele.

Jeremy Clarkson

É jornalista, apresentador do programaThe Grand Tour e celebridade amada pelos fãs e odiada por algumas marcas

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

26 ABR

Uber define oferta de ações e avalia companhia em até US$ 91,5 bilhões

A Uber divulgou nesta sexta-feira (26) os termos para sua oferta pública inicial (IPO), dizendo a investidores que a empresa de transporte por aplicativo e os envolvidos buscam vender até US$ 10,35 bilhões em ações, avaliando a companhia em até US$ 91,5 bilhões. Em documento enviado ao órgão regulador, a empresa definiu uma faixa de preço-alvo de US$ 44 a US$ 50 por ação, e que venderá 180 milhões de ações na oferta, com um adicional de 27 milhões de papéis vendidos... Leia mais
26 ABR

O curso de R$ 20 mil que te ensina a dar drift no gelo a bordo de um Audi

Um errinho aqui, outro ali, a trilha se apaga e o traçado muda a cada volta (Johannes Holmuld/Quatro Rodas)“Freie antes da curva, freie antes da curva!” O instrutor não parava de repetir a frase pelo walkie-talkie. É quase um mantra que ouvimos o curso inteiro. Mas ninguém respeita. E a toda hora vejo um carro mergulhando sem dó em um monte de neve.Toda a teoria de pilotagem que eu tenho na cabeça não funciona muito bem nesse cenário: estou dirigindo sobre um lago congelado,... Leia mais
26 ABR

Quem é o dono dessa bike? Conheça as empresas por trás do compartilhamento de bicicletas e patinetes no Brasil

Desde o início do ano, patinetes e bicicletas compartilhadas tomaram conta das ciclovias, calçadas e ruas em uma grande parte das capitais brasileiras — uma movimentação que no ano passado já era comum em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro. O serviço vai crescer ainda mais: a Uber, por exemplo, pretende chegar ao mercado brasileiro com bicicletas e patinetes ainda neste ano. A "briga" vai ser boa. O G1 levantou que, até março, 14 capitais já contam com... Leia mais
26 ABR

Dono de Tipo que pegou fogo ainda terá de esperar 2 anos por indenização

Cena mais comum do que gostaríamos: um Tipo incendiado (Reprodução/YouTube/Internet)Em março deste ano, ex-proprietários do Fiat Tipo (1994) se surpreenderam com a notícia de que, passados 23 anos da ação civil pública iniciada pela Avitipo, Associação de Consumidores de Automóveis e Vítimas de Incêndio do Tipo, eles finalmente poderiam ser indenizados e receber por perdas materiais e danos morais.QUATRO RODAS conversou com o Advogado David Nigri, porta-voz da Associação, para... Leia mais
26 ABR

QUATRO RODAS de maio: os novos sedãs compactos que chegam em 2019

Para quem estava cansado de SUVs, o mercado de sedãs compactos nacional recebe lançamentos de destaque entre o final deste ano e 2020.Nesta edição de maio, QUATRO RODAS apresenta com detalhes quatro lançamentos: Chevrolet Onix Sedan, Nissan Versa e, com novos visuais, Hyundai HB20S e Renault Logan. Além do design, esses compactos têm como diferencial novos aparatos tecnológicos. Dois dos modelos são novidades descobertas por nossas reportagens in loco nos salões de Xangai (China) e... Leia mais
25 ABR

Clássicos: VW Brasília LS, o último suspiro do hatch contra Gol e Chevette

O verde Mantiqueira ainda é uma das cores mais famosas da Brasília LS (Christian Castanho/Quatro Rodas)Quem tem mais de 50 anos sabe que é impossível recordar os anos 70 sem trazer uma lembrança da Brasilia. Pequeno por fora e grande por dentro, o “modelo 102” foi uma ideia do alemão Rudolf Leiding, executivo responsável pela filial de São Bernardo do Campo até 1971. Aliando a confiabilidade do Fusca ao estilo avançado de Marcio Piancastelli e José Vicente Martins, a Brasilia... Leia mais