Novidades

07 JUN

Clássicos: Ford Escort XR3 era estiloso e caprichado, mas faltava fôlego

Escort tinha a melhor aerodinâmica do país (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O Escort foi a maior novidade da Ford em 1983, projeto mundial que trouxe grandes avanços: motor transversal, aerodinâmica apurada e suspensão independente nas quatro rodas.

Mesmo com ênfase na economia, o departamento de marketing aprovou a versão XR3, que logo se tornou objeto de desejo.

Sigla para Experimental Research 3, o XR3 era o mais caro dos Escort e diferenciava-se por apêndices aerodinâmicos, faróis auxiliares (de neblina e longo alcance), rodas aro 14 com pneus 185/60 e teto solar.

O terceiro volume curto fazia dele um notchback (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O interior trazia o caprichado acabamento Ford, caracterizado por bancos esportivos e volante de diâmetro reduzido.

No lugar do moderno motor CVH (Compound Valve angle Hemis-pherical chamber) europeu, o Escort nacional recebeu o CHT (Compound High Turbulence). Era uma atualização daquele utilizado no Corcel desde 1968, ainda com comando no bloco.

O cabeçote teve dutos e válvulas redimensionados, o comando foi substituído por outro mais agressivo e ganhou novos coletores de admissão e escape.

Série especial Laser foi limitada a 1.000 unidades (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A potência saltou de 73 cv para 82,9 cv com etanol: bem longe dos 97 cv do XR3 europeu, mas o suficiente para ir de 0 a 100 km/h em 14,34 s e chegar a 164,76 km/h.

Agradou pelas respostas rápidas, marcha lenta regular e funcionamento sem falhas. O escapamento era dotado de um ronco grave e peculiar mas com baixo nível de ruído.

Motor CHT destoava do conjunto (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O câmbio de engates precisos tinha relações de marchas mais curtas para manter o motor sempre em rotações mais altas, mas sem comprometer o consumo.

Bem mais firme que a do Escort normal, a suspensão garantia ótima estabilidade e comportamento tipicamente esportivo, com tendência ao subesterço no limite da aderência e sobresterço ao aliviar o acelerador.

Freios eficientes e direção precisa pareciam agradar o jovem piloto Ayrton Senna, garoto-propaganda do XR3.

O volante pequeno exigia braços fortes em manobras (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Seu brilho foi rapidamente ofuscado pela concorrência. Em abril de 1984, surgiu o VW Gol GT, melhor em estabilidade e desempenho graças ao seu 1.8 calibrado para render declarados 99 cv.

A aerodinâmica deficiente o tornava um pouco mais veloz que o XR3, porém era consideravelmente melhor em acelerações e retomadas.

Mas seu apelo não mudou. O XR3 das fotos é a série especial Laser, uma das novidades para 1985, sempre branco Andino e com filetes coloridos nas laterais e calotas alemãs.

Cluster trazia mostradores de combustível e temperatura ao centro (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A outra foi a carroceria conversível, produzida em conjunto com a Karmann Ghia: era 75% mais caro que o XR3 fechado.

Reestilizado, o modelo 1987 foi capa de QUATRO RODAS com a grade integrada ao para-choque, capô e faróis redesenhados e lanternas sem ranhuras horizontais.

Perdeu os faróis de neblina, mas ganhou 4 cv graças ao menor atrito dos componentes internos do novo CHT E-Max.

Console tem gaveta para até quatro fitas cassete, ajuste manual de fading do sistema de som e teclas para os faróis auxiliares (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Sem fôlego para encarar os novíssimos VW Gol GTS e Fiat Uno 1.5 R, o XR3 apostava em um interior luxuoso e confortável.

Para que ninguém duvidasse de seu temperamento pacato, a suspensão foi recalibrada para oferecer mais conforto: adotou amortecedores pressurizados e barra estabilizadora traseira para atenuar a maior rolagem da carroceria.

O XR3 só mudou sua personalidade em junho de 1989: a estreia do Chevrolet Kadett forçou a Autolatina (união entre Ford e VW) a utilizar o motor AP 1800 S, o mesmo do Gol GTS.

Porta-malas oferece 382 litros de volume (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A potência declarada ainda era de 99 cv, mas há quem diga que era maior: chegava a 100 km/h em 10,45 s e atingiu 172,8 km/h de máxima. O novo XR3 só ficava atrás do Gol GTI e Kadett GS, com motores 2.0.

Os três últimos anos de produção foram marcados por para-choques da cor da carroceria, amortecedores eletrônicos Cofap (série especial Fórmula, de 750 unidades) e direção hidráulica.

Para muitos fãs, o XR3 de segunda geração apresentado na linha 1993 não foi um sucessor à altura.

 

Motor: transversal, 4 cilindros, 1.555 cm3, comando no bloco, carburador de corpo duplo; 82,9 cv a 5.600 rpm; 12,8 mkgf
a 4.000 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Dimensões: compr., 396 cm; largura, 164 cm; altura, 132 cm; entre-eixos, 240 cm; peso, 936 kg
Pneus: 185/60 R14

Aceleração
0 a 100 km/h: 13,45 s

Velocidade máxima
162,34 km/h

Consumo
7,96 km/l (urbano) e 12,72 km/l (rodoviário)

Preço
Cr$ 15.364.262 (jun/84)
Atualizado: R$ 124.800 (IPC-A/IBGE)

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

12 ABR
Mini-Toro ou Uno de caçamba? De onde vem cada parte da nova Fiat Strada

Mini-Toro ou Uno de caçamba? De onde vem cada parte da nova Fiat Strada

Cabine dupla com quatro portas: talvez a maior novidade da nova Strada (Fernando Pires/Quatro Rodas)A FCA fez de tudo para tornar a segunda geração da Fiat Strada (já revelada, mas com lançamento adiado para julho deste ano) uma espécie de “mini-Toro”.A silhueta lateral da picapinha na inédita configuração cabine dupla quatro-portas não nos deixa mentir, assim como o formato praticamente idêntico das lanternas traseiras.Mas há outros modelos produzidos pela marca italiana no... Leia mais
11 ABR
A picapinha 4-portas que deu receita à Strada e salvou a Dacia da falência

A picapinha 4-portas que deu receita à Strada e salvou a Dacia da falência

– (Domínio Público/Wikipedia)A Fiat Strada, enfim, ganhou uma nova geração após 21 anos de mercado, trocando a antiga plataforma do Palio por uma estrutura própria (batizada de MPP).Entre as novidades mais alardeadas pela Fiat está a inédita configuração cabine dupla de quatro portas com cinco lugares, exclusividade entre as picapes pequenas brasileiras.No entanto, essa concepção não é novidade entre os utilitários com caçamba de estrutura monobloco. A letã Raf 2909 está... Leia mais
10 ABR
VW Kombi brasileira quase trocou base do Fusca pela do Gol bolinha

VW Kombi brasileira quase trocou base do Fusca pela do Gol bolinha

Com base de Gol da segunda geração, a nova Kombi levaria sete pessoas. “Degrau” no para-choque indica duas sugestões distintas de design dianteiro (Internet/Reprodução)A Volkswagen Kombi se manteve praticamente igual durante 63 anos e nove meses. Mas você sabia que a “Velha Senhora”, considerada o carro que ficou mais tempo em produção, quase teve um substituto desenvolvido no Brasil – e com plataforma emprestada do Gol?“Desenvolvemos várias propostas para substituir a... Leia mais
10 ABR
Os itens que a Fiat Strada Volcano tem e uma Toro R$ 10.000 mais cara não

Os itens que a Fiat Strada Volcano tem e uma Toro R$ 10.000 mais cara não

Fiat Strada Volcano enfrenta Fiat Toro Endurance, em um duelo familiar (Arte/Quatro Rodas)– (Fernando Pires/Arte/Quatro Rodas)A Fiat Strada é um dos principais lançamentos deste ano no mercado nacional. A picape compacta é a líder de vendas em seu segmento e ganhou uma segunda geração após mais de 20 anos de produção.A marca iria realizar a apresentação oficial do modelo em março, mas devido a pandemia de Coronavírus, foi adiada. Para seguir na liderança dos emplacamentos, a... Leia mais
09 ABR
Biblioteca QUATRO RODAS: 10 livros indispensáveis para todo fã de carro

Biblioteca QUATRO RODAS: 10 livros indispensáveis para todo fã de carro

– (Arte/Quatro Rodas)Em época de quarentena pela pandemia do coronavírus, sem poder sair de casa e entediado, nada melhor do que a companhia de um bom livro, não é mesmo?QUATRO RODAS listou dez títulos para quem ama veículos e também a história da indústria automotiva. Se houver interesse em algum dos exemplares, basta clicar no link ao final da descrição, para ser direcionado à página de compra. Boas leituras!– (Amazon/Reprodução)Impossível iniciar esta lista sem a obra... Leia mais
09 ABR
QUATRO RODAS de abril: testamos o novo Chevrolet Tracker 1.2 turbo

QUATRO RODAS de abril: testamos o novo Chevrolet Tracker 1.2 turbo

SUV compacto tem produção nacional em São Caetano do Sul (SP) (Christian Castanho/Quatro Rodas)Lançado oficialmente em março, pouco antes da pandemia do coronavírus tomar proporções maiores, o novo Chevrolet Tracker quer encarar de frente Jeep Renegade e VW T-Cross, líderes entre os SUVs compactos.Para isso a nova geração do modelo da GM aposentou o motor 1.4 turbo, agora restrito ao Cruze, e passou a utilizar o mesmo 1.0 turbo da família Onix e o novo 1.2 turbo, de até 133 cv e... Leia mais