Novidades

21 MAI
Por que Niki Lauda foi o campeão mais resiliente da história da F1

Por que Niki Lauda foi o campeão mais resiliente da história da F1

Lauda não gostava de ser fotografado do lado onde as cicatrizes eram mais presentes (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Lauda não gostava de ser fotografado do lado onde as cicatrizes eram mais presentes (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Morreu Andreas Nikolaus Lauda. Morreu Niki Lauda.

Uma figura que se tornou tão corriqueira nos bastidores da Fórmula 1 que Fernando Pires, editor de arte de QUATRO RODAS e também fotógrafo, conseguiu produzir as belas imagens que compõem este triste obituário.

“Era para eu ter mais [fotos dele]. Ele passava tanto pelo paddock que eu até desencanei. Devia ter feito mais”, comenta um incrédulo Fernando, como se não acreditasse que um ícone de seu calibre não é eterno. E não é.

Um desavisado não diria que este senhor de boné foi um dos maiores nomes do automobilismo mundial (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Talvez seja, também, porque Lauda caminhava pelos corredores da F1 de maneira um tanto descompromissada, como se nada de tão importante tivesse sido ou representado.

Vestia sempre uma camisa social e, se fazia um pouco mais de frio, um discreto suéter. Na cabeça, um boné com a marca de algum patrocinicador tentava amenizar as imperfeições provocadas, nos cabelos e na face, pelas queimaduras sofridas no GP da Alemanha de 1976.

Se algum desavisado o visse naquelas circunstâncias, dificilmente identificaria que ali caminhava uma das maiores lendas da história do automobilismo mundial. Só repararia, com certeza, nas chamativas cicatrizes.

Mas o austríaco nascido em Viena não merece homenagens apenas por ter sido tricampeão mundial e detentor de 25 vitórias na princial categoria do esporte a motor.

Faz jus a elas, especialmente, pelas circunstâncias em que desenvolveu sua tão bem-sucedida carreira.

Lauda foi campeão em 75, 77 e 84 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Lauda nunca foi um abastado que teve a carreira financiada pela família. Pelo contrário: sua escolha de profissão gerou desaprovação por parte dos pais, o que o levou a romper laços familiares até o fim dos dias.

Para financiar o salto necessário das competições locais de turismo e F-Vee para a Fórmula 2, em 1971, Niki recorreu a suntuosos empréstimos bancários que o permitiram comprar uma vaga na equipe March.

Tampouco sua transição para a F1 foi fácil. Promovido por Robin Herd, então chefe da March, a segundo piloto de Ronnie Peterson em 72, o ás fez uma temporada de estreia terrível.

Sem marcar pontos e com dívidas enormes a quitar, chegou a cogitar o suicídio naquele momento da vida.

Lauda conversando com Nelson Piquet. Ao fundo, Lewis Hamilton. Somados, 11 títulos mundiais (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Após cavar uma quase milagrosa segunda chance na BRM, em 73, alcançou desempenho mais digno e virou amigo de Clay Regazzoni. Líder da BRM até então, o suíço assinou contrato com a Ferrari para 74 e fez questão de convencer a escuderia a levar, de lambuja, Lauda como seu escudeiro.

Mal sabia Regazzoni o peso da decisão que tomara, pois Lauda aproveitou o ambiente muito mais salubre de Maranello para impor sua filosofia metódica de trabalho e se tornar a nova referência do time em termos de velocidade e finesse técnica.

O primeiro título poderia ter vindo já em 74, quando Niki foi o piloto mais veloz do campeonato, mas cometeu alguns erros e também sofreu quebras cruciais. Acabou ficando para 75, numa campanha dominante.

Depois, veio 76 e o fatídico acidente em Nürburgring, que quase lhe custou a vida e foi determinante para o desfecho da temporada em favor de James Hunt.

Imagem rara era ver Lauda sem um boné (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mesmo carregando em seu corpo as sequelas do incêndio no Inferno Verde – visíveis em sua face e que, tantos anos depois, foram decisivas para apreviar sua vida -, Lauda foi capaz de regressar às pistas poucas semanas depois para brigar pelo título de 76.

Perdeu, mas confirmou o bicampeonato em 77, e ainda o tri em 84. No meio do caminho, chegou a interromper a carreira para se tornar dono de uma companhia aérea, a Lauda Air, que nunca decolou da forma como o piloto gostaria.

Sobre a Lauda Air, aliás, vale notar que a frota de aviões da empresa era batizada com nomes de ícones da música, como Freddie Mercury, Kurt Cobain, George Harrison, Miles Davis, Frank Zappa e afins.

Mesmo representando a Mercedes, Lauda transitava bem em outras equipes, como nesta imagem em que conversava com Christian Horner e Helmut Marko, da Red Bull (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Sobre Lauda, é preciso dizer que a fama de piloto extremamente frio pintada no filme Rush não é totalmente certeira.

Sim, Niki era calculista, e provou isso nas conquistas dos campeonatos de 77 e, especialmente, 84, quando barrou um ávido Alain Prost puramente na base da astúcia, mesmo já não apresentando a mesma velocidade do jovem companheiro francês de McLaren.

Só que nenhum indivíduo frio desse jeito teria a audácia de mandar Bernie Ecclestone às favas antes mesmo do fim da campanha de 79, quando estava de saco cheio das limitações da Brabham.

Os últimos anos de vida Lauda dedicou a uma função um tanto simbólica de “presidente não executivo” da equipe Mercedes. Dizem que teve papel decisivo na contratação de Lewis Hamilton, lá em 2012.

Nenhum desses méritos Andreas Nikolaus ostentava em seu caminhar tranquilo pelos paddocks da F1 com sua camisa, seu suéter e seu boné. Apenas as cicatrizes, estas com certeza, eram capazes de denunciar que ali passava o mais resiliente dos campeões na história do automobilismo.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

27 JUN

Hyundai Azera de nova geração chega ao Brasil por R$ 269.900

A nova geração do Hyundai Azera, prometida no ano passado durante o Salão do Automóvel de São Paulo, já está à venda no Brasil. Disponível em versão única, o sedã mais caro da marca parte de R$ 269.900. O modelo é sempre equipado com motor 3.0 V6 a gasolina de 261 cavalos de potência, 31 kgfm de torque e câmbio automático de 8 marchas. De acordo com a marca, ele vai de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos. Entre os itens de série, há piloto automático adaptativo,... Leia mais
27 JUN

Longa Duração: Citroën C4 Cactus sobrevive o ritual de iniciação da frota

Múltiplos tipos de marcação: blindagem antifraude (Fernando Pires/Quatro Rodas)Quem acompanha o Longa Duração já está acostumado com as duas primeiras missões de cada novo carro que é incorporado à frota: a marcação das peças e o teste inicial completo.O primeiro ato ocorre sempre no mesmo local: a oficina Fukuda Motorcenter, onde nosso consultor técnico, Fabio Fukuda, aplica um múltiplo serviço de identificação das peças.“Faço marcações de posição de parafusos e... Leia mais
27 JUN

Uma versão é o que restará ao Chevrolet Cobalt antes da aposentadoria

Chevrolet Cobalt LTZ é a única versão do sedã disponível para qualquer pessoa (Divulgação/Chevrolet)O Chevrolet Cobalt já está na linha 2020. Mas não há mudanças no visual ou no pacote de equipamentos.A grande novidade é o corte de sua versão topo de linha Elite 1.8, em detrimento da versão LTZ 1.8, que costuma responder por quase 70% das vendas do sedã.Com preço inicial de R$ 75.790, o Cobalt LTZ 1.8 passa a ser a única versão que qualquer consumidor pode comprar. Além do... Leia mais
27 JUN

Correio Técnico: Qual é o melhor método para fazer o balanceamento?

O balanceamento na máquina é o mais comum nas oficinas e concessionárias (Silvio Goia/Quatro Rodas)É melhor balancear o pneu com a roda instalada no carro ou na máquina? – Wagner Ribeiro, São Paulo (SP)Não há diferença entre os processos. O balanceamento com os pneus instalados em uma máquina, porém, é mais comum nas oficinas. “O importante é fazer o serviço a cada 5.000 km, quando o carro cai em um buraco profundo e/ou quando o motorista sentir uma vibração no volante”,... Leia mais
27 JUN

Fiat Toro 2020 custa entre R$ 92.990 e R$ 159.990; veja todos os preços

Três semanas depois de ter sido anunciada, a Fiat Toro 2020 finalmente teve os preços definidos. O configurador do site da marca já mostra os valores da picape. Veja abaixo: Endurance 1.8 flex manual - R$ 92.990Endurance 1.8 flex automática - R$ 98.990Freedom 1.8 flex automática - R$ 109.990Volcano 2.4 flex automática - R$ 122.990Endurance 2.0 diesel 4x4 automática - R$ 129.990Freedom 2.0 diesel 4x4 automática - R$ 140.990Volcano 2.0 diesel 4x4 automática - R$ 152.990Ranch 2.0... Leia mais
26 JUN

Acha o Hyundai Azera usado barato? Pois um novo custa R$ 270.000

Novo Hyundai Azera (Divulgação/Hyundai)Quem nunca leu um comentarista de internet bradar que, pelo preço de um modelo qualquer zero-quilômetro, seria muito mais negócio comprar um Hyundai Azera usado?O sedã grande coreno chegou ao Brasil primeira vez em 2007, na sua quarta geração. Em 2012, trocou de plataforma e parou de ser importado em 2017.Nesse curto período, tornou-se referência em custo-benefício no mercado de usados.Traseira do novo Hyundai... Leia mais