Novidades

09 MAI

Impressões: dirigimos o supertrator de 9 metros com preço de Porsche 911

A 12M atinge 47km/h de velocidade, o que é bastante para um uso na terra (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A curiosidade de dirigir uma máquina pesada foi o que me levou a procurar a Caterpillar. O modelo escolhido foi uma motoniveladora, que me assustou já no primeiro contato: não tinha volante. No lugar, havia um joystick.

Ou seja: além de dirigir esse monstro, fiz isso por meio de um joystick, o que para mim era coisa de carro experimental, como o Mercedes F200, de 1996, e o Honda Micro Commuter, de 2001.

E a motoniveladora modelo 12M não tem só um joystick, mas dois – eles incorporam ainda as trocas de marchas, ajustes de configuração do equipamento e todas aquelas alavancas que uma motoniveladora tradicional tem.

Além dos joysticks, me impressionei com o preço: R$ 795.000 (R$ 50.000 mais caro que um Porsche 911 Targa 4S, que custa R$ 745.000). Me admirei também com seu tamanho: a 12M tem 8,75 metros de comprimento.

Motoniveladora é usada para dar acabamento final ao terreno (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Mas a unidade avaliada trazia um acessório traseiro (um tipo de arado chamado ríper) que fez seu comprimento chegar a 10,14 metros. Na altura, são 3,31 metros. Para chegar à cabine, é preciso vencer quatro degraus.

Antes de assumir os joysticks, recebi instruções do funcionamento da máquina. E veio logo a primeira lição: nunca chame uma motoniveladora de trator, porque para os especialistas no ramo da construção trator é um modelo com esteiras.

A posição de dirigir é confortável. O banco acomoda bem o corpo. Sua espuma é firme, seu formato é anatômico e o assento tem amortecimento pneumático, como nos caminhões.

Os joysticks estão na ponta dos descansa-braços, onde há apoios para os pulsos. E a cabine é toda envidraçada – o que garante boa visibilidade não só do terreno, mas também dos implementos da máquina.

Com as portas fechadas, o ambiente fica bem isolado acusticamente e não faltam nem ar-condicionado e sistema de som com Bluetooth a bordo.

Motoniveladora é usada para dar acabamento final ao terreno (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O painel desta patrola – nome que identifica máquinas usadas em serviços de terraplanagem – traz as informações básicas de um carro, como temperatura de água e de óleo, nível do tanque de combustível, conta-giros, velocímetro, indicador de marcha em uso e luzes-espia.

Ele fica no alto de uma coluna bem à frente do operador e reúne ainda as saídas de ventilação, a chave de ignição e o botão de bloqueio da máquina.

Mais abaixo ficam os pedais, o modulador (que acaba fazendo a função de embreagem), freio e acelerador.

Me acomodei no posto do operador e antes de começar já não lembrava da maior parte da explicação que acabara de ouvir, de tanta coisa que havia. Mas não me apavorei. Iniciei pelo que eu sei fazer de longa data: colocar a máquina em movimento.

Nisso, a 12M é igual a qualquer veículo com rodas e motor. Foi só acelerar e segurar o volante (no caso, o joystick). Com a motoniveladora em movimento, tive tempo para pensar no que fazer.

Cabine envidraçada permite observar a lâmina em contato com a terra (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Depois de andar em linha reta por algum tempo na pista de provas da Caterpillar, em Piracicaba (SP) – uma vasta área de terra solta onde eu tinha liberdade para acelerar e fazer as manobras que quisesse em segurança –, passei a conferir cada uma das possibilidades dos joysticks.

A 12M é um equipamento lento. Com motor diesel 7.2 aspirado de seis cilindros e 213 cv, atinge 47 km/h de máxima. Parece pouco, mas, quando se trabalha na terra, é muito. Em geral, os operadores dessas máquinas andam devagar quase parando.

No reino dos equipamentos usados na construção civil, a motoniveladora é considerada a mais refinada, pois sua função é dar o acabamento final ao terreno, enquanto escavadeiras e tratores fazem o trabalho pesado de movimentação da terra.

O ponto forte do motor está literalmente no torque: 107 mkgf a 2.000 rpm (mais que o dobro dos 45,9 mkgf da Toyota Hilux 2.8 turbo). É força suficiente para vencer obstáculos e aplainar a estrada enquanto carrega seu próprio peso, de 18,5 toneladas (sem opcionais).

A transmissão ajuda: são 14 marchas, oito à frente e seis à ré. A tração é do tipo 6×4 (só as quatro traseiras tracionam), com opcional para 6×6.

O joystick esquerdo controla a direção, a inclinação das rodas, a articulação do chassi e a seleção da velocidade, com opção do sentido da tração, no gatilho (RNF) (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Sigo experimentando o equipamento e explorando o campo de provas. Ao contrário de um automóvel, os pedais são pouco usados na 12M.

Isso porque, o modulador (ou “embreagem”) só é necessário na arrancada e na mudança de sentido da máquina (marcha à frente e ré), que é feita com o joystick.

O freio na prática não é usado porque, como o motor tem muita força, bastava aliviar o acelerador para o freio-motor resolver a questão. Além disso, o próprio terreno se encarrega de parar as rodas, principalmente quando a lâmina está abaixada.

Mas o Caterpillar conta com um comando de acelerador eletrônico desenvolvido para operações de longas distâncias, no joystick da direita.

No que diz respeito às funções de mobilidade, o desacelerador e o ativador/desativador do bloqueio diferencial são os únicos comandos no joystick da direita.

Já o da esquerda direciona o veículo, que se movimenta quando eu desloco a alavanca para a esquerda ou para a direita.

Nesse joystick também estão os comandos para trocas de marchas, que têm as posições F (frente), N (neutro) e R (ré).

O banco é anatômico e tem amortecimento (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Para inverter o sentido da tração, basta pisar no modulador e apertar um gatilho localizado na parte de baixo do joystick ou, dependendo da marcha em uso, só apertar o gatilho, sem a necessidade de fazer a modulação.

Os movimentos das alavancas são curtos, sensíveis e sem esforço.

Ainda no joystick do lado esquerdo, com o movimento de torção, é possível movimentar a articulação traseira, onde fica o motor da máquina (a união da traseira com a dianteira fica bem abaixo da cabine), o que facilita as manobras.

Para voltar a alinhar a motoniveladora, basta apertar um botão amarelo localizado à direita do joystick.

Há ainda dois botões pretos que servem para inclinar as rodas dianteiras, o que também ajuda a direcionar a máquina no campo, especialmente nas situações em que sua frente tende a derivar ao acumular terra na lâmina.

E mais dois botões amarelos, usados para trocar as marchas no modo sequencial: o de cima, avança, o de baixo, reduz.

A cabine conta com isolamento acústico, ar-condicionado e até sistema de som (Fernando Pires/Quatro Rodas)

As funções de motoniveladora – que nas menos modernas (ou convencionais, porque ainda continuam em produção) estão a cargo de até dez alavancas – ficam reunidas no lado direito.

Com esse joystick é possível ajustar a posição da lâmina, que pode variar em altura, deslocamento lateral, ângulo de ataque, ângulo de direção e inclinação. Baixei a lâmina e ela começou a raspar o terreno.

Mas acho que exagerei na altura e no ângulo de ataque, porque em pouco tempo a terra começou a se avolumar, encobrindo a lâmina e oferecendo resistência ao movimento.

Me livrar desse obstáculo foi fácil, porém. Bastou levantar a lâmina e acelerar. A máquina passou por cima do morro acumulado como se ele não existisse.

Terminei meu test-drive entusiasmado com meu desempenho no comando da patrola.

Mas, segundo o instrutor, um operador de motonivelador precisa ter visão e sensibilidade apuradas para realizar as tarefas que em algumas situações requerem ajustes milimétricos da lâmina.

Por ele pode levar de um a dois anos de prática para tornar-se um craque na máquina.

Eu olho para o campo de provas que estava alisado quando iniciei meu test-drive, e agora está todo revolvido, e entendo perfeitamente o que o funcionário quis dizer. Dirigir a motoniveladora foi divertido, mas eu morreria de fome se dependesse disso para ganhar a vida.

Depois de dirigir a motoniveladora, passei a prestar mais atenção nessas máquinas tão úteis, cheias de força e tecnologia. São monstros no tamanho, mas muitas vezes exigem delicadeza e sensibilidade no manuseio.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

27 MAR
Coronavírus faz circulação de veículos cair pela metade no Brasil

Coronavírus faz circulação de veículos cair pela metade no Brasil

Estudo revela que tempo gasto no carro e viagens por semana caíram muito devido ao Covid-19 (Arquivo/Quatro Rodas)A principal orientação das autoridades de saúde para conter a pandemia da Covid-19 tem sido o isolamento total da população. Ou seja, não sair de casa.O resultado já pode ser percebido, inclusive, pelo movimentos nas vias brasileiras.De acordo com levantamento da empresa de tecnologias automotivas Wings, o tempo gasto por dia dentro do veículo caiu 50,35% no período de 18... Leia mais
27 MAR
Menor Custo de Uso 2020: os sedãs médios mais baratos de manter

Menor Custo de Uso 2020: os sedãs médios mais baratos de manter

Prius: custa caro na saída, mas pelo menos o híbrido “devolve” parte do investimento com seu baixo consumo de combustível (Fernando Pires/Quatro Rodas)O primeiro filtro deste comparativo foi feito com a seleção dos dez modelos mais vendidos em 2019 – o Prius foi o décimo colocado.Mas, apesar de ser o último a entrar no baile, o híbrido conquistou a primeira posição da categoria com muita facilidade – até porque o preço de tabela não é levado em conta, já que a proposta... Leia mais
27 MAR
Novo Renault Sandero só chega em 2022, mas projeção antecipa o visual

Novo Renault Sandero só chega em 2022, mas projeção antecipa o visual

Novo Sandero terá visual inspirado no Clio europeu (Kolesa/Reprodução)O Renault Sandero acabou de ganhar uma reestilização. Mas a nova geração já está a caminho e chegará ao Brasil em 2022 – e pode atrasar até 2023. O modelo terá visual inspirado no Clio europeu e, para antecipar as novidades, o site Kolesa já criou uma projeção.De acordo com informações do parceiro Autos Segredos, o hatch (assim como o irmão Logan) terá uma atualização profunda da plataforma B0,... Leia mais
27 MAR
Novo Chevrolet Tracker: motor 1.2 aproveita muito do 1.0, mas o que muda?

Novo Chevrolet Tracker: motor 1.2 aproveita muito do 1.0, mas o que muda?

Novo Tracker tem dois motores que são muito parecidos entre si – e de propósito (Arte/Quatro Rodas)A família de motores CSS Prime, que equipa os novos Chevrolet Onix e Onix Plus, e agora também o novo Tracker, é novinha. E segue estratégias interessantes para simplificar a produção e também as futuras manutenções.Criados a partir de um motor usado pela Opel (falaremos mais disso adiante), os CSS Prime não têm injeção direta nem árvore contrarrotativa (usada para atenuar as... Leia mais
27 MAR

Recall: aviso aos donos dos AMG E 63 S, S 63 L, S 63 Coupé, G 63 e GT 63 S

 (Mercedes-Benz/Divulgação)Sistema envolvido: linhas de alimentação aos turbocompressores.Razões técnicas: constatou-se uma possível inconformidade produtiva no material (borracha) das linhas de alimentação (mangueiras) de óleo para os turbocompressores.Riscos e implicações: tal inconformidade poderia, ao longo do tempo, ocasionar vazamentos de óleo lubrifi cante sobre superfícies quentes do motor. Em situações extremas, não se descarta o início de incêndio no compartimento... Leia mais
26 MAR

Onix, Uno, Sandero: 10 carros que mudaram de nome no Brasil

Difícil encontrar uma pessoa que não tenha passado em algum momento da vida, mesmo que da maneira mais breve e branda possível, por uma crise de identidade.Com estes dez carros aconteceu ou está para acontecer o mesmo: para eles, a crise foi tão grande que todos trocaram de nome.Nossa lista tem alguns exemplos clássicos e bem conhecidos, mas também alguns surpreendentes. E tem até modelo que trocou de nome não uma, mas sim duas vezes.É a estreia da seção Top Ten, já conhecidíssima... Leia mais