O Salão de Xangai abriu suas portas nesta terça-feira (16) preocupado com a queda das vendas de veículos na China, o maior mercado mundial.
Organizado a cada ano alternadamente com Pequim, este salão ainda é uma reunião obrigatória para os fabricantes de todo o mundo, embora desta vez o ambiente esteja menos otimista.
Todas as marcas, ávidas por melhorar sua oferta no complexo mercado chinês, apresentam novidades, principalmente veículos urbanos 4x4, carros elétricos e de direção autônoma.
Pela primeira vez em quase três décadas, as vendas de automóveis caíram na China no ano passado (-2,8%), a 28 milhões de veículos.
Razões da queda
O número é explicado pela desaceleração econômica, pela redução dos benefícios fiscais e pela disputa comercial entre a China e os Estados Unidos que causa "dúvidas dos consumidores, levando alguns a adiar suas compras", diz o presidente-executivo da Volkswagen na China, Stephan Wöllenstein.
A gigante alemã manteve suas vendas praticamente estáveis em 2018 graças às marcas premium Audi e Porsche. Sua grande rival General Motors, dona da Chevrolet, reduziu suas vendas em cerca de 10%.
Afetadas pela pressão das marcas chinesas, a Ford e a PSA (Peugeot Citroën) viram suas vendas caírem na região. A única exceção são os carros premium "que resistiram muito bem", diz Nicolas Peter, administrador da BMW.
A fabricante alemã aumentou suas vendas (+7,7% em 2018), mas teve que pagar tarifas a Pequim pelos carros importados.
"Podemos esperar medidas [de estímulo] do governo [chinês], e eu sou otimista com prudência", disse Hubertus Troska, diretor da Daimler (dona da Mercedes-Benz) na China, que acredita que uma redução do IVA seria favorável ao consumo.
Carros elétricos
Neste contexto, as fabricantes investem em veículos urbanos 4x4 e elétricos, as estrelas do salão. Esses dois setores são dominados por marcas chinesas, que respondem por 42% do mercado total.
Graças aos subsídios, as vendas de elétricos e híbridos aumentaram 62% no ano passado, embora representem apenas 4% do mercado.
É por isso que as fabricantes estrangeiras na China estão se fortalecendo.
As marcas chinesas - lideradas por gigantes como SAIC, BAIC ou BYD - ainda respondem por 90% do setor elétrico.
A Ford espera 30 novos modelos na China nos próximos três anos (uma dúzia deles elétricos) e a GM outros 20.
"Não importa se o mercado chinês como um todo avança ou recua, porque o setor que nos interessa é o elétrico (...), onde queremos competir com os atores locais", diz Thierry Bolloré, gerente geral da Renault.
A Renault, que desembarca na China, apresenta seu novo veículo elétrico City K-ZE no lounge.
Várias empresas chinesas, como NIO, Lynk eCo e Gyon, também apresentam seus modelos futuristas de alta tecnologia e ultraconectados.
Futuro das joint-ventures
Em 2022, a China suspenderá as restrições aos fabricantes estrangeiros, que podem ser maioria nas coempresas com empresas chinesas, mas nem todos acreditam que as coisas vão mudar.
"É apenas um marco legal, é preciso ver se ele é útil economicamente", diz Stephan Wollenstein.
Ele garante que a Volkswagen está fazendo "discussões para ampliar e aprofundar parcerias com gigantes públicas FAW e SAIC".
Esses acordos, que facilitam a implementação e as relações com fornecedores e autoridades locais, podem tornar a China crucial para o setor automotivo global.