Novidades

05 ABR

Impressões: Aventador SVJ, o Lamborghini mais rápido da história

O novo sistema de aerodinâmica ativa aumentou o downforce em 40% (Divulgação/Lamborghini)

Quando um fabricante de superesportivos planeja uma versão mais veloz e radical de um modelo de linha, a receita costuma ser sempre a mesma: aumentar a potência e baixar o peso.

Mas a Lamborghini resolveu ir além quando pensou na evolução do já nervoso Aventador LP750-4 SV (SuperVeloce): um cuidado com a aerodinâmica como nunca se viu na marca.

O resultado é o Aventador SVJ, uma obra de arte de engenharia que faz por merecer sua letra “J” (é o artigo do regulamento da FIA para os carros de rua criados com o intuito de legitimar as versões de corrida).

Pena que mal dá para ver pela capa transparente a beleza do motor V12 aspirado com 770 cv de potência (Divulgação/Lamborghini)

Começando pela potência, o V12 aspirado subiu de 750 cv para 770 cv – é o mesmo motor da série comemorativa Centenario.

Para isso, reduziram os atritos internos e adotaram um duto de admissão de titânio, resultando em mais rendimento principalmente acima das 3.500 e até as 8.500 rpm.

Quanto ao peso, houve o maior uso de fibra de carbono e alumínio, como nas rodas e para-choques.

O difusor de ar ficou maior, o que obrigou a elevar as saídas do escapamento (Divulgação/Lamborghini)

Assim, a Lambo obteve um feito: pela primeira vez um carro de rua da marca tem uma relação peso/potência abaixo de 2 kg: seus 1.525 kg divididos pela potência geraram a taxa de 1,98 kg/cv.

E havia uma razão para isso: roubar do Porsche 911 GT2 RS o título de o mais rápido em Nürburgring.

E é aqui que entra o intenso retrabalho na aerodinâmica: o novo sistema inteligente ALA 2.0 (Aerodinamica Lamborghini Attiva), que resultou num aumento de 40% do downforce no Aventador (que não dispunha do ALA 1.0, inaugurado no Huracán Performante).

Abas ativas no meio do spoiler jogam o ar para baixo do carro ou para cima pelas duas fendas no bico do SVJ (Divulgação/Lamborghini)

Ele usa abas aerodinâmicas frontais (no centro do spoiler)e traseiras (no aerofólio), que reagem em menos de 500 milissegundos. Elas trabalham com duas situações: menor arrasto aerodinâmico (mais velocidade em retas) e maior downforce (mais aderência em curvas ou frenagem total).

Merece atenção o recurso de vetorização Aero: o fluxo de ar entra na base do aerofólio, sobe e é direcionado para o lado da asa de dentro da curva, a fim de alterar o fluxo de ar nessa região, aumentando a aderência dessa roda, o que ajuda a puxar o carro para dentro da curva.

Perguntamos à Lamborghini por que não adotou a tecnologia tradicional de vetorização de torque, por meio da frenagem seletiva das rodas.

“Essa solução iria levar a um aquecimento dos freios, que têm de estar 100% disponíveis em um superesportivo como este”, explicou o engenheiro de chassi, Lorenzo Rinaldi.

Entrada de ar na base do aerofólio distribui o fluxo de ar para um dos lados da asa (Divulgação/Lamborghini)

Claro que a suspensão também foi retrabalhada, com a adoção de barras estabilizadoras 20% mais rígidas do que no SV e amortecedores magnéticos mais firmes, tudo funcionando em harmonia com a tração integral e o eixo traseiro direcional.

O resultado dessa nova receita veio este ano na forma do recorde da volta em Nürburgring, com 6min44s97, que veio acompanhado de polêmica.

Muitos criticaram algumas liberdades tomadas que não estão em carros de rua, caso do alívio de peso, com a retirada de itens como carpetes, banco do passageiro e sistema multimídia, e da instalação de uma gaiola interna para aumentar a rigidez torcional.

Depois de ouvirmos todas as informações técnicas, finalmente era chegada a hora de testar tudo isso na pista. O local escolhido pela Lamborghini era o recém-renovado asfalto do autódromo de Estoril (Portugal).

Abrimos a porta do tipo tesoura e entramos em um ambiente suntuoso, com doses generosas de revestimento preto de Alcantara, apliques de carbono e alumínio e um vistoso quadro de instrumentos digital e configurável.

Não podia ser diferente para um esportivo que custa 470.000 euros.

Acabamento interno é bastante refinado (Divulgação/Lamborghini)

Levanto a capa de proteção do botão de partida, pressiono-o e o motor explode logo atrás das minhas costas.

Um ligeiro toque na borboleta de troca de marchas à direita do volante, eu saio cantando pneu para as primeiras quatro voltas em ritmo moderado, seguindo o piloto profissional de marca, no modo Strada, mais manso.

Depois passo para o ajuste de condução Sport. Cada troca de marcha sacode a cabine com mais força e a direção reage de maneira mais rápida. Algumas voltas depois, é hora de ativar o programa Corsa.

A suspensão endurece ao máximo e as trocas tornam-se brutais, a ponto de o carro chegar a se desestabilizar quando feitas no meio de uma curva.

Maurizio Reggiani, diretor técnico, contou que esse câmbio automatizado de sete marchas tem a entrega de torque interrompida por cerca de 30 a 50 milésimos de segundo durante a troca, o que gera esse coice habitual no Aventador.

Telas digitais ajudam a monitorar todos os sistemas (Divulgação/Lamborghini)

Ele conta “que muitos apreciam essa brutalidade porque combina bem com o DNA de um Lamborghini e de um motor V12, mas que em uma utilização mais cotidiana é mesmo incômodo”, ao mesmo tempo que admite que “não será uma solução para o futuro”.

Leia-se, o sucessor do Aventador terá um novo câmbio, provavelmente de dupla embreagem, que não apresenta essa interrupção de torque.

FREIOS INCANSÁVEIS

Continuo acelerando e o torque gigantesco de 73,4 mkgf faz com que uma marcha leve à outra muito rápido: quinta, sexta, sétima… E já chega a próxima curva.

Pressiono o pedal de freio com violência uma vez, depois outra, e assim até o final das 12 voltas em Estoril, e em nenhum momento há sinal de fadiga nos enormes discos carbocerâmicos de 40 cm à frente e 38 atrás.

Em um circuito como esse pudemos perceber como o SVJ faz bem a tal transferência de peso de um lado para o outro, provocada pelo sistema de vetorização Aero, que ao virar o volante jogava o downforce no lado do aerofólio interno à curva.

Botão de partida como em um caça (Divulgação/Lamborghini)

Isso aumentava a aderência dessa roda e fazia o carro apontar ligeiramente para dentro da curva, mantendo o SVJ na trajetória planejada pelo piloto.

Mas pudemos notar um déficit de aderência em várias situações de curva, especialmente no meio ou na saída, mais do que no McLaren Senna, que eu havia dirigido nessa mesma pista alguns meses antes – sem esquecer, claro, que o asfalto novo e pouco emborrachado reduz a aderência.

Aliás, é inevitável comparar o SVJ com o esportivo inglês, já que ambos empatam na aceleração de 0 a 100 km/h (2,8 s). Mas o italiano leva vantagem na velocidade máxima maior (divulgada “como acima de 350 km/h” contra 340 km/h do Senna).

Nos outros Lambo, o som Sensonum custa cerca de US$ 4.500 (Divulgação/Lamborghini)

Mas o SVJ acaba perdendo no 0 a 200 km/h (8,6 s contra 6,8 s) e no 0 a 300 km/h (24 s versus 17,5 s), fruto do motor superior (800 cv/81,6 mkgf) e do peso 300 kg inferior do modelo inglês.

Reggiani não nega os números, mas se apressa para finalizar nosso teste: “Lembre-se de que posso comprar mais de dois Aventador SVJ pelo preço de um só McLaren Senna”.

Veredicto

A brutalidade na pilotagem e no visual combinam com perfeição com o que se espera de um Lamborghini topo de linha. E por um preço menor que o dos rivais.

Ficha técnica – Lamborghini Aventador SVJ 

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

28 JAN
Jeremy Clarkson: Ford Mustang deveria ser tratado como cão de estimação

Jeremy Clarkson: Ford Mustang deveria ser tratado como cão de estimação

Você pode até travar as rodas dianteiras para girar as traseiras em falso. Isso é brilhante, se você tiver 10 anos de idade ou banda de rodagem de sobra nos pneus (Divulgação/Ford)Para as férias da família deste ano, aluguei uma casa na Dordonha (França) e decidimos todos ir de carro. Não foi tão mau para meu filho, que tem um Fiat 124 Spider, nem para minha filha mais velha, cujo carro é um Ford Fiesta ST. Mas a caçula tem um VW Polo básico, de 9 cv. Sua passageira ligou quando... Leia mais
28 JAN
Teste: Toyota Corolla GLi é versão de entrada vigorosa, mas nada barata

Teste: Toyota Corolla GLi é versão de entrada vigorosa, mas nada barata

Toyota Corolla GLi (Fernando Pires/Quatro Rodas)Apesar de ser uma versão inicial, o Toyota Corolla GLi está longe de ser barato. O lado bom é que, na nova geração, o sedã de R$ 101.990 ganhou um novo trem de força, que tornou o modelo atraente.O motor Dynamic Force usa alta taxa de compressão (13:1) e oito bicos injetores para alcançar ótimos 177/169 cv e 21,4 mkgf. O câmbio segue CVT, mas passou a usar uma primeira marcha física para melhorar a arrancada inicial do... Leia mais
27 JAN
Lenda das quadras, Kobe Bryant também tinha ótimo gosto para carros

Lenda das quadras, Kobe Bryant também tinha ótimo gosto para carros

Além de ter sido um dos melhores jogadores da história da NBA (National Basketball Association), Kobe Bryant também era um grande amante de veículos.O atleta morreu no último domingo (26), após o helicóptero em que estava cair em Calabasas, cidade localizada no estado americano da Califórnia, no Condado de Los Angeles.Bryant tinha 41 anos e foi ala-armador do Los Angeles Lakers por 20 anos – onde foi cinco vezes campeão da liga de basquete norte-americana.Após sua aposentadoria,... Leia mais
27 JAN
Suzuki Jimny sai de linha na Europa por não atender nova lei ambiental

Suzuki Jimny sai de linha na Europa por não atender nova lei ambiental

Suzuki Jimny emite entre 154 e 170 g/km de CO2, limite será de 95g/km (Divulgação/Suzuki)As cada vez mais rígidas regulamentações ambientais estão fazendo outra vítima na Europa: o Suzuki Jimny.O jipinho japonês não conseguirá se adequar ao novo novo limite de emissão de CO² (95g/km) que passará a vigorar a partir de 2021 no continente europeu, e assim deixará de ser vendido por lá.Nova geração chegou ao Brasil em 2019 com motor 1.5 de 108 cv de potência e 14,1 mkgf de... Leia mais
27 JAN
Fiat Weekend sai de linha e, junto, morre o mercado de peruas no Brasil

Fiat Weekend sai de linha e, junto, morre o mercado de peruas no Brasil

Visual da Weekend é o mesmo desde 2012 (Divulgação/Quatro Rodas)A bola era cantada. E foi antecipada pelo parceiro Autos Segredos. Desde esta segunda-feira (27), a Fiat não produz mais a perua Weekend em Betim (MG).A medida é reflexo da nova legislação que obriga qualquer carro zero-quilômetro vendido no país a ter cinto de três pontos e encosto de cabeça em todas as posições homologadas, além de ganchos Isofix de fixação para cadeirinhas infantis.Projeto dos anos 1990, perua... Leia mais
27 JAN
Novo Chevrolet Tracker: GM confirma produção no Brasil e chegada até março

Novo Chevrolet Tracker: GM confirma produção no Brasil e chegada até março

Novo Tracker é visto bem de perto sem camuflagem (Ernesto Ardachnikoff Filho/Quatro Rodas)O Chevrolet Tracker está para mudar de geração no Brasil. Não apenas isso: a GM enfim passará a produzir o SUV nacionalmente, em São Caetano do Sul (SP), o que foi confirmado nesta segunda-feira (27) em comunicado oficial.Com isso, tentará corrigir um erro estratégico – admitido pela própria empresa – cometido quase dez anos atrás, quando a fabricante decidiu importar o modelo atual do... Leia mais