A fachada foi a última parte a ser finalizada no projeto (Edson Chagas/Quatro Rodas)
Quem olha para a construção cheia de estilo e personalidade no centro de Vitória (ES) nem imagina que está diante da melhor borracharia do Brasil. Esqueça o pôster de mulher nua na parede, o chão encardido de graxa ou as roupas esgarçadas.
“A ideia é quebrar a imagem de borracharia”, diz o proprietário, Leandro Freitas, de 38 anos. Chão limpo, projeto assinado por arquiteto, decoração temática e até camisa e gravata. Tudo para criar um ambiente único e acolhedor.
Leandro e sua equipe trabalham sempre com camisa e gravata (Edson Chagas/Quatro Rodas)
A ideia nasceu há dois anos, quando Leandro se viu sem estímulo para trabalhar naquilo que já fazia desde os 13 anos. “Um dia me falaram que eu tinha potencial, mas como borracheiro não chegaria a lugar nenhum”, relembra.
Isso deu o gás que faltava para o capixaba fazer uma reviravolta. “Pensei: ‘o que eu faria se tivesse R$ 30 milhões?’ Foi como uma luz. Percebi que eu não faria outra coisa na vida. Só precisava mesmo olhar com outra perspectiva.”
Móveis construídos com pneus reutilizados também são vendidos (Edson Chagas/Quatro Rodas)
Assim, ele arregaçou as mangas e mudou tudo.
Demorou oito meses para conseguir o dinheiro necessário para a reforma do novo espaço, que além dos serviços tradicionais de uma borracharia, conta agora com banheiros para homem e mulher, sala de espera e café expresso.
Tudo embalado em uma ambientação recheada com materiais reutilizados de automóveis, como pneus, rodas ou molas de suspensão.
Bomba de combustível usada como torneira do lavabo (Edson Chagas/Quatro Rodas)
Mas não parou por aí: todos os atuais 15 funcionários passaram por treinamentos para conseguir atender o público da forma ideal. “Não é só o visual: aqui a gente preza pelo bom atendimento. Os clientes precisam sentir o respeito do nosso serviço.”
E eles voltam. Cerca de 50 pessoas passam todos os dias pelo local procurando por um conserto de pneu furado, que custa em média R$ 20. Fora os curiosos que chegam só para fazer uma foto do lugar.
Chave de boca virou maçaneta da porta (Edson Chagas/Quatro Rodas)
Mas o espírito empreendedor foi além. Os móveis fabricados com pneus fizeram tanto sucesso na loja que Leandro decidiu vendê-los. “Como cada pneu leva cerca de 600 anos para se decompor, quis transformá-los em algo útil.”
Agora o empresário já prepara o próximo passo: transformar a Borracharia do Leandro em uma rede de franquias. “Esse modelo novo precisa ser replicado em outros lugares.”