Rainha Elizabeth II e o Príncipe Philip em Munique a bordo do Mercedes 600 Landaulet, 1966 (Divulgação/Mercedes-Benz)
O que o Saddam Hussein, David Bowie, Pablo Escobar e o Papa Paulo VI tinham em comum? O gosto refinado para carros.
Eles fazem parte do rol de personalidades que tiveram um exclusivíssimo Mercedes 600 à disposição na garagem.
Versão Pullman tem 3,9 m de entre-eixos (Divulgação/Mercedes-Benz)
Lançado em 1963, o Mercedes 600 foi o carro mais luxuoso e caro do mundo em seu tempo. Também era o mais complexo.
Suspensão era pneumática e amortecedores tinham pressão ajustável (Divulgação/Mercedes-Benz)
Entre os mimos, estavam a abertura e fechamento automático do porta-malas, trava das portas e tampa do tanque, além da automatização do ajuste dos bancos, da abertura do teto solar e dos vidros das portas.
Elton John teve seu Mercedes 600 (Reprodução/Internet)
Na falta de sistemas elétricos robustos e confiáveis, tudo isso era operado por um sistema hidráulico concentrado no porta-malas.
Até os comandos do ar-condicionado eram hidráulicos e havia um sistema engenhoso para desligar o freio de estacionamento ao ligar o motor.
Isso quando ter direção hidráulica já era luxo.
Kit de reparo do sistema hidráulico ainda incluía mangueiras sobressalentes (Reprodução/Internet)
O sistema era operado por óleo mineral pressurizado a 220 bar (praticamente a mesma pressão usada em kits de GNV).
Era um equipamento feito para durar nunca dar problema, mas havia um kit de reparos no porta-malas.
Apesar do tamanho do carro, o espaço reservado para o motorista não era dos melhores (Divulgação/Mercedes-Benz)
O 600 ainda ia um pouco além. Havia freios a disco com pistões duplos nas quatro rodas, que ainda tinham suspensão independente. Em vez de molas, havia bolsas pneumáticas e os amortecedores eram ajustáveis.
Para os passageiros, espaço é o que não falta (Divulgação/Mercedes-Benz)
Ainda era possível mudar a altura ou a rigidez do conjunto por meio de comandos no painel.
Ter uma TV dentro do carro obrigava a instalar uma enorme antena na traseira do carro (Divulgação/Mercedes-Benz)
Mas o acabamento não fica de lado. O interior é todo revestido de couro, veludo e madeira legítima, além de dezenas de apliques cromados.
Cores e texturas podiam ser escolhidos, assim como opcionais diversos, como TV, geladeira, mesinhas retráteis, barbeador (este sim, elétrico) e duas portas a mais, no caso da versão Pullman, mais longa.
Carro do Papa tem apenas um assento na traseira (Divulgação/Mercedes-Benz)
As configurações dos bancos eram diversas. Poderia der duas ou três fileiras de bancos, ou com a segunda virada para a frente ou para trás. No caso do carro do Papa, a última tinha apenas um assento dedicado ao pontífice.
O Papa Paulo VI em seu Landaulet (Reprodução/Internet)
De 1963 a 1981 foram produzidas 2.677 unidades do Mercedes 600. A maioria era da versão Grosser, mais curta, com 5,45 metros de comprimento e 3,2 metros de entre-eixos.
Carro mais luxuoso do mundo nos anos 1960 era vendido com três opções de carroceria (Divulgação/Mercedes-Benz)
Da versão Pullman, com 6,24 metros de comprimento e entre-eixos de 3,9 metros foram feitas 428 unidades, além de 59 do Landaulet, o Pullman conversível apenas na traseira, e somente duas unidades cupê.
Cupê teve apenas duas unidades produzidas (Divulgação/Mercedes-Benz)
O Mercedes 600 era tão pesado para a época (o Pullman tem 2.770 kg), que o motor mais potente da marca na época, o seis cilindros 3.0 de 160 cv que equipava o Mercedes 300, não dava conta. Assim nasceu o V8 6.3 de 250 cv e 51 mkgf de torque.
O motor chamado M100 gerava 250 cv (Divulgação/Mercedes-Benz)
Combinado ao câmbio automático de quatro marchas, levava o sedã aos 100 km/h em 10 s e fazia o 600 superar os 200 km/h com facilidade.
David Bowie e seu 600 Landaulet (Reprodução/Internet)
Quem queria ser visto a bordo do Mercedes 600 escolhia o Landaulet. É o caso do Papa Paulo VI, da Rainha Elizabeth II – que não usava seus Rolls-Royce e Bentley em algumas viagens –, Saddam Hussein, Josip Broz Tito (ex-ditador da antiga Iugoslávia), Hosni Mubarak (ex-ditador do Egito), Kim il Sung (ex-ditador da Coreia do Norte) e… David Bowie.
Rei Fahd bin Abdulaziz da Arábia Saudita e Hosni Mubarak (Reprodução/Internet)
A maior parte dos estadistas optavam pelo 600 Pullman. É o caso dos exemplares do rei Hussein da Jordânia, de Idi Amin Dada (ex-ditador de Uganda), Nicolae Ceau?escu (ex-ditador da Romênia), Jean-Bedel Bokassa (ex-ditador da República Centro Africana), Francois Tombalbaye (ex-ditador do Chade) e Jomo Kenyatta (ex-primeiro-ministro do Quênia), que não raramente se debruçavam no teto solar metálico para serem vistos.
O líder soviético Leonid Brezhnev e o ex-ditador da Iugoslavia Josip Broz Tito em Belgrado, 1971 (Reprodução/Internet)
Mas o líder da União Soviética Leonid Brezhnev e o líder comunista chinês Mao Tsé-Tung optaram por exemplares blindados de fábrica do Mercedes 600 Pullman.
Tudo que sobrou do Mercedes 600 de Pablo Escobar (Reprodução/Internet)
Pablo Escobar não escolheu esse opcional: seu carro foi alvejado por tiros e incendiado durante um confronto com um cartel de drogas rival.
Personalidades se dividiram entre os Pullman e os Grosser. O magnata grego Aristóteles Onassis, a atriz Elizabeth Taylor, o ator Rowan Atkinson e os apresentadores Jay Leno e Jeremy Clarkson optaram pela versão mais curta.
O carro de Jack Nicholson sofreu uma colisão proposital em As Bruxas de Eastwick. O ator reformou o veículo e, anos depois, doou ele para um museu em Los Angeles (Reprodução/Internet)
Já os cantores Elton John e Elvis Presley, a estilista Coco Chanel (cujo carro seria vendido posteriormente a Jay Kay do Jamiroquai), o fundador da Playboy, Hugh Hefner, e Jack Nicholson (que comprou o carro usado no filme As Bruxas de Eastwick) optaram pela versão longa.
George Harrison foi o primeiro dos Beatles a comprar um Mercedes 600, um Grosser branco. No ano seguinte John Lennon comprou um Pullman branco.