Flagra do navio Grande America afundando na costa da França (Reprodução/Internet)
Quer saber se você é um cliente especial para a fabricante de seu carro? Pergunte pra eles o que fariam se o veículo fosse danificado irreversivelmente durante o transporte e ele já não fosse mais fabricado.
Para a maioria das pessoas comuns a empresa vai acionar sua seguradora e te dar um reembolso — e, no máximo, um bônus pela dor de cabeça.
O 911 GTS usa o motor do Turbo S, mas com mudanças para render 700 cv (Divulgação/Porsche)
No caso de quatro felizardos brasileiros que compraram os últimos 911 GT2 RS, a Porsche vai retomar a produção do carro, que saiu de linha com a chegada da última geração do esportivo.
O tratamento mais que diferenciado se dá principalmente por um motivo bastante específico. O navio Grande America, que transportava as quatro unidades da Alemanha para o Brasil, naufragou na costa da França por conta de um incêndio.
Mas aí, bem… Quem paga R$ 2,3 milhões por um carro não é exatamente “qualquer cliente”… Por isso a fabricante vai produzir outros quatro exemplares apenas para enviar aos brasileiros que ficaram na mão.
Um relógio será personalizado e entregue ao feliz proprietário do GT2 RS (divulgação/Porsche)
Também pudera: o 911 GT2 RS é ‘só’ o Porsche mais rápido da atualidade. Sim, ele supera até o 918 Spyder na mítica pista de Nürburgring Nordschleife.
Seu seis-cilindros de 700 cv faz o supersportivo arrancar de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos, com velocidade máxima de 340 km/h. Já imaginou a sensação de comprar um desses e deixar de recebê-lo porque seu carro afundou em alto mar?
Carta enviada pela Porsche explica a situação aos proprietários do GT2 RS (Reprodução/Internet)
Em uma carta enviada aos proprietários do modelo, a Porsche explica o caso aos clientes, avisa que mandará outro carro no lugar e “agradece pela compreensão” com o infortúnio. Nada como ter tratamento VIP…
A única ressalva é que os proprietários terão que esperar até junho para receberem seu novo GT2 RS. A previsão inicial era de que recebessem os veículos que naufragaram entre março e abril.
Procurada por QUATRO RODAS, a Porsche do Brasil confirmou a história e informou que foi ela que solicitou à matriz na Alemanha que retomasse a produção em regime de exceção para atender aos clientes atingidos, no que foi “gentilmente atendida”.
No total, 37 veículos da marca alemã afundaram junto com o Grande America e mais algumas centenas de modelos da Audi. Os clientes destes veículos também receberão seus automóveis — que, ao contrário do GT2 RS, ainda estão em produção.
Navio Grande America em 2016 (Farid Memissi/Wikipedia)
Incidentes com navios de transporte de automóveis são raros, mas sempre chamam a atenção pela quantidade de veículos envolvidos.
Diversas embarcações conseguem levar 3.000 ou mais automóveis em uma só viagem. Isso é possível porque em navios da categoria RoRo e ConRo (caso do Grande America) os carros são armazenados como se estivessem em um grande estacionamento.
Para evitar danos, os veículos recebem proteção na carroceria e uma série de modificações na cabine e até no software do motor.
Naturalmente isso não impede prejuízos em caso de incêndio ou naufrágio. Para essas situações a empresa transportadora conta com uma seguradora, que irá ressarcir os clientes afetados.