A Volkswagen admitiu nesta terça-feira (22) que um dispositivo que altera resultados de controles de emissões poluentes foi instalado em 11 milhões de veículos a diesel em todo o mundo, em modelos de várias marcas pertencentes ao grupo.
É a primeira vez que a montadora admite a manipulação em carros fora dos Estados Unidos. O escândalo veio à tona na última quinta (17), quando o governo americano denunciou a fraude em 500 mil veículos vendidos no país. Segundo a investigação, o software burla os dados de emissão de poluentes quando os carros são testados, para que sejam atendidos os níveis exigidos nos EUA.
No domingo (20), o presidente mundial da empresa, Martin Winterkorn, pediu desculpas pelo ocorrido, sem citar que a prática envolvia outros mercados, além do americano.
Apesar de admitir nesta terça que a falha atinge outros mercados, não foram especificados em que outros países estão esses veículos. A Volkswagen anunciou ainda que reservou 6,5 bilhões de euros para solucionar o problema e enfrentar as potenciais consequências do escândalo.
Nesta terça, as ações do grupo operavam em queda de mais de 20% na Bolsa de Frankfurt.
Como surgiu a denúncia
Segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) norte-americana, 482 mil veículos com motores a diesel vendidos no país violaram os padrões federais, entre eles os modelos Jetta, Beetle (chamado de Fusca no Brasil), Golf, Passat e o Audi A3 --da marca que pertence ao grupo Volkswagen. Esses carros usam o motor EA 189, que é 2.0 litro, e foi fabricado entre 2009 e 2015.
A desconfiança partiu da diferença entre níveis de emissão encontrados em testes de rodagem e os oficiais. Após investigar, a EPA concluiu que um software instalado pela montadora detecta quando o carro está sendo inspecionado para verificar o nível de emissão de poluentes e só então passa a controlar os gases que o veículo solta na atmosfera.
Esse controle fica desligado em situações normais de rodagem, fazendo com que os carros poluam muito além do nível exigido no país.
O que diz a marca
No comunicado, a Volkswagen assumiu que há distorções entre os números de testes em laboratório e os de testes de rodagem "especificamente" para os motores EA 189. Segundo a montadora, outros veículos possuem o software, mas sem que ele provoque qualquer efeito.
"A Volkswagen está trabalhando intensamente para eliminar essas distorções, por meio de medidas técnicas", disse a montadora nesta terça. "A Volkswagen não tolera nenhum tipo de violação da lei."
Nos EUA, a Volkswagen será obrigada a consertar os veículos gratuitamente, convocando um recall. A montadora disse que também está em contato com o governo alemão, que pediu uma apuração do caso.
A investigação nos EUA é a mesma que multou Hyundai e Kia por fraude nas informações sobre o consumo médio de combustível de 1,2 milhão de carros, em 2012.