O ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn saiu da cela de prisão japonesa onde passou 108 dias depois de pagar fiança de valor equivalente a R$ 33,8 milhões, mas terá que viver com uma série de restrições enquanto aguarda um julgamento que pode demorar um ano.
Nesta sexta-feira (8), o ex-líder da aliança Nissan-Renault-Mitsubishi foi visto andando por Shinjuku Gyoen, um parque no centro de Tóquio, com sua esposa, e acabou cercado por fotógrafos no retorno à sua casa.
Apesar de poder sair da residência, Ghosn está proibido de deixar o país e pode viajar dentro do território japonês apenas por dois dias seguidos.
Nada de internet
Como parte do acordo de fiança acertado por sua nova equipe jurídica no mês passado, Ghosn está proibido de acessar a internet e emails, e só pode usar um computador sem conexão com a rede no escritório de um de seus advogados.
Ghosn, que tem cidadania francesa, brasileira e libanesa, foi indiciado por quebra de confiança e por ter informado ganhos inferiores aos de seu salário. Ele precisará pagar pela instalação de câmeras de vigilância na entrada de sua residência de Tóquio.
As imagens serão vistas por membros de sua equipe legal, e seus registros serão enviados ao Tribunal Distrital de Tóquio, disse o advogado de defesa de Ghosn, Junichiro Hironaka.
"As câmeras serão instaladas onde podem monitoram quem entra e sai. Não são para registrar a vida cotidiana de Ghosn", explicou Hironaka.
O novo advogado de Ghosn é reconhecido devido aos muitos casos de destaque que ganhou em um país cujo índice de condenação é de 99,9%. Hironaka disse que ele e seus colegas farão rodízio no monitoramento.
"Uma pessoa não dá conta, então dividiremos entre os escritórios dos três advogados de defesa", disse.
Telefonemas monitorados
Os telefonemas de Ghosn também serão registrados por sua equipe legal e entregues à corte, segundo Hironaka. O telefone manterá os registros mesmo que seu cliente tente apagá-los, disse.
Se Ghosn violar qualquer uma destas condições, as cortes podem mandá-lo de volta à prisão e confiscar sua fiança, tornando arriscado tentar driblar as regras.
Ghosn teve seu pedido de fiança negado duas vezes quando estava sob os cuidados de outra equipe legal, que propôs que ele usasse um monitor de tornozelo com GPS, por se temer que ele tentasse fugir ou destruir provas.