O brasileiro Carlos Ghosn, que foi libertado da prisão nesta quarta-feira (6), no Japão, "não é mais o mesmo homem" de antes, disse o advogado da família, François Zimeray, à uma TV europeia.
Segundo o defensor, o ex-comandante da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi é um homem "muito marcado" pelos mais de 100 dias detido, mas com "firme vontade de lutar" para provar sua inocência. As afirmações foram feitas à TV RTL.
Ghosn deixou a prisão após 107 dias, depois de pagar uma fiança milionária. Acusado de fraude fiscal e uso de verbas do grupo para benefício próprio, ele vai aguardar o julgamento em liberdade, mas terá de seguir uma série de regras.
Segundo o advogado, Ghosn "tem as comunicações interceptadas, não tem acesso à internet e seus passaportes foram confiscados" e ele não pode discutir alguns assuntos com sua família.
O defensor também criticou a sistema judiciário japonês. "Enfim, ele vai poder ter acesso ao inquérito e ter uma verdadeira defesa" em um país que tem "100 anos de atraso na Justiça" e "em transgressão total com os grandes textos dos direitos humanos", afirmou Zimeray.
Sem entrevistas
Questionado sobre a possibilidade de que Ghosn conceda uma entrevista coletiva, ele disse: "Não acho isso plausível no curto prazo, porque é um homem que precisa se readaptar a uma vida normal."
"Chegará o momento em que será preciso se expressar, mas isso não é sua prioridade neste momento", completou o advogado.
Ao deixar a prisão nesta quarta, Ghosn tentou confundir os fotógrafos que cercavam o local e saiu usando um macacão, óculos, máscara e boné (veja abaixo). Mais tarde, foi visto saindo do escritório de seu advogado sem os acessórios e vestindo paletó.