Novidades

25 FEV

Mais economia, menos conforto: vale a pena trocar o carro por uma moto?

Quem já não pensou em trocar às vezes o volante pelo guidão? (Christian Castanho/Quatro Rodas)

jornalista e publicitário Marcelo Senna perdia um bom tempo no trânsito todos os dias com seu carro. Conselho de um colega de trabalho: a moto resolveria seu problema.

Senna, que dirigia só automóveis há 26 anos, entrou na moto-escola, acrescentou a categoria A em sua habilitação e hoje circula pelo Rio de Janeiro em um scooter, que só fica na garagem nos dias de chuva.

“Hoje saio de casa depois, chego antes, estaciono com mais facilidade, gasto menos combustível, poluo menos e consigo ter um dia mais produtivo e ágil”, diz ele, que após a compra da sua Yamaha NMax 160 baixou o tempo no trânsito de 60 minutos para apenas 20.

Assim como Senna, muitos motoristas aderiram também às duas rodas no dia a dia, motivados principalmente pela grande perda de tempo que os engarrafamentos implicam na vida das pessoas, pelas dificuldades e/ou custos para estacionar um carro e também pelos preços dos combustíveis, que sobem continuamente.

Uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostrou que o cidadão brasileiro gasta, em média, 2 horas e 28 minutos de seu dia em deslocamento no trânsito.

Em um ano, esse tempo equivale a 37 dias e meio passados dentro de um carro, de um ônibus, no metrô etc.

Mas esse processo de troca do carro pela moto não é exatamente fácil.

A decisão deve levar em conta vários critérios, e não só o ganho de agilidade na rotina diária ou a aceitação dos riscos: desde eventualmente se molhar em uma chuva inesperada aos causados por tombos e colisões.

Honda PCX (Honda/Divulgação)

O primeiro passo é entender que é uma mudança relativamente radical.

Saem de cena o ar-condicionado e o espaço para levar muitas coisas e surgem limitações como a vulnerabilidade ao clima e a necessidade de ser minimalista com os objetos pessoais.

Ligado a esse aspecto está outro igualmente relevante: você tem família? Eis aqui um alerta importante: quem tem cônjuge e filhos precisará mais de quatro rodas do que de duas rodas.

Então, a troca de um pelo outro só valerá a pena se for apenas para seu próprio uso diário, mas dividindo as outras tarefas com o automóvel. 

Superada essa fase, é hora de calcular – literalmente – se vai valer a pena trocar o carro pela moto ou scooter no seu dia a dia. Existem custos iniciais que serão únicos.

A obtenção da carteira fica entre R$ 800 e R$ 1.000 e um capacete minimamente decente custará pelo menos R$ 300.

Se o candidato a piloto pertencer à minoria que faz questão de andar completa e corretamente equipado chova ou faça sol, acrescente à conta uma jaqueta de cordura (náilon de alta resistência) de R$ 700 e um bom par de botas, coisa de R$ 300.

Até aí você gastou pouco mais de R$ 2.000. Mas, se tudo der certo, só trocará esses itens daí a muito tempo.

A vantagem financeira virá depois, com o uso: em qualquer distância que se rode diariamente, o custo sempre será menor com moto ou scooter. Vamos pegar como exemplo alguém que rode um total de 70 km diariamente.

Junte isso a uma motocicleta ou scooter de baixa capacidade cúbica (motores de 125 cm³ a 160 cm³), cujo consumo médio seja de 35 km/l (a maioria desses modelos faz um pouco mais, entre 38 km/l e 42 km/l) e a gasolina com preço arredondado para cima, a R$ 5.

Não faremos as contas com etanol porque, embora já existam muitas motos e scooters com motores flex, nem todas o são, ainda.

A conta rápida aponta para um gasto diário de 2 litros de combustível, ou R$ 10. Levando-se em conta apenas os dias úteis, são R$ 50 por semana e R$ 200 por mês.

Nos automóveis mais econômicos, como o VW Up! TSI 1.0 turbo, tem sido possível fazer até uns 14 km/l. Então, temos um gasto diário de 5 litros de combustível. São R$ 25 por dia, R$ 125 por semana e R$ 500 por mês. Uma bela diferença!

Além de pesar bem menos no bolso no uso diário, motos e scooters também têm custos de manutenção mais baixos.

Modelos com motor de 125 cm³, por exemplo, costumam usar só 1 litro de óleo – item que custa em torno de R$ 15, o produto de boa qualidade.

O filtro de óleo do mercado paralelo, mas igualmente confiável, também custa no máximo isso, assim como pastilhas para o freio dianteiro a disco (paralelas para modelos básicos). 

Dafra Maxsym 400i (Dafra/Divulgação)

Como os motores de 125 cm³ a 160 cm³ destas motos são bicilíndricos e na maioria das vezes refrigerados a ar, são exigidos severamente na maior parte do tempo.

Por isso, recomenda–se a troca de óleo e filtro a cada 2.000 km, no máximo. Portanto, quem roda os tais 70 km por dia fará as trocas a cada 28 dias, em média. Ou seja, em torno de quatro semanas.

Temos, então, um custo fixo de R$ 245 mensais para quem roda com a moto. Já o usuário do automóvel gastará R$ 625 com combustível no mesmo período de cinco semanas.

E ainda que as trocas de óleo e filtro do carro sejam feitas em intervalos maiores, não equilibrarão os custos – carros usam mais óleo e seus filtros são mais caros.

Para além desses custos fixos, temos os sazonais – das peças que trocamos nos veículos apenas quando seu desgaste exige, o que depende da forma como conduzimos o veículo, entre outras variáveis.

É o caso de pneus, lonas de freio a tambor e conjuntos de corrente/coroa/pinhão, nas motos, e de fluidos de radiador, nos carros, por exemplo. Também aí não há comparação: os preços das peças e componentes que ambos têm em comum são bem diferentes. 

Um pneu barato para o VW Up! não sai por menos de R$ 200. Um bom pneu para uma Honda CG 160 Titan, por exemplo, pode ser encontrado por R$ 120. E pneus nem são o melhor exemplo, pois os dos carros duram bem mais.

Se botarmos na conta, ainda, o custo de revisões em oficinas de confiança, as motos pesarão menos ainda: basta pensar que, em uma 125, você troca óleo, filtro de óleo e pastilha de freio gastando apenas R$ 45.

Se a mão de obra, que vai incluir aquele reaperto de parafusos e checagem de cabos, for do mesmo valor – uma possibilidade remota –, você gastou R$ 90. Só a troca de óleo e filtro de um VW Up! sai quase o dobro disso.

Marcelo Senna baixou seu tempo no trânsito em quase 70% (Roberto Dutra/Quatro Rodas)

Se pelo lado financeiro trocar o carro pela moto é compensador, deve-se lembrar de um aspecto importante: a segurança.

Motos são veículos práticos, ágeis e até seguros quando conduzidos com responsabilidade e práticas defensivas, mas também são mais vulneráveis a todo tipo de agente externo – e, por tabela, você, o piloto.

Se chover, você se molha. A solução é botar aquela capa de chuva desconfortável e quente. Se estiver aquele sol a pino, você torra. Se encostarem na moto quando em movimento, é provável que você caia.

Se o buraco à frente for muito fundo, também. Se tiver óleo ou chorume na pista, coisas comuns, idem.

Sustos com motoristas que não te veem e te fecham acontecem todos os dias. Eis a pergunta que não quer calar: você está disposto a encarar isso tudo?

Kymco People GTI 300 (Kymco/Divulgação)

Se a resposta é sim, então vai um consolo: com o tempo e a experiência, você se torna uma espécie de “profeta do trânsito”. Passa a antever vários problemas e a perceber muitos dos riscos antes que aconteçam.

Aliás, constatar que você passou a ter essa percepção é um dos diversos aspectos divertidos de pilotar uma moto. De maneira geral, os motociclistas são como o vinho: se tornam melhores com o tempo.

Por fim, há mais um fator decisivo ao optar pela moto: o prazer. Pergunte a qualquer motoboy que roda centenas de quilômetros por dia por que faz aquilo: além da necessidade, ele provavelmente responderá que é porque gosta.

É incontestável que motos proporcionam grande prazer aos usuários. E isso engloba motivos racionais – agilidade na rotina e redução de custos – e emocionais: o domínio da máquina, o equilíbrio das forças físicas que se atinge na pilotagem, o vento no rosto.

Mais que um veículo de locomoção, a moto é uma fonte de diversão e, como vemos hoje pela existência de milhares de motoclubes no país, uma máquina de fazer amigos.

Afinal, é comum ver casais e amigos saindo para dar uma volta de moto no fim de semana, não?

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

29 ABR
Jeep Compass muda visual ainda este ano. SUV de 7 lugares terá outro nome

Jeep Compass muda visual ainda este ano. SUV de 7 lugares terá outro nome

Compass terá mudanças no visual até o fim deste ano– (Chejiahao AutoHome/Reprodução)A Jeep mudou os planos para o Brasil após a pandemia da covid-19 – o próprio CEO da FCA na América Latina, Antonio Filosa, já havia dito isso.Mas nem tudo está perdido: em entrevista exclusiva à QUATRO RODAS, executivos do grupo garantiram que Compass e Renegade reestilizados chegarão ainda neste ano ao Brasil.“Esses carros virão no segundo semestre com certeza, mas não há como confirmar... Leia mais
29 ABR
Jeremy Clarkson: Discovery Sport tem valentia que seus donos não precisam

Jeremy Clarkson: Discovery Sport tem valentia que seus donos não precisam

Talvez a Audi e a BMW sejam melhores no multimídia, mas não em recursos off-road (Acervo/Quatro Rodas)Segundo os sites de clickbait no Google, a pior estrada do mundo fica na Bolívia. Eu já dirigi por lá e posso dizer, ela é horrível. E ainda há o risco de, com um passo em falso, despencar lá de cima por centenas de metros e voltar ao início.Outra estrada ruim conhecida é a Alaska Highway, onde eu também já dirigi. Além de muito acidentada, é difícil encher o tanque nos poucos... Leia mais
28 ABR
Jeep Wrangler Rubicon chega ao Brasil por R$ 420.000 sem motor diesel

Jeep Wrangler Rubicon chega ao Brasil por R$ 420.000 sem motor diesel

Modelo chega com preço sugerido de R$ 419.990 (Jeep/Divulgação)O Jeep Wrangler Rubicon demorou, mas chegou ao Brasil. A marca anunciou, nesta terça-feira (28), que os pedidos pelo SUV já podem ser feitos.O modelo mantém as características de suas primeiras versões, com visual robusto, coberto de vincos e grande espaçamento do solo.Ele está disponível em quatro cores: Granite Crystal, Black, Bright White e Punk’n – exclusiva da versão (Jeep/Divulgação)O modelo será vendido... Leia mais
28 ABR
Roubo bilionário, tráfico: como os carros de luxo chegam à Coreia do Norte

Roubo bilionário, tráfico: como os carros de luxo chegam à Coreia do Norte

Mercedes-Benz S600 Pullman de Kim Jong-un, ditador da Coreia do Norte (The New York Times/Reprodução)Não é só o mistério em torno do estado de saúde do Kim Jong-un, ditador da Coreia do Norte, que desperta curiosidade ao redor do mundo.Afinal, como um país embargado pode comprar a limusine blindada Mercedes-Benz S600 Pullman Guard para uso do chefe de estado?De acordo com o The New York Times, a operação de transporte levou seis meses e envolveu cinco países até a chegada à... Leia mais
28 ABR
Porsche 911 ganha visual off-road com pneus cravejados e rack de teto

Porsche 911 ganha visual off-road com pneus cravejados e rack de teto

Suspensão alta e novo conjunto de roda-pneu chamam atenção (HeR Offroad/Reprodução)Quando imaginou que veria um clássico Porsche 911 com rack de teto, suspensão alta e pneus cravejados? Se a resposta foi “nunca”, você está completamente equivocado.Um colecionador alemão se inspirou nos Porsche 953 do rali Paris-Dakar da década de 1980 e modificou drasticamente seu clássico 911 de 1986.Porsche 953 que corriam o rali Paris-Dakar na década de 1980 (Internet/Reprodução)A... Leia mais
28 ABR
Flagra: Toyota “Corolla Cross”, o SUV que será feito pela marca no Brasil

Flagra: Toyota “Corolla Cross”, o SUV que será feito pela marca no Brasil

 (Thai Car Inside/Reprodução)SUV da Toyota que terá produção nacional foi flagrado na Tailândia (Thai Car Inside/Reprodução)Eis que surgiram os primeiros flagras do novo SUV da Toyota que será vendido no Brasil a partir de 2021.O carro, que será lançado mundialmente no meio do ano que vem, foi flagrado pela página Thai Car Inside, ainda com muita camuflagem, rodando na Tailândia.Conforme bem observado pelos colegas do site Motor1 Brasil, é mesmo o modelo que será produzido... Leia mais