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20 FEV

Qual o carro mais seguro feito no Brasil? E o mais caro? E o mais rápido?

Cada carro alinhado aqui tem um ponto forte mais forte que o dos demais (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Diz o ditado que a grama do vizinho é sempre mais verde. No universo automobilístico, porém, não existe carro que seja melhor em tudo. O mais esportivo com certeza não é o mais confortável.

O mais rápido não é nem de perto o mais econômico. E o mais barato não consegue ser o mais equipado.

Portanto, por mais invejável que seja o carro do seu vizinho, alguma coisa ele tem de pior ou a menos que o seu.

Ainda mais em um mercado concorrido como é o nosso, com 19 marcas que em 2018 entregaram 2,8 milhões de unidades, produzidas em 65 fábricas espalhadas por dez estados do país.

Para ajudar você, caso seu vizinho goste de contar vantagem, levantamos os melhores do Brasil em 13 aspectos: aceleração, consumo, preço, segurança, torque, potência, tamanho do porta-malas, modularidade, tecnologia, capacidade off-road, aerodinâmica e brasilidade.

Consideramos os modelos fabricados aqui independentemente do índice de nacionalização, ficando de fora os estrangeiros e os que chegam nacionalizados por conta de acordos comerciais, como os feitos na Argentina e no México.

Rastreamos as características de 78 modelos em suas respectivas variações (totalizando 353 versões).

Vai ver o seu é um dos destaques e você nem sabia.

VW Golf – O mais seguro

O Golf somou mais pontos que os rivais na avaliação do Latin NCap (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Para apontar o modelo mais seguro, recorremos ao Latin NCap, que avalia a segurança dos automóveis analisando tanto os equipamentos de proteção quanto o desempenho em ensaios de colisão. Segundo o instituto, os mais seguros do país hoje são Toyota Corolla, VW Golf VII e VW Virtus.

Esses três receberam a nota máxima de cinco estrelas na segurança tanto para adultos como para crianças. Mas o resultado que apontou o vencedor nesse quesito veio com a contagem de pontos obtidos nos diferentes aspectos analisados para chegar ao número de estrelas.

Sob esse critério, o Virtus, que conseguiu menor pontuação que os outros, ficou em desvantagem. A disputa apertou entre Golf, que somou mais pontos na segurança para adultos, e Corolla, que se revelou mais seguro para as crianças. Mas o Golf se sagrou como o melhor porque na soma total, juntando adultos e crianças, ele obteve mais pontos.

Com 33,3 pontos para adultos e 43,52 para crianças, o Golf somou 76,82 e superou o Corolla com 29,6 e 44,88 pontos, respectivamente, com um total de 74,48.

O Virtus conseguiu 32,56 e 43,0 e somou 75,56. A superioridade do Golf em relação ao Corolla na segurança para os adultos foi maior que a vantagem do Corolla em relação ao Golf na segurança para as crianças. Golf e Corolla possuem sete airbags e o Virtus, quatro.

Chevrolet Spin – O maior porta-malas 

Aqui, espaço é o que não falta (Christian Castanho/Quatro Rodas)

No quesito espaço para bagagem não tem para ninguém: a minivan Chevrolet Spin tem porta-malas com 710 litros de capacidade. O segundo colocado é outra minivan, o Fiat Doblo Adventure, que acomoda 665 litros. E o terceiro fica com um sedã: o Chevrolet Cobalt, que leva 563 litros.

Para levar o título de maior porta-malas, não precisava, mas na linha 2019 a Spin ganhou ainda um trilho que permite deslocar a terceira fileira de bancos em 11 cm, sendo 5 cm para a frente, e 6 cm para trás, a partir da posição normal, para permitir aos usuários adequarem o espaço traseiro à necessidade de transportar pessoas e bagagem.

Assim, com a segunda fileira avançada, é possível ampliar em 46 litros a capacidade do porta-malas, totalizando 756 litros.

Troller T4 – O mais off-road

 (Christian Castanho/)

Para chegar ao modelo mais adaptado ao uso fora-de-estrada, nos guiamos pelo conjunto mecânico e, pela geometria off-road (ângulos de ataque e de saída, vão livre, travessia em água etc.).

Equipado com motor diesel 3.2 turbo de 200 cv a 3.500 rpm e 47,9 mkgf de torque a 1.750 rpm, o Troller T4 tem tração integral com comando eletrônico e diferencial traseiro autoblocante e ainda possui a melhor geometria.

Ele tem 51o de ângulo de ataque e de saída, 20,8 cm de vão livre, 80 cm em travessia em água e 40o de inclinação máxima. Alguns rivais conseguem se destacar em um ou mais aspectos.

O Suzuki Jimny na versão 1.3 4×4 Desert, por exemplo, é superior no vão livre (26,7 cm) e nos ângulos de saída (53o) e inclinação (42o). A picape VW Amarok tem maior capacidade de inclinação (49o) e a Toyota Hilux, o maior vão livre (31 cm).

O Land Rover Discovery vence na capacidade de submersão (90 cm). Mas o Troller supera a todos pelo conjunto.

Mercedes-Benz C 200 EQ Boost – O mais tecnológico

O híbrido C 200 EQ Boost tem sistema elétrico auxiliar de 48 V (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Como primeiro híbrido produzido no Brasil, o Mercedes C 200 EQ Boost leva o título de mais tecnológico. O sedã tem um motor a combustão de 183 cv e um elétrico de 14 cv. Por definição, o C 200 EQ Boost é um híbrido parcial.

Seu segundo motor é acionado em alguns momentos, como em arrancadas e retomadas de velocidade, sem contudo ser responsável por movimentar o carro (o que ocorre nos híbridos plenos).

Além do motor elétrico, o C 200 EQ Boost traz um inédito sistema elétrico de 48 V e outras tecnologias de última geração como câmbio automático de nove marchas, freios regenerativos, faróis full led e painel de instrumentos digital e configurável.

O C 200 é montado em Iracemápolis, SP, (suas peças são importadas, mas todas as fases da montagem, como soldagem e pintura, são feitas no Brasil). O produto final é igual ao que sai de outras fábricas que produzem o Classe C no mundo, como a de Bremen, na Alemanha.

Sua estreia mundial foi no Salão de Genebra, em março de 2018, e seu lançamento no Brasil aconteceu em dezembro de 2018.

Honda Fit – O mais modular

Simples e versátil, o Fit fez escola na linha Honda (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O interior modulável surgiu com as minivans nos anos 1980. Nos anos 2000, a Chevrolet causou sensação ao inovar com os sistemas Flex Seven e Space Flex de rebatimento dos bancos, a bordo das minivans Zafira (2001) e Meriva (2002), respectivamente.

Mas esses sistemas eram complexos e caros. Por isso não foram longe. Em 2003, a Honda apresentou o Fit que era equipado com o sistema ULT (Utility, Long, Tall), um conjunto mais simples e modulável que existe até hoje.

Rebatizado como Magic Seat, hoje ele equipa não só o Fit mas também os SUVs HR-V e WR-V. Nesses carros, o banco traseiro bipartido pode ser rebatido tanto no encosto quanto no assento, permitindo diferentes configurações na cabine, incluindo (no caso do Fit e do WR-V) o banco do passageiro dianteiro reclinável.

Chery QQ Smile – O mais barato

Caoa-Chery QQ tem três anos de garantia (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Desde o tempo de Henry Ford, fabricantes de automóveis em todo o mundo embalam o sonho de fazer o carro mais barato do mercado.

No Brasil, durante muito tempo marcas generalistas como Chevrolet, Fiat, Renault e VW se alternaram como detentoras desse posto, mas com a chegada do Caoa-Chery QQ elas desistiram de perseguir o ideal.

O QQ é o carro mais barato do país desde 2011, quando chegou ao Brasil importado. Naquela época, executivos das fábricas locais diziam que ele custava pouco porque era produzido na China, país com mão de obra barata e sem o chamado “custo Brasil”.

Acontece que em 2016 o QQ passou a ser produzido aqui e continuou a custar pouco. É verdade que, na transição, ele perdeu equipamentos.

Na versão básica, Smile, além dos itens obrigatórios (duplo airbag, ABS, cintos de três pontos e apoios de cabeça) ele traz vidros elétricos dianteiros, Isofix, calotas, rádio com USB e dois alto-falantes e só.

Mas se o que vale é o preço, o QQ Smile custa R$ 27.490, enquanto o segundo carro mais barato do mercado, o Renault Kwid 1.0 Life, sai por R$ 32.490, seguido de perto pelo Fiat Mobi 1.0 Easy, ao preço de R$ 32.990.

VW UP! TSI – O mais econômico

Em uma disputa acirrada pelo mais econômico, o motor Up! TSI se diferencia por vir com injeção direta e turbo (Marco de Bari/Quatro Rodas)

O título de primeiro lugar entre os mais econômicos foi disputado. Para encontrar o vencedor, levantamos as medições feitas em nossa pista, para uso urbano e rodoviário, e calculamos a média ponderada, com peso maior para o uso na cidade.

A razão foi de 70%/30%. Entre os finalistas ficaram os compactos Fiat Mobi Drive 1.0 GSR, Renault Kwid Zen 1.0 e VW Move Up! 1.0 TSI. Todos têm motor de três cilindros, com cabeçote multiválvula, mas só o Up! vem ainda com injeção direta e turbo.

Assim, ele se sagrou campeão: média de 16,2 km/l (15,1 na cidade/ 18,8 na estrada), contra 16 km/l do Mobi  (14,9/18,6) e 15,9 do Kwid (14,7/18,5). Enquanto o VW entrega 105/101 cv, o Mobi gera 77/72 e o Kwid, 70/66.

O Kwid é o mais leve dos três (779 kg contra 945 kg, do Mobi, e 951 kg, do Up!), mas não tirou proveito disso por ter o motor mais fraco dos três.

BMW X3 M40i – O mais rápido, potente e… Caro

O X3 foi o melhor em três categorias técnicas, além de ser o mais caro do paísO X3 foi o melhor em três categorias técnicas, além de ser o mais caro do paísO X3 foi o melhor em três categorias técnicas, além de ser o mais caro do país (Divulgação/BMW)

Para apontar o carro nacional mais rápido, analisamos os tempos obtidos nos testes de aceleração de 0 a 100 km/h feitos por nós. O campeão, o BMW X3 M40i, conseguiu uma marca digna de esportivo: 4,9 s.

O modelo produzido na fábrica da BMW em Araquari (SC) é um SUV anabolizado por componentes da divisão de preparação Motorsport que, além do M ao nome, lhe acrescentou suspensão e freios dimensionados para suportar o desempenho proporcionado pelo motor 3.0 de seis cilindros em linha que entrega 360 cv de potência e 51 mkgf de torque entre 1.450 rpm e 4.800 rpm.

O BMW X3 M40i conquistou o título de mais rápido com folga, já que o segundo colocado, o sedã Mercedes C 300 Sport, vem bem atrás, com 6,7 s na prova de aceleração. O SUV superou também outros sedãs como o Audi A3 2.0 TFSI, com a marca de 6,8 s, e o irmão BMW 320i, que fez o tempo de 7,1 s.

Mas ser o mais rápido não foi o único destaque do BMW. O X3 venceu também como o mais potente. Seu motor traz diversos recursos como injeção direta, turbo e comando de válvulas variável na admissão e no escape, que resultam em uma potência elevada (360 cv). O segundo colocado é o Chevrolet Trailblazer 3.6 V6, com “apenas” 277 cv.

Na versão diesel, Trailblazer entrega o mesmo volume de torque do X3 M40i (Christian Castanho/Quatro Rodas)

E as conquistas do X3 não ficaram por aqui, porque, como já esperado, ele levou também o título de dono do maior torque. Como se viu, seu motor gera nada menos que 51 mkgf de torque.

Ao contrário do que ocorreu no quesito de maior potência, porém, aqui ele não venceu com larga vantagem. Desta vez, o Trailblazer, que já havia se insinuado com sua versão V6 a gasolina, surgiu em pé de igualdade, na versão diesel. Seu motor 2.8 de quatro cilindros rende os mesmos 51 mkgf.

O desempate a favor do BMW se deu pelo regime em que a força é conseguida. Enquanto no TrailBlazer o torque chega nas 2.000 rpm, no X3 ele está presente já nas 1.520 rpm. Como se diz no turfe, a decisão foi no Photochart.

E ainda tem outro título do X3, esse menos vantajoso. Ele é o carro mais caro produzido no país, conquistado com o preço sugerido de R$ 398.424. Com esse valor dá para comprar 14 Chery QQ e ainda sobra troco.

BMW Série 3 e Mercedes classe C – O mais aerodinâmico

Quando a publicidade fala de um carro com linhas aerodinâmicas, normalmente faz referência ao estilo da carroceria, a parte visual do design. Mas a aerodinâmica tem vital importância no comportamento do veículo, influindo em aspectos como consumo, estabilidade e níveis de ruídos (interno e externo).

Uma forma de saber se um carro tem boa aerodinâmica é medindo a resistência que ele enfrenta do ar ao se deslocar – aerodinâmica pode ser definida como o estudo da interação dos corpos com o ar. Essa resistência ao movimento é dada pelo coeficiente aerodinâmico (Cx).

No caso do BMW, o índice aerodinâmico é válido para a versão 320i (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Foi nesse índice que nos baseamos para apontar o modelo nacional mais aerodinâmico. Na verdade, os modelos nacionais, no plural, uma vez que Mercedes Classe C e BMW Série 3 ficam empatados. Os dois sedãs possuem o mesmo coeficiente aerodinâmico de 0,27.

Em segundo lugar vem o Mitsubishi Lancer, com Cx de 0,29. Quanto maior o coeficiente, maior a resistência ao movimento. O melhor índice entre os modelos de produção em série no mundo atualmente é de 0,23, obtido por Audi A4, Mercedes Classe E e o Tesla Model 3.

VW gol – O mais brasileiro

O Gol fechou 2018 como o quarto carro mais vendido do país (Divulgação/Volkswagen)

Começa pelo nome, Gol, emprestado do nosso esporte mais popular. Mas as ligações desse VW com o Brasil são mais profundas. Ele foi projetado no Brasil. Lançado em 1980, sagrou-se o carro mais vendido de todos os tempos no país, com 6,7 milhões de unidades comercializadas até hoje.

Ele foi o líder do mercado em 27 de seus 39 anos de vida. Deu frutos como o sedã Voyage, a perua Parati e a picape Saveiro, além das inúmeras versões e séries especiais que marcaram época como GTS, GTI e Seleção – que introduziram tecnologias pioneiras como a primeira injeção eletrônica e o primeiro motor flex (outra invenção genuinamente brasileira).

Por fim, ele se transformou em uma espécie de embaixador da indústria nacional, sendo exportado para 60 países e 1,5 milhão de unidades vendidas. Nenhum outro rivaliza esse título com ele.

Fonte: Quatro Rodas

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