Trabalhadores da General Motors, dona da Chevrolet, aprovaram em assembleia na tarde desta quinta-feira (7) o acordo selado entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos como contrapartida para atração de novos investimentos para a planta em São José dos Campos. A promessa é que uma nova linha, de uma caminhonete, seja instalada no interior de São Paulo.
A aprovação do pacote de exigências da empresa ocorreu um dia depois da montadora divulgar que registrou lucro de US$ 8,1 bilhões em 2018. Antes de começar a negociação, a montadora alegou que o momento é considerado crítico e que 'exige sacrifício de todos'.
O pacote de exigências da empresa, votado às 15h na porta da fábrica, vinha sendo discutido com a categoria desde o último mês. Da lista inicial de 28 itens sugeridos pela multinacional, dez foram aprovados por cerca de 90% dos trabalhadores dos dois turnos.
Entre os principais pontos do acordo estão:
- o congelamento de salários em 2019, com pagamento de abono de R$ 2,5 mil para compensação;
- valor pré-definido da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) pelos próximos três anos, sendo neste ano no valor de R$ 7,5 mil;
- redução do piso para R$ 1,7 mil para futuras contratações;
- fim da estabilidade para lesionados, também apenas a novos contratados
A proposta ainda altera o prazo mínimo de trabalho para receber benefícios, passando de um para 180 dias trabalhados. Já o pagamento de complementação salarial para pessoas afastadas pelo INSS, que antes era de 120 dias passa para 60 dias.
A unidade emprega cerca de 5 mil pessoas e produz, além de motores e transmissões, os modelos S10 e Trailblazer. A PLR de 2018 foi de R$ 15 mil a cada trabalhador.
Sindicato
Segundo o sindicato, a empresa condicionou a aprovação dos termos aos novos investimentos na planta. A promessa é de que seja trazida para a unidade de São José dos Campos a produção de um novo carro – o valor do investimento ou expectativa de geração de empregos não foram informados.
Apesar da aprovação das mudanças trabalhistas na GM, a entidade contesta as alegações da GM sobre o momento considerado crítico.
"A discussão não é meramente econômica, a pauta de reivindicações discutida é um debate político. O que acontece aqui na GM é a prova viva do que é o sistema capitalista. O sindicato e contra qualquer proposta que tira benefícios dos trabalhadores", disse Weller Pereira Gonçalves, presidente do sindicato.
Entre os trabalhadores, o pacote foi criticado. "Acordo horrível pra nós trabalhadores, um retrocesso. Nossa PLR foi cortada pela metade. O trabalhador só perdeu. A GM está com bilhões em caixa e os trabalhadores foram prejudicados. Acredito que os funcionários daqui serão todos dispensados", disse um trabalhador que preferiu não ser identificado.
Sobre a aprovação do pacote, a GM disse que esse é um passo importante na concretização do plano de viabilidade, mas que outros agentes, como governo e fornecedores, continuam as tratativas de forma diligente.
Em São Caetano do Sul, onde a General Motors tem uma fábrica e negociava pacote semelhante ao de São José, as propostas da montadora foram rejeitas pelos trabalhadores no começo do mês.
Reestruturação
A proposta de reestruturação foi entregue pela GM depois do anúncio de que a montadora passa por um período crítico e que precisaria de uma reestruturação.
No exterior, o plano de reestruturação da empresa propôs o encerramento das atividades em cinco plantas na América do Norte e demissão de mais de 14 mil trabalhadores.