O ex-presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Carlos Ghosn, disse em nova entrevista nessa quinta-feira (31) que ele foi “castigado antes de ser considerado culpado". Para o executivo, a recusa da justiça japonesa de libertá-lo sob fiança "não seria normal em qualquer outra democracia".
As declarações foram dadas para a agência France Presse, na primeira entrevista do executivo brasileiro com veículo de comunicação que não é japonês.
Carlos Ghosn está preso desde 19 de novembro no Japão sob acusação de violações e fraudes fiscais envolvendo a Nissan, bem como do uso de recursos da empresa para benefícios particulares e para cobrir prejuízos em investimentos pessoais.
Não há previsão de que ele deixe a prisão. O brasileiro teve diversos pedidos de liberdade sob pagamento de fiança negados, o mais recente no dia 22 de janeiro.
Na quarta-feira (30), o executivo negou ser culpado e disse ser vítima de uma conspiração ao jornal japonês "Nikkei".
De acordo com Ghosn, executivos da Nissan que eram contra uma maior integração com a Renault foram os responsáveis pelo complô. O ex-presidente do conselho da montadora planejava aprofundar as relações dentro da aliança, da qual foi o idealizador. Rumores de uma possível fusão existiam desde o início do ano passado.