Novidades

28 JAN

Como é ter um carro elétrico no Brasil? Eles já se ligaram e contam

Glaucia Savin, dona de um BMW i3 sem extensor de autonomia em SP (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Se para a maioria dos brasileiros o carro elétrico ainda é um enorme ponto de interrogação, uma pequenina parcela da população pode se gabar de já ter esse tipo de veículo na garagem.

Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) apontam que em 2018 há ínfimos 300 automóveis totalmente elétricos circulando no país.

QUATRO RODAS conversou com proprietários de três deles, todos donos de BMW i3, o único elétrico vendido a pessoas físicas até a chegada de Chevrolet Bolt, Nissan Leaf e Renault Zoe.

Todos dizem que aderiram a um veículo que é 40% mais caro que um equivalente por causa da sustentabilidade, pois queriam um carro que não poluísse. É o caso de Glaucia Savin, 55, advogada de São Paulo (SP) que comprou um i3 2015 usado em outubro de 2017.

Seu perfil de uso é o que mais se espera de um proprietário de elétrico: 100% urbano, com média de 10 km por dia. Com isso, uma bateria cheia, cuja autonomia é de até 140 km, garante a ela a possibilidade de rodar mais de uma semana.

Receio de ficar pelo caminho sem bateria? Nenhum. “Sempre presto atenção ao mostrador e, quando vejo que a autonomia está mais baixa, coloco no modo Eco e mudo o estilo de dirigir”, conta a advogada, que gastou R$ 200 para instalar um transformador de 110 para 220 V com 5.000 VA (volt-ampere) de potência na garagem do prédio. Lá, seu i3 passa a noite carregando, o que demora 8 horas.

BMW i3 é, por enquanto, o único carro 100% elétrico vendido a pessoas físicas no Brasil (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

O administrador Leonardo Celli Coelho, 41, de Jaguariúna (SP), também destaca a mudança ao volante. “Você aprende a antecipar os acontecimentos e a tirar o pé para aproveitar ao máximo os freios regenerativos”, explica.

Primeiro dono de um i3, comprado em abril de 2016, Coelho usa o carro de modo um pouco mais intenso: cerca de 40 km diários, incluindo uma viagem de vez em quando.

Para isso, o seu i3 conta com um trunfo que o da Glaucia não tem: um motor a combustão de 650 cm3 que funciona como gerador e estende a autonomia em mais 150 km. “Só uso esse recurso para pegar a estrada”, diz. Nem gasto com recarga ele tem, pois aproveita a energia solar captada por painéis fotovoltaicos instalados em sua residência (leia mais abaixo).

Já o engenheiro eletricista Ricardo Bovo, 48, faz um percurso ida e volta diário de 210 km entre Sorocaba (SP), onde mora, e a capital paulista, onde trabalha. Isso não o impediu de adquirir um i3 2015 usado em julho. Para viajar sem precisar usar o gerador a combustão e queimar gasolina, ele precisa recarregar o veículo à noite em casa e de dia enquanto trabalha.

“Andando a 110 km/h na [rodovia] Castello Branco, nem me preocupo com o ar-condicionado ligado. Agora, se eu for a 120 km/h, a autonomia cai 10% e fica muito no limite”, diz Bovo. Por causa das recargas, sua conta de luz aumentou R$ 100 por mês.

Além disso, ele gastou R$ 400 num transformador de 110 para 220 V com 7.000VA. Dinheiro de troco perto dos R$ 400 que gastava por semana em combustível para rodar a mesma quilometragem com um Volvo S60. No total, passou a economizar pelo menos R$ 1.500 de gasolina por mês.

Além da economia com combustível, os três usuários destacam outras vantagens dos seus elétricos: total silêncio a bordo, torque entregue de maneira imediata pelo motor de 170 cv e 25,5 mkgf e garantia de oito anos ou 100.000 km para a bateria.

Pode-se mencionar ainda o baixo custo das recargas (média de R$ 12 cada), a isenção de 50% de IPVA no estado de São Paulo e de rodízio na capital paulista, e o seguro em cerca de 5% do valor do carro (média de R$ 9.000).

Até na manutenção o elétrico leva vantagem: é bem mais simples, com uma revisão ao ano, que inclui troca de filtro de ar e fluidos do gerador a combustão (em média R$ 1.200).

Mas nem tudo é um sonho para eles. A baixa autonomia em viagens é o maior vilão. “Tenho parentes em Ribeirão Preto (a 320 km de distância) e não consigo visitá-los com meu carro”, lamenta Glaucia.

Eles reclamam ainda da rede escassa de recarga, em especial nas estradas, e falta de mão de obra especializada. “Nem nas autorizadas BMW você sente confiança”, diz Coelho. “Os donos acabam sabendo mais que os mecânicos.”

Leonardo Coelho: casa adaptada para recarregar seu i3 com energia solarLeonardo Coelho: casa adaptada para recarregar seu i3 com energia solar (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Leonardo Celli Coelho não ficou só na compra de um carro elétrico. Em abril de 2017, o administrador se mudou para uma casa totalmente sustentável. Foram R$ 25.000 investidos em um sistema de captação de energia solar a partir de painéis fotovoltaicos instalados no telhado e mais R$ 10.000 para incluir um carregador semirrápido, para baixar o tempo de recarga de seu BMW i3 de 8 para 3 horas.

Também comprou um ciclomotor de R$ 5.800 e uma bicicleta de R$ 4.200, ambos igualmente elétricos. Total de R$ 210.000 somando os três veículos mais a estrutura residencial. “Quem vê de fora acha que é loucura, mas alguém tem que se arriscar. Gerar a própria energia que eu uso em casa e no meu carro, sem emissões, me dá uma enorme sensação de liberdade”, comenta.

Coelho calcula já ter economizado em sete meses cerca de R$ 20.000 em energia elétrica e combustível, o que significa um retorno de investimento num prazo de dez a onze anos. Hoje, ele paga somente a tarifa mínima de conta de luz (R$ 70), e envia a energia excedente de sua casa para o sogro.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

27 MAI

QUATRO RODAS de junho: andamos no Ford Territory, futuro rival do Compass

Edição 722 da QUATRO RODAS (Arte/Quatro Rodas)O que fazer quando sabemos que um dos lançamentos mais importantes para tirar a Ford do buraco no Brasil nos próximos anos, o Territory, é um veículo que só está disponível para ser dirigido na China?Vamos até lá, claro! Esta foi nossa grande missão na edição de junho de QUATRO RODAS: ir até Guangzhou, “pequena” cidade de 15 milhões de habitantes no sul do gigante asiático, para sacar qual é a do SUV médio que chegará no fim... Leia mais
27 MAI

Fiat propõe fusão com Renault para criar terceiro maior grupo automotivo

Acordo prevê sinergia de tecnologias entre a FCA e a Renault (arte/Quatro Rodas)A Fiat Chrysler (FCA) entregou à Renault nesta segunda-feira uma proposta de fusão. Juntas, as duas empresas podem formar a terceira maior fabricante de automóveis do mundo, atrás apenas de Volkswagen e Toyota.Nenhuma empresa seria majoritária no negócio. 50% do grupo formado pelas duas companhias pertenceria aos acionistas da FCA, enquanto a outra metade ficaria sob responsabilidade dos acionistas da... Leia mais
27 MAI

Ações da Renault e da Fiat têm forte alta após projeto de fusão

As ações da Renault e da Fiat Chrysler (FCA) registram forte alta nesta segunda-feira (27) com os investidores repercutindo a possível fusão entre a companhia francesa e a ítalo-americana. Por volta das 9h45, os papéis da Renault, negociados na Bolsa de Paris, subiam 15,09%. Já os da Fiat Chrysler, listados em Milão, avançavam 11,37%. Nesta segunda-feira a Fiat Chrysler, de capital italiano e americano, anunciou que apresentou uma proposta de fusão à francesa Renault, o... Leia mais
27 MAI

Fiat Chrysler apresenta proposta de fusão à Renault

A montadora Fiat Chrysler (FCA), de capital italiano e americano, apresentou nesta segunda-feira (27) um projeto de fusão com a francesa Renault, o que criaria o terceiro maior grupo mundial do setor, um anúncio celebrado pelos investidores e o governo francês. De acordo com a proposta da FCA para a Renault, o novo grupo pertenceria em 50% aos acionistas da empresa ítalo-americana e em 50% aos acionistas da montadora francesa. As ações teriam cotações nas Bolsas de Nova... Leia mais
27 MAI

Teste do especialista: qual cera restaura melhor o plástico do carro?

Ceras para plástico de Prolitec, Autoshine e Fuzautto (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)Chega uma hora em que as partes plásticas do carro começam a perder a cor natural por conta do ressecamento pelo sol ou uso de produtos de limpeza.Mas elas podem voltar à vida com as ceras restauradoras específicas para plástico.O nosso especialista Guilherme Jozi testou três das principais marcas (AutoShine, Prolitec e Fuzetto) e foi enfático.“São bem simples de aplicar e não mancham a... Leia mais
27 MAI

Bolsonaro está certo ao declarar guerra contra a “indústria da multa”?

Uma das promessas de Bolsonaro é acabar com os radares “que só existem para arrecadação” (PoppyPixels/Thinkstock/Quatro Rodas)Algumas leis de trânsito parecem incomodar o presidente Jair Bolsonaro. Em 2016, quando ainda era deputado federal, o atual mandatário fez um projeto para revogar a lei que obriga o uso de faróis baixos em rodovia. Em um vídeo divulgado na época, ele usava a opinião de um motorista para justificar sua vontade, contrariada por especialistas.“Uma das... Leia mais