Olhando não parece, mas Honda Fit e Toyota Yaris são muito semelhantes. Usam motor 1.5, câmbio CVT, têm acerto voltado para o conforto dos ocupantes e “surfam” na onda da boa imagem de suas fabricantes junto ao público.
Se são parecidos, qual é a melhor opção para o consumidor? O G1 comparou as versões topo de linha dos dois modelos. No caso do Honda, é a EXL, enquanto o Toyota vem na configuração XLS. Elas foram escolhidas porque são as que mais aproximam Fit e Yaris.
Custos: ponto para o Yaris
Apesar de tantas semelhanças, considerando preço de compra, valor do seguro e das revisões e equipamentos, há um desequilíbrio evidente entre os dois modelos.
A Honda cobra R$ 83.300 pelo Fit EXL, enquanto o Yaris XLS é vendido por R$ 81.990 - uma diferença de R$ 1.310, quase suficiente para bancar as 3 primeiras revisões do Toyota.
Aliás, o Yaris também leva vantagem no pós-vendas. Ao realizar as cinco primeiras revisões na rede de concessionárias, o dono do Yaris terá que desembolsar R$ 2.347. Já o proprietário do Fit precisa preparar o bolso para gastar 45% mais, com os R$ 3.401 pedidos pela Honda para os serviços.
Na hora de proteger o bem e cotar um seguro, empate técnico. Segundo levantamento da Minuto Seguros, a apólice do Toyota, para um perfil médio, é de R$ 2.428, contra R$ 2.573 do Honda.
No fim das contas (literalmente), a diferença de cifras ainda faz a balança pesar favoravelmente ao Toyota, com uma diferença de quase R$ 2,3 mil, que não deve ser desprezada.
Equipamentos: novamente, dá Yaris
Normalmente, o ônus de ser mais barato é ter menos equipamentos. Não é o que acontece neste comparativo. O Yaris é consideravelmente mais completo do que o Fit.
Em suas versões mais caras, ambos contam com ar-condicionado digital, controle de velocidade de cruzeiro, bancos de couro, central multimídia, controles de tração e estabilidade e airbags laterais e de cortina, além dos frontais, que são obrigatórios por lei.
O Yaris tem uma lista ainda mais extensa, recheada por airbag de joelho para o motorista, sensores de luz e chuva, retrovisor interno antiofuscante, teto solar, quadro de instrumentos com computador de bordo colorido e configurável, e acesso e partida por chave presencial.
Uma falha é a central multimídia que não suporta Android Auto e Apple CarPlay - fato recorrente em modelos da Toyota.
De exclusivo, o Fit conta apenas com faróis full LED, conexões Android Auto e Apple CarPlay na central multimídia e volante com regulagem de profundidade – o Yaris tem apenas regulagem de altura. O Honda até traz o local para acionamento do motor por botão, mas no local há uma tampa plástica, como mostra a imagem acima.
Com os itens extras, a diferença de preços entre os dois rivais parece ainda mais evidente. Além de oferecer mais, o Yaris custa menos.
Desempenho: Yaris aumenta vantagem
O motor de ambos é da mesma cilindrada, 1.5. O Fit tem um pouco mais de potência e torque, 116 cavalos e 15,3 kgfm contra 110 cv e 14,9 kgfm, respectivamente.
A percepção, no entanto, é de que o Yaris é mais ágil do que o Fit. Ainda que o câmbio CVT passe longe de ser empolgante, a transmissão do Toyota equilibra melhor a relação entre conforto e desempenho do que o Honda.
O Fit ainda deixa uma má impressão ao elevar demais as rotações do motor, sem, no entanto, entregar respostas mais vigorosas.
De quebra, o Yaris ainda é mais econômico em quase todos os cenários, segundo as medições do Inmetro, como mostra a tabela abaixo:
Versatilidade: Fit é imbatível
Nesse quesito, o Fit levar a melhor com facilidade. Sua carroceria, que mescla elementos de hatch e de minivan, é praticamente imbatível.
E olha que o Honda é 5 centímetros mais curto do que o Yaris e tem 2 cm a menos na distância entre-eixos. A compensação vem com um túnel central quase plano, o que torna a vida do quinto ocupante muito mais confortável.
Outra vantagem do Fit é ser 6 cm mais alto e ter uma linha de cintura mais baixa, com área envidraçada maior, fatos que reforçam a sensação de amplitude da cabine.
E não é só isso: o Honda leva ampla vantagem no porta-malas. São 363 litros, contra 310 litros do Yaris.
Se esse tamanho não for suficiente, o Fit ainda possui o prático sistema de rearranjo dos bancos. É possível rebater os encostos e aumentar o porta-malas, formando um compartimento plano de 1.045 litros.
Também dá para erguer os assentos traseiros, formando uma área considerável para levar objetos mais altos, como uma pequena árvore. Por fim, o Fit ainda oferece fartura maior de porta-objetos, incluindo um nicho para copos na frente da saída de ventilação.
Acabamento: empate justo
Nenhum dos dois se destaca nesse aspecto. Ambos abusam de plástico duro e apelam para um visual conservador na cabine.
Mesmo o Yaris sendo um modelo bem mais recente, o interior lembra o de um carro de alguns anos atrás pela disposição dos elementos no painel. As únicas ousadias estilísticas aparecem nas saídas de ar com molduras prateadas.
A cabine do Fit tem um arranjo mais interessante, com saídas de ventilação em posição elevada e ar-condicionado com comandos sensíveis ao toque. Mas o quadro de instrumentos faz lembrar um carro popular pela simplicidade excessiva.
E o vencedor é...
O Yaris.
O Fit pode ser mais versátil e acomodar melhor pessoas e suas bagagens. Mas o Yaris vai melhor em todos os demais aspectos.
A Toyota acertou ao posicionar seu hatch em um patamar abaixo do Honda, e, ainda assim, oferecer um nível de equipamentos bem mais alto, condizente com a faixa de preço (ainda que o Yaris tenha sofrido alguns reajustes nos últimos meses). Enquanto isso, o Fit, que passa de R$ 83 mil, deixa de lado itens indispensáveis nesta categoria.
Neste comparativo, embora nenhum dos dois empolgue ao volante, o Yaris ainda anda melhor e "bebe" menos.
Reflexo disso são as vendas dos dois. Entre o lançamento, em julho, e dezembro de 2018, o Yaris emplacou cerca de 18,5 mil unidades, que representa média mensal de 3.061 veículos. O Fit, que teve vendas regulares durante o ano todo, teve 27.359 exemplares vendidos, o que significa média mensal de 2.279 veículos.