Novidades

21 JAN

Ameaça da GM de deixar o Brasil não passa de blefe, dizem especialistas

Chevrolet Onix: segundo a GM, carro mais vendido no Brasil não dá lucro (Divulgação/Quatro Rodas)

Caiu como uma bomba a notícia, repercutida no fim da semana passada, de que a General Motors estaria cogitando deixar o Brasil.

Tudo começou com uma frase da presidente global da fabricante, Mary Barra, repercutida pelo jornal Detroit News. Barra declarou que a companhia estaria revendo suas operações na América do Sul, incluindo o Brasil, porque não quer “investir para perder dinheiro”.

O presidente da companhia na América do Sul, Carlos Zarlenga, emitiu então um comunicado interno destacando o posicionamento da líder mundial. Na carta, divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, o executivo afirma que a empresa vive “momento muito crítico” e que os prejuízos registrados no Brasil nos últimos três anos “não podem se repetir”.

Carlos Zarlenga, presidente da GM para a América do Sul (Divulgação/Quatro Rodas)

Seria só um blefe, loucura ou corremos real risco de ver a dona da Chevrolet, atual marca mais vendida do país, abandonar o mercado nacional?

QUATRO RODAS ouviu especialistas e partes envolvidas no caso, e todos foram unânimes em acreditar que se trata de não mais do que uma cartada agressiva para forçar reduções de custos em diferentes frentes e aumentar, assim, a rentabilidade.

“A GM saiu da Europa, é verdade. Mas no Brasil isso é muito mais difícil de acontecer, porque nosso mercado tem um potencial altíssimo de crescimento, muito maior do que Europa ou Estados Unidos. As fabricantes não querem perder oportunidades”, analisa Antonio Jorge Martins, coordenador acadêmico de cursos automotivos da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Joel Leite, especialista em mercado automotivo e presidente da agência AutoInforme, acrescenta: “Eles acabaram de anunciar uma linha inteiramente nova de produtos. Desenvolveram uma plataforma nova voltada a mercados como o Brasil. Vão sair justamente nesse momento? Isso parece mais terrorismo para forçar distribuidores a reduzirem preços”, diz.

Mesmo quem tem envolvimento direto com a GM carrega a mesma sensação. “É algo que acredito que esteja muito longe da realidade”, opina Decio Farah, superintendente executivo da Abrac (Associação Brasileira de Concessionários Chevrolet).

“Ainda não temos como nos manifestar concretamente, porque fomos pegos de surpresa, mas entre os trabalhadores o sentimento geral é de uma justificativa para tirar direitos”, comenta Aparecido Inácio da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul (SP), onde está uma das fábricas da companhia no país.

Linha de montagem do Chevrolet Onix em Gravataí (RS) (Divulgação/Quatro Rodas)

Difícil assimilar como a marca que mais comercializa automóveis no Brasil, com 17,58% de participação em 2018, e que também possui o carro mais vendido entre todos, o Chevrolet Onix, esteja fechando as contas no vermelho, não é mesmo? Os especialistas também têm dificuldade de entender como isso acontece.

Para Antonio Jorge Martins, da FGV, fabricantes como GM e Ford estão sofrendo hoje no Brasil, apesar de ainda possuírem percentuais expressivos de participação no mercado, porque demoraram a se adaptar à nova realidade do mercado brasileiro a partir dos anos 2000.

“Durante quase 60 anos quatro montadoras atuaram sozinhas. Com a chegada de novas concorrentes e, principalmente, com a forte queda nas vendas a partir de 2014, hoje a pressão por competitividade está muito mais elevada. É preciso buscar novos parâmetros de competitividade e nova visão estratégica”, avalia.

Outro erro, em sua visão, é que o foco da GM, apesar dos altos volumes de vendas, está quase integralmente voltado a uma única família de modelos compactos, Chevrolet Prisma e Onix, cujo tíquete médio e, consequentemente, as margens de lucro são mais baixos.

Onix garante volume e fatia de mercado à GM, mas não tanto a rentabilidade (Divulgação/Chevrolet)

“Nos tempos atuais é preciso ter produtos fortes em todos os segmentos de atuação, pois isso garante solidez e retorno rápido dos investimentos. Isso vale especialmente numa época em que os ciclos de atualização dos carros estão cada vez mais curtos, demandando investimentos cada vez mais periódicos”, explica.

É por isso que os modelos derivados da plataforma GEM terão tamanha importância.

Eles marcarão uma investida incisiva da Chevrolet em segmentos de maior valor agregado, como o de compactos premium – novos Onix e Prisma -, os de SUVs compactos e compactos-médios – novo Tracker e um modelo inédito a ser feito na Argentina – e o de picapes compactas-médias. É sobre eles que estará a pressão por vendas consistentes e rentabilidade.

Substituto do Tracker será feito no Brasil e chega com a pressão de ter que vender bem (Reprodução/Internet)

Seja um blefe a estratégia da GM ou não, QUATRO RODAS consultou fontes e constatou que a fabricante já iniciou sua ofensiva para reduzir custos em quatro frentes: concessionários (margens e comissões mais enxutas); trabalhadores (flexibilização de cargas de trabalho e direitos); fornecedores (pressão por preços mais competitivos); governos (incentivos e reduções tributárias).

Em relação a revendedores uma mudança já foi adotada. Nossa reportagem soube que na última quarta-feira (16) a companhia divulgou aos lojistas uma nova política de comissões, com redução de um ponto percentual em todos os canais de venda. Antes, a comissão média orbitava a casa de 5%. Agora, ficou reduzida a cerca de 4%.

Decio Farah, da Abrac, admitiu que a entidade “já tomou conhecimento” das novas políticas. Entretanto, não quis entrar em detalhes quanto às readequações, ponderando que o novo posicionamento da fabricante deve ser encarado como algo “absolutamente normal”.

“Nenhum empresário de bom senso entra num negócio para perder dinheiro. Já houve conversações a respeito [de mudanças nas precificações], até porque eles têm direito legal de estabelecer suas margens, assim como as concessionárias em relação ao consumidor. No fim, quem determina tudo isso é o mercado”, defendeu.

Às 11h desta terça-feira (22), Carlos Zarlenga se reunirá com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, além dos prefeitos de São Caetano do Sul e São José dos Rio Preto (SP), e de um representante do governo estadual de São Paulo.

“Precisamos ouvi-los para só aí entender o que eles querem da gente. O que posso dizer é que os trabalhadores já estão arrochados, trabalhando muito e com salários menores. Da parte dos trabalhadores não há muito o que ceder: não podemos perder direitos”, disse Aparecido Inácio da Silva, do Sindicato dos Metalúrgicos de SCS.

Procurada por QUATRO RODAS, a GM do Brasil respondeu que “não iria comentar” o conteúdo da reportagem.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

01 ABR

Ministério informa que suspendeu instalação de radares em rodovias federais após ordem de Bolsonaro

O Ministério da Infraestrutura informou nesta segunda-feira (1º) que suspendeu a instalação de radares em rodovias federais após ordem do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o ministério, a suspensão foi feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), autarquia vinculada à pasta. O governo não informou, contudo, o valor dos contratos; os locais onde os radares seriam instalados; nem o número de equipamentos. "Em função de... Leia mais
01 ABR

Carro movido a mel e picape do Yaris: marcas de carros 'lançam' modelos especiais em 1º de abril

Pegadinhas de 1º de abril são bastante comuns entre as fabricantes de automóveis, mas ainda acabam fazendo muita gente acreditar nas brincadeiras. Há alguns anos, a BMW anunciou uma picape baseada no Série 3, enquanto a Honda criou um CR-V conversível e a Hyundai fez uma releitura do Papamóvel com um i10. Neste ano, o G1 listou uma série de “lançamentos” anunciados nesta segunda-feira (1). Com um exercício de imaginação, bem que alguns dos modelos abaixo fariam... Leia mais
01 ABR

Cinco verdades bizarras sobre carros que parecem mentira de 1º de abril

– (Divulgação/Marco de Bari/Quatro Rodas)Todo 1º de abril é a mesma coisa: veículos de imprensa, fabricantes e até seu colega de trabalho contam as mais diferentes lorotas por conta do dia da mentira.Para variar, QUATRO RODAS resolveu ir pelo caminho contrário: elegemos as verdades mais improváveis do mundo automotivo.Tem de tudo: carro velho sendo feito junto com novo, recall por causa de voz do GPS e até acessório antiquado em carro moderno. Veja algumas desses casos a... Leia mais
01 ABR

Moto elétrica esportiva 'acessível' começa a ser vendida por US$ 13 mil

A americana Lightning Motorcycles começou a vender sua nova moto elétrica por preço inicial de US$ 13 mil nos Estados Unidos, valor equivalente a R$ 50 mil. O modelo chamado de Strike é uma aposta mais acessível da marca californiana, como acontece no mundo dos carros com o Model 3 da Tesla. Moto voadora começa a ser vendida por US$ 380 mil Montadoras mais tradicionais, como a Harley-Davidson e a Vespa, estão tentando se tornar relevantes neste mercado de elétricas, ainda em... Leia mais
01 ABR

Chevrolet Trailblazer vira SUV compacto entre Tracker e Equinox na China

Teaser dos novos Chevrolet Trailblazer e Tracker (Divulgação/Chevrolet)A GM promete duas novidades para o Salão de Xangai 2019.A primeira interessa bastante ao mercado brasileiro e já está mais do que dissecada: trata-se da nova geração do Tracker, a ser feita em São Caetano do Sul (SP) no ano que vem.Utilizará, conforme revelado em primeira mão por QUATRO RODAS, motores 1.0 e 1.2 turbo.Novo Tracker será brasileiro e terá motores 1.0 e 1.2 turbo (Reprodução/Internet)Já a... Leia mais
01 ABR

Volkswagen Golf e Passat 2003 têm recall por falha em airbag

A Volkswagen iniciou a segunda etapa de um recall envolvendo 41 unidades de Golf e Passat, ambos de ano-modelo 2003. O problema está no funcionamento incorreto do airbag da fabricante TRW. O atendimento começará na próxima quarta-feira (3). Esta é a segunda etapa do chamado. A primeira foi em dezembro de 2018, quando a marca emitiu um comunicado de alerta aos proprietários. De acordo com a fabricante, em caso de colisão frontal, o airbag do motorista pode não se abrir... Leia mais