Kicks e-Power seria capaz de alcançar médias superiores a 30 km/l (Nissan/Divulgação)
As fabricantes estão enfim acordando para a era dos veículos eletrificados no Brasil. A Nissan é uma das que estão puxando a fila: lançará o hatch médio elétrico Leaf este ano e também prepara uma configuração híbrida do SUV compacto Kicks para ser lançada entre o final de 2020 e princípio de 2021.
QUATRO RODAS conversou com fontes ligadas à marca no Salão de Detroit 2019, e elas confirmaram: o sistema, conhecido como e-Power, será similar ao utilizado pelo Note no Japão. Foi, inclusive, o grande responsável por fazer do monovolume o carro mais vendido na terra do sol nascente em 2018, quebrando a supremacia do badalado Toyota Prius.
Nissan Note e-Power exibido em concessionária no Japão (TTTS/Wikipedia)
Funciona assim: um motor tricilindro a gasolina de 1,2 litro, com 80 cv e 11 mkgf, opera como gerador, aproveitando o combustível do próprio tanque do veículo. Ele alimenta diretamente uma pequena bateria de 1,5 kW, que por sua vez envia energia para um motor elétrico, montado sobre o eixo dianteiro, responsável pela propulsão.
Se a unidade motriz é sempre elétrica, então o Kicks e-Power será elétrico, certo? Errado: como a bateria é pequena – possui apenas 5% da capacidade de um Leaf – possui capacidade ínfima de armazenamento e precisa ser o tempo todo alimentada pelo gerador a combustão.
Não há, pelo menos no sistema utilizado atualmente pelo Note, qualquer outra forma de geração de eletricidade, como a partir da regeneração de energia cinética dissipada nas frenagens, por exemplo. Assim, o sistema pode ser considerado um híbrido de longo alcance – a edição de Janeiro de QUATRO RODAS explica as diferenças entre os tipos de híbridos e elétricos disponíveis.
As diferenças entre um sistema de propulsão elétrico, híbrido puro e o híbrido e-Power (Divulgação/Nissan)
Há registros de que o Note e-Power esteja registrando médias de consumo superiores a 35 km/l com gasolina japonesa.
Agora imaginemos que o nosso Kicks chegue a 30 km/l usando combustível brasileiro, dotado de 27,5% de etanol, e mantenha o tanque de 41 litros – pequeno para os padrões de um modelo a combustão, mas interessante para um sistema como este. Pronto: poderíamos calcular uma autonomia teórica de incríveis 1.200 km.
Quando for lançado, Kicks híbrido já deve contar com visual reestilizado (Nissan/Quatro Rodas)
No caso do Note e-Power, a potência é de 109 cv, menos até do que os já modestos 114 cv gerados pelo Kicks convencional. Por outro lado, o torque é de abundantes 25,9 mkgf, muito acima dos 15,5 mkgf de nosso SUV e superior até aos 25,5 mkgf de um Golf 1.4 TSI. Trata-se do mesmo motor elétrico da primeira geração do Leaf.
As fontes consultadas pela nossa reportagem revelaram que já há protótipos do Note e-Power rodando em testes no Brasil, mas não abriram detalhes sobre se o sistema a ser usado pelo Kicks híbrido será idêntico ao do monovolume nipônico ou se passará por atualizações, nem se será adaptado para virar flex.
Uma coisa parece certa: a tecnologia virá importada do Japão e seu lançamento pode ser comprometido por eventuais oscilações cambiais.