Volkswagen e Ford anunciaram na última terça-feira (15) uma aliança global com o objetivo de ganhar competitividade. O primeiro estudo da união foi divulgado em meados de 2018 e os primeiros detalhes do plano foram apresentados agora, no Salão de Detroit.
A parceria prevê compartilhar projetos de veículos em um futuro próximo, inclusive no Brasil. Porém, sem fusões, participações acionárias entre as empresas ou mesmo a criação de uma, o que torna a parceria diferente da Autolatina, que existiu no Brasil.
Veja abaixo o que se sabe até agora.
O que as marcas farão em conjunto?
Em um primeiro momento, as montadoras anunciaram que vão compartilhar a plataforma de uma picape média, com vendas começando em 2022.
O modelo de origem será a Ranger, e a Ford ficará encarregada pelo desenvolvimento - as picapes virão de uma base totalmente nova.
De acordo com a montadora americana, os modelos vendidos por cada companhia terão suas características próprias.
A Ford também será responsável por fazer o mesmo processo com vans de grande porte para o mercado europeu. Para a Volkswagen, está definido o desenvolvimento e a produção de uma van urbana.
Além desses modelos, as empresas anunciaram que vão cooperar no desenvolvimento de carros elétricos e autônomos.
Vai afetar o Brasil?
Em entrevista ao G1 nesta terça, o vice-presidente de comunicação, estratégia e assuntos governamentais da Ford, Rogelio Golfarb, afirmou que a essa nova Ranger, será vendida no Brasil. Mas ainda não está confirmado se isso acontecerá ainda em 2022.
A Volkswagen do Brasil não quis comentar o assunto.
É a volta da Autolatina?
Volkswagen e Ford já foram parceiras na América do Sul entre nas décadas de 1980 e 1990, com a formação da Autolatina, atuando no Brasil e na Argentina.
Naquela época, surgiram modelos compartilhados emblemáticos, como Apollo, Verona, Santana, Escort, Logus, Royale, Versailles e Quantum.
Mas a Autolatina era uma empresa à parte criada pelas montadoras. Desta vez, a parceria é diferente: nenhuma nova empresa foi criada. E nem haverá participação acionária de uma montadora na outra, como acontece com a Renault e a Nissan, por exemplo.
E o foco da nova aliança entre Volkswagen e Ford não é só regional, mas global.
Montadoras vão demitir?
Nenhum corte de empregos ou fechamento de fábricas relacionados à aliança foi anunciado.
De acordo com a agência Reuters, o presidente-executivo da Ford, Jim Hackett, disse que a montadora americana não espera que a aliança com a Volkswagen implique na redução da força de trabalho da companhia.
No entanto, a Ford anunciou no início do ano que vai cortar milhares de empregos, descontinuar veículos e fechar fábricas para recuperar a lucratividade das operações do grupo na Europa.
A Volkswagen, no final de 2018, anunciou mais 3 bilhões de euros em cortes de custos como parte de esforço para melhorar margens de lucro.
Qual a situação das marcas?
A Volkswagen disputa o posto de maior montadora do mundo, tendo vendido 10,83 milhões de veículos em 2018, considerando todas as marcas que fazem parte do grupo, incluindo Audi, Porsche, Scania e MAN, que são fabricantes de caminhões.
Depois do escândalo do dieselgate, a marca passou a focar no desenvolvimento de carros elétricos, que não emitem poluentes, além investir no mercado dos SUVs, segmento disputado em todo o mundo.
No Brasil, a montadora anunciou uma "ofensiva" de novos modelos, com foco em SUVs e também confirmou uma picape menor do que Ranger e Amarok, para concorrer com a Fiat Toro.
Com isso, a marca pretende recuperar a liderança do mercado de carros, ocupada há 2 anos pela Chevrolet.
A Ford é a quarta colocada nas vendas de automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) no Brasil.
As duas marcas estão longe da liderança entre as picapes médias, categoria da Ranger e da Amarok. Ambas encerraram o ano como quarta e quinta mais vendidas, respectivamente, atrás de Toyota Hilux e Chevrolet S10.