Um tribunal de Tóquio informou que o presidente da Renault, Carlos Ghosn, comparecerá à Justiça na próxima terça-feira (8), às 10h30 (23h30 em Brasília), atendendo a um pedido da defesa. Ele é acusado de fraudes fiscais e uso indevido de bens corporativos.
Nesta sexta (4), os advogados de Ghosn fizeram um pedido especial para que seu cliente pudesse comparecer à corte e tomar conhecimento por parte da Procuradoria, publicamente, dos motivos de sua detenção.
O pedido foi feito com base em um dispositivo especial do artigo 34 da Constituição japonesa. O tribunal não pode rejeitá-lo.
Detido em 19 de novembro e ainda preso, Ghosn está obrigado a se manter em silêncio, e seus advogados não podem assistir aos interrogatórios, nem têm acesso às provas do caso.
Na última segunda, o tribunal de Tóquio decidiu prorrogar sua detenção por mais dez dias, até 11 de janeiro, no âmbito de um novo mandado de prisão por suspeitas de fraude.
Ghosn é acusado de ter feito a Nissan acobertar "perdas em investimentos pessoais" durante a crise financeira de outubro de 2008, o que ele nega, segundo seus advogados citados pela imprensa japonesa. A quantia em jogo chega a 1,85 bilhão de ienes (em torno de 16,6 milhões de dólares).
Para resolver este problema financeiro, teriam conseguido que um amigo da Arábia Saudita o avalizasse e teria feito transferências por uma quantia equivalente na conta deste último, partindo de uma conta de uma filial da Nissan.
Este tipo de delito normalmente prescreve ao fim de sete anos, mas a lei permite suspender o correr do relógio durante as estadas no exterior - várias no caso de Ghosn, que passava apenas um terço do tempo no Japão.
Segundo a imprensa nesta sexta, a Procuradoria também suspeita de que Ghosn tenha movimentado cerca de 45 milhões de dólares da Nissan para seus "contatos" no Líbano e em outros países.
Ghosn também está detido por uma primeira acusação de suspeita de sonegação de renda nos relatórios anuais da Nissan entregues às autoridades financeiras.
Sua mão direita, o executivo americano Greg Kelly, administrador da Nissan, detido em 19 de novembro no Japão junto com Ghosn, foi solto no dia de Natal.
Em paralelo, a administração da aliança Renault-Nissan se encontra em dificuldades.
Nissan e Mitsubishi Motors tiraram Ghosn da presidência do conselho de administração, mas o grupo francês Renault o mantém no cargo até agora e entregou a diretoria-executiva, a título interino, a seu número dois, Thierry Bolloré.