Contrariando sua filosofia de “enxugar” o número de versões de seus modelos, a Volkswagen oferece uma nova combinação para o Polo, composta de motor 1.6 de 117 cavalos com câmbio automático de 6 marchas. Ela custa R$ 62.690, sem opcionais.
Até então, quem queria o motor 1.6 era obrigado a optar pela transmissão manual, de R$ 57.190. Por outro lado, quem desejava dar descanso para o pé esquerdo, tinha que subir para versões com motor 1.0 turbo, que partem de R$ 68.120.
Ou descer um degrau, e comprar o Gol com o mesmo conjunto mecânico (o motor rende 3 cv a mais, chegando a 120 cv), vendido por R$ 57.260, também sem itens opcionais. Com o Polo 1.6 automático (que não tem sobrenome de versão), a Volkswagen preenche a lacuna.
Polo ou Gol?
O G1 avaliou o Polo 1.6 automático por uma semana, depois de testar o Gol com o mesmo conjunto mecânico.
A primeira impressão, comparando os dois hatches é de uma viagem no tempo. O Polo trata muito melhor os ocupantes. Isso é perceptível logo de cara, com um bater de portas mais suave no modelo mais novo, por exemplo.
Os bancos também são mais confortáveis, e o motorista logo consegue encontrar uma posição de dirigir agradável. A direção do Polo ainda é mais precisa, e a cabine é mais agradável aos olhos e ao toque.
Cambio apenas correto
A transmissão produzida pela japonesa Aisin não é comum apenas a Gol e Polo. Ela também está presente em Virtus, Voyage e Golf. Ela é competente, e suas maiores qualidades são as trocas rápidas e discretas, garantindo conforto e comodidade.
No entanto, o “casamento” entre motor e câmbio no Polo não é tão harmônico quanto no Gol. Em algumas situações, parece que o câmbio tem “preguiça” de avançar ou reduzir uma marcha, supondo que o motor vai dar conta do recado.
Como as vezes isso acontece quando o motorista quer fazer uma ultrapassagem, ou retomar a velocidade em uma rodovia, por exemplo, fica a impressão de que a potência e o torque do motor não são aproveitados em sua plenitude.
Mesmo em baixas velocidades, como ao sair de uma lombada, o câmbio se recusa a baixar uma marcha, fazendo com que o Polo demore mais do que deveria para voltar à velocidade da via.
Um agravante é que as trocas só podem ser feitas na própria alavanca. Isso porque, ao contrário do Gol, o Polo não possui as borboletas atrás do volante. Aos motoristas que gostam de certa dose de esportividade, há o modo Sport, que realiza as mudanças em rotações mais altas.
Consumo na média
É possível que o acerto mais “manso” no Polo tenha relação direta com a economia de combustível. Isso porque ele é mais econômico do que o irmão Gol, ainda que o modelo menor seja obviamente mais leve.
Ele também tem consumo mais comedido do que o Hyundai HB20 1.6, e praticamente empata com o Chevrolet Onix, que tem motor menor, 1.4.
O Polo 1.6 automático, porém, perde no consumo para outros rivais com motores menores, como Ford Ka 1.5, Fiat Argo 1.3 GSR (com câmbio automatizado) e Toyota Yaris 1.3 CVT. Confira a tabela abaixo:
Econômico nos opcionais
Assim como nas demais versões e nos demais modelos, a Volkswagen derrapa no pacote de equipamentos do Polo. Enquanto os contemporâneos Yaris e Argo (com câmbio GSR) oferecem os controles de tração e estabilidade de série, o cliente deve pagar R$ 1.381 a mais para ter os recursos no Polo.
Central multimídia com tela sensível ao toque, retrovisores com ajustes elétricos, sensor de ré e rodas de liga leva custam outros R$ 3.415.
Isso quer dizer que o Polo 1.6 automático mais completo sai por R$ 67.486, cifra apenas R$ 634 mais baixa do que a versão Comfortline.
A relação fica ainda mais desfavorável ao considerar que a versão mais cara traz, além do motor mais potente e econômico, itens como volante com regulagem de altura e profundidade, faróis de neblina e banco traseiro bipartido.
Mercado
Considerando as versões básicas dos modelos automáticos, seus R$ 62.690 fazem dele mais barato apenas do que o Yaris 1.3 XL, de R$ 66.290. Só que o Toyota é mais bem equipado.
O Polo acaba custando mais do que Fiat Argo 1.3 GSR (R$ 61.990), Chevrolet Onix 1.4 LT (R$ 61.190), Hyundai HB20 Comfort Plus 1.6 (R$ 58.950) e Ford Ka SE 1.5 (R$ 56.990).
Nas versões topo de linha, com as listas de equipamentos mais recheadas e parelhas, a diferença é menor.
Aí, o Polo de R$ 67.486 fica mais barato do que o HB20 Premium com bancos de couro (R$ 68.390), Ka Titanium (R$ 69.490), Argo GSR com os opcionais (R$ 69.209) e Yaris XLS com motor 1.5 (R$ 79.390). Ele ainda é superado, em preço, pelo Onix LTZ (R$ 65.550).
Vale lembrar que os concorrentes possuem uma variada oferta de equipamentos, sendo Onix e HB20 acabam ficando para trás por não trazerem itens importantes, como controles de tração e estabilidade.
O Chevrolet, por exemplo, sequer oferece airbags laterais ou ar-condicionado digital, item disponível nas versões mais equipadas de todos os demais. Na contramão, Yaris e Ka oferecem mais airbags, por exemplo.
Conclusão
Dizem que toda regra tem sua exceção. No caso do Polo, a regra tem duas exceções.
A primeira delas foi quebrar a “promessa” da Volkswagen de enxugar sua linha. O hatch, em sua versão intermediária e com câmbio automático concorre em melhores condições com seus maiores rivais, Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka, do que a refinada Comfortline com motor turbo.
A segunda exceção não é tão positiva. Ao contrário das demais versões (incluindo a 1.0 aspirada de entrada), o Polo 1.6 automático não é referência em seu segmento. O Ford Ka 1.5 automático, por exemplo, entrega mais prazer ao dirigir.
Ainda que não tenha a mesma excelente dinâmica de condução, o Polo 1.6 automático se destaca pelo conforto e suavidade das trocas de marchas, e deve agradar aos que não querem investir mais para levar a versão turbo.