Novidades

22 DEZ

Carro autônomo: conheça o 'motorista à distância' e outros empregos do futuro

Ben Shukman dá uma breve olhada de canto de olho enquanto conduz o carro em um intenso tráfego por ruas com palmeiras alinhadas em Las Vegas. A chuva e o famoso brilho da cidade na estrada molhada avolumam as condições desfavoráveis para dirigir.

Essa é a primeira vez que ele trafega na área. Mas, na verdade, Shukman nunca visitou Vegas – e ele sequer está lá neste momento. Embora esteja dirigindo o carro pelas movimentadas ruas da cidade, ele está fisicamente a 800 quilômetros dali, em Mountain View, na Califórnia.

Shukman é um dos poucos pilotos especializados em controlar carro autônomos, uma função para o caso de os veículos se depararem com situações complicadas as quais o computador de bordo não consiga resolver.

Se o sistema parar, a máquina envia um alerta a uma sala de controle ocupada por operadores remotos responsáveis por monitorar o andamento dos veículos. Os passageiros também podem apertar um botão para pedir que um operador humano assuma o controle remotamente se as condições de direção no momento forem muito difíceis.

Atualmente, os motoristas são chamados principalmente para controlar veículos de teste em vias públicas mas também estão trabalhando em veículos autônomos usados em minas, aeroportos e outros locais controlados.

À medida que mais veículos autônomos surgem nas estradas ao redor do mundo, a função de Shukman provavelmente se tornará cada vez mais relevante.

"Esta é uma nova forma de dirigir", diz Shukman, funcionário da Phantom Auto, uma pequena empresa especializada em tecnologia de segurança de teleoperação. "Mas ela rapidamente se tornará um hábito. No momento, os motoristas profissionais precisam passar dias e até semanas longe de casa. Eu enxergo esse papel evoluindo para um trabalho de escritório no futuro. Vamos poder ter centros de controle onde centenas de operadores remotos vão trabalhar perto de onde moram. Isso poderia transformar totalmente o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal dos motoristas."

Embora há menos de uma década os carros autônomos parecessem ficção científica, várias empresas de tecnologia e fabricantes de automóveis estão testando esses veículos em vias públicas ao redor do mundo.

O Google foi a primeira grande empresa a colocar veículos robóticos nas estradas da Califórnia, mas empresas tradicionais, como Ford, Jaguar Land Rover, General Motors, BMW e Volkswagen, também desenvolveram sistemas autônomos próprios. Outras empresas, a exemplo de Amazon, Pizza Hut e a rede supermercado online Ocado, vêm testando modelos voltados a entregas.

Mas também houve retrocessos: a visão computacional usada pela Tesla em sua tecnologia semi-autônoma esteve envolvida em pelo menos um acidente grave. No início deste ano, o aplicativo Uber suspendeu suas operações de direção autônoma depois que um acidente levou à morte de um pedestre. E, mais recentemente, o carro autônomo da Apple se envolveu em um acidente leve.

Enquanto esses incidentes mostram que a indústria ainda tem obstáculos grandes a superar, a tendência parece seguir adiante. Entre 40% e 95% das viagens de carro serão feitas em veículos autônomos até 2030, segundo diferentes análises. A Ford diz que planeja colocar nas estradas veículos totalmente autônomos, sem volante ou acelerador, já em 2021.

A maioria das projeções sugere que os veículos autônomos vão provocar uma onda de desemprego dos milhões de condutores profissionais que transportam mercadorias e pessoas. De acordo com estimativas da Goldman Sachs, por exemplo, cerca de 25 mil empregos podem ser destruídos por mês nos EUA, visto que os veículos autônomos substituem caminhoneiros, taxistas e motoristas de transportes públicos. O Fórum Internacional de Transporte prevê que até 2030 haverá uma redução de 50% a 70% na demanda por caminhoneiros profissionais nos EUA e na Europa.

Criação de novos empregos

Mas outras análises sugerem que a maioria dessas perdas de emprego provavelmente não será sentida plenamente até 2030, tendo em vista que o impacto geral é mitigado pela criação de vagas em novos empregos. Há ainda o desafio de capacitar e recolocar nesse novo mercado os futuros desempregados pela automatização.

Funções como as que estão sendo executadas por Shukman e seus colegas se tornarão cada vez mais necessárias. Uma análise do Uber também aponta para o aumento no número de empregos em caminhões, à medida que, em vez de pessoas fazendo longas viagens, haverá mais entregas em trechos locais.

Veículos autônomos também trazem novas funções.

"Para o setor de transportes, esperamos um aumento de empregos que exigem a interface direta com os clientes de veículos autônomos, especialmente para consumidores idosos ou com deficiência", diz Amitai Bin-Nun, vice-presidente de veículos autônomos e inovação em mobilidade no think tank norte-americano Securing America's Future Energy.

Os motoristas ficariam livres para se concentrar no atendimento ao cliente, para, por exemplo, ajudar os passageiros dentro e fora dos veículos ou oferecer-lhes serviços de bordo. Também serão necessários profissionais para manter grandes frotas de veículos com tecnologia avançada. "É provável que haja muitos empregos altamente qualificados criados para desenvolver a tecnologia de veículos autônomos e para encontrarem novas aplicações", acrescenta Bin-Nun.

Fabricantes de carros e outras empresas do setor já estão buscando pessoas com as habilidades necessárias para controlar com segurança veículos autônomos em vias públicas. Enquanto os testes estão em andamento em todo o mundo, os veículos ainda são totalmente controlados e exigem que os seres humanos se sentem ao volante, prontos para intervir a qualquer momento.

De acordo com a empresa de recrutamento ZipRecruiter, o número de anúncios de emprego no setor de condução autônoma tem aumentado 27% ao ano, com um salto de 250% no segundo trimestre de 2018 em comparação com o mesmo período do ano passado.

A Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Motores também estima que os veículos autônomos possam representar um adicional de 320 mil postos de trabalho apenas no Reino Unido.

"A indústria vai precisar de um exército de pessoas para desenvolver esses sistemas autônomos", diz Graeme Smith, diretor-executivo da Oxbotica, empresa britânica que testa veículos autônomos. "Vamos precisar de engenheiros que possam fazê-los funcionar, testá-los, validá-los e que certifiquem a tecnologia. Além disso, precisaremos de novos designers de produtos, já que tudo será feito de forma diferente, sem os seres humanos no controle".

Como será o design?

Smith se refere à mudança radical no design de veículos que provavelmente acompanhará os carros autônomos. A maneira como as pessoas interagem e controlam seus veículos esteve praticamente inalterada por décadas. Mas sem a necessidade de pedais, alavancas e volantes, qual será a melhor maneira de interagir com o computador de bordo e dizer onde você quer ir?

O ZipRecruiter prevê uma ampla gama de novos empregos surgindo à medida que as empresas comecem a adotar os veículos autônomos. Engenheiros habilitados em navegação autônoma e robótica serão essenciais, assim como técnicos capazes de consertar veículos que quebrem. "O setor de direção autônoma será tão grande quanto a atual indústria de veículos", acrescenta Smith.

A indústria global de automóveis vale cerca de US$ 300 bilhões (R$ 1,13 bilhão) e emprega cerca de 1,6 milhão de pessoas ao redor do mundo. Mas há quem acredite que o impacto dos veículos autônomos possa ser ainda maior. O Fórum Econômico Mundial prevê que a indústria automotiva cresça em US$ 144 bilhões (R$ 540 bilhões) nos próximos dez anos, graças aos veículos autônomos. Enquanto isso, um relatório da empresa de chips Intel, que está trabalhando no setor em parceria com a BMW, estima que os veículos autônomos possam valer até US$ 7 trilhões (R$ 26 trilhões) para as economias globais até 2050.

Boa parte desse valor, diz a Intel, virá de novas ocupações que vão surgir no entorno da indústria de direção autônoma, entregando o que se conhece como "economia de passageiros".

Isso criará empregos como gerentes capazes de supervisionar vastas frotas de táxis autônomos ou veículos de entrega de mercadorias. Bin-Nun, do think tank Securing America's Future Energy, concorda.

"Como os veículos autônomos podem estimular uma mudança no hábito de dirigir carros individuais para carros de frotas, essas frotas precisarão de programação, manutenção, suporte ao consumidor e monitoramento. Todos essas funções representam oportunidades importantes para o aumento do emprego em todos os níveis de habilidade."

Mas a Intel também enxerga a criação de empregos para fornecedores de produtos e serviços inovadores aos ex-motoristas. A demanda de cafés e lanches aumentará, assim como a necessidade de entretenimento digital em veículos e até mesmo manicures em movimento. Além disso, há a necessidade de planejadores, arquitetos e engenheiros capazes de criar a nova infraestrutura rodoviária adaptada aos carros autônomos.

Mas a demanda por motoristas também não deve morrer em breve.

"Queremos pessoas experientes, motoristas experientes", diz Elliot Katz, diretor-executivo da Phantom Auto, que disponibiliza operadores remotos para os principais fabricantes de veículos autônomos.

"Os veículos autônomos não terão nenhum controle manual para os passageiros no futuro. Aí é que entram os operadores remotos, e por isso suas habilidades serão requisitadas."

Para o motorista remoto Ben Shukman, esse é um trabalho incomum que traz muita responsabilidade.

"É fascinante e divertido estar dirigindo onde nunca estive fisicamente", diz ele. "Mas no final do dia sou responsável pela segurança do veículo e de seus ocupantes. Saber que as pessoas dependem de mim me faz ficar totalmente focado".

E no final de seu turno, como ele se sente ao entrar em seu antiquado carro controlado manualmente?

"Dirigir por essa nova perspectiva aumentou minha consciência na estrada", diz ele. "Isso me tornou um motorista mais precavido."

Fonte: G1

Mais Novidades

09 ABR
Suzuki prepara Jimny Sierra com quatro portas e porta-malas de verdade

Suzuki prepara Jimny Sierra com quatro portas e porta-malas de verdade

Renderização feita pelo site russo Kolesa, dá sinais de como deverá ficar a nova proposta da Suzuki (Kolesa/Reprodução)Quem gosta do estilo do Suzuki Jimny mas acha ele muito pequeno pode começar a se animar. Uma versão de quatro portas do jipinho estaria em desenvolvimento.É o que afirma a versão indiana da Autocar, que antecipa que a versão maior do Jimny Sierra começará a ser fabricada localmente em 2021. Será destinado ao mercado local, mas também será exportado.O jipe... Leia mais
09 ABR
Honda terá dois carros elétricos com motores e baterias da GM

Honda terá dois carros elétricos com motores e baterias da GM

Lançado em 2019, o Honda E será o carro elétrico de entrada da marca, que terá modelos maiores em parceria com a GM (Divulgação/Honda)A Honda anunciou que terá dois novos carros elétricos até 2024. O mais curioso é que os dois modelos utilizarão plataforma desenvolvida pela General Motors e serão destinados ao mercado norte-americano e canadense, pelo menos em um primeiro momento.A empresa japonesa planeja desenvolver sua própria plataforma para veículos elétricos, mas só... Leia mais
09 ABR
Nissan Kicks 2021 aparece renovado com frente do novo Sentra

Nissan Kicks 2021 aparece renovado com frente do novo Sentra

Grande grade e novas tomadas de ar marcam a atualização da dianteira (HeadlighMag/Reprodução)Não fosse a quarentena devido à Covid-19, o novo Nissan Kicks teria sido apresentado oficialmente em 19 de março na Tailândia.Mesmo sem qualquer apresentação prévia o SUV compacto atualizado começou a ser distribuído no país asiático. E o melhor: com tão pouca camuflagem que é possível ver boa parte das mudanças nestas imagens publicadas por um usuário do fórum HeadlightMag.Faróis... Leia mais
09 ABR
Recall: comunicado aos proprietários dos automóveis Mercedes-AMG G 63

Recall: comunicado aos proprietários dos automóveis Mercedes-AMG G 63

 (Mercedes-Benz/Divulgação)– (Mercedes-Benz/Divulgação)Sistema envolvido: módulo de travamento do diferencial traseiro.Razões técnicas: constatou-se uma possível inconformidade produtiva no módulo de controle do travamento do diferencial do eixo traseiro dos veículos envolvidos, decorrente do não atendimento de requisitos de resistência química.Riscos e implicações: tal falha poderia ensejar desequilíbrio em correntes elétricas, interrompendo a comunicação entre o módulo... Leia mais
09 ABR
Nova Fiat Strada: 50 fotos exclusivas mostram a versão que mais vai vender

Nova Fiat Strada: 50 fotos exclusivas mostram a versão que mais vai vender

Após 21 anos de produção, a Fiat Strada ganha sua segunda geração. Totalmente distinta da antecessora, o novo modelo apresenta inédita cabine dupla para o seguimento e estreia nova central multimídia da fabricante.Ainda não se sabe os valores que serão cobrados pelas versões do modelo. No entanto, é esperado que a configuração Endurance (de entrada) custe R$ 65.000 na versão de cabine simples e R$ 72.000 como cabine dupla.A intermediária, Freedom, deve ter a variante duas portas... Leia mais
09 ABR
Se o carro bater ou der problema na quarentena, o seguro vai cobrir?

Se o carro bater ou der problema na quarentena, o seguro vai cobrir?

– (Renato Bacci/Quatro Rodas)A paralisação de setores da economia devido à pandemia do coronavírus tem provocado dúvidas relacionadas ao funcionamento de serviços essenciais, como a assistência do seguro automotivo, por exemplo.Muita gente tem receio de ficar na mão em caso de emergência por achar que as seguradoras reduziram as suas operações durante a quarentena.Por isso, QUATRO RODAS consultou Walter Pereira, presidente da Comissão de Automóvel da FenSeg (Federação Nacional... Leia mais