Novidades

21 DEZ

Comparativo: Ford Focus, VW Golf e Chevrolet Cruze lutam contra a extinção

Cruze, Focus e Golf: juntos, vendem menos que o march (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O título pode parecer alarmista, mas é real. Você que manda e-mails para a nossa redação dizendo que prefere hatches médios, em vez de sedãs e SUVs, ou que um dia desejou ter um Civic VTI, Astra GSI ou Stilo Abarth, em breve terá que procurar prazer de dirigir e tecnologia em outro segmento.

Reunimos os três hatches médios mais vendidos, porém sem muito o que comemorar. Volkswagen Golf, Ford Focus e Chevrolet Cruze Hatch somaram 8.837 unidades emplacadas até setembro. Foram 817 carros a menos do que o Nissan March, o 51o no ranking dos mais vendidos do Brasil – e que muita gente nem lembra que existe.

Ford Focus tem volante de couro com toque macio e excelente pegada (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Eles representam apenas 0,67% dos carros vendidos no país em 2018. Em 2010, quando as opções eram os velhos Astra, C4 VTR, Stilo e o Golf da quarta geração, detinham 6,9% do mercado. Os SUVs, por sua vez, passaram de uma participação de 7,6% em 2010 para 24,3% em 2018.

Apesar do preço, o Golf Highline não oferece quadro de instrumentos digital (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Essa tendência é mundial e por aqui transformará os hatches médios em carros de nicho, como aconteceu com as peruas e minivans – também muito defendidas por diversos leitores.

O Cruze LTZ é esportivo por fora, mas o interior claro fica melhor no sedã (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Quando um carro vende pouco, ele está fadado a sair de linha e o primeiro será o Focus. A Ford anunciou que encerrará a produção do modelo na Argentina, nas versões hatch e sedã, em maio de 2019.

Por ter data para acabar, Focus só deve ser comprado se o desconto for bom. (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A surpresa só não é maior porque é a mesma Ford que decidiu deixar de vender hatches e monovolumes nos Estados Unidos para se focar nos SUVs e comerciais, que dão mais lucro.

O Golf preserva a aura dos hatches médios de outros tempos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A Volkswagen quer concentrar a produção do Golf na Alemanha, de onde abastecerá os principais mercados do modelo. Não fala em encerrar a produção no Brasil, mas já decidiu que não fará mais o modelo em Puebla, no México.

 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Vale dizer que tanto o Focus como o Golf figuram entre os carros mais vendidos da Europa. O Cruze não é vendido por lá, mas tem produção na Argentina (de onde é importado), nos EUA, no México e na China. Por aqui, a reestilização de meia vida que já apareceu nos Estados Unidos está prevista para o ano que vem.

A briga aqui é pela sobrevivência. Dos três, o Ford Focus é o que melhor consegue defender o prazer ao dirigir esperado. É o único com suspensão traseira multilink, que suporta melhor a carroceria em curvas mais longas.

O 2.0 com injeção direta não é páreo para os 1.4 turbo, mas vai até bem graças ao câmbio (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O acerto é mais firme do que nos demais, mas o prejuízo ao conforto combina com a direção mais pesada e direta, e com o ronco mais encorpado que ecoa do escape.

Apesar da má fama, o PowerShift do Focus tem respostas muito rápidas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Também vale dizer que o Focus é o único hatch médio sem motor turbo à venda hoje. Usa o 2.0 Duratec flex com injeção direta que gera 178/175 cv, a maior potência entre os três.

Mesmo assim, nem o câmbio PowerShift de dupla embreagem, mais rápido que os automáticos com conversor de torque dos demais – principalmente no modo Sport –, conseguiu evitar os piores números de desempenho (10,3 s no 0 a 100 km/h) e consumo (10,6 km/l no regime urbano e 15,1 km/l no rodoviário dos três) com gasolina no tanque.

O Focus tem o maior espaço interno para o motorista… (Christian Castanho/Quatro Rodas)

…Mas é o que mais aperta quem senta no banco de trás no que diz respeito a espaço para as pernas e para os ombros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Quem leva a melhor nas mesmas condições é o Chevrolet Cruze LTZ, que precisou de 8,8 s para chegar aos 100 km/h com o competente 1.4 turbo flex de 153/150 cv em nossa pista de teste.

O Focus tem o maior porta-malas do trio (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Nas ruas, porém, se mostra mais propenso a ser um automóvel voltado para o conforto. A direção é mais leve, a suspensão está mais comprometida em filtrar as irregularidades do asfalto e o câmbio não tem trocas sequenciais por borboletas, mas somente pela alavanca, e ainda carece de modo Sport.

O conjunto formado pelo motor 1.4 turbo e pelo câmbio automático de seis marchas do Golf é o mais eficiente (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O Cruze LTZ parte dos R$ 110.790, mas completo, com alerta de pontos cegos, alerta de colisão frontal, assistente de permanência em faixa, farol alto adaptativo, sistema de estacionamento automático e banco do motorista com regulagens elétricas custa R$ 8.600 a mais, chegando aos R$ 119.390.

Apesar da má fama, o PowerShift tem respostas muito rápidas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O Focus Titanium Plus fica devendo o assistente de faixa e o alerta de pontos cegos, mas tem frenagem autônoma de emergência e faróis de xenônio como equipamentos de série por R$ 110.600 – e a Ford já oferece descontos de até R$ 8.000 para a versão.

No outro extremo está o Golf Highline 250 TSI. Por R$ 112.190, já começa mais caro que os rivais e precisa de pacotes opcionais para chegar ao mesmo nível deles.

O Golf tem posição de dirigir e a boa entrega de força do motor cativantes (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O Golf é o hatch com mais espaço para ombros, mas deve amplitude ao rival da Chevrolet (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O teto solar (R$ 4.800) e as rodas aro 17 (R$ 2.450) elevam a conta para R$ 119.440, mas ainda falta o pacote Premium, que custa R$ 9.900, e soma frenagem autônoma de emergência, faróis full led com facho alto automático, sistema de estacionamento automático, bancos com ajuste elétrico e até piloto automático adaptativo.

Porta-malas do Golf tem 313 litros (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Um Golf como o da foto custa R$ 129.340. Para ter esses equipamentos sofisticados em SUVs, é preciso partir para os mais caros, como o Chevrolet Equinox Premier (R$ 162.990) e o Volkswagen Tiguan R-line (R$ 179.990).

Mas o hatch da Volkswagen consegue impressionar. Nem tanto pelo visual, atualizado em junho, mas pelo esmero do interior.

O motor 1.4 Ecotec Turbo surpreende pelo fôlego e por praticamente empatar o consumo com o do Golf (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Você até encontra painel todo emborrachado nos Jeep Renegade e Compass na faixa de preço, mas nicho de porta acarpetado e porta-objetos emborrachado mostram uma preocupação com detalhes que não se vê em nenhum SUV ou sedã médio nessa faixa de preço.

Porém, câmbio automático de seis marchas, que insiste em segurar as marchas até o limite, não permite ter uma tocada tão esportiva (Christian Castanho/Quatro Rodas)

E o Golf já foi melhor: quando vinha da Alemanha, tinha freio de estacionamento eletrônico, suspensão traseira multilink e câmbio de dupla embreagem com sete marchas em vez de seis.

A posição de dirigir também encanta. Volante e bancos têm ajustes amplos e os comandos continuarão por perto independentemente da posição que o motorista escolher. O Golf ainda reserva os melhores bancos do trio, com bom suporte para as coxas e grandes apoios laterais. O Focus peca pelo assento curto e o Cruze, pelo encosto quase plano.

O acabamento interno é mais simples, com toque emborrachado apenas na área central do painel e falhas de encaixe no console central (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Cruze oferece o maior espaço interno dos três (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Golf e Cruze levam a melhor num item relevante para quem olha para um SUV: espaço interno. O Chevrolet tem vantagem sobre o Golf no espaço traseiro, enquanto o Focus aperta os passageiros com a enorme estrutura dos bancos dianteiros. No porta-malas, empate entre Golf (313 litros) e Focus (316), enquanto o Cruze (290) tem só 10 litros a mais que o Onix.

Porta-malas do Cruze é pequeno (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Cada um dos três atende um público diferente. O Focus entrega as melhores sensações para quem quer se sentir piloto sem ter um esportivo e tem custo/benefício imbatível.

O Golf fisga quem busca um hatch à moda antiga em nível de conforto e tecnologia, mas sem abrir mão de um acerto dinâmico equilibrado. Já o Cruze consegue ser o mais rápido, confortável e espaçoso, o que explica seu domínio nas vendas. E poderá ser ele o último de seu segmento.

Em fim de carreira, o Focus pode ser uma boa escolha pelo preço, mas é o Cruze quem entrega o melhor desempenho. O Golf é um carro excelente, mas ficou muito caro. O vencedor? Desta vez não tem. Todos aqui perdem, especialmente nós, apaixonados por automóveis, que com a derrocada dos hatches médios vamos perder os melhores carros do mercado para quem gosta de dirigir.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

23 ABR
Correio técnico: posso rebocar um carro automático com o câmbio em P?

Correio técnico: posso rebocar um carro automático com o câmbio em P?

Rebocar carro automático em P é uma péssima ideia (Christian Castanho/Quatro Rodas)Nunca faça isso, pois há grande risco de avarias na caixa de câmbio (demandando até sua troca), nos freios e nos pneus. Isso porque essa posição provoca o travamento das rodas de tração. Em modelos com freio de estacionamento eletrônico, ainda há o perigo de as rodas estarem imobilizadas pela atuação automática dos freios. O ideal é sempre transportar um veículo automático sobre uma... Leia mais
22 ABR
As versões mais legais destes carros vendidos no Brasil não existem aqui

As versões mais legais destes carros vendidos no Brasil não existem aqui

 (Joaquim Oliveira/Quatro Rodas)Você provavelmente já desejou carros que nunca vieram ao Brasil, né? Mas esse sentimento é ainda pior quando os modelos já estão à venda por aqui, só que não com as configurações que realmente desejamos. Foi pensando nisso que separamos exemplos das versões que só ficarão nos sonhos. Confira as melhores versões que não temos dos carros vendidos no Brasil:O VW Polo GTS estreou há poucos meses com motor 1.4 turbo emprestado de outros modelos –... Leia mais
22 ABR
Por R$ 30 milhões, Bugatti Divo promete fazer o Chiron comer poeira

Por R$ 30 milhões, Bugatti Divo promete fazer o Chiron comer poeira

Bugatti Divo é um Chiron com algumas mudanças de desenho (Divulgação/Bugatti)Dois anos depois de apresentar o projeto ao público, a Bugatti enfim anunciou que as 40 unidades do Divo, hiperesportivo de caráter artesanal criado em cima do Chiron, enfim começarão a ser entregues.Mas não se anime muito. Além do valor inacessível para reles mortais – 5 milhões de euros ou quase R$ 30 milhões na conversão direta -, todos os exemplares já têm um comprador esperando para guardá-los... Leia mais
22 ABR
FCA adia SUV Fiat, Jeep 7 lugares e Renegade e Compass híbridos em um ano

FCA adia SUV Fiat, Jeep 7 lugares e Renegade e Compass híbridos em um ano

Líder do segmento, Jeep Compass terá versão híbrida importada a partir de 2021 (Nelson dos Santos/Quatro Rodas)A pandemia do novo coronavírus vem causando transtornos para a FCA, controladora de marcas como Fiat e Jeep.O grupo está com as fábricas no Brasil inoperantes desde 27 de março e na última semana fechou acordo para redução de salários e jornada de trabalho de seus funcionários.Em uma live transmitida nesta quarta-feira (22) pelo site Automotive Business, o CEO da marca... Leia mais
22 ABR
Nissan lança livro para colorir e convida público a desenhar na quarentena

Nissan lança livro para colorir e convida público a desenhar na quarentena

Linha esportiva da marca também foi passada para o papel (Reprodução/Nissan)A Nissan anunciou nesta semana o início do projeto #DrawDrawDraw (#Desenhe#Desenhe#Desenhe).A iniciativa foi criada pelos designers da marca que produziram um livro com 23 páginas de desenhos para colorir – que está disponível no site da empresa.De acordo com o vice-presidente de design global da Nissan, Alfonso Albaisa, o projeto foi inspirado no designer Giovanny Arroba, criador do Nissan Ariya Concept, que... Leia mais
22 ABR
Longa Duração: Chevrolet Onix Plus já acumula cicatrizes aos 10.000 km

Longa Duração: Chevrolet Onix Plus já acumula cicatrizes aos 10.000 km

Peça de caminhão perdida na estrada foi lançada contra a dianteira do Onix por outro caminhão, que viajava à frente (Fernando Pires/Quatro Rodas)Depois de um atraso na entrega por conta de um recall da central eletrônica, nosso Onix Plus não teve vida fácil. Já precisou visitar a rede Chevrolet para que fosse feita a troca de um derivador em Y da linha de combustível (que poderia vazar) e do led do câmbio (que não iluminava as marcas de posição da alavanca). Manutenções feitas... Leia mais