O engenheiro que causou a briga do Uber com o Google agora diz ter cruzado os Estados Unidos em um carro autônomo, ou seja, sem colocar as mãos no volante, o que seria algo inédito.
Anthony Levandowski publicou um vídeo no site de sua nova empresa onde mostra, de forma acelerada (time-lapse), a jornada de 4.828 km entre São Francisco, na costa oeste, a Nova York, na costa oeste, feita em quase 4 dias em outubro último.
Elon Musk, dono da Tesla, cujos carros têm um "copiloto" que leva o carro dentro de determinados limites, já prometeu uma viagem semelhante, mas até hoje não cumpriu.
No vídeo, Lewandowski parece estar o tempo todo sentado no banco do motorista, mas não segura o volante. O veículo foi um Toyota Prius comum, que ele adaptou para a tecnologia autônoma.
Não dispensa motorista
Mas o engenheiro diz que se trata de uma tecnologia semiautônoma, como a da Tesla, já que a ideia não é substituir os motoristas, mas ajudá-los.
"O sistema funcionou somente como um copiloto", disse. "Foi desenhado especificamente para melhorar a performance de um motorista completamente envolvido (no trajeto)."
Uma das 7 câmeras instaladas no carro monitora o rosto do motorista e pretende verificar se ele está atento ao tráfego. Se houver sinais de desatenção, segundo ele, um alerta sonoro dispara e, em último caso, o veículo também poderá ser desligado.
O sistema deverá ser vendido por cerca de US$ 5 mil (o equivalente a R$ 19,5 mil) e será voltado a caminhoneiros.
Levandowski será um concorrente das grandes empresas do setor, como Google e Uber, para os quais já trabalhou, além de montadoras e outras startups.
Polêmico
O engenheiro foi alvo de uma polêmica que foi parar no tribunal em 2017.
Ex-funcionário do Google, onde participava do projeto para desenvolver a tecnologia de veículos que dispensam motorista, ele saiu para criar uma empresa de caminhões autônomos, que acabou comprada pelo Uber em 2016.
Levandowski, então, passou a trabalhar no desenvolvimento de carros autônomos para a startup e foi o porta-voz da empresa no lançamento dos primeiros testes com público, também em 2016, algo em que o Uber foi pioneiro nos EUA.
Em 2017, a Alphabet, dona do Google, o acusou de roubar informações de seu projeto, "baixando mais de 14 mil arquivos confidenciais" antes de sair, para levar para a concorrência.
O Uber negou que tivesse usado qualquer segredo do rival, alegando que seu projeto de carros autônomos era diferente.
O caso foi levado à Justiça e terminou com um acordo em que o Uber pagaria US$ 245 milhões à empresa do Google.
Antes dessa decisão, Lewandowski anunciou que estava se afastando do projeto na Uber. Posteriormente, foi demitido, por supostamente se negar a ajudar no processo jurídico.