Novidades

07 DEZ

Dono do carro mais antigo de fabricação brasileira, colecionador 'garimpa' Romi-Isettas há 24 anos

A intimidade com que o publicitário André Beldi, de 37 anos, refere-se ao “carrinho” Isetta é compatível com a relação de 24 anos que ele construiu com o modelo. O colecionador, que possui oito unidades do veículo, é dono de uma peça rara: o quinto Romi-Isetta produzido, mas o único entre os cinco que está em circulação. Os Romi-Isettas foram fabricados entre 1956 e 1961 em Santa Bárbara d'Oeste (SP) e são os primeiros veículos de passeio de produção em série no Brasil.

Segundo a Fundação Romi, há aproximadamente 200 carros do modelo cadastrados atualmente. O “chassi 5” de Beldi é o mais antigo deles. O restante virou sucata, supõe o colecionador, que é de Sorocaba (SP).

“[A quinta] É a Romi-Isetta mais antiga registrada hoje no Brasil e, por consequência, é o carro fabricado no Brasil mais antigo existente”.

Dos oito Isettas de Beldi, seis são da Romi e os outros dois produzidos pela montadora alemã BMW. Do total, quatro estão restaurados e os demais precisam passar pelo processo de recuperação.

Beldi possui outros modelos de carros antigos em sua coleção, mas tem no Isetta sua “paixão de infância”. Desde os 3 anos ele se interessa pelo “carrinho em forma de gota e com uma porta".

“Meu primeiro contato com Romi-Isetta foi aos três anos, foi com meu tio, que tinha uma Romi-Isetta de lata da década de 50, um brinquedo, e eu já com três anos gostava disso”, conta. A paixão por carros antigos não é difícil de explicar, já que é quase hereditária. Beldi conta que tanto o avô quanto o pai, Antônio Beldi, e o tio passaram o gosto para ele.

“Meu pai sempre falou que ia comprar uma Romi-Isetta e eu, quando vi a foto da Romi-Isetta, criança, me apaixonei mesmo”.

O publicitário teve contato com uma Romi-Isetta de verdade aos 13 anos, quando o pai finalmente comprou o carro. “Grudou o amor pela Romi-Isetta no sangue e hoje nós acabamos garimpando alguns modelos”, explica. Esta unidade comprada por Antônio foi fabricada em 1959 na cor vermelha.

“Eu acho que a Romi-Isetta encanta todo mundo. Todas as pessoas que veem uma Romi-Isetta sempre sorriem, dão um tchauzinho. Principalmente criança.

Restauração e ‘garimpo’

A partir do primeiro Romi-Isetta, Beldi iniciou duas atividades que, pelo menos até agora, o acompanham por toda a vida. A restauração de veículos e a procura por outros automóveis, que ele denomina de garimpo.

“Quando nós compramos [o primeiro], ela não funcionava. Estava bem deteriorada e com 15 anos eu comecei a fazer funcionar junto de um mecânico amigo meu. E dos 16 aos 18 anos foi a fase de restauração da Romi-Isetta”, relembra.

O carro comprado pelo pai segue com o publicitário e em ótimo estado de conservação. “Ai começou esse hobby de buscar, garimpar. Acho que com 18 anos eu restaurei a primeira e a partir de então começaram a aparecer outros modelos”.

Além de adquirir veículos, a paixão por carros antigos gerou uma amizade que dura 23 anos. O mecânico Tadeu Seabra é um ano mais novo que Beldi e trabalha com o publicitário desde a restauração do primeiro Romi-Isetta, quando ambos eram adolescentes.

“Tem um mecânico que trabalha comigo há 23 anos, o Tadeu, e ele que me ajudou a mexer nesses carros desde jovem. Eu sou mais curioso, ele que mexe”, brinca.

A tarefa de fazer os carros funcionarem é de Seabra, que demonstra extenso conhecimento sobre cada Isetta. Em uma conversa com Seabra e Beldi, é difícil definir qual se empolga mais ao falar das histórias que envolvem os carros.

A "hereditariedade" do gosto por carros antigos aparece também na família do mecânico. Seabra conta que o filho dele, que tem menos de 2 anos de idade, inaugurou as palavras ao pronunciar "pipe", em referência a jipe. "Já está indo para o mesmo caminho".

O carro mais antigo

O quinto carro mais antigo fabricado em série no Brasil foi adquirido por Beldi há seis anos. Segundo ele, o Romi-Isetta estava deteriorado e precisou de uma restauração geral.

"Foram dois anos para deixá-la completamente original, funcionando e impecável", disse o publicitário. "A número cinco possui até o estofamento original de fábrica. Acho que só três Romi-Isetta possuem esse tecido original no banco", completa.

O carro foi descoberto por um amigo de Beldi que produz réplicas de Romi-Isetta em fibras de vidros. Ele ligou para o publicitário e avisou que o "chassi cinco" estava no Rio de Janeiro. Beldi, que fazia uma viagem, disse que estava voltando e ficaria com o veículo.

"Estava na mão de uma pessoa que possuía esse carro e ficou jogado em uma garagem por muitos anos. Eu acabei comprando por indicação desse meu amigo", afirma.

Beldi também é dono da primeira Romi-Isetta fabricada na cor amarela. Essa foi adquirida há dois anos e ainda precisa ser restaurada. "É uma [ano] 1958, a primeira fabricada em cor amarela da linha de produção nacional. Também comprei desse meu amigo, ele que me indicou as duas"

Paixão

Dos 24 anos de relação com os compactos, Beldi gosta de contar principalmente a história da primeira, adquirida pelo pai e que permanece na família. Ele lembra da expectativa com a chegada do carro e do quanto uma simples volta pelas ruas atraía a atenção.

"Nós estávamos passando em São Paulo, em uma rua chamada Rua Tutóia, e passamos em frente a uma oficina e eu olhei para dentro da oficina e vi a Romi-Isetta lá no cantinho jogada. Ai eu falei 'pai, olha uma Romi-Isetta lá' e meu pai resolveu parar para ver".

O negócio foi fechado somente no dia seguinte, após Antônio Beldi ligar para o proprietário. "Passava noite esperando, não durmia esperando o carro e quando chegou foi só alegria".

"Lembro que meu amigos ajudaram a ficar empurrando, eu sentei dentro do carro e eles empurraram na rua só para a gente sentir a sensação de andar em uma Romi-Isetta".

"A Romi-Isetta sempre foi um sucesso entre as pessoas. Com 18 anos eu tirei carta e comecei a pilotar a Romi-Isetta na minha cidade e todo mundo conhecia, as meninas achavam um máximo, então sempre foi um sucesso"

Quando o garimpo acaba?

Beldi deixa claro que, para essa pergunta, a resposta é "nunca". "Sempre que aparece uma oportunidade, sempre que se encontra alguma coisa abandonada, vale a pena ficar, porque é um registro histórico, não volta mais".

"Preservar a história por meio do automóvel é muito importante".

O publicitário afirma que gostaria de adquirir Isettas italianas ou francesas, consideradas mais raras. "Pelo carro antigo a gente consegue contar a história de um período. Através do design, da tecnologia, da inovação, da mecânica".

Fonte: G1

Mais Novidades

14 ABR
Ferrari Dino GT, a protagonista do maior mistério do mundo dos carros

Ferrari Dino GT, a protagonista do maior mistério do mundo dos carros

Venerada e desprezada na mesma medida, a Dino foi batizada com este nome em homenagem ao filho de Enzo Ferrari (Fernando Pires/Quatro Rodas)A Dino é um dos modelos mais famosos já produzidos pela Ferrari. O cupê fugiu à regra dos motores V12 da marca italiana e foi equipado com o inédito V6 de 2,4 litros que gerava 195 cv.O veículo foi batizado com esse nome para homenagear o filho de Enzo Ferrari, Alfredo Ferrari – conhecido como Dino –, que morreu em 1956 por conta de uma grave... Leia mais
13 ABR
VW faz reajuste em toda linha e Polo GTS passa a custar mais de R$ 100.000

VW faz reajuste em toda linha e Polo GTS passa a custar mais de R$ 100.000

VW Polo GTS: hatch passa a custar mais de R$ 100.000 (Fernando Pires/Quatro Rodas)A pandemia do coronavírus fez as vendas de veículos no Brasil despencarem no último mês.Conforme levantamento exclusivo de QUATRO RODAS, a semana de 21 a 27 de março registrou uma queda de 90% nos emplacamentos, se comparado às primeiras semanas do mesmo mês.Mesmo assim, o cliente que acessou o site da Volkswagen procurando por ofertas não as encontrou.Amarok SE teve aumento de mais de R$... Leia mais
13 ABR
Fiat Mobi mata versão com motor mais moderno e central por app no celular

Fiat Mobi mata versão com motor mais moderno e central por app no celular

Fim de linha para o Mobi Drive (Divulgação/Quatro Rodas)A Fiat promoveu um enxugamento da gama do subcompacto Mobi ainda na linha 2020. Para tanto, colocou fim às duas versões mais caras do modelo: Way e Drive.A primeira tinha apelo aventureiro e incluía itens como para-choques exclusivos, suspensões elevadas e reforçadas, rodas com calotas escurecidas, molduras protetoras nas laterais, barras de teto e acabamento interno próprio.Já a segunda era a única a trazer o motor Firefly 1.0... Leia mais
13 ABR
Parar uma fábrica de carros é bem mais difícil e demorado que você imagina

Parar uma fábrica de carros é bem mais difícil e demorado que você imagina

Fábrica da FCA em Goiana (PE) (Divulgação/Jeep)A pandemia do novo coronavírus criou, pelo menos na indústria automotiva nacional, um cenário imaginado apenas por loucos como Raul Seixas na canção O Dia em que a Terra Parou.São 63 fábricas e 123.000 funcionários totalmente parados desde o início de abril, numa ação em cadeia que afeta ainda 250.000 trabalhadores da cadeia de fornecedores e 350.000 das redes concessionárias.Isso sem falar em outras de áreas correlatas, o que... Leia mais
13 ABR
Nova Fiat Strada contra rivais: as diferenças de motor, câmbio e dimensões

Nova Fiat Strada contra rivais: as diferenças de motor, câmbio e dimensões

– (Fernando Pires/Quatro Rodas)A Fiat Strada finalmente vai mudar de geração. Depois de 22 anos bem sucedidos, a picapinha está de cara nova e deve aparecer nas concessionárias em julho, se a pandemia de Covid-19 permitir.A nova Strada chega nas configurações cabine simples e cabine dupla, esta última homologada para cinco passageiros e com quatro portas, algo inédito no segmento.De perfil, nova Strada cabine dupla lembra muito a Fiat Toro (Fernando Pires/Quatro Rodas)A antiga... Leia mais
13 ABR
Longa Duração: Chery Tiggo 5X tem pintura descascada coberta pela garantia

Longa Duração: Chery Tiggo 5X tem pintura descascada coberta pela garantia

Pintura prateada da moldura inferior direita descascou sem motivo aparente (Fernando Pires/Quatro Rodas)Foi muito difícil encontrar uma concessionária Chery disponível para fazer a revisão de 30.000 km do nosso Tiggo 5X.“Nas três primeiras que liguei, todas na capital paulista, a espera era de quase uma semana. A situação só ficou melhor quando comecei a pesquisar autorizadas em cidades próximas”, conta o piloto de teste Eduardo Campilongo.Acabamos agendando a terceira revisão na... Leia mais